"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, janeiro 31, 2009

Reverencie o Jisso da Vida do próximo


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Masaharu Taniguchi


Vivamos segundo o “princípio do relógio de sol”

Vocês já viram um relógio de Sol? Trata-se basicamente de um disco com as horas gravadas e um pino fixado perpendicularmente a ele; quando os raios de Sol incidem sobre o pino, a sombra deste projeta-se na superfície do disco, indicando, assim, a hora. Logicamente, sem Sol, não se pode ler as horas nesse relógio. Existem relógios de Sol que trazem a seguinte inscrição em seu disco:

“Eu registro apenas as horas em que o Sol brilha”

O homem também pode registrar apenas as horas em que o Sol brilha – e eu chamo a isso “modo de viver segundo os princípios do relógio de Sol”. Caro leitor, se você quer fazer do seu lar verdadeiro “Seicho-no-Ie” (Lar do Progredir Infinito), faça o possível para “registrar apenas as horas radiantes”, ou seja, lembre e fale somente de momentos alegres e felizes; use o poder criador da palavra para expressar a alegria. Eis o segredo da felicidade.

Se toda a humanidade passar a viver conforme “os princípios do relógio de Sol”, registrando somente as coisas boas, alegres e positivas na mente, e expulsando sem demora as recordações desagradáveis, pensamentos tristes ou imaginações sombrias, quão alegre e feliz se tornará este mundo!

Por que será que muitas pessoas ficam se lembrando e falando de infelicidade, aborrecimentos, ódio, ciúme, humilhações, etc., com que se deparam? É por desconhecimento da “lei mental” e do “poder criador da Palavra”. Essas pessoas precisam aprender que “manifesta-se tudo aquilo que se pensa e fala”; precisam saber que a infelicidade continua existindo somente quando se fica com a mente presa a ela, e fala-se nela com freqüência.

A nossa “memória mental” é como um veículo coletivo, no qual viajam os mais variados tipos de passageiros: desde cavalheiros bem apessoados e moças bonitas, até bêbados exalando um odor insuportável de álcool, e doentes com o corpo cheio de chagas. Mas não precisamos viajar prestando atenção na presença desagradável de bêbados ou de pessoas cheias de feridas.

É muito mais agradável ficarmos observando a expressão feliz de uma moça bonita ou o aspecto elegante de um cavalheiro, não é? Estou dizendo isto para mostrar-lhe como é possível escolher livremente os “registros” do nosso “arquivo mental”. Não vá me interpretar erroneamente e pensar que não devemos nos compadecer dos doentes, bêbados, etc., que precisam de ajuda. Num outro capítulo do presente livro, eu explico quão nobre é tratar com bondade as pessoas necessitadas.

Caro leitor, seja como um “relógio de Sol”, que marca apenas as horas brilhantes. De que adianta ficar guardando a tristeza no coração, indefinidamente? De que adianta ficar lembrando as perdas sofridas? O mundo em nada se beneficiará com o fato de ficarmos desalentados, remoendo os nossos fracassos. Tristezas, perdas, fracassos – tudo isso são “bagaços” dos acontecimentos desta vida. Não fique indefinidamente co a mente segurando tais “bagaços”; jogue-os fora! Você deve expulsá-los como se expulsa um ladrão. Precisamos conscientizar que a mente é preciosa demais para ficar obstruída por “bagaços” como tristezas, desânimo e todos os demais pensamentos negativos.

Quando você ficar com a mente presa a pensamentos desagradáveis, ou se sentir dominado pelo ódio, ira, ciúme ou desejo de vingança, pense que “sua mente está sendo assaltada por ladrões que pretendem roubar o tesouro chamado felicidade”.

Se um ladrão entrar na sua casa para roubar, mesmo que seja apenas um par de sapatos, você o expulsaria, não é? Então, por que deixa permanecer tanto tempo dentro de sua mente os ladrões que entraram para roubar o maior de todos os tesouros – a Felicidade? Vamos jogar fora os “bagaços” que ficaram acumulados e nossa mente. Vamos atirar bem longe a tristeza, como se atira a pedrinha que entrou no sapato. Vamos abandonar o ódio, vamos nos livrar da melancolia e do tédio, e viver alegremente apenas os momentos resplandecentes do Sol. Este é o “modo de viver da Seicho-no-Ie”.


Reverencie o Jisso da Vida do próximo

Reverenciar o Jisso da Vida do próximo – podemos dizer que isso é aplicar os “princípios do relógio de sol” em nosso relacionamento com os outros. Viver segundo esse princípio é viver sem pensar ou falar em tristezas. Reverenciar o Jisso da Vida do próximo é “não falar, nem pensar, na aparente maldade de uma pessoa, e sim reverenciar a Natureza Divina que constitui a sua essência”. Isto está em conformidade com o ensinamento de Cristo, que diz: “Amai os vossos inimigos”.

Caro leitor, assuma, agora mesmo, a nobre atitude mental de jamais permitir-se envolver pelos males cometidos por outrem. Por que deveria você tornar-se infeliz e deixar-se prender pela “engrenagem” do mal cometido por outra pessoa? A sua mente não é algo que possa perder a serenidade pelo “mal” praticado por outrem. Você precisa conscientizar que sua mente é livre e pode alcançar a felicidade por si mesma. Reassuma a nobreza de espírito! Tenha a mente livre e independente! Quando alguém praticar um ato sórdido, perceba a estupidez de se igualar a ele. Não há razão alguma para você regredir a graus inferiores da “escala da nobreza espiritual” e colocar-se no mesmo nível daquele que se mostrou vil e pequeno.

Todavia, você não deve subir ao “Trono da Benevolência”, julgando-se consciente e superior – em outras palavras, não deve ter complacência somente para mostrar a sua integridade ou apenas por considerar o ofensor inferior. Quem age assim não está vivificando plenamente a sua Vida, nem está vivendo de acordo com o “modo de viver da Seicho-no-Ie”. Se, quanto mais alto uma pessoa subir, e mais baixo o outro lhe parecer, essa pessoa será obrigada a viver sempre com a mente presa à sordidez dos outros: quanto mais alto ela subir, mais a sua mente acumulará desprezo e crítica em relação aos outros; e esse pessoa acabará retendo dentro de si, sem se dar conta, os “bagaços da vida” que pensava ter jogado fora.

O espírito de reverência sustentado pela Seicho-no-Ie é totalmente diferente dessa mera “benevolência” com “inferiores” ou do espírito presunçoso dos que se consideram os únicos virtuosos e dedicam-se unicamente à sua própria elevação. O “espírito de reverência” consiste em não se deixar prender à aparente imperfeição do homem; consiste em ver apenas a Natureza Divina que constitui a essência do homem, não importando quão grande seja a sua aparente maldade ou imperfeição. Por mais malévolo que se mostre um indivíduo, em sua essência ele é “Filho de Deus” e é livre de máculas. Uma cédula não perde o seu valor, por mais suja e amarrotada que se apresente. Você não recusa uma cédula por duvidar do seu valor porque ela está suja e amarrotada, não é? Então você jamais deve duvidar do valor intrínseco de uma pessoa – o valor de “Filho de Deus” – por mais maculada de pecados que ela se apresente.

Nós, da Seicho-no-Ie, vemos o “Filho de Deus” em todas as pessoas. Como conseqüência natural disso, opera-se uma completa transformação em nossa visão de vida. A visão pessimista é substituída pela visão otimista (que integra a “visão correta”), e nós passamos a ver todas as pessoas como que envoltas pela esplendorosa luz do Sol.

Este é, realmente, o segredo de uma vida feliz. Cristo disse-nos para amarmos os nossos inimigos, mas, quando passamos a ver todas as pessoas como “Filhos de Deus”, deixa de existir para nós um único inimigo sequer.

Mas o que fazer para conseguir alcançar tão elevado estado espiritual? É sobre isso que desejo explicar. Como alcançar o estado espiritual que nos permita reverenciar a Natureza Divina de todas as pessoas, até mesmo das que estão, neste momento, nos fazendo mal? Para isso é preciso um treinamento mental. Conheço o caso de um senhora que conseguiu curar-se da histeria da seguinte forma: Sempre que surgiam acontecimentos tristes em sua vida, ela mirava-se no espelho, fazia a expressão mais alegre possível, e assim procurava combater a tristeza. Assim como essa senhora, você também precisa treinar sua mente no sentido de fazer o máximo para ver refletido no “espelho de sua mente” o lado positivo, as qualidades dos outros. Você conseguirá isso infalivelmente, pois os aparentes males e imperfeições das pessoas são “falsos aspectos”, comparáveis às nuvens que encobrem o céu: atrás dessas “falsas aparências” existe a perfeição, do mesmo modo que atrás das nuvens existe permanentemente o céu azul. Mesmo que exista fundamento para você acreditar que Fulano e Sicrano desejam-lhe mal, procure ver o lado bom deles, procure acreditar que eles o estimam. Procure acreditar no amor que existe neles, e procure tornar cada vez mais forte essa convicção. Se há alguém a quem você odeia, faça o seguinte para transformar esse ódio em amor: Todas as manhãs e todas as noites, faça a meditação Shinsokan durante cinco minutos e, quando estiver com o espírito concentrado na convicção de que você é “um” com Deus, mentalize ou diga em voz baixa, as seguintes palavras de auto-sugestão:

“Eu sou filho de Deus. Meu coração está repleto de amor. Por isso, eu não odeio o Fulano; pelo contrário, eu o estimo muito. Ele também passará a me estimar, pois o amor atrai o amor. Eu reverencio, e reverenciarei sempre, a Natureza Divina dele.”

Dizendo essas palavras para si mesmo, com as mãos justapostas em posição de oração, mentalize fortemente que você está realmente estimando essa pessoa. Continue com essa prática até conseguir sentir que lhe quer bem. A primeira transformação ocorrerá dentro de você mesmo: você logo começará a sentir que está se tornando melhor. Assim é o “poder criador” da palavra. À medida que você próprio vai melhorando, você poderá sentir que as pessoas que antes lhe mostravam “sombras” (o lado negativo) começarem a mostrar “luz” (o lado positivo). Os seguintes versos do fundador da seita Kurozumi encerram uma grande verdade: “O coração do próximo é um espelho; vejo nele refletida a minha própria alma”.

Compreendendo essa Verdade, você perceberá que o rancor de Fulano e Sicrano pareciam sentir, era, na realidade, o reflexo da sua mente; ou seja, você é que mantinha pensamentos de crítica quanto a eles. Diz-se frequentemente em “dominar o destino” ou “dominar o ambiente”, mas na realidade, isso consiste em “dominar a própria mente”.

(Do livro "A Verdade da Vida", vol. 7 - págs. 38 à 45)



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* Para saber mais sobre a Seicho-No-Ie, acesse o site: www.sni.org.br

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