"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, setembro 21, 2007

Iluminação e Unicidade

Este post é continuação e complementação do post anterior...

Antes da iluminação -- ou seja, enquanto a mente humana atua sobre a nossa visão --, percebemos a existência de pessoas boas e más, sadias ou doentes, forças do bem e forças do mal. Mas, enxergar o mundo desse ponto de vista é ignorância de visão. Alguns exemplos: pessoas ignorantes contemplarão a pintura de um mestre e dirão que se trata apenas de manchas na tela. Para elas, aquilo é o que é e sempre será: não são capazes de apreciar uma obra de arte. Entretanto, quem aprendeu a apreciar obras de arte ficará maravilhado. O mesmo acontece com a música. Alguns, ouvindo uma sinfonia magistralmente executada, acharão o som terrível, enquanto seus vizinhos na poltrona ficam embevecidos. A diferença é a apreciação da pintura e a apreciação da música. Graças a essa capacidade, percebemos o que outros não percebem na música e na pintura.

Quando conseguimos colocar a mente de lado, somos tocados pelo Espírito, e alcançamos a "apreciação espiritual", a qual é chamada consciência espiritual, percepção espiritual ou discernimento espiritual. Graças ao Espírito, o que antes era irreal passa a ser realidade.

A realidade espiritual está presente em todo os os lugares. O Espírito é um; não apresenta divisões. Só que o Espírito não pode ser captado pelos sentidos humanos. Ele é invisível; não pode ser tocado e -- e agora a parte mais importante: -- não pode ser conhecido. Pelo menos, não da forma como nós pensamos. Ele pode ser conhecido; mas esse conhecimento se dá de forma direta e imediata. É um atalho. Ele vai direto; não chega a passar pela mente, pois o fenômeno ocorre logo de pronto; não há tempo para desviar o caminho. É um reto-conhecimento.

O conhecimento se dá de forma direta pois, nós não somos as nossas mentes. Nossas mentes estão situadas muito longe de nós... e o Espírito está "mais perto do que nossa respiração e nossas mãos". No conhecimento reto, o Espírito vem diretamente a nós, ou seja, Ele nos toca antes. Assim, não há necessidade dele avançar mais, até a mente. A realidade espiritual só pode ser discernida espiritualmente.

Uma vez que essa consciência espiritual seja atingida, podemos dizer: "Ó mundo invisível, nós te vemos! Ó mundo impalpável, nós te tocamos! Ó mundo incognoscível, nós te deciframos! Ó inapreensível, nós te apreendemos!" (The kingdom of God, de Francis Thompson)

O Espírito preenche todo o espaço. Quando atingimos um certo nível de compreensão espiritual, percebemos algo a mais: o Espírito é a única existência real. A matéria e a mente não existem; apenas parecem existir, quando observadas do ponto de vista da mente humana. Nossos olhos carnais não vêem isso. Nossos sentidos não são capazes de perceberem isso. Mas, a boa nova é que, não precisamos dos nossos lhos, nem dos nossos sentidos para vê-lO. Se Deus enche todo o espaço ( e isso inclui o espaço no qual nossa mente humana existe), não necessita de meio algum para se fazer perceptível ao homem. O Espírito não necessita que tenhamos olhos para vê-lo, nem ouvidos para ouví-lo... Ele já está presente do jeito que as coisas são agora. O Espírito não depende nem mesmo de nossas mentes. Porque ele preenche inclusive nossas mentes; assim, ele está presente retamente, de modo direto e imediato. A nós, basta confiar em Sua onipresença e reconhecê-lO. Ele tem poder para se fazer reconhecido independente da situação que nos encontramos. Não necessitamos ter muito conhecimento sobre espiritualidade, nem um histórico de muitas horas de meditações ou momentos de oração... Se você permitir, o Espírito de Deus arrebatará a sua consciência AGORA. Só a confiança e a entrega àquilo que, no momento, é desconhecido por nós são suficientes para nos tornarmos iluminados.


"Voará o peixe para alcançar o oceano? Mergulhará no abismo a águia para atingir o ar? Por que investigar o giro das estrelas para saber se ecoam a Tua voz?" (The kingdom of God, de Francis Thompson)

O peixe sai à procura do oceano? Não! O peixe está(!) no oceano. Talvez nem saiba disso, mas certamente o peixe percebe que se encontra no lugar certo e vai levando a vida, sem se preocupar em descobrir o mar. Mas, suponhamos que o peixe, num momento de loucura (se é que existem peixes loucos), perca a consciência de que se encontra no mar e comece a nadar para cima e para baixo, tentando encontrar o oceano! Isso seria muita loucura!

Na nossa busca e no nosso desejo por Deus, sofremos do mesmo tipo de loucura, pois nunca abandonamos a morada do Pai. Nunca estivemos em outro lugar, que não em Deus. Ao procurarmos por Deus, como se Ele estivesse longe, em algum outro lugar, criamos nosso próprio estado de loucura. É preciso pararmos de procurar; e aí, em um estado de descanso, podemos perceber/conscientizar que Deus já se encontra exatamente o nosso próprio ser. Não devemos procurar por Deus. Devemos reconhecer sua Presença: esse é o modo como devemos procurar por Ele.

Com toda a nossa imaginação, não conseguiríamos visualizar o peixe fora da água ou a águia longe dos ares. Se conservarmos essa imagem na mente, compreenderemos como e porque nós não podemos estar fora de Deus. Espiritualmente, nós compreenderemos que vivemos, movimentamo-nos e temos o nosso ser em Deus, e que Deus vive, movimenta-se e tem o Seu ser em nós -- devido à Unicidade. Deus é o Ser Infinito, Deus é a Consciência Infinita. Ora, se Ele é o único Ser e a única Consciência, Deus é a nossa consciência individual. "Tudo o que o Pai é, eu sou". Não estamos separados de Deus, de forma alguma que seja.

Precisamos conscientizar que Deus é a nossa casa, e dizer: "Obrigado, Pai, acho-me em casa em Ti. Encontro-me no lugar secreto do Altíssimo". Quanto mais compreendermos que "sendo o Senhor o meu Pastor, nada devo desejar", mais perto ficaremos da consciência do nosso verdadeiro ser. Não tentem encontrar o Senhor ou fazer do Senhor o seu Pastor, não saiam em busca do Pastor; apenas compreendam que o Senhor é o seu Pastor e a seguir prossiga com sua vida na segurança dessa compreensão. Não é preciso procurar por nada; basta reconhecer: "Obrigado, Pai, está feito!".

No instante do despertar, avistaremos Deus como Ser Infinito e espiritual. Mesmo assim, as aparências percebidas pela mente humana continuarão a ocupar o lugar a que pertencem. A visão espiritual não aniquila as aparências, porque é indiferente quanto à elas. O Espírito de Deus não confronta a existência das aparências vistas pela mente humana, porque Deus é tudo o que existe; Deus é o único poder existente, e assim não guerreia com outro poder: porque não há outro poder. O Espírito é Santo, Sagrado. Eles está separado de tudo. A palavra 'santo' significa 'estar separado'. A Realidade do Espírito não se mistura com a realidade percebida pelos sentidos humanos, embora Aquela habite em meio a esta. A onipotência de Deus não é um poder que pode ser exercido sobre algum outro poder; Deus é o único poder, o que significa que nenhum outro poder existe para ser vencido/aniquilado. Esse é o princípio da Unicidade de Deus. Só há Deus. As aparências não importam. Elas sequer causarão seus efeitos ao portador da consciência sintonizada com a Unidade de Deus. Se a mente humana existe, ou não, isso não deve ser um incômodo. Isso deve ser compreendido.

Depois que essa grande verdade estiver estabelecida na sua consciência, como serão capazes de temer a alguma coisa? Como darão poder aos bons ou maus pensamentos de alguém? Ninguém pode ajudá-lo com bons pensamentos; ninguém, com maus pensamentos, pode prejudicá-los. Nenhum poder exterior os perturará, exceto se lhe der poder. Nós não devemos nos valer da Verdade como uma arma a ser empunhada contra algum poder maligno. Só há a Verdade, eis o segredo. Essa Verdade, na nossa consciência é uma armadura.

Entretanto, a palavra armadura dá a idéia de defesa e, no momento em que pensamos em defesa, criamos problemas. Do que haveríamos de nos defender se Deus é Todo o Poder e Todo o Ser? Deus é um Poder Único e, por essa razão, melhor seria usar a expressão 'armadura da unicidade'.

Assim, não há necessidade de palavras e pensamentos, nem de armadura para nos defender ou atacar. A verdade é que somos tentados a acreditar em outra atividade! Na próxima esquina poderá haver um marginal pronto para assaltar-nos, e a nossa primeira tentação é a de empregarmos a força física ou o poder mental para dominá-lo. Mas a verdade espiritual sustenta: "Ficai em paz. A luta não é vossa." Não há outro poder senão Deus; não há outra atividade a não ser a atividade de Deus. Se a vida de uma pessoa que atingiu esse nível de iluminação é ameaçada, ela simplesmente irá rir disso tudo, porque existe apenas uma única vida, a Vida de Deus. Só a crença em duas vidas -- a de Deus e a nossa -- nos sujeita a perder esta última.

Quando falamos em Unicidade, estamos falando de Deus como o Poder Único: Um único Deus, uma Única Vida, Uma Alma, Uma Mente, Um Ser -- e mesmo Um Corpo. As aparÊncias nos fazem crer que cada um de nós tem um corpo. Todos parecemos diferentes: alguns saudáveis, outros não; alguns mais, alguns menos. Por isso, aceitamos a crença na dualidade, na existência de mais de um corpo. Se a Unicidade é a Verdade, então existe apenas um Corpo, e quanto a isso nada temos a temer. Nossa busca por Deus deve ser empreendida sempre no sentido único de 'querer entrar na Presença de Deus'; não devemos querer utilizar Deus como um meio para obter algum fim. Se Deus for buscado da forma apropriada, os fins que almejávamos certamente se converterão em acréscimos na nossa Vida. Deus é tudo o que há. Deus É.

Um Estudo sobre a Mente


Para adentrar e estabelecer uma comunhão com Deus, o homem precisa ir além de sua mente. Desde que você possa colocar a sua mente de lado -- não importa se temporariamente ou definitivamente --, você poderá estabelecer um contato direto com Deus. Somente quando a mente é retirada do meio do caminho é que haverá condições de olharmos diretamente para a vida. Caso contrário, a mente atua como uma tela e ela interfere na visão. Quando a mente é abandonada, passamos a "ver retamente todas as coisas". E isto é visão espiritual.

O mundo precisa ser observado de modo imparcial, do ponto de vista humano. E, para isto, a mente humana precisa ser dominada pelo homem. O que ocorre com a maioria das pessoas, é que elas é que são dominadas pela mente; a maioria das pessoas age automaticamente e não estão conscientes do por quê elas agem como agem... elas apenas seguem fazendo as mesmas coisas sempre e sempre. Isso é o estado de inconsciência. O homem que é dominado por sua mente vive como se fosse um robô programado para executar tarefas; enquanto que o homem que é senhor de sua mente faz uso dela apenas nas horas necessárias. Há uma grande diferença de estado de consciência entre esses dois.

A visão espiritual só pode aflorar quando a nossa visão do mundo se torna indiferente. Ter uma visão indiferente do mundo significa apenas isto: olhar para o mundo sem a interferência da mente. Não olhar para o mundo segundo os nossos próprios valores. Porque os nossos valores são construídos pela nossa mente. Nossa visão convencional se tornará indiferente; mas, em seu lugar, a visão espiritual entrará em cena. Por isso, não é preciso preocupar-se com questões do tipo: "se eu abandonar a minha forma de ver o mundo, então como passarei a vê-lo?" ou "eu vejo o mundo de uma forma tão bela... pra mim todas as pessoas são boas. Se eu perder esse meu jeito de olhar para as pessoas, poderei enxergar o mal nelas?". Não é preciso se preocupar com o que vai acontecer depois que a sua mente for posta de lado. Porque a 'reta visão' virá e revelará tudo quanto lhe for necessário ser revelado. Mas isto não pode acontecer enquanto a sua mente estiver presente.

Ouvi dizer que, certa vez, um grande pintor pediu a um médico amigo seu que viesse ver uma de suas telas, uma que ele acabara de pintar. O pintor achava que essa era sua obra-prima, o pico de sua arte. Por isso, naturalmente quis que seu amigo viesse vê-la. O médico observou a tela minucionsamente, olhou-a de um lado ao outro. Passaram-se dez minutos, assim o artista ficou apreensivo e perguntou: "O que há? o que você acha do quadro?" O médico respondeu: "Parece que está com pneumonia dupla".

Isso está acontecendo com todo o mundo. Um médico tem suas próprias atitudes, seu próprio modo de olhar as coisas. Ele olhou a pintura à sua maneira, sempre fixa; não poderia ter sido de outro modo. O médico diagnosticou o quadro... um quadro não necessita de qualquer diagnóstico. ele não compreendeu nada do quadro, e uma bela pintura virou uma pneumonia.

É assim que a mente funciona. Quando você olha para algo, a sua mente entra no meio modificando. Sempre que você olha para o mundo -- para a existência! -- você o interpreta segundo o seu jeito. E o mundo não é aquilo que pensamos. O mundo apenas é! Mas isto não pode ser constatado enquanto a mente estiver presente. Podemos pensar na seguinte afirmação: "O mundo é lindo, cheio de pessoas, plantas, animais, mas ainda há gente que sofre e passa fome, etc." Para fins didáticos, podemos dizer que há duas mentes que pensaram essa frase. Até a parte que diz "o mundo é!", isso é uma afirmação da Mente Onipresente que habita a existência. E, à partir daí, na parte que diz "(...) lindo, cheio de pessoas, plantas, animais, mas ainda há gente que sofre e passa fome", é a nossa mente pessoal que atua. Como vou perceber que o mundo simplesmente é, enquanto não colocar de lado minha mente interpretadora? Mas, para muita gente, isto é algo bastante difícil de se fazer.

Quanto maior for o nível de inconsciência, maior será a dificuldade de se libertar da mente. Existem pessoas mais velhas, que estão habituadas a viver da mesma forma há mais de vinte, trinta ou quarenta anos... Pessoas assim, não compreendem nada mais além daquilo que elas pensam ser como é. São as pessoas "cabeças duras". E isso é algo que ocorre muito com as pessoas idosas. Ainda hoje, há muitas vovó's e vovô's que não conseguem entender/admitir o modo como seus netos levam suas vidas; não concordam com a nova maneira de se vestir da sociedade... tudo isso por causa de suas mentes. E não há quem mude suas opiniões de forma alguma; é impossível. A mente é uma limitação; uma prisão. Todos nós estamos presos dentro do nosso modo de interpretar todas as coisas... e nem nos damos conta disto. Esse estado de inconsciência precisa ser eliminado.

Assim, uma das maiores armadilhas que prendem o homem à sua mente é a lógica, o raciocínio. O homem diz: "se(...), então(...)" e aí, para ele (ou melhor: para a mente dele), tudo está sob controle. Ele pensa que entendeu. Esse homem não entendeu coisa alguma; na verdade ele interpretou. Só podemos interpretar aquilo que está sob o nosso controle. O 'entender' é para aqueles que desejam algo maior.

A mente não quer perder o controle. Se isto ocorrer, ela desaparecerá e ela sabe disso instintivamente. Então, ela tem seus próprios mecanismos de resistência. É comum haver buscadores que, quando trabalham para se tornarem senhores de suas mentes, eles continuarem a estar sob o domínio dela... sem ao menos se aperceberem disso. A mente é muito esperta, e é preciso um estado de alerta muito elevado para não se deixar levar por ela.

Quando a mente for abandonada, o homem se sentirá como que diante de um grande vazio. Será como se tivesse sido abandonado, e agora ele não encontra nada mais em que se apoiar. O abandono da mente causa insegurança; a sensação inicial é o medo. A mente pensa que conhece a vida; mas o que ela conhece é a vida que ela interpreta. Ela pensa que a vida está relacionada às coisas materiais e mentais. Assim, no momento em que todos esses conceitos começarem a ser mudados... a sensação será que a morte estará se aproximando: e esse é o medo. A mente não quer morrer; mas enquanto ela não morrer, você não conseguirá ver além do que a mente permite. Essa morte é necessária para que que possa 'renascer para o Espírito'. Por isso, tudo aquilo a que a mente se apega precisa ser enxergado com indiferença: se aquilo que a mente percebe estiver lá, tudo bem; mas se não estiver, então também não há problema algum.(...) Isso é desapego.

Por isso é que o raciocínio e a lógica não ajudam muito. Eles ajudam somente até um certo ponto. Há um momento em que o homem precisa passar a confiar no desconhecido (que é o que a mente não tem capacidade para perceber) e se entregar completamente. O ensinamento da confiança (fé) e da entrega não faz sentido algum para coisas que são objetos do conhecimento, do raciocínio e da lógica humana. Enfrentar o irracional é inevitável, porque não há outra forma de confrontar a mente e superá-la. O absurdo é necessário para tirá-lo de sua mente... O ensinamento de "A Verdade está nos paradoxos" implica isso, automaticamente.

O problema básico é: a razão não pode trazê-lo para fora (de sua mente), porque o raciocínio é o próprio estado no qual você se encontra. Como ir além de sua mente, quando ela se utiliza de si mesma para ir além? Isso é idiotice... quem faz isso continua movendo-se sempre em voltas; nunca vai conseguir transcender. Algo irracional é necessário; algo além da razão é necessário; algo absurdo, louco -- apenas isso pode trazê-lo para fora.

O Zen utiliza muito esse método do absurdo. Eles criam situações que são impossíveis de ser solucionadas, de forma que se você pensar sobre elas, não compreenderá. Esses problemas são os chamados 'koans'. Um exemplo de koan: "explique qual é o som de uma mão batendo palmas". O mestre zen passa um problema aos seus dicípulos para que eles possam trabalhar em cima dele. E eles o fazem, dão tudo de si, mas não encontram solução alguma. Porque a explicação não está na mente; simplesmente não pode ser encontrada. E, aí, um dia o discípulo desiste de explicar (de querer entender)... e consegue escutar o som de uma mão batendo palmas. Para a mente humana, isso não faz sentido algum; mas para a mente que está para além da mente humana, ouvir o som de uma mão batendo palmas é algo lógico e natural. Esse som só pode ser escutado com ouvidos espirituais e, para isto, deve-se silenciar os ouvidos mentais e carnais. Somente assim, o homem pode escutar a "pequenina voz suave" ou o "som de uma mão batendo palmas". Mas, sem percorrer o caminho do absurdo -- o caminho do paradoxo --, o homem não consegue entender a realidade que habita por detrás das aparências dos sentidos humanos.

É preciso, portanto, silenciar a mente a fim de que possamos conseguir o discernimento espiritual.





Continua...

sábado, agosto 04, 2007

A complementação... do Segredo.


A Lei da Atração, apresentada no filme "O Segredo", está, agora, sob o domínio do conhecimento popular... do povão. A maioria das pessoas deve estar encarando "O Segredo" como sendo uma fórmula mágica para resolver todos os problemas da vida. O livro e o filme apresentam a lei da atração como sendo o maior e mais poderosa lei do Universo. Agora qualquer pessoa pode se sentir segura, confortável... o medo de todo o desconhecido, agora já pode desaparecer. Tudo que o homem tem de fazer é viver sua vida... satisfazendo todos os seus desejos, obtendo tudo o que ele quiser.(...)

Quem dera se fosse algo tão fácil e simples assim. A lei da atração pode até conceder ao homem tudo o que ele quiser. Com ela a pessoa pode se tornar incrivelmente rica, incrivelmente saudável, incrivelmente bem sucedida... mas não pode ser incrivelmente feliz. Porque a felicidade não está somente no campo da vida material. Antes de fazer parte da matéria, a felicidade se encontra principalmente no plano do espírito. Ela é mais espiritual do que material.

O ensinamento de "O Segredo" não é algo novo. Ele é um ensinamento antigo. Muitos autores do século 19 escreveram sobre esse assunto. Ele nunca foi um ensinamento escondido pelas pessoas mais poderosas do mundo. Sempre houve livros e mais livros falando à respeito deste assunto. Mas ele tinha um público pequeno. Rondha Byrne, autora do filme e do livro "O Segredo", fez um excelente trabalho, que foi o de levar esse conhecimento às pessoas do mundo inteiro. Mas tudo o que ela fez , foi vestir esses ensinamentos mentais com uma roupagem totalmente nova.

As pessoas, agora, podem ter acesso a este tipo de conhecimento... mas mesmo assim elas desconhecem muitas coisas sobre ele. O livro e o filme não falam dessas coisas. Nem mesmo a autora deve saber disso. Talvez alguns daqueles professores... quem sabe.

Mas nem todas as pessoas conseguirão obter os resultados prometidos no filme, porque tentarão concentrar todos os seus esforços em obter as coisas que desejam e satisfazer seus egos. Por mais que um homem consiga o que deseja, ele nunca irá se contentar, porque logo em seguida ele irá desejar algo maior. O ego humano não pode parar. Ele precisa ser assim, se quiser continuar sobrevivendo. E a maioria das pessoas irão se perder em seus egos. Irão se esquecer de voltar sua atenção para coisas mais simples e importantes como perdoar, viver em harmonia com as pessoas, cultivar um estado de gratidão por tudo, fazer o bem, ajudar ao próximo. Quem não proceder dessa forma dificilmente vai obter resultados na prática da lei da atração.

Uma pessoa que se ocupa em dedicar amor aos outros alcança algo muito mais valioso do que o ensinamento apresentado em "O Segredo". Quem dedica amor às pessoas, à vida, a si mesmo... chega uma hora em que essas pessoas recebem de Deus uma graça especial: a revelação do Verdadeiro Segredo. A lei da atração, se comparada com esse Verdadeiro segredo, não é nada; não tem importância alguma.

O Amor é o caminho que nos prepara para recebermos e compreendermos os mistérios de Deus. As coisas de Deus não podem ser entendidas com a mente ou com a intelectualidade... nem com os sentidos humanos. À medida que o homem vai dedicando cada vez mais amor à tudo e todos, ele vai aprendendo a se importar cada vez menos com as coisas que são objetos da intelectualidade, da mente e dos sentidos. E o homem aprende, aos poucos, a perceber a existência de algo invisível, mas sagrado... e começa a compreender a importância dessa substância invisível. O Amor é o caminho que liberta o homem da escravidão das coisas visíveis -- tudo o que é visível é limitado -- e passa a compreender o lado invisível da vida. Assim, ele alcança uma total liberdade interior. O Amor nos liberta das coisas do mundo e nos sintoniza com Deus. O Amor é o caminho.

sábado, julho 14, 2007

A Árvore dos Desejos

O que vou postar, agora, trata-se de um assunto muito falado atualmente: a lei da atração. Esse post foi um e-mail que recebi de alguns amigos. Ele não é novo; faz um tempo que ele já estava correndo na net. Mas em homenagem à lei da atração, vou postá-lo. Apenas lembrem-se, pessoal, que o ensinamento da lei da atração não é o verdadeiro segredo. Existem coisas muito mais importantes do que obter todas as coisas materiais que se deseja. Mas, sobre isso, eu vou escrever mais tarde. Ao post, então!


No conceito Védico indiano, o Paraíso é composto por Árvores dos Desejos. Basta alguém sentar debaixo de uma delas e desejar qualquer coisa, que imediatamenteo desejo se realizará, sem intervalo de tempo entre o desejo e a realização.

Conta uma velha lenda que, certa vez um homem estava viajando e acidentalmente, sentou-se embaixo de uma dessas Árvores dos Desejos. Sem nada saber sobre isso, e dominado pelo cansaço, o homem pegou no sono, à sombra de sua frondosa copa.Quando despertou estava com muita fome, e então disse: - Estou com tanta fome! Ah, como eu desejaria conseguir alguma comida agora! E imediatamente apareceu um prato de comida à sua frente, vinda do nada, simplesmente uma deliciosa comida, flutuando no ar.

Ele estava tão faminto que não prestou atenção de onde viera a comida. Começou a comê-la assim que a viu. Somente depois que sua fome foi saciada é que voltou a olhar ao redor. Outro pensamento surgiu em sua mente: - Se ao menos eu conseguisse algo para beber...
Imediatamente apareceram excelentes sucos e vinhos. Bebendo e relaxando na brisa fresca, sob a sombra da árvore, o homem começou a pensar: - O que está acontecendo? O que está havendo? Estou sonhando ou existem espíritos ao meu redor que estão fazendo truques comigo?

E diversos espíritos apareceram.O homem começou a tremer e novamente um pensamento surgiu em sua mente: - Serão esses espíritos perigosos?... Logo os espíritos se tornaram nauseantes, ferozes e começaram a fazer gestos ameaçadores para ele. - Ai, meu Deus! Agora certamente eles vão me matar! E assim aconteceu...

Esta parábola tem apenas um significado: sua mente é a Árvore dos Desejos, e o que você pensa,mais cedo ou mais tarde, há de se realizar.Às vezes o intervalo entre o pensamento e o acontecimento é tão grande que nos esquecemos completamente que, de alguma maneira,desejamos o ocorrido. Mas, se olharmos profundamente, perceberemos que todos os nossos pensamentos, desejos, medos e receios estão criando nossas vidas.Eles criam nosso inferno ou nosso paraíso, criam nosso tormento ou nossa alegria.

Todos nós temos mentes "mágicas" capazes de manifestar externamente nossos desejos e pensamentos. Estamos fiando a trama de nossas vidas, tecendo o mundo dentro e fora de nós, sem ao menos termos consciência disso. Sua vida está em suas mãos.Você pode escolher transformá-la num inferno ou num paraíso. A responsabilidade é toda sua. Isso depende somente de você!




Que tal uma reflexão nesse momento?Você já havia percebido que muitas experiências e situações vivenciadas em sua vida tinham correlação com algo que você havia desejado ou imaginado? Infelizmente vivemos tão desatentos e preocupados com nossa rotina de afazeres, que provavelmente não conseguimos observar essa Lei de Ação e Reação agindo em nossas vidas...

Queremos ser felizes, prósperos e saudáveis, mas concentramos nossa atenção em todo tipo de medos e situações destrutivas. Temos medo da solidão, de contrairmos uma doença grave, de não podermos pagar nossas contas. O tempo todo pensamos e nos preocupamos com coisas que não queremos! Imaginamos acidentes, assaltos e cenas de violência, conosco ou nossos queridos e depois, quando essas coisas acontecem, nos sentimos desorientados, culpamos as pessoas,o destino, o karma e a falta de sorte.

Achamos a vida injusta e cruel, quando tudo o que ela está fazendo, é devolvendo o mal criado por nossas intenções, crenças e expectativas negativas!Cada um cria sua própria realidade, à partir do que pensa e imagina, fala e deseja. Esses são poderosos comandos que acionam o PODER CO-CRIADOR de nossa mente. Devemos entender que a função da mente não é avaliar se esses comandos são positivos ou negativos. Ela apenas os executará automaticamente, pois essa é a função dela. E o tempo para sua manifestação, dependerá da intensidade e freqüência com que ela recebe esses comandos. Um dos motivos pelo qual estamos nete mundo é para desenvolver a capacidade de nos tornarmos Co-criadores Conscientes. Somos aprendizes! E para isso precisamos aprender os segredos deste maravilhoso instrumento que é a mente. Nela reside o Poder Magnético da Atração e Manifestação, o mesmo Poder que criou o Universo e que nos torna semelhantes a Deus. Nosso destino é nos tornarmos como Ele, seres Perfeitos e Criadores.

Quando o Poder de nossa mente não é dirigido pela vontade amorosa e iluminada pela consciência, ele é comandado por nosso subconsciente, por obscuras forças na forma de mecanismos sabotadores e torturadores, falsas crenças, conceitos e valores distorcidos sobre a vida, sobre nós, sobre nossos merecimentos. Assim, se não acreditarmos que merecemos uma vida plena de amor e de suprimentos, saúde e bem estar, nenhuma força do universo poderá nos ajudar!

Ninguém está acima da Lei de Causa e Efeito e esta lei divina decreta que nós temos o livre arbítrio. Escolher tornar-se um Co-criador consciente depende só de você. Mas, na prática, por onde começar? É necessário trilhar o caminho do autoconhecimento, e expandir a consciência de si. Comece observando, por exemplo, o quanto você é dominado pela crença do “não merecimento!” Saiba que os sentimentos de culpa são responsáveis por esse tipo de crença, pelas preocupações e imaginações daquilo que não queremos, como forma de nos punir e torturar. Então faça as pazes com você mesmo.

Perdoe todos os seus erros e falhas do passado. Ame-se. Aceite-se. Respeite-se. Valorize-se.Proteja-se dos pensamentos negativos e controle o uso da sua imaginação. Acredite-se merecedor de todas as coisas boas deste mundo. Visualize-se pleno de saúde e bem estar, rodeado de fartura e de amor. Espere por essas coisas. Agradeça à Vida como se já as tivesse recebido. Aprenda sobre a força das “afirmações” e vigie muito bem as suas palavras, que têm uma força tremenda. São elas que ajudam a atrair e a manifestar nossos desejos no mundo físico. São o “abracadabra” da fortuna e do infortúnio!

Ouse explorar as profundas dimensões de sua mente. E torne-se capaz de transformar sua vida, superar dificuldades e limitações mudar sua sorte, vencer problemas gigantescos, curar qualquer doença, atrair relacionamentos satisfatórios, prosperidade e abundância para a sua vida! Lembre-se: você está sentado sobre a sua Árvore do Desejo e pode começar a viver no paraíso...Agora!
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Texto: Osho (parábola)

sábado, julho 07, 2007

O samurai e o mestre zen


Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o samurai sentiu-se repentinamente inferior. Ele então disse ao Mestre:
- Por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por que estou me sentindo assustado agora?
O Mestre falou:
- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei. Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o samurai perguntou novamente: - "Agora você pode me responder por que me sinto inferior?"
O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse:
- Olhe para estas duas árvores, a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior "Por que me sinto inferior diante de você?" Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso.
O samurai então argumentou: - Isto se dá porque elas não podem se comparar.
E o Mestre replicou:
- Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo.
Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer. Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica, ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanha não é diferença. Tudo é expressão igual de vida.

sábado, junho 30, 2007

AMOR - Uma lição pra nunca mais esquecer


A única coisa que Deus nos pede é: "ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". Deus só pede isso a nós. Existem milhares de religiões e seitas espalhadas por todo o mundo -- cada uma delas com seus textos/escrituras sagradas, códigos de ética, moral e conduta --, mas Cristo veio e disse apenas isto: "Eu deixo um novo mandamento: amem a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo."

Em todas essas várias religiões, você encontrará os mais diversos tipos de ensinamentos... você irá se deparar com muitos caminhos distintos que, se seguidos e praticados ao mesmo tempo, poderá levar um homem à loucura. Cada religião, cada seita ou filosofia têm seus ensinamentos constituídos/formados de dois aspectos. Os ensinamentos de todas elas são formados pela mesma fórmula: um ensinamento profundo, que está intimamente ligado à Essência (Verdade, Deus) e um ensinamento que dita como deve ser a conduta/comportamento do seguidor ou praticante (trata-se da forma externa.) Assim, a fórmula é: um ensinamento profundo + um ensinamento superficial.

O primeiro aspecto do ensinamento é aquele que está ligado diretamente à Essência, à Verdade... é a parte em que Deus está totalmente presente. Esse primeiro aspecto é a ponte que permite a ligação entre Deus e o homem, pois ele foi concebido sob inspiração divina. Toda religião possui ensinamentos constituídos sob essa inspiração, sob esse momento de íntima comunhão com Deus. Através desse primeiro aspecto Deus flui e alcança o homem.

O segundo aspecto é o que deixa tudo perigoso e complicado. Ele é a forma como as religiões, seitas e filosofias se apresentam ao homem; é a exteriorização/somatização do primeiro aspecto. Ele é composto de muitos princípios éticos e morais e, por isso, sua exteriorização está subordinada à cultura de onde se encontra cada religião ou seita. Dentro do segundo aspecto, você encontrará muitas diferenças, muitas discordâncias, devido ao lugar e ao tempo em que a religião foi concebida. Então, cada uma delas possui seu próprio código, sua maneira de conduzir o homem a Deus. É por isso que, se alguém vai atrás da Verdade buscando-a em vários lugares, a pessoa poderá acabar se perdendo no caminho. Encontrará muitas decepções, a menos que ela saiba filtrar muito bem o que está sendo ensinado em cada um desses lugares.

Aquele que se entrega a um caminho específico, e segue confiando, com o coração totalmente aberto, possui mais chances de encontrar Deus do que aquele que O busca em vários lugares. Ele possui mais chances porque, em primeiro lugar, ele está em paz com o mundo. Ele é capaz de confiar e se entregar ao caminho que escolheu seguir... confiando que Deus estará esperando por ele em algum lugar de sua jornada. Assim, ele está mais próximo de Deus, do que o homem que O procura em todos os lugares.

Quem busca, em todo lugar, encontrar a Deus não confia no mundo... ele não pode estar em paz. Ele vive desconfiando da vida, como se houvesse uma conspiração feita para garantir que ele se perca dEle. Quem dá desconfiança, fatalmente receberá desconfiança de volta. Como pode alguém encontrar o Amor, se ele o busca no caminho da desconfiança? Não, ele não pode. Ele terá primeiro que resolver esse relacionamento dele com o mundo. Ele precisa se tornar mais hamornizado com a vida. E uma vez feito isso, ele poderá relaxar, confiar, e se entregar a um caminho.

E um dos caminhos mais simples foi o deixado por Jesus Cristo. Jesus disse: "ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo." O bom de ser cristão é ter que cumprir apenas esse mandamento e ver toda a sua vida se tornar perfeita. Outras religiões pedirão que você faça jejuns, não coma carne, pedirá que você faça alguns sacrifícios e oferendas... um monte de coisas. Mas os cristão só tem que seguir esse simples mandamento deixado por Cristo. Aquele que seguir e interiorizar esse mandamento alcança a iluminação. É como diz Cristo: "nasceremos de novo... morreremos para o mundo e nasceremos no espírito."

Este é o maior e o mais simples mandamento já deixado para o homem, em toda a história humana: ame! Se cumprires isso, não precisa de mais nada.

Às vezes fazemos muitas coisas pela força da cultura e do hábito... mas Deus não exige e nem se preocupa se comemos carne ou não, se somos gordinhos ou não, se fomos feios, altos, se andamos com roupas de igrejas... isso são coisas só para o exterior.

Deus vê o que temos lá no fundo do coração. Podemos encontrar pessoas, por aí, que cumprem todos os preceitos perfeitamente... pessoas que são exemplos impecáveis, mas que possuem um coração podre cheio de embustes, falsidades, hipocrisias. O que tudo isso adianta para essas pessoas?

Cristo diz que nem mesmo um copo de água que damos com amor será esquecido no dia de nos aprensentarmos face-a-face com Deus. A única coisa que será cobrada de nós é se amamos o suficiente todas as pessoas e situações que passaram pelas nossas vidas. Quando o homem se encontra já no fim de sua vida, ele sabe que tudo será tirado dele -- e ele não sabe apenas intelectualmente. Ele realmente SABE, porque a morte está tão próxima dele, que ele começa a sentí-la... e a sentir todos os efeitos que acontecerão após sua morte acontecer --, ele sabe que tudo será tirado dele e que não sobrará mais nada. A única coisa que valerá a pena será se ele olhar para sua vida e disser "não importa o que os outros fizeram a mim, não importa se as pessoas não me retribuiram, nem fizeram a sua parte... eu amei!" No fim das contas, o que valerá é isso.

Amar significa abdicar de si mesmo, deixar o ego pra trás... deixar o orgulho. Olhe para Cristo: quem mais tinha que ter o ego cheio, quem mais tinha que ter orgulho não seria Jesus Cristo? Ele foi o mestre dos mestres, foi o próprio Deus encarnado... e ele foi orgulhoso? foi egocêntrico? exigiu louvores para si? É claro que não. Ele tinha tudo para ser o orgulho em pessoa... ele tinha o poder... mas ele não queria nada disso. Ele queria apenas amar. Ele não veio apenas para dar a mensagem, mas pra dar o exemplo.

Cristo era mestre e senhor e veio pra servir... não pra ser servido. Ele veio para andar com o povão... pra andar com os pecadores e lavar os seus pés.

Que tipo de deus hindú faz isso? Que tipo de deus egípcio saiu de seu panteão e veio servir aos humanos? Que tipo de deus grego, nórdico, xintô, ou espírito foi capaz de tão grande ato de amor?

Cristo amou verdadeiramente. Ele veio, serviu, amou, fazia o bem a todos. Espalhava suas curas e pedia que ninguém comentasse que era ele que havia feito. Jesus Cristo fazia o bem a todos. Depois ele foi humilhado, sofreu muito e no fim perdoou a todos. Isso é que é doação total... ele foi humilde até o fim.

Ele mesmo diz "vem e segue-me". Ele não queria que as pessoas simplesmente fossem atrás dele, mas que fizessem as mesmas coisas que ele fazia. Ele queria que as pessoas seguissem o exemplo que fossem santas... que soubessem amar.

Ele diz, no Sermão da Montanha, "sede perfeitos assim como o vosso pai celeste é perfeito". Jesus nos disse que podemos ser como Deus (o que é diferente de sermos o próprio Deus!), porque realmente nós fomos criados para sermos perfeitos... para sermos "a imagem e a semelhança do Criador".

E qual é o pai que não gostaria que seus filhos seguissem o seu exemplo? Deus é nosso Pai... ele quer que sejamos como Ele, mas Ele não nos obriga a nada... ele tenta nos ensinar pelo exemplo. Tudo isso só prova que Deus não nos condena, somos nós mesmos que escolhemos viver sem Deus. Ninguém pode culpar a Deus por estar ou se sentir abandonado, porque mesmo que a pessoa esteja na merda ela poderá ter a certeza de que pelo menos uma pessoa no mundo a ama: Deus. E só isso é motivo suficiente para alguém se sentir feliz e se amar.

Primeiro é preciso aprender a se amar. A primeira coisa a ser feita é mudar o interior: você precisa se amar... se dar mais valor. Se você pensar que ninguém no mundo te ama, você não conseguirá se amar... e, consequentemente, não conseguirá amar ao próximo.

"Como dizer, Senhor, 'te amo' sem mesmo vê-lO? E ser incapaz de amar ao outro que está ao lado e se pode ver? O que não ama, não conhece a Deus... porque Deus é Amor."

Como você pode amar a Deus, que é invisível, se não é capaz de amar ao próximo que está bem ao seu lado e que você pode ver e conviver todo dia? E como você poderá amar ao próximo, se você não se ama? Se você não amar ao próximo, não vai encontrar Deus.

Saber que Deus te ama é o começo de tudo. É aqui que se inicia uma vida de completa auto-aceitação, amor próprio, e de felicidade. Saber que Deus te ama é o que permite a sua vida decolar e alçar vôo. Deus te ama... te ama muito, e te ama incondicionalmente. Deus lhe aceita exatamente do jeito que você é agora, com todos os seus defeitos, com todo o passado que você guarda para si, com todas as suas imperfeições e falhas... Deus está sempre aberto a você, não importa a situação em que você se encontre.

Por isso, se a vida te machuca, não ache que você não tem valor. Você tem, sim, muito valor. E se Deus te aceita, quem é você para não se aceitar? Deus te ama... então porque você mesmo não se ama? Quem é você para isso? Esqueça todas as crenças ruins, todos os motivos que você deixou entrar na sua cabeça e que não deixam que você se ame. Se Deus te ama, você está inteiramente livre para se amar e se sentir amado... isso é algo que deve estar acima de tudo.

A partir do momento em que você reconhecer o seu próprio valor, que você se amar... você vai passar a dar valor nas outras coisas, nas outras pessoas. Você vai começar a amar as pessoas da mesma forma como a ti mesmo... da mesma forma como você dá valor a si mesmo, você vai passar a amar aos outros. E você vai perceber o quanto é simples chegar a Deus... vai perceber o quanto é simples não apenas ser um iluminado, mas um 'portador da luz' que leva a luz para todo o mundo aonde você for. Não basta ser iluminado. Deus quer que levemos a luz aos outros, que amemos aos outros... é simples assim.

Assim, você tem que aceitar a si mesmo, abrir seu coração, você tem que aceitar se amar... mudar o seu interior. precisa lavar tudo de ruim dentro de você. Deixe seu passado realmente PASSAR por você. Não retenha nada. Sinta-se como uma nova criatura a cada segundo que passa... você realmente é novo, TODO NOVO, a cada segundo.

Deus não quer saber o que você fez, Ele só quer te AMAR agora. Ele não está no passado, não está no futuro, nem está no presente. Só você está no PRESENTE. Por tanto, se você aceitar o Espírito Santo, você irá renascer. Deixa o passado pra trás e deixa o futuro pra frente. E se alguém te magoar, não perca um segundo sequer para amar essa pessoa. Aprendemos muito até com quem nos faz mal. Assim, é só vivendo nesse momento pra você aceitar a si mesmo como você já é agora.

Isso tudo é o mínimo que podemos fazer. Cristo nos amou tanto que resumiu tudo. Ele disse que do jeito que a humanidade estava, ela ia acabar destruindo-se a si própria. Não tem como reduzir o ensinamento mais do que Cristo reduziu.

Antes de Cristo, não havia todo esse papo todo sobre o amor. Amar ao próximo era piegas, fora de moda... até hoje é muito fora de moda. As pessoas só querem saber do que é seu, "o que é meu, é meu"... é o ego. As pessoas continuam achando que tudo deve girar em torno delas, querem ser o centro de tudo... querem ser os senhores da vida. E o pior... senhores da vida dos outros. Querem ser servidas, querem ser o máximo, mas não enxergam que elas precisam se doar. Você só consegue amor dando amor. Você só consegue fazer o mundo girar em torno de você, quando você aceita girar em torno do mundo... girar em torno das pessoas. Você só consegue ser o centro quando você deixa de querer ser o centro, pois é aí que você passa a conviver com todos. E todos irão te conhecer... todos irão olhar pra você e dizer "aquela pessoa é importante pra mim, aquela pessoa é o meu centro." E, no entanto, as pessoas que querem ser o centro estão correndo atrás do próprio rabo para tentar agarrá-lo, mas elas nunca conseguem.

Pessoas assim não irão querer conviver com os outros. Elas julgam os outros inferiores demais para conviver com elas... indignas demais... feias demais... burras demais. E elas acabam achando que só elas mesmas podem ser dignas de algo; é puro ego.

Como alguém irá reconhecer nelas o centro de algo, se elas se fecham em si mesmas? Por isso Cristo diz "aquele que quiser perder a sua vida, encontra-la-á." Lao-Tsé também diz: "O sábio não se preocupa com a sua salvação, e por isso a encontra." (...)

(...) São Francisco foi um homem muito egoísta durante toda sua vida. Ele só queria saber de cumprir as satisfações do próprio ego. Gastava toda a sua fortuna consigo mesmo, enquanto ele via pessoas morrerem de fome bem ali, do lado dele. Pra que ele iria se preocupar com elas? Ele estava muito bem, não tinha nada com o que se preocupar.
Mas se ele tivesse continuado a ser assim, ele teria morrido e ninguém no mundo teria ficado sabendo quem foi Francisco de Assis. Ninguém iria reconhecê-lo, a não ser como um homem rico que morava na esquina e não estava nem aí pra ninguém, apenas para si mesmo. Se ele vivesse querendo ser sempre o maioral, ele nunca seria o centro de nada.

Mas São Francisco teve uma revelação e ele, o homem que era torto, deixou de ser torto. Passou a usar sua riqueza para ajudar aos outros. Pra si mesmo, não quis nada. Passou a viver como mendigo na rua, mas passou a conviver com as pessoas... passou a se doar. E, paradoxalmente, foi assim que São Francisco começou a se tornar o centro da vida de muitas pessoas, e muita coisa girava em torno dele. E hoje em dia, até quem não é cristão sabe quem foi São Francisco de Assis.

A sua ordem monástica é uma das maiores dentro da igreja católica e seus pensamentos influenciam milhares de pessoas no mundo todo. Foi simplesmente amando que São Francisco tornou-se algo na vida, pois Deus conseguiu cumprir nele todas as suas vontades. A vontade de Deus é perfeita, Ele possui o conhecimento de tudo... não tem porque nós O julgarmos. Nós podemos pedir muitas coisas, sim... Mas Deus sabe o que realmente é bom, ou não, para nós.

São Francisco fez o mínimo que ele podeira ter feito e por isso se tornou o máximo, pois Deus cumpriu nele toda sua vontade. Isso só foi possível porque São Francisco abriu seu coração a Deus e permitiu que Ele entrasse.

Você precisa se abrir para Deus, também. Precisa se colocar disponível para Ele, porque Deus só pode entrar num recipiente que esteja vazio. Ele não vai competir com um ego para habitar o seu ser. Ou você se esvazia do seu ego, ou você nunca terá espaço dentro de você pra que Deus possa habitar. Deus nunca irá fazer morada dentro de você, se o seu coração já estiver cheio das coisas do mundo. Se você estiver cheio de si mesmo... enfim.

Como você pode pedir a iluminação do Espírito Santo, se a única coisa que importa pra você é o seu próprio espírito? Como você pode pedir que a vontade de Deus se cumpra, se a única coisa que te importa é a sua própria vontade?... Como você pode tentar ser o centro das atenções, se Deus é sempre o centro de tudo? Pra você ficar no centro, você precisa deixar que Deus entre em você...

E Deus está sempre aqui pra nós. Ele nunca nos dá as costas, mesmo se estivermos com as nossas voltadas para Ele. Mesmo quando estamos nos perdendo, Deus está sempre vindo atrás... Ele vem atrás!!!!!!! Deus não se contenta unicamente em nos aceitar apenas quando resolvemos ir até Ele. Ele está sempre vindo atrás e dizendo "ei, venha aqui... venha para mim, deixe-me entrar!" Sua humildade e amor está acima de tudo.

Cristo diz "Eis que eu vou a porta e bato... se me abrirem, eu entrarei, cearemos juntos, farei morada... e seremos um só." Em verdade, toda a existência está gritando a Deus a todo momento. Se você prestar atenção, ao olhar para uma árvore, irá perceber que ela está gritando "Deus está em mim!! Deus existe em mim!!" a todo momento. A existência inteira estão cantando à Deus a todo instante. Isso tudo é muito lindo... porque não deixar Deus tomar conta de nossas vidas?

Deus cumpre sempre com sua parte. A porta que vai até Ele está toda aberta, e Deus fica gritando à você, de lá de dentro, que entre pela porta. Ele está lá chamando-lhe para entrar. Deus não fica quieto só esperando. Ele faz muito a parte dele. Mas Ele não pode invadir a nossa parte; ele não pdoe chegar e nos forçar a entrar. Deus nunca vai arrombar nossa porta e invadir a casa, porque isso violaria a liberdade que Ele próprio nos concedeu. Por isso, sempre temos que fazer a nossa parte.

Às vezes, temos a sensação de que Deus não está no mundo porque não vemos sua ação. Ele nunca vai agir, se você não deixar. Deus não força suas criaturas... apenas pede a brecha. Somos nós quem devemos agir; nós é que cuidamos de nossos canais. Quando cuidamos bem de nossos canais, eles ficam limpos e as bençãos de Deus podem fluir. Mas se deixarmos o canal sujo com um monte de coisas que nós mesmos criamos -- como ressentimentos, dúvidas quanto a Deus, mágoas passadas --, tudo isso entope o canal. E Deus continua indo atrás, continua enviando bençãos. Mas como nós mesmos entupimos o canal, nós mesmos impedimos que as bençãos de Deus nos alcancem.

Nós sempre somos os responsáveis por tudo o que nos acontece. Não adianta querer culpar Deus ou o diabo. Nós somos os únicos capazes de fazer de nossa vida o que queremos pra ela. Nem Deus, nem o diabo podem nos obrigar a nada.

Tudo isso que foi dito até aqui, é apenas o começo... apenas a ponta do iceberg. O mais importante de tudo, é vivenciarmos tudo isso.

Quando passamos a vivenciar tudo isso, muitas promessas começam a ser cumpridas. As promessas de Deus, todos os desígnios eternos nos são revelados. Aí você vai começar a mergulhar no Espírito e ver tudo o que tem por debaixo. Todos os mistérios, tudo nos é revelados por Deus... e tudo vem de graça por causa de sua infinita misericórdia. Deus tem o prazer de nos revelar tudo... tudo o que nos é possível compreender. Mas, antes de tudo isso, precisamos cumprir com o básico primeiro: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Somente assim nos tornaremos aptos a compreender as coisas maiores que Deus deseja nos mostrar.

Lembre-se, cumpra o básico. Faça o que Jesus pediu. Ele não veio aqui dizer o que disse se não houvesse um bom motivo para isso. As pessoas de sua época podem não ter entendido o porquê de Jesus ter dito isso, mas quem seguiu o conselho dele tornou-se iluminado e passou a ser um com Deus. Não é preciso querer entender o porquê, basta fazer o que Jesus disse. "Bem aventurados os que não viram e creram."

Cumpra o básico, ame os outros sem esperar se receberá amor em troca. Se eles não te retribuírem, pelo menos tenha a consciência limpa de ter feito a sua parte. Você encontrará muitas pessoas no mundo e nem todas aceitarão o amor. Nem todas vão aceitar essa interação que você tentar estabelecer. Você vai tentar isso muitas vezes e não vai conseguir, mas o importante é você ter a consciência limpa de ter tentado. Muitas pessoas cometerão erros e você também cometerá. E muitas vezes você irá pedir desculpas, mas não vão te desculpar, isso é fatal.

Mas pelo menos a sua parte você terá feito... você terá cumprido com o papel do amor. Você não pode obrigar que uma pessoa aceite o seu amor (nem mesmo Deus nos obriga aceitar), e mesmo assim você estará amando aquela pessoa: primeiro, cumprindo com a sua parte; segundo, respeitando a decisão dela.

É só assim que você terá a consciência livre para dizer "eu amei". Isso é o que realmente importa. É para isso que estamos aqui.

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*A autoria deste texto não é minha.

*O autor quis permanecer anônimo.

sábado, junho 09, 2007

Um conto: A vida não é um problema

Certa vez, o Primeiro-Ministro de um grande rei morreu. Esse Primeiro-Ministro era uma pessoa muito rara, muito inteligente, quase um sábio; era esperto, sagaz, um grande diplomata. Seria muito difícil encontrar alguém que pudesse substituí-lo. Então, todo o reinado foi pesquisado. Todos os ministros foram enviados para procurar por três homens. Um desses três seria o escolhido pelo rei para ser o novo Primeiro-Ministro.

Durante meses a procura continuou. Todo o reinado foi vasculhado; todos os recantos e esquinas foram pesquisados. Então, três pessoas foram encontradas. Uma delas era um grande cientista, um grande matemático. Ele podia resolver qualquer problema de matemática, e a Matemática é realmente a única ciência positiva; todas as ciências são apenas ramos da matemática. Assim, ele se achava na base.
O outro era um grande filósofo, um grande criador de sistemas. Do nada ele podia criar tudo. A partir apenas de palavras, ele podia criar sistemas maravilhosos -- era milagre. Apenas os filósofos podem fazer isso. Eles não têm nada em suas mãos; são grandes mágicos. Criam Deus, criam a 'teoria da criação', criam tudo; e sem nada em suas mãos. São brilhantes artesãos de palavras, combinam as palavras de tal modo que lhe dão a sensação de substância. E isso sem nada!

O terceiro era um homem religioso, um homem de fé, de prece, de devoção. As pessoas que estavam procurando esses três homens devem ter sido muito sábias, porque encontraram os três.

Esses três homens representam as três dimensões da consciência. Elas são as únicas possibilidades: ciência, filosofia e religião -- formam a base. O homem de ciência interessa-se por experimentos: a menos que algo seja provado pelos experimentos, não está provado. Ele é empírico, experimental; sua verdade é a verdade do experimento.

O homem de filosofia é o homem da lógica, não dos experimentos; experimentar não é a questão. Apenas pela lógica ele prova e refuta. Ele é um homem puro, mais puro do que o cientista, porque o cientista tem de carregar seus experimentos, seu laboratório. Um homem de filosofia trabalha sem laboratório -- apenas com sua mente, com a lógica, com as matemáticas mentais. Todo o seu laboratório está em sua mente Ele pode provar e refutar apenas pelos argumentos lógicos. Ele pode resolver ou criar qualquer tipo de enigma.

O terceiro homem está na dimensão da religião. A vida não é problema para um homem religioso. Ela não existe para ser solucionada; existe para ser vivida.

O homem religioso é o homem da experiência; o cientista é o homem dos experimentos; e o filósofo é o homem dos pensamentos. O homem religioso é o homem da experiência: ele olha a vida como algo a ser vivido. Se existe alguma solução, ela virá pela experiência, virá pela vida. Nada pode ser decidido de antemão pela lógica porque a vida é maior do que a lógica. A lógica é apenas um bolha no vasto oceano da vida. Assim, a lógica não pode explicar tudo. Os experimentos podem ser feitos apenas quando você não participa, podem ser feitos apenas com objetos.

A vida não é um objeto; é o próprio cerne da subjetividade. Quando você faz experiências, é diferente. Quando você vive, unifica-se. Assim, o homem religioso diz: "A menos que você se unifique com a vida, nunca poderá reconhecê-la." Como poderá você conhecê-la do lado de fora? Você pode andar e rodear de um lado para o outro, mas nunca acertará no alvo. Assim, o homem de fé não se atém nem a experimentos nem a pensamentos, mas à experiência, à simplicidade, à confiança.

Os ministros pesquisaram e encontraram esses três homens que foram, então, chamados à capital para a decisão final. O rei disse: "Por três dias descansem e preparem-se. Na manhã do quarto dia o exame final será realizado. Um de vocês será escolhido e se tornará meu Primeiro-Ministro: aquele que provar ser o mais sábio."

Eles começaram a trabalhar cada um à sua própria maneira. Três dias não eram suficientes! O cientista teve de pensar em muitos experimentos e trabalhar neles. Quem sabe que tipo de exame seria? Assim, não pôde dormir por três dias, não havia tempo; além disso, teria toda a vida para dormir depois que fosse escolhido. Então, por que se preocupar em dormir? Ele não dormiu nem comeu nada -- não havia tempo o suficiente. Muitas coisas tinham de ser feitas antes do exame.

O filósofo começou a pensar; muitos problemas tinham de ser resolvidos: "Quem sabe que tipo de problema será apresentado?". Apenas o homem religioso continuou à vontade. Ele comeu e comeu bem. Apenas um homem religioso pode comer bem porque a comida é uma oferenda, é algo sagrado. Ele dormiu bem. Ele orava, sentava-se no jardim, passeava, olhava as árvores e era grato à Deus; porque, para um homem religioso, não existe nenhum futuro, nenhum exame final. Todo o momento é o exame final, então como preparar-se para ele? Se algo está no futuro você pode se preparar. Mas se algo está aqui, agora, como pode se preparar para isso? Você tem de enfrentar a situação. E não existe nenhum futuro.

Algumas vezes o cientista dizia: "O que você está fazendo? perdendo tempo -- comendo, dormindo, rezando. Você pode fazer suas preces depois." Mas o homem religioso ria e não respondia nada, ele não era um homem de argumentos.

O filósofo dizia: "Você fica dormindo, sentado lá fora no jardim, olhando para as árvores. Isso não irá ajudá-lo. O exame não é uma brincadeira infantil. Você tem de se preparar para ele." Então o religioso ria. Ele acreditava mais no riso do que na lógica.

Na manhã do quarto dia, a caminho do palácio para o exame final, o cientista não estava nem mesmo em condições de andar. Estava tão cansado por causa de seus experimentos que era como se toda a vida estivesse se esvaindo. Ele estava morto de cansaço, como se a qualquer momento pudesse cair e dormir. Seus olhos estavam sonolentos e sua mente pertubada. Estava quase louco!

E o filósofo? Não, não estava cansado, mas sentia-se mais incerto que nunca. Ele havia pensado, pensado; discutido, discutido; e nenhum argumento chegava a qualquer conclusão. Ele estava confuso, perturbado, num caos. No dia em que chegara poderia ter respondido a muitas questões, mas agora não. Até mesmo suas respostas certas tinham se tornado incertas. Quanto mais você pensa, mais a filosofia se torna inútil. Apenas os tolos podem acreditar em certezas. Quanto mais você pensa, mais inteligente fica, melhor vê que todos os pensamentos são apenas palavras, sem nenhuma substância. Muitas vezes ele quis voltar atrás porque isso não seria de nenhuma serventia. Ele não se sentia em boas condições. Mas o cientista lhe disse: "Venha! Vamos tentar! O que você irá perder? Se nós vencermos, tudo bem. Vamos tentar, não seja tão desanimado."

Apenas o homem religioso caminha feliz, cantando. Ele podia ouvir os passarinhos nas árvores, podia ver o sol surgindo, podia ver os raios do sol nas gotas de orvalho. A vida toda era um milagre! Ele não estava preocupado porque não haveria nenhum exame. Ele iria e encararia a situação. Iria simplesmente para ver o que ia acontecer. Ele não estava esperando por nada, não tinha expectativas; estava saudável, jovem, vivo -- e isso é tudo. Só desse modo é que uma pessoa pode se aproximar de Deus; não com fórmulas prontas, não com teorias prontas, não com montanhas de trabalhos de pesquisa experimental, não com títulos e títulos de doutoramento. Não, isso não auxilia. As pessoas devem ir para o templo assim: cantando e dançando.

Se você estiver alerta, poderá responder a qualquer coisa que vier, porque a resposta virá por meio da vida, virá por meio do coração e o coração está preparado quando você está cantando, quando você está dançando... quando você está celebrando.

E eles chegaram. O Rei havia arquitetado algo muito especial. Eles foram levados a uma sala onde havia sido montada uma fechadura, um enigma matemático. Havia muitas figuras na fechadura, mas não havia nenhuma chave. Aquelas figuras tinham de ser dispostas de um certo modo. O segredo estava nisso, mas a pessoa teria de procurar e encontrá-lo. Se aquelas figuras fossem dispostas de um determinado modo, a porta se abriria.

O Rei colocou-os dentro da sala e disse: "Este é um enigma matemático, um dos maiores já conhecidos. Agora vocês terão de encontrar o segredo. Não existe nenhuma chave. Se vocês puderem encontrar o segredo, a resposta para este quebra-cabeça matemático, a fechadura se abrirá. E o primeiro a sair desta sala será o escolhido. Agora, podem começar." Ele fechou a porta e foi-se embora.

Imediatamente o cientista começou a trabalhar sobre o papel: muitos experimentos, muitos cálculos, muitos problemas. Ele olhou, observou as figuras no cadeado. Não havia tempo a perder, era uma questão de vida ou morte. O filósofo fechou seus olhos e começou a pensar em termos matemáticos sobre o que fazer, como decifrar o enigma. O enigma era totalmente novo.

Este é o problema: com a mente, se algo é velho, a resposta pode ser encontrada; mas se algo é absolutamente novo, como resolvê-lo por meio da mente? A mente é muito eficiente com o velho, com o conhecido, com o rotineiro, mas é totalmente incapaz diante do desconhecido.

O homem religioso nem se aproximou da fechadura. Que poderia ele fazer? Ele não sabia matemática, não conhceia nenhuma ciência experimental. O que poderia fazer? Ele apenas se sentou num canto. Cantou um pouco, orou a Deus, fechou seus olhos. Os outros dois pensaram: "Ele não é um concorrente. De certo modo, isso é até bom porque a escolha terá de ser decidida entre nós dois." Então, de repente os dois perceberam que ele havia deixado a sala. Ele não estava lá. A porta estava aberta!

O rei veio e disse: "O que vocês estão esperando! acabou! o terceiro homem já saiu!"

Mas eles perguntaram: "Como? Mas ele não fez nada!"

Então quiseram saber do homem religioso: "Como?"

Ele disse: "Eu estava apenas sentado. Comecei a rezar e então um voz interior me disse: 'Que tolo! Vá até lá e olhe. A porta não está fechada.' Então fui até a porta. Ela não estava fechada. Não havia nenhum problema para ser resolvido. Então eu saí."

(...) A vida não é um problema. Se você estiver tentando resolvê-la, não a compreenderá. A porta está aberta, nunca esteve fechada. Não há como tentar destrancá-la; e por ela já estar aberta, ela não pode ser aberta. Se a porta estivesse fechada, os cientistas encontrariam a solução; se houvesse algo para ser decifrado/solucionado, a ciência o faria mais dia, menos dia... seria apenas uma questão de tempo. Se a porta estivesse fechada, os filósofos encontrariam um sistema pelo qual ela pudesse ser aberta. Mas a porta não está fechada. Assim, só a fé pode abrí-la -- sem qualquer solução, sem qualquer resposta pré-fabricada. A vida não é um enigma para ser resolvido, é um mistério para ser vivido. É um profundo mistério confiar e permitir a si mesmo a entrada. Nem mesmo um passo... Empurre a porta e saia.


APENAS UM PASSO!


"Osho,
Apenas um passo!"





“Digambara,

Sim, na verdade nem mesmo um… Porque nós não vamos a lugar algum. Nós já estamos em Deus! Eu digo ‘apenas um passo’ só para consolá-lo, porque se não houver passo para dar você vai ficar confuso. Então eu reduzi ao mínimo - apenas um passo - de modo que alguma coisa permanecesse para você fazer, pois você só entende a linguagem do fazer. Você é um fazedor! Se eu disser, ‘Nada precisa ser feito, nem mesmo um simples passo tem que ser dado’, você se sentirá perdido num jogo de cara ou coroa.

A verdade é que nem mesmo um simples passo é necessário. Sentado silenciosamente, nada fazendo, a primavera chega e a grama cresce por si mesma. Mas isto pode não ser simples. A sua mente fazedora pode simplesmente ignorar isto ou pode pensar que tudo isto é tolice. Como você pode alcançar Deus sem fazer coisa alguma? Sim, um atalho a mente pode entender; é por isto que eu digo ‘um simples passo’. Isto é o mais curto, não pode ser reduzido a menos que isto.

Um simples passo! Isto é apenas para que você compreenda que o fazer é não-essencial. Para se alcançar o ser, o fazer é absolutamente não-essencial. Quando você concordar e se convencer de que apenas um passo é necessário, eu irei sussurar em seu ouvido, ‘Nem mesmo um – você já está lá!’

Rabiya, uma grande mística Sufi, estava passando. Ela costumava passar naquela rua todos os dias quando ia para o mercado onde anunciava em alta voz a verdade que ela havia alcançado. E por muitos dias ela esteve observando um místico muito conhecido, Hasan, que se sentava do lado de fora da mesquita e rezava, ‘Deus, abra a porta! Por favor, abra a porta! Deixe-me entrar!’

Mas, naquele dia, Rabiya não conseguiu tolerar aquilo. Hasan estava chorando, as lágrimas estavam rolando, e ele gritava repetidas vezes, ‘Abra as portas! Deixe-me entrar! Por que você não me escuta? Por que você não atende às minhas preces?’

Todos os dias ela ria; sempre que ela ouvia Hasan, ela ria. Mas, hoje, aquilo estava demais. As lágrimas... E Hasan estava chorando de verdade, um choro que vinha de seu coração. Ela foi até ele, sacudiu-o e disse, ‘Pare com toda esta tolice! A porta está aberta – na verdade você já está dentro!’

Hasan olhou para Rabiya e aquele foi um momento de revelação. Ao olhar dentro dos olhos de Rabiya, ele se curvou e tocou-lhe os pés, dizendo, ‘Você chegou na hora certa, senão eu iria continuar pedindo por toda a minha vida! Por anos eu tenho feito isto. Onde você estava antes? Eu sei que você passa por esta rua todos os dias. Você já devia ter visto o meu choro e minha prece.’

Rabiya disse, ‘Sim, mas a verdade somente pode ser dita no momento certo, no espaço certo, no contexto certo. Eu estava esperando pelo momento certo e maduro. Se eu lhe tivesse dito ontem, você teria ficado irritado, teria ficado com raiva. Você poderia ter reagido antagonicamente; você poderia me responder, ‘Você perturbou a minha prece!’ E não é correto perturbar a prece de ninguém. Mesmo a um rei não é permitido perturbar a prece de um mendigo. Mesmo se um criminoso, um assassino, estiver orando, nos paises muçulmanos, a polícia tem que esperar até que ele termine a prece. Somente depois ele pode ser preso. A prece não deve ser perturbada.

Rabiya disse, ‘Eu queria lhe dizer para deixar de ser tolo, que a porta está aberta, e que, na verdade, você já está dentro! Mas eu tive que esperar pelo momento certo.’

Digambara, eu digo ‘apenas um passo’ e mesmo isto parece ser inacreditável para você, daí o seu questionamento.

Você diz: "Osho, apenas um passo! "

Nem mesmo um, Digambara. Mas o momento certo ainda não chegou, pelo menos para você. Quando ele chegar, eu irei sussurrar em seus ouvidos, ‘Você já está dentro. Nem mesmo um simples passo é necessário’ porque nós não estamos indo para fora. Os passos são necessários para ir para o lado de fora. Eles não são necessários para ir para dentro.

É como um homem sonhando e no seu sonho ele vai para muito longe. E ele terá uma grande jornada para voltar para casa. Ele está em sua casa, dormindo, mas em seu sonho ele pode estar em Timbuctoo. É preciso apenas sacudi-lo.

Assim como Rabiya sacudiu Hasan, um dia eu irei sacudi-lo Digambara. É preciso apenas lhe jogar uma água fria, uma água gelada, e com o choque você vai abrir os olhos. Você acha que irá me perguntar, ‘Como eu volto para casa, pois estou em Timbuctoo?’ Não, você não irá perguntar, pois você vai poder ver que já está em casa, que você apenas estava dormindo e tinha sonhado com Timbuctoo. Você nunca foi lá.

Você nunca esteve fora de Deus! Você não consegue, é impossível, porque somente Deus existe. Para onde nós podemos ir? Não existe lugar onde Deus não esteja. Nós estamos sempre nele e ele está sempre em nós. Mas isto precisa de um despertar.

Nem mesmo um passo. Isto é apenas para trazê-lo mais próximo da verdade. Aos poucos você tem que ser persuadido. Mil passos são reduzidos para um passo e depois eu tirarei também aquele passo de você. Mas para isto é preciso um momento certo. A Verdade última somente pode ser dita numa situação certa e madura.

E esse momento também chegará. Simplesmente esteja pronto para recebê-lo e acolhê-lo...” (OSHO - The Book of the Books - Volume I - Discourse n. 6 – pergunta n° 6)


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*Palestras sobre O Dhammapada, de Gautama, o Buda -- tradução: Sw.Bodhi Champak

domingo, maio 13, 2007

O MANÁ ESCONDIDO (Joel S. Goldsmith)

Joel S. Goldsmith


Nova dimensão nos pertence: não mais buscamos o mundo, mas habitamos o centro de nosso próprio ser, onde contemplamos a glória de Deus e aguardamos que o mundo venha a nós.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido.”(Apocalipse 2:17)

“Quem tem ouvidos”—aquele que tem ouvidos espirituais, que consegue ouvir o inaudível — permita-lhe que ouça. Permita-lhe ouvir o que diz o Espírito, não o que eu digo, não o que diz o livro, não o que você gostaria de dizer, mas o que diz o Espírito: “Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido”.

Toda a mensagem de O CAMINHO INFINITO se resume na expressão “maná escondido”. Maná escondido! Como isto é parecido com a frase de Jesus: “A minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá” – não saúde física ou riqueza material, um lar, um automóvel, não algo dado pelo mundo, mas a Minha paz! A Minha paz é algo que o mundo não reconheceria, mesmo estando cara a cara com ela; tampouco a perceberia, mesmo estando a experienciá-la. Minha paz! A paz que é sentida não por estar o corpo saudável, ou a carteira cheia de dinheiro; não por estar o lar feliz, próspero e jubiloso. Não, não, não! A Minha paz é uma paz sentida interiormente, alheia às condições externas, mas que acaba fazendo com que todas estas últimas se alterem.

Eis o mistério escondido. A paz, aquela que o mundo lhe dá, chega a você pelas circunstâncias e condições externas. Se dispuser de mais saúde ou riqueza, de uma casa mais ampla, de férias prolongadas, isso tudo poderá lhe sugerir um estado de paz que será temporário. O bem vindo de fora, e que hoje você desfruta, talvez amanhã venha a ser-lhe tomado. Mas a Minha paz é diferente. A Minha paz é uma atividade de recebimento e de fluxo que se dá em seu próprio âmago; assim, jamais depende de algo: é autogerada e autossustida. A Minha paz aflora de um manancial oculto internamente, trazendo com ela o bem que jamais o abandonará.

Em outras palavras, a paz conscientizada interiormente sempre estabelecerá a harmonia de seu mundo exterior. Este é o “maná escondido”; este é o alimento citado por Cristo, quando disse: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis”. Este é o alimento oculto, o alimento espiritual. Quando ele disse: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”, referia-se àquele pão espiritual, àquela substância e suprimento espirituais—não a alimentos ou circunstâncias exteriores.

O mundo está em busca de paz, harmonia, integridade e satisfação: mas, está buscando onde julga ser capaz de conseguir, ou seja, externamente, no mundo lá fora. Existe a possibilidade de se desfrutar paz, prosperidade e satisfação vindas de fora, enquanto durar aquela condição específica; entretanto, a satisfação obtida externamente geralmente é perdida, e a pessoa acaba quase sempre indo à cata de “brinquedos novos”.

A vida se transforma totalmente, tão logo você assimile firmemente a grandiosa Verdade de que “a palavra que sai da boca de Deus” é a substância da vida, e passar a compreender o sentido profundo das seguintes passagens da Bíblia:


- "Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis." (João 4:32)

- "Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva." (João 4:10.14.)

- "Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido." (Apocalipse 2:17.)


Tão logo passe a observar que o que é exterior e palpável é mero produto do que é invisível, você deixará de avaliar seu suprimento em função de quantas maçãs, pêssegos ou moedas é possuidor, mas sim em função de quantos contatos com Deus foram feitos.

Todo bem que porventura lhe surgir na vida será conseqüência da atividade da Verdade em sua consciência. Em outras palavras, se a sua consciência de amanhã for idêntica à de hoje, não fique na expectativa de que surgirão amanhã frutos diferentes daqueles que você possui hoje. Para o amanhã lhe trazer uma condição renovada é preciso que hoje, em sua consciência, alguma atividade diferente esteja acontecendo. Se pretende colher frutos espirituais em sua vida, terá de “deixar suas redes”, eliminando de si mesmo quaisquer galhos que o estejam prendendo àqueles já mortos. Você não entrará na presença de Deus levando junto os seus fardos. Não irá a Ele levando algum desejo de que Deus faça, seja, ou consiga alguma coisa para você... mas terá de purificar todos os seus anseios humanos, pela conscientização da Graça divina. Deverá abrir mão do passado e do futuro; deverá abandonar todo o desejo por alguma pessoa, lugar, coisa, circunstância ou condição, abandonar inclusive a espera pelo paraíso.

A presença de Deus está em seu interior, e precisa ser percebida conscientemente; mas, esta conscientização somente se realizará para aquele que estiver buscando Deus com este objetivo exclusivo e único: a busca de Deus em Si. Todo aquele que vinha buscando a Deus e perdeu o rumo, perdeu-o por ter buscado a Deus por algum outro motivo: por uma cura, por suprimento, por um lar, por felicidade, ou por outra coisa qualquer. Deus não pode ser alcançado dessa maneira. Deus pode ser alcançado somente de um modo: pela completa renúncia a tudo, excetuando o desejo único de se abrir à “Graça que é a sua suficiência”. Pense no que representa ter a Graça divina. Pense no que representa ter a paz do Cristo, a Minha paz que o Cristo lhe pode dar; não a paz do mundo, não a saúde ou o dinheiro, não a posição, lugar ou poder: unicamente a paz espiritual. Pense no significado de você somente desejar a Minha paz, a paz do Cristo, sem o mínimo pensamento sobre o que ela irá fazer ou conseguir para você!

Isto somente lhe ocorrerá à medida que conscientizar esta paz no interior de sua própria consciência. Abra mão de tudo, dizendo: “Não quero viver de pão, somente, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Assim, logo em seguida ocorrerá o “milagre”.

Ao se despojar das dependências materiais e humanas, palavras como “você”, “ele” ou “ela” tenderão a diminuir e quase sumir de seu vocabulário. Não ficará pensando mais com tanta freqüência sobre um “você”, um “ele” ou “ela” de quem, até então, vinha esperando tanto. A cada necessidade que surgir em sua vida, seu primeiro pensamento será voltar-se ao Cristo. Do Cristo, e através do Cristo, todo bem lhe haverá de chegar: não por algum “você”, “ele” ou “ela”, mas única e exclusivamente pelo Cristo.

É bem verdade que o Cristo aparecerá na forma de algum veículo humano. Talvez ocorra de seu bem lhe chegar através de mim, ou de meu bem me chegar através de você; entretanto, nem ele virá de você para mim, nem ele irá de mim para você. Jamais eu iria esperá-lo de você, nem você esperá-lo de mim. Eu contaria somente com o Cristo de meu próprio ser, e este Cristo apareceria como você. Por sua vez, também você iria esperar a mensagem da Verdade somente do Cristo de seu próprio ser, que poderia, hoje, estar-lhe vindo pela minha pessoa, e, amanhã, por alguma outra; mas, nesta ou naquela condição, continuaria sempre sendo o Cristo de seu próprio ser, revelando-Se a você.

Quanto menos personalizar seu bem e os canais pelos quais ele lhe chega, permitindo o aparecimento do Cristo na forma que se lhe fizer necessária a cada momento, mais comprovará esse mecanismo em sua vida. Tão logo passar a conscientizar o Cristo como a origem e a fonte de seu bem, contemplando-O continuamente, assim Ele Se manifestará.

Talvez, em algum momento, você fosse levado a pensar: “Será que mereço este bem? Serei digno dele? Terei a compreensão necessária para recebê-lo? Terei tempo necessário para estudar, ler e orar o necessário para obtê-lo?” Gostaria que soubesse o seguinte: o seu bem não depende de coisa alguma que você pudesse estar a fazer: ele é a pura atividade do Cristo em sua consciência, ao qual você se mantém aberto.

Nada pode paralisar a mão de Deus, nem mesmo seus supostos pecados de omissão ou comissão. Nada que faça ou que tenha deixado de fazer irá barrar o fluir divino. Este fluxo independe da quantidade de leitura espiritual que tenha feito, de idas à igreja, ou de estudo e meditação. Estes são apenas fatores auxiliares na abertura de sua consciência. E este é o único objetivo de todos eles. Deus não está jamais esperando sentado, até você se tornar bondoso ou espiritualizado, ou até terminar de ler centenas de páginas sobre a Verdade, ou meditar por determinado número de horas.

O Cristo é a realidade de seu ser agora. Ele está à espera, mas é você que deverá deixá-Lo entrar: primeiramente, exterminando a crença de que Ele seja algo externo ao seu ser; em segundo lugar, permitindo o Seu fluir, através da sua conscientização de sua onipresença.

Se você acreditar, por um segundo que seja, que seu bem depende de algo que possa humanamente fazer ou deixar de fazer, estará se excluindo do fluxo divino. Deus em Si está fluindo infinitamente, e a única barreira à totalidade de Sua expressão é proporcional à sua crença de que o bem divino é dependente daquilo que você faz ou deixa de fazer. Qualquer que seja a atividade espiritual de que faça parte, saiba que o objetivo dela não é o de receber o bem de Deus, mas o de ensiná-lo como abrir sua consciência ao Seu influxo.

Jamais creia que possa provocar ou impedir o fluir divino. Ele já está pleno e completo no interior de seu próprio ser, aguardando seu reconhecimento de sua plenitude no Cristo. Embora escarlates possam ser seus pecados, você é alvo como a neve. Apenas não recaia, não volte a pecar: não retorne à crença de um senso separatista de Deus, Não volte a buscar seu bem no exterior, pois, uma vez aprendido que o reino de Deus está em seu interior, e que deve permitir seu fluir de dentro para fora, se retornar à tentativa de novamente buscá-lo no exterior, isto lhe causará uma sensação de separatividade mais profunda ainda, nunca antes sentida. Não faça isso! Não retroceda! “Vai-te, e não peques mais.” Não retroceda para não se prejudicar, caso alguém não esteja agindo conforme sua expectativa, isto é, perdoando-o, dando-lhe cooperação ou reconhecendo as suas virtudes. Não retroceda àquilo! Solte-o! Conceda-lhe perdão! Deixe-o ir! Você está a sós com seu Deus. Você está a sós em seu Ser-divino.

Há períodos em que você se vê diante de alguma aparência de conflito, desarmonia, dor, escassez ou limitação: em tais casos, costuma ser tentado a fazer esforços mentais, empenhando-se em vigorosas mentalizações, afirmações e negações, na esperança de achar harmonia e paz. Inverta agora esse mecanismo! Sempre que surgir alguma aparência de discórdia, relaxe. Não faça o mínimo esforço mental! Lembre-se: o seu bem não lhe virá “pela força ou pelo poder, mas pelo suave Espírito”. O seu bem não lhe virá pelas suas lutas e esforços mentais, mas sim das profundezas do seu ser, na quietude, no silêncio e na confiança.

Você não tentará obter uma cura. Irá aquietar-se e deixar que venha a “pequenina voz suave”. Deixará que o Espírito desça sobre você. Fique descansado, exatamente agora, em meio a qualquer doença, carência, discórdia ou desarmonia que porventura o estiver perturbando. Repouse! Relaxe!

“Minha Graça é a tua suficiência... Eu nunca o deixarei nem o abandonarei.” Para que lutar como se necessitasse de se agarrar a Mim? Como se tivesse de buscar-Me? Ou de procurar-Me? Eu estou em seu próprio íntimo, “mais próximo que seu fôlego, mais perto que suas mãos e pés.”

Se você sabe dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais Eu, seu Pai celestial, não saberei fazê-lo? Não se esforce para consegui-las. Eu as darei a você.Eu lhe darei água. Não desça balde em poços à procura dela. Eu lhe darei água. Quanto a você, fique quieto, deixe que Eu o alimente... deixe que Eu sacie sua sede. Deixe que Eu, em seu âmago, seja a influência curadora. O Cristo curador.

Não tente fazer de sua mente ou pensamentos o Cristo curador. “Os meus pensamentos não são os teus pensamentos, nem os meus caminhos são os teus caminhos.” Por que não abre mão de seus pensamentos nem deixa de lado os seus caminhos? Deixe que os Meus pensamentos assumam o comando. Permaneça repousado dando ouvidos a Mim. – a pequenina Voz suave do centro de seu ser. Eu nunca o deixarei nem o abandonarei. Mesmo “no vale da sombra da morte”, Eu ali estarei. Você jamais conhecerá a morte; jamais morrerá. Por quê? Porque Eu lhe darei água viva que salta para a Vida eterna.

Assim, se permanecer ouvindo a Minha Voz suave, se em Meus braços eternos relaxar, se em Mim repousar, se deixar que Eu o alimente, mantenha e sustente cada palavra que de Minha boca proceder, jamais você morrerá.

Eu nunca conheci um justo a mendigar pão. Que é um justo? Aquele que repousa em unidade comigo. Relaxe, pois, na contemplação do Meu amor, de Minha presença. O Meu espírito está junto a você; a Minha presença segue à sua frente.

“Na casa do Pai há muitas moradas; vou preparar-vos lugar.” Por certo que vou. Sendo assim, deixe de se preocupar. Pare, pare, pare de temer; pare de duvidar. Pare de tanto insistir com declarações, afirmações e negações. Deixe ir tudo! Repouse em Mim, repouse em Meus braços. Eu, seu Pai celestial, sei que necessita destas coisas, e é do Meu agrado a você concedê-las—não querendo que você se esforce por elas; não querendo que dê “tratamentos espirituais” para consegui-las; mas, é do Meu agrado a você concedê-las, pela Graça. Não pela força, não pelo poder, mas por Meu Espírito. Tudo lhe é possível realizar através de Mim, o Cristo de seu próprio ser.

Deixe que o Cristo seja o canal pelo qual você é alimentado, vestido, abrigado, confortado, protegido, curado, sustentado e mantido. Sempre que surgir em seu horizonte alguma aparência de discórdia, relaxe mais, repouse mais, permaneça ainda mais em paz, certo da presença divina em seu interior. Confie em seu Eu, confie no Cristo do centro de seu próprio ser.

Creia na existência de uma Presença cuja função única é abençoá-lo, bendizê-lo e ser instrumento da Graça de Deus. Confie nEla. “Não deposite sua confiança em príncipes”—creia somente em Deus. Não viva mais de pão, ao menos não somente de pão, mas de toda palavra, de cada promessa bíblica, que deverá ser cumprida em você. “Para onde tu fores, irei também eu” ... Eu darei ao vencedor o maná escondido.”

Este “maná” está escondido dentro de você. O mundo não consegue vê-lo; o senso comum não consegue conhecê-lo; os seres humanos não conseguem compreendê-lo. Ele está escondido do mundo. Escondido onde? Nas profundezas de seu próprio ser!


Retire sua atenção de homens e mulheres do mundo. Retire sua fé e dependência a pessoas do mundo, das circunstâncias e condições do mundo; e, em sua lembrança, fique somente com este conhecimento: profundamente, em seu interior, existe alimento que o mundo desconhece; há mananciais de água e maná escondidos, tudo já incorporado interiormente ao seu próprio ser.