"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, abril 29, 2009

É possível iluminar-se? (Mooji)


Questionador: Mooji, é realmente possível se tornar ou ganhar a iluminação? Alguém já se tornou iluminado ou despertou através de estar vindo a Satsang; e se sim, você poderia dizer quem?

Mooji: Em verdade não é possível se tornar iluminado assim como você coloca, pois não há ninguém por assim dizer para se tornar iluminado em primeiro lugar. O firme reconhecimento, ou a realização de que não existe em realidade um 'alguém' para alcançar a iluminação, e que nunca em tempo nenhum poderá haver tal entidade, seja agora ou no futuro, para alcançar tal estado, é o que vem a ser a Iluminação. Esta é a verdade derradeira.

Você pergunta: 'Se já alguém, por vir a Satsang, se tornou desperto.' Isto já foi respondido na minha resposta prévia mas vou ainda adicionar que o que tem havido e continua a se dar é um constante reconhecimento do fato que a identidade-ego é um mito, um personagem fictício. Esta, por assim dizer, individualidade, é uma expressão da pura Consciência/Ser e não o fato ou a definição do Ser. Este Ser permanence por detrás como a testemunha ou a observação dos fenômenos surgindo espontaneamente na consciência. Este Ser verdadeiro é somente a presença sem forma e sem nome que surge e brilha como paz, alegria e felicidade sentidos como contentamento amoroso. Quando este reconhecimento ocorre dentro de cada indivíduo, ou expressão da consciência conhecido como 'pessoa', este estado é chamado de 'despertar' ou 'iluminação'. Você me pede para eu apontar se existe alguém assim aqui presente? Na linguagem comum eu direi que um número de pessoas aqui chegaram neste ponto de ver/ser claramente além de apenas uma mera aceitação ou entendimento intelectual ou acadêmico. No entanto, as tendências mentais e identificações não são completamente destruídas, e o sentido de ego fazendo-se passar pelo assento da realidade continua a aparecer, embora já exposto através da inquirição como uma mera ilusão. Isto é natural. A tarefa e o desafio aqui é trazer repetidamente esta individualidade-Eu de volta ao coração/fonte quando ela surgir, e treinando a atenção a permanecer na fonte, que é o seu verdadeiro ser, gradualmente ela funde-se na fonte e se torna a própria fonte. Finalmente, quem poderia ser esse 'eu' quem clamaria: 'Eu o tenho', ou 'Eu sou uma pessoa realizada'. Quem ou o que pode possuir a Iluminação? Não é o mesmo ego? Percebe o meu ponto? No entanto, alguns Mestres de fato declararam e se afirmaram como a pura realidade, sem qualidades, e falaram a partir desta direta convicção/sabedoria livre do ego. Isto também é correto na minha visão e é muito refrescante, natural e com autoridade, para que saibamos que não é possível emoldurar ou limitar o ser puro por nenhum padrão ou lógica humana.

Q: Mas eu me sinto como 'alguém', eu não posso sentir-me como 'ninguém'.

M: Novamente você coloca este 'meu ser' como um objeto de percepção. Como você pode ser um objeto? Um objeto deve ter um sujeito que o percebe. Se o sujeito também é percebido, ele automaticamente se torna um objeto, e deve ter um sujeito ainda mais profundo para percebê-lo. Percebe? Você não pode ser nenhum objeto percebido, você deve ser aquele que percebe, o sujeito. Quem ou o que é o 'você' que percebe? Perceba isso. A sua afirmação: ' Eu me sinto como um alguém' contém três aspectos: Eu, meus sentimentos, e o alguém que eu considero ser. Este alguém é meramente a sua idéia de si mesmo, não o seu ser real. E os seus sentimentos, são meramente os sentimentos que dizem respeito a essa idéia de si mesmo. Finalmente existe aquele um que é o sujeito quem percebe esta observação. Estou certo?

Q: Sim.

M: Quem ou o que é você exatamente?

Q: Eu sou eu, o meu ser!

M: E o que exatamente é isso?

Q: Eu! Ou melhor , a minha idéia de mim mesmo.

M: Então, não o corpo?

Q: Não, Eu sei que eu não sou o corpo.

M: Como você sabe que não é o corpo?

Q: Eu posso ver o meu corpo e eu simplesmente sei que não é isso que eu sou, embora algumas vezes eu sinta que eu sou isso também.

M: Ok, muito bem. Podemos voltar para a sua resposta que você é o seu conhecimento de si mesmo? Você tem certeza que é o conhecimento do seu ser e não meramente o conhecimento da idéia do seu ser ou de sua personalidade? Como é que você veio a conhecer-se? Como você está conhecendo o seu ser aqui e agora?

Q: Quando eu comecei a perceber as outras coisas e as pessoas.

M: Sim, e como perceber o outro te traz para você mesmo?

Q: Porque eu sei que eu estou percebendo. E Que eu tenho que estar ali para perceber.

M: Então nenhum objeto percebido pode ser você, estou certo?

Q: Certo.

M: Exatamente! Muito bom! Agora então quem ou o que exatamente é isso que percebe ou nota qualquer coisa?

Q: Eu! Isto!

M: Este 'eu' é o mesmo que 'isto'?

Q: Sim.

M: E novamente o que é isso? Qual é a sua qualidade, sua substância? O que te compõe exatamente? Olhe e me diga. É algum 'você' particular? Uma pessoa? Distinto dela ou dele ou deles ?

Q: Bem, sim...não...é vago, eu não vejo bem.

M: Mantenha-se concentrado, não disperse, esteja sereno e veja. O que você é aqui? Nesta observação, você pode dizer?

Q: Eu não sou nenhuma pessoa ou coisa alguma, mas eu não sei o que eu sou. Não há nada aqui, eu não posso responder isso. Há um sentimento de não querer olhar, de cansaço, resistência ou irritabilidade.

M: Ok. Não se engaje em nenhuma avaliação, não toque em nada, apenas seja um com este observar. Fique aqui sem ter que tentar.
(Há uma longa pausa aqui).
Você parece confuso, com o quê você está atrapalhado?

Q: Existe apenas este vazio.

M: O que está testemunhando este vazio?
(o questionador olha para cima e sorri, olhos fixos em Mooji)

M: De onde este sorriso está vindo?
(Silêncio...)

Q: Eu não sei, há um sentimento de alívio, espaço e paz, um tipo de leveza.

M: Um tipo?

Q: Não. Leveza, espaço e paz.

M: Esta leveza e paz brilha onde não há ninguém. Isto é paz. Isto é alegria real. Isto é puro amor. Apenas agora não se apoie nisso. Não possua ou clame isso. Permaneça a testemunha.

Q: Sim, sim (sorrindo). Eu vejo que eu sou apenas a testemunha aqui. Obrigada. (ela prosta suas mãos na forma de comprimento/agradecimento tradicional Indiana).

M: Não vá embora já não.
(alguns momentos passam)
Agora deixe de ser a testemunha.

Q: Eu estou confusa.

M: Não, você não está confusa. A confusão está sendo testemunhada. Não se identifique com isso. O que permanence? Não toque em nada, mesmo a testemunha, não seja 'uma' testemunha. Testemunhando sem 'uma' testemunha, você entende?

Q: Sim.

M: Quem é que está entendendo?

Q: Ninguém, apenas entendendo.

M: Muito bom. Estou muito feliz em te encontrar. Agora deste lugar sem localização em total vazio como o vazio, além do conceito de vazio, você É sem nenhum esforço. Você não se tornou isto ou ganhou isto porque não há ninguém aqui para ganhar qualquer coisa. A partir, ainda que de dentro desta indescritível consciência, a consciência nasce e brilha como o Eu que percebe. E o que quer que surja aqui são meras formas aparentes da consciência-Eu sendo percebidas.

Q: Obrigado.

M: Seja bem-vindo.

domingo, abril 26, 2009

Apenas por um instante - pare, e esteja aqui

Gangaji


Na maioria, todos já experimentaram como a perseguição dos desejos mundanos geralmente leva à perpetuação do sofrimento. Dessa experiência resulta a constatação de que geralmente se paga um preço pela satisfação desses desejos. Esse preço é a sua energia de vida, a sua concentração e determinação. É claro que você pode obter prazer na satisfação dos desejos mundanos e passar pela dor da perda. Contudo, o verdadeiro aprofundamento de uma vida não acontecerá enquanto você não estiver disposto a perceber a limitação dos desejos mundanos. Uma vez percebido isso, você pode experimentar uma sutil, porém mortal transferência, dos desejos mundanos para o âmbito dos desejos espirituais. O desejo da verdade, enquanto considerado um desejo elevado, ainda o deixa a perguntar-se por que o seu sofrimento continua.

O desejo de liberdade, amor, verdade ou Deus não é um problema. Meu mestre, Papaji, dizia que, se você deseja a liberdade acima de tudo mais, este desejo em si aniquilará todos os outros desejos; e isso é verdade. Este desejo engole todos os outros desejos. Portanto, o desejo de iluminação não é o problema. O problema é a expectativa de que a iluminação venha a lhe dar certos resultados ou que venha fazer você ter uma certa aparência ou sentir-se de um certo modo. Daí surge confusão e questionamento: por quê, se só o que se deseja é a iluminação, ainda não se tem a experiência de paz permanente?

Eu encorajo você a investigar realmente a sua própria mente e verificar se há alguma imagem de verdade, de liberdade, de iluminação ou de Deus. Se houver uma imagem, experimente o seguinte: Largue-a. E agora veja se há alguma expectativa associada a Deus, tal como: se você estiver sendo sincero com Deus, Deus há de lhe dar saúde perfeita, riqueza perfeita, felicidade eterna, etc. Examine a sua mente e veja se há expectativas de que a constatação de Deus ou da verdade vá lhe dar algum alívio da vida ou algum controle sobre a vida. Agora, para fins de investigação, solte essas expectativas. Abandone-as. Desista delas. Se você está esperando um determinado estado de clareza, de êxtase oceânico ou certeza do seu objetivo no mundo, simplesmente largue isso para você poder simplesmente estar aqui. Abandone tudo. Quando você não tem nada, tem somente a si mesmo. E quando você verdadeiramente tem a si mesmo, você está desperto para quem você verdadeiramente é. Se você desejar ser livre, e não der a esse desejo nenhuma forma, expectativa ou pensamento, mas apenas lhe permitir estar, então esse verdadeiro desejo revelará o inteiro universo conhecido e desconhecido. Toda partícula se revela única, e esta única é você. No próprio instante em que você acha que o seu desejo de Deus, liberdade ou verdade deva produzir um determinado resultado, aparência ou sentimento, você já turva a pureza desse desejo verdadeiro. O desafio no coração de qualquer buscador espiritual, por mais bela e essencial que possa ser a busca, é parar de buscar qualquer coisa para preencher esse desejo final.

O desafio é deixar que a sua vida inteira preencha esse desejo. Você pode oferecer todo o resto da sua vida a esse desejo sem saber qual será o resultado, sem saber se você estará arruinado, sem teto, rico ou famoso. Você pode dar o que você tem, que é a vida neste momento, à verdade, à liberdade, a Deus. Como outra oportunidade de auto-investigação, convido-o a fazer-se a seguinte pergunta: O que é que a iluminação vai me dar? Dependendo de quão disposto você esteja a dizer a verdade, as possibilidades deste tipo de investigação não têm limites. Investigação não tem nada a ver com resposta certa, mas tem tudo a ver com dizer a verdade. Tire só um momento para considerar realmente: Que tal se a iluminação não lhe der nada, mas nada mesmo? Que tal se você não ganhar nenhuma coisa – física, mental, emocional ou circunstancial? A verdade é que a iluminação não vai lhe dar uma só coisa sequer. Está disposto a suportar essa verdade? Se estiver, você está livre. Se não estiver, sua mente ainda está presa a alguma coisa que você espera que vá lhe dar liberdade.

No coração de todo ser humano com quem falo, tenho visto um comando para, de certo modo, encontrar verdadeira felicidade, verdadeira realização. Às vezes esse desejo é até mais forte do que o instinto de sobrevivência. Como você sabe por sua própria experiência, a busca da felicidade pode enveredar por vários caminhos. De maneira instintiva, pode ser uma busca de prazer, conforto, segurança, ou uma busca de alguma posição conhecida na multidão humana. Geralmente, quando atingimos um determinado nível de sucesso em termos de prazer, conforto, segurança e posição, reconhecemos que nenhuma dessas coisas satisfaz verdadeiramente este comando profundo, este clamor mais profundo por felicidade. Podemos até ter momentos de linda revelação e certamente momentos de prazer, porém, ainda assim, geralmente por baixo de tudo isso está o medo de que nunca venhamos a encontrar paz permanente ou felicidade verdadeira. Ou o medo de perdermos qualquer paz ou felicidade que tenhamos atingido causa-nos tensão e contração já que constantemente procuramos nos apegar. Normalmente sentimos uma profunda desconfiança de que a paz e a felicidade sejam realmente possíveis.

Às vezes, numa vida abençoada, surge o clamor pela busca espiritual, pela busca de Deus, pela busca da verdade. Reconhecemos que o normal significa “não dê ouvidos a esse comando”. Deixamos de lado o que chamamos de “vida mundana” e voltamo-nos para uma vida espiritual.

Infelizmente, o mesmo condicionamento que dirigia a vida mundana geralmente tenta dirigir a vida espiritual igualmente e então se torna uma busca de prazer espiritual, conforto espiritual, conhecimento espiritual ou segurança espiritual. Mais cedo ou mais tarde, você terá que se desiludir com essa busca também. Você encontra prazer, obviamente; alcança espaços de êxtase; sente-se seguro quando percebe que Deus ou a verdade está presente e sente-se confortado quando se sente amparado por essa presença. Porém, até reconhecer que jamais esteve separado dela, você será continuamente impelido a encontrá-la nalguma outra parte, a encontrar Deus, baseado na crença ou na esperança de que Deus vá lhe dar felicidade. Esta crença ou esperança fundamenta-se numa compreensão bem infantil do que seja Deus – uma coisa, uma força, um lugar que lhe possam conceder prazer, conforto e segurança eternos.

Descobri que na verdade é impossível encontrar a felicidade. Enquanto estiver buscando encontrar a felicidade “nalgum lugar”, você estará ignorando o que é felicidade. Enquanto estiver procurando encontrar Deus em algum outro lugar, você estará ignorando a verdade essencial de Deus, que é onipresença. Quando busca encontrar felicidade nalgum outro lugar, você está ignorando a sua verdadeira natureza, que é felicidade. Você está se ignorando.

Eu gostaria de lhe oferecer o convite e o desafio de você parar de se ignorar e simples, radical e absolutamente ficar quieto – deixar de lado, por um momento apenas, todas as suas idéias de onde está Deus, ou de onde está a verdade, ou de onde você está. Pare de olhar para qualquer lugar. Pare de buscar. Simplesmente seja/esteja. Não estou falando de ficar num estupor ou de entrar em transe, mas de entrar mais fundo no silêncio do seu coração, onde a revelação da onipresença pode revelar-se como a sua verdadeira natureza. Estou lhe pedindo para ficar quieto em pura presença. Não criar isso, nem sequer o convidar, mas simplesmente reconhecer o que está sempre aqui, quem você sempre é, onde Deus sempre está.

Neste momento, por mais que você esteja buscando, pare. Quer esteja buscando paz e felicidade num relacionamento, num trabalho melhor, ou mesmo na paz mundial, apenas por um só momento pare absolutamente. Nada há de errado com essas buscas, mas, se você está engajado nelas para obter paz ou obter felicidade, você está ignorando a base de paz que já está aqui. Uma vez que você descubra esta base de paz, então quaisquer buscas em que você se engaje serão informadas por esta descoberta. Então o que você descobriu você trará naturalmente para o mundo, para a política, para os seus relacionamentos.

Esta descoberta tem ramificações complexas e infinitas, mas sua essência é muito simples. Se você parar com toda atividade, só por um instante, nem que seja por um décimo de segundo, e simplesmente ficar completamente quieto, reconhecerá a intrínseca amplidão do seu ser, que já é feliz e está em paz consigo mesmo.

Por causa do nosso condicionamento, normalmente desconsideramos esta base de paz com um imediato “Sim, mas e a minha vida? Tenho responsabilidades. Preciso me manter ocupado. O absoluto não se relaciona com o meu mundo, minha existência”. Esses pensamentos condicionados apenas reforçam mais condicionamento. Porém, se você tirar um momento para reconhecer a paz que já está viva dentro de si, então, na verdade, você terá a escolha de confiar em todos os seus empenhos, em todos os seus relacionamentos, em todas as circunstâncias da sua vida. Não significa que a sua vida estará isenta de conflitos, desafios, dores ou sofrimentos. Significa que você terá reconhecido um santuário onde a verdade de você mesmo está presente, onde a verdade de Deus está presente, independentemente das circunstâncias físicas, mentais ou emocionais da sua vida.

Este é um convite para o centro do seu ser. Não se trata de religião ou ausência de religião. Não se trata sequer de iluminação ou ignorância. Trata-se da verdade sobre quem você é, a qual está mais próxima e mais profunda do qualquer coisa que se possa nomear.

A qualquer momento, numa fração de segundo, há a possibilidade de reconhecer a ilimitada, infinita e eterna verdade divina de você mesmo. Diferentes culturas espirituais têm dado nomes diferentes a experiências da verdade. Céu, nirvana, ressurreição, iluminação, satori, samadhi – todos são nomes que apontam para esta beleza divina suprema, inominável, vazia de sofrimento e preenchida pela graça.

O reconhecimento desta verdade – é só disso que trata este artigo. Se você não conseguir reter na memória uma só palavra sobre isso, simplesmente perfeito! Meu mestre me dizia que o ensinamento mais verdadeiro é como um pássaro a voar no céu: não deixa rastros que possam ser seguidos, todavia não se pode negar sua presença.


quarta-feira, abril 22, 2009

Qual era o teu impedimento? (final)

Joel S. Goldsmith

A verdadeira cura pelo espírito é totalmente diversa de todos esses processos. Na cura espiritual, como é ensinada pelo caminho da auto-realização, não há nenhuma causa psíquica nem mental, quer dizer, não existe nenhuma causa mental individual para um doença física. É certo que há causas mentais que têm conseqüências materiais, mas essas causas não estão contidas pessoalmente no homem individual; trata-se de uma crença geral na existência de uma egoidade separada de Deus, e essa crença atua hipnoticamente.

No ambiente dessa hipnose coletiva, seja qual for a doença e questão, não é o doente o responsável, tampouco é ele responsável pela “falsa ideologia” da humanidade, que atuou como preliminar da enfermidade. Não sejamos tão “metafísicos” ao ponto de pensar que fulano contraiu a sua doença pelo fato de ter alimentado pensamentos errados – ele, ou talvez sua avó. Não sucumbamos a semelhantes conversas! Por esses pensamentos errôneos é ele tão pouco responsável como pelas chamadas conseqüências dos mesmos, porque em ambos os casos ele é apenas vítima de uma crença universal, de uma hipnose coletiva, que ele aceitou, e que também nós, tu e eu, temos aceitado.

Com outras palavras: se tu és ciumento ou invejoso ou desonesto, não é esta a tua culpa, e, além disto, nunca te libertarás desses erros enquanto não aparecer alguém e te mostrar, ou enquanto tu mesmo, pela experiência própria, não te tornares consciente de como libertar-te desses erros. Não poderás corrigi-los tentando ser apenas um homem melhor, ou pelo fato de resolveres “Eu deixarei de ser ciumento”, ou “A partir de hoje, deixarei de ser desonesto”. Deste modo, nada conseguirás; através de gerações e gerações foi feita esta tentativa, e sem resultado – e daqui por diante será o mesmo insucesso.

Mais do que isto é necessário. Algo tem de achar entrada no teu consciente, algo que te liberte de um falso pensar e que torne impossível esse falso pensar em toda a tua vida. O primeiro passo para essa decisiva metamorfose está no seguinte: Cessa de condenares a ti mesmo! Cessa de repreender-te por causa dos teus pecados e erros! Nada conseguirás condenando-te a ti ou a teus semelhantes. Acaba com essa autocondenação e compreende que marcarás passo no plano negativo, de ordem mental ou material, na medida em que aceitares e fizeres atuar sobre ti crenças que te foram impingidas pelo mundo.

Começa a compreender que a natureza do teu ser é Deus, que a essência de tua alma é a essência de Deus, e que a natureza do teu corpo é a do templo de Deus. Sim, o teu corpo é o santuário do Deus vivo; cessa de condená-lo, de odiá-lo ou de temê-lo. Compreende que a tua mente é um instrumento através do qual pode fluir Deus, a Verdade. Não condenes a tua inteligência, dizendo que é imperfeita ou mortal, ou má. Tal inteligência não existe no mundo de Deus; existe uma mente só, e essa mente é instrumento de Deus. Se desistires dessa incessante mania condenatória, verás que a tua mente é um espelho límpido para refletir a tua alma.

Quem lida com animais ou com crianças sabe que, por meio de censuras e punições, não se consegue despertar neles o que neles há de bom; não adiante mostrar-lhes quanto são maus e malcreados. Para despertar o bom que há em uma criança, em um animal, em uma flor, ou em outro ser vivo qualquer, deve-se amá-lo, abençoá-lo e reconhecer que o próprio Deus é o fundamento do ser e da natureza deles.

Se alguém solicita a tua ajuda, não te arvores em juiz sobre ele, não o critiques, não o censures; não procures descobrir os seus pecados de comissão ou de omissão; porque, mesmo que eles existissem, seriam apenas conseqüências de outra coisa. Não são causas. Por detrás de cada erro e cada culpa há uma causa, mas essa causa nunca é pessoal – a causa é uma hipnose universal.

Isto faz compreender porque há doentes e culpados, como se desenvolvem os desejos e concupiscências, porque há homens fracos que se embriagam, e homem assaz tresloucados para dirigirem loucamente o seu carro. Não é porque eles mesmos queiram ser assim. Essa hipnose coletiva subjuga os homens, sem que eles tenham disto consciência, e atua sobre eles de tal modo que milhares sofrem resfriados quando o mundo afirma que está chovendo lá fora.

O curador espiritual, porém, nada tem que ver com resfriados, câncer, tuberculose ou paralisia infantil; nem se interessa por influências intra-uterinas, por sintomas de períodos de transição ou de velhice; o curador enfrenta um fenômeno de falsa interpretação da realidade – hipnose, sugestão, crenças universalmente obrigatórias. Estas coisas, porém, não possuem realidade intrínseca, nem identidade. Hipnose é algo que produz uma imagem mental; mas essa imagem não tem substância, nem tem força de lei, não tem fundamento real; no momento em que a hipnose cessa dissipa-se a imagem.

Procuremos agora compreender como se desenrola esse processo. Fecha os olhos. Visualiza, em pensamentos, uma rua, uma rua qualquer, uma rua tua conhecida. Contempla as casas, casas de todos os feitios; casas de tijolos, de pedra, de madeira. Diante das casas há gramados; diante de uma há um canteiro de rosas; diante de outra, florescem zínias e cravos. Crianças estão brincando, e pela rua passa, de vez em quando, um automóvel. De repente uma das crianças tenta cruzar a rua, diante de um carro em plena corrida; ouves o ranger dos freios, percebes o grito da criança.

Neste momento toca a campainha de entrada da casa, ou telefone – e tu acordas. Abres os olhos – e lá se foi o sonho! Onde estão as casas? Onde estão as crianças? Que é do acidente? Tudo desapareceu, porque nunca existiu; pois um sonho não pode produzir casas, crianças, acidentes. A substância de um sonho só pode crear imagens sem substâncias. O mesmo se dá com a hipnose. Um hipnotizador pode fazer com que vejas no teu quarto uma dúzia de burros a dançar – mas nenhum deles estará lá realmente. Suposto que estejas tão hipnotizado que tenhas a certeza de ver esses burros na realidade; que deveria fazer para libertar-te deles? Despertar da hipnose, e nada mais.

Na cura pelo espírito, não importa que o curado se chame Fulano, Sicrano ou Beltrano; nem importa que se trate de câncer, tuberculose ou paralisia: quer se trate de desemprego, de inflação ou de desarmonias no lar – não sucumbas à tentação de focalizar pessoas ou situações, em teu tratamento. Não prestes atenção a essas substâncias insubstanciais, que poderás chamar como quiseres – mente mortal, hipnose, sugestão, etc. Pode ser tudo e qualquer coisa contanto que tu tenhas a consciência de que não significa nada – que é sem substância, sem força de lei, sem fundamento real.

Quando compreendemos que, na terapia espiritual, não se trata de pessoas como pessoas; quando as podemos eliminar dos nossos pensamentos com todas as suas necessidades peculiares, sabendo que tudo isto é mente mortal, braço de carne, um nada – então não tardaremos a sentir uma presença espiritual. Esta presença não será sentida enquanto não estivermos livres da barreira – e esta barreira é a crença em dois poderes, a barreira é a crença em algo separado de Deus.

Quem quiser, pode usar a palavra “tentação”, em vez de hipnose. Quem se sente doente, pode considerar isto como tentação, que pode ser aceita ou rejeitada.

A mente mortal não é a antítese do espírito divino; e ninguém deve esperar que o espírito divino lute contra a mente mortal. A partir do momento em que verificamos que a mente mortal é um braço carnal, um traço de giz no chão, um simples nada, deixamos de admitir dois poderes, e podemos “repousar na palavra de Deus”, como diz a Escritura. Repousa, pois, nesta palavra do Senhor; quando ele vem, quebrará a magia da hipnose.

Depois que despontou em mim o conhecimento de que todos os males, de qualquer natureza, procedem de uma hipnose geral, andei quebrando a cabeça durante alguns anos, para descobrir como neutralizar esse estado hipnótico. Que fazer? Um hipnotizador estala os dedos – e seu médium acorda, ou então lhe dá uma simples ordem mental para acordar. É o que eu não posso fazer, porque no plano espiritual não posso servir-me de expedientes físicos e mentais.

Foi naquele tempo que descobri o tópico da Escritura, que vai através de todos os meus escritos, tópico que fala de uma “pedra arrancada do monte sem mão humana”. Até esse tempo, havia eu pensado, por alguns meses, sob a significação obscura dessas palavras; veio-me então a resposta: A arma contra o erro – para ofensiva e defensiva – é algo que não é físico nem mental, não são atos, nem palavras, nem pensamentos – é simplesmente a experiência da presença de Deus.

Quando transferimos isto para a prática e consideramos o modo como a pedra se forma em nossa consciência, e sai da nossa consciência, enquanto nós assistimos a esse processo como simples testemunhas e observadores – então surge em nossa alma um estado de grande paz. Então percebemos um vislumbre de Deus como “Aquele que é” – não como um poder sobre algo, mas simplesmente como “Aquele que é”, e começamos a compreender que não existe nenhum poder que possa fazer algo a alguém; passamos a ser simples espectadores, olhando como a Realidade vai aparecendo. Todas as dificuldades se dissipam na medida em que desenvolvemos a faculdade de ficar quietos, de contemplar, de sermos testemunhas de como a harmonia divina se desdobra; e, graças ao principio da unidade, também os nossos pacientes participam dessa harmonia.

O princípio que subjaz a esse processo resume-se no seguinte: uma vez que a substância e atividade da mente humana é a substância e atividade da hipnose, toda a hipnotização desaparece no momento em que a mente suspende a sua atuação. Quando deixamos de pensar pensamentos e palavras, e mergulhamos no grande silêncio, então a mente pára – e, na parada da mente, a hipnose acabou. Ao vivermos essa experiência, sentimos que entramos em uma nova dimensão, que ultrapassa a vida.

Homem, não percas o teu tempo em lutas contra as formas da ilusão; não tentes eliminar reumatismo, câncer ou tuberculose, nem te preocupes com o problema da decrepitude senil. Não procures modificar o mundo dos fenômenos. Remonta mais além! Reconhece que, na verdade, Deus somente é o teu ser, que a única coisa que te faz sofrer é essa crença generalizada em dois poderes. Remonta além de tudo e repousa na Palavra, no Verbo de Deus. Se debelares um aspecto do erro, e o derrotares, por detrás dele surgirão dez outros e tomarão o lugar do primeiro. É necessário que elimines a própria causa das desarmonias humanas. Que causa é essa? É uma vasta teia feita de Nadas, essa assim chamada mente carnal, que não tem poder algum, a não ser para aqueles que, sem cessar, lutam contra o mal, esquecidos da sabedoria do Mestre, que diz: “Não vos oponhais ao maligno!”.

Se, em qualquer caso que se te apresente puderes prescindir da pessoa, do seu nome e da natureza do caso em questão; se puderes evocar alguma palavra ou expressão que para ti represente o nada – e não algo que deva ser combatido, nem algo que deva ser superado, mas o puro nada, de maneira que tenham diante de ti um único Poder – então poderás ficar sentado em tranqüila meditação, e sentirás a descida do ESPÍRITO SANTO, e uma paz que ultrapassa toda a compreensão – sentirás a presença divina e a libertação de temores e discórdias.

Quando entrares em meditação, mantém em ti a consciência de não pedires alguma modificação ou cura, nenhum restabelecimento ou melhoramento de algo ou de alguém. Focaliza nitidamente isto: “Entro em meditação, mas não trato de nenhuma pessoa ou circunstância. Minha meditação nada tem que ver com isto. Só se ocupa com a experiência da presença de Deus, aqui e agora onde estou. Por isto, me mantenho quieto e permitirei essa realização.”

A única coisa necessária para estabelecer a harmonia é o reconhecimento da graça de Deus. Não necessitamos de um acervo de erudição metafísica; necessitamos de saber apenas as coisas simples e ingênuas, a realidade do poder único, e a irrealidade de todas as potências adversas.

Compreende que Deus é mais que uma palavra. Deus é mais que uma longa lista de sinônimos – Deus é uma experiência, e ninguém sabe o que Deus é se não o saborear por experiência própria.


segunda-feira, abril 20, 2009

Qual era o teu impedimento? (parte 01)

Joel S. Goldsmith

Quando crianças, tínhamos um certo jogo: traçávamos, com giz, diversos quadrados na calçada; o parceiro nos tocava para dentro de um desses quadrinhos de giz, e dele não podia sair o prisioneiro enquanto não pagasse determinado preço de resgate. Por que não podia sair o preso de sua prisão? Quem o prendia lá dentro? Um traço branco de giz – e nada mais. Mas as regras do jogo o obrigavam a se julgar preso – e por isso estava preso.

Isto é divertido enquanto não passa de simples jogo.

Mas seria trágico se as outras crianças fossem para casa, e o preso se julgasse impossibilitado de sair do seu cárcere, por causa daquele traço de giz. Para se libertar, bastaria cruzar o traço.

O divino Mestre, no tempo de sua peregrinação terrestre, encontrou numerosos homens que estavam presos por um simples traço de giz; lá estavam os aleijados, os doentes de toda espécie, à beira das estradas, à entrada do templo; Jesus os olhava e dizia: “Queres ser curado?... levanta-te, tome o teu leito e vai para casa!”. E eles se levantam e andavam. Nada os impedia de andarem; tinham apenas obedecido a uma certa regra da vida humana, que estabelece que, em certas circunstâncias ou com certa idade, deve o homem ficar doente – e eles haviam aceitado essa regra como obrigatória. Jesus via o traço de giz que os prendia – e eles, certos de que nada os prendia, levantavam-se e iam embora. A Lázaro disse ele: “Lázaro, vem para fora” – e Lázaro veio para fora. Que é que o impedia? As regras do jogo da vida humana.

E, destarte, continuarão os homens a sofrer, até que apareça alguém e veja que as leis do pecado, da doença, da pobreza, são apenas traços de giz; e lhes diga, em virtude da sua visão espiritual: “Qual era o teu impedimento?”

Disse o divino Mestre que todos nós devíamos tornar-nos como crianças a fim de podermos abraçar a verdade. Muitas vezes a razão para curas retardadas é a incapacidade do curador de ser assaz infantil para enxergar uma simples linha de giz, onde os outros vêem indícios de morte ou estatuem certo período para o término da doença.

E, quando se trata de um mal incurável, os homens enxergam três traços de giz, em vez de enxergarem um só, e estão mais firmemente presos no seu cárcere do que nunca. Imaginem, um “mal incurável”! E que coisa pior poderia haver? Entretanto, é fato que a cura espiritual tem, muitas vezes, mais resultados com esses “males incuráveis” do que com “males curáveis”. A razão é esta: quando o médico desengana o doente, e diz que fez tudo que pôde, e nada conseguiu – então o paciente perde a esperança nos recursos da medicina, e esta falta de esperança o torna mais receptivo para os impulsos espirituais.

Somente os traços brancos de giz – tempo, diagnóstico, sintomas e outros indícios – te podem fazer crer que és um prisioneiro de doença e culpa. A única coisa necessária para a tua libertação é saltares por cima do traço de giz. E por que não? Que é que te impede? Uma crença? Uma teoria? No momento em que vejas nisto uma simples crença, uma simples teoria, apagam-se os traços brancos do teu cárcere – e estás livre.

Quando Pedro estava preso no cárcere, havia três ferrolhos que o fechavam na prisão, e era aparentemente impossível abrir caminho para a liberdade. Então apareceu um anjo do Senhor – e deu-se o prodígio! Pedro estava do lado de fora, mas os ferrolhos e outras fechaduras estavam ainda no mesmo lugar onde se achavam antes...

O profeta Ezequiel, em face da prepotência inimiga, bradou a seu povo, no momento da luta: “Eles confiam em braços de carne – nós, porém, confiamos em Deus nosso Senhor, que nos ampara na luta!” Tens algum problema de caráter físico, espiritual, moral ou econômico? Dize a ti mesmo: “Isto é apenas um braço de carne, que tenta convencer-me de que nele resida um poder – mas esse poder não existe em um braço carnal”.

Faze a soma de todos os erros – pecado, doença, infecção, contágio, morte, pobreza, limitações, tempo, clima – e liberta-te de todos de uma só vez, considerando-os todos como um “braço carnal”, que não vale a pena combater. Só então poderás começar a cura, antes não. Aproximar-te-ás do Reino de Deus quando Deus se tornar para ti Tudo-em-Tudo e se cada problema da tua vida te parecer um “braço carnal”, um traço de giz no chão, nenhum impedimento real, um simples Nada – porque chegaste à experiência de que a natureza de Deus é realidade infinita, onipresente, onisciente, inesgotável sabedoria e amor.

É muito interessante entender isto intelectualmente; fazer viver isto em pensamentos é muito divertido. Mas eis que, um dia defrontamos com algo que nos diz, face a face: “Eu sou um aleijado... Eu sou um mendigo... Eu sou gripe... Eu sou câncer, tuberculose, desemprego, pobreza, deficiência...” E um tremor nos percorre o corpo todo. E verificamos que só vivíamos em palavras, e nada sabíamos da experiência da realidade. Temos de enfrentar o inimigo com atos reais. Encara-o bem de frente, para verificar se, porventura, não se trata de um traço de giz, ou de um “braço carnal”; e, sabendo isto, chegarás à inabalável convicção: “Eu, o Deus em mim, é Tudo-em-Tudo; Tu, lá fora, não és nada senão um traço branco de giz, um pobre ‘braço carnal’...”

Imaginemos um terrível pesadelo. Sonhamos estar nadando no mar. Afastamo-nos demais do litoral, perdemos de vista a praia. Começamos a ir a pique. Gritamos por socorro com todas as nossas forças, mas ninguém nos ouve. E, quanto mais lutamos com as ondas, mais nos afundamos. Só nos resta perecermos afogados. Mas eis que de repente o nadador agonizante se sente empolgado por uma mão vigorosa que o sacode. E dá-se o grande prodígio... Desaparece o mar... cessa a luta... O agonizante acorda – e está deitado comodamente em sua cama, lá em casa!... A única coisa que foi necessária para se libertar da luta e da morte foi apenas isto – acordar...

É esta a quintessência da cura pelo espírito – acordar! Seja qual for a tua luta – contra doença, contra pobreza, contra desemprego, contra tristeza, contra pecado – deixa de lutar e acorda! Torna-te consciente da tua verdadeira unidade com o Infinito. Não és nenhum nadador em casto mar; não és vítima de culpa e doença; tu és a consciência do Cristo, tu és um filho de Deus; o erro contra o qual lutas é precisamente este que perpetua a luta.

Não há motivo algum para lutar. Relaxa, desentesa os teus nervos e compreende que não há nada em todo o Universo se não Deus somente, esse Deus que se manifesta na forma de um tu, na forma de um eu; O Eu divino, uno e indivisível, aparece individualizado em ti, em mim. “Vós sois deuses”... O teu destino é harmonia divina; é o destino de todo homem individual, sadio ou doente, santo ou pecador. O supremo destino de cada um de nós é a harmonia divina – quando acordados. “Saturar-me-ei com tua imagem, quando acordar.”

Quando o homem começa a compreender o sentido desse acordar, então percebe que as ilusões deste mundo – pecado e doenças, limitações e deficiências – não são coisas realmente existentes no mundo de Deus, mas tão-somente miragens e idéias creadas pela mente humana. Esta circunstância, de serem apenas creações nossas, não torna esses males menos dolorosos e ingratos, mas agora existe a possibilidade de nos libertarmos deles. O que foi creado por nós pode ser por nós abolido. A cura pelo espírito é impossível enquanto mantivermos a convicção de que os males sejam realidades existentes no mundo de Deus. Conhecer o seu verdadeiro caráter é ser curado desses males.

Quem se ocupou com a doutrina metafísica teve de aprender que a natureza do pecado e das doenças é pura ilusão, é “mente mortal”, é um “nada”. Mas para a maior parte dos estudiosos dessa doutrina, a ilusão, a mente mortal, o nada, continua a ser algo que deva ser curado, de algo que o homem deva se libertar. Uma vez que reconhecemos esse algo como inexistente, quando sabemos que o fantasma acocorado em um canto não existe lá fora, mas apenas em nossa mente, seria ridículo exigir de nós que expulsássemos o fantasma.

Uma vez sabendo que aquilo que Jesus chamava “este mundo” – isto é, a concepção/idéia material do mundo – é na realidade pura ilusão, então também compreendemos porque o Mestre podia afirmar “eu venci o mundo”. Venceu o mundo pelo conhecimento de que este mundo é uma miragem creada pela nossa mente. E, se nós quisermos vencer este mundo, só o poderemos fazer do mesmo modo: pela vitória da verdade sobre o erro, pelo triunfo da realidade sobre a ilusão. Não são os sentidos que se iludem, mas a nossa mente, que constrói juízos errôneos sobre aquilo que os sentidos nos apresentam. Todas as desarmonias que há neste mundo são produtos da mente falaz.

Este estado de percepção imperfeita da realidade e do eterno, não raro, é designado nos livros de auto-realização, como estado hipnótico. Qualquer pessoa que tenha observado como a massa ou uma nação reage à propaganda ou publicidade, sabe como funciona a hipnose das massas, quando as respectivas cobaias se sentem sob pressão e coação desses fatores. Nesses casos, não há nenhum hipnotizador individual, como não existe uma determinada cobaia visada pela propaganda, mas o efeito não deixa de ser hipnótico, supondo que haja alguém que possua suficiente receptividade sugestiva, devido à falta de vontade própria. As vítimas desse impacto nada têm que ver com os processos da propaganda, o que não impedem de caírem vítimas da hipnose coletiva. O indivíduo humano aparece no mundo já hipnotizado até certo ponto, porque o simples fato de nascer entre homens o predispõe ao impacto hipnótico, uma vez que todas as pessoas do seu meio consideram o mundo material como realmente existente – e assim sucumbe também ele a essa fascinação universal. É esse ambiente coletivo da humanidade que atua sobre uns como doença, sobre outros como concupiscência, sobre outros como pobreza ou como outro mal. É essa hipnotização universal que o indivíduo sucumbe, em virtude de sua receptividade, que já lhe vem do seio materno.

A conseqüência dessa sugestividade se revela, depois, pelo fato de aceitarmos os males desta vida – doenças, morte, limitações, deficiências, desemprego, inflação, guerras, acidentes, etc. – como coisas inevitáveis. Ponhamos o machado à raiz da árvore, e não percamos o tempo em cortar apenas uns galhos! Não tentemos curar aqui um pedacinho de carne, e medicar acolá um fragmento dos nossos desejos desregrados. Compreendamos que a terapia espiritual não está interessada em curar uma pessoa ou um estado mórbido particular – ela se vê em face de uma hipnose coletiva.

Ultimamente, se tornou popular a expressão “percepção subliminar”. Verificou-se que muitos homens reagem a influências que lhes são totalmente inconscientes. Assim, por exemplo, foi projetado na tela de um cinema um convite aos assistentes para comprarem pipocas e coca-cola, no intervalo da exibição, mas com tanta velocidade que ninguém pôde perceber coisa alguma na tela. Embora invisível aos olhos, esse convite produziu efeito inesperado no subconsciente, tanto assim, que, logo depois uma grande multidão foi adquirir pipocas e coca-cola, que talvez nem apetecessem na zona do seu consciente. Nenhum convite lhes fora feito conscientemente; de nenhum reclamo tinham eles noção; não obedeceram a nenhum convite conhecido – agiram em conseqüência de uma sugestão de que nada sabiam. Se esse convite lhes fosse feito na zona de seu consciente, poderiam ter resolvido pró ou contra, se iam ou não iam comprar essas coisas; mas agiram como autômatos inconscientes.

Uma vez conhecido o modo como opera esse hipnotismo, sabe-se porque todo homem cai vítima dos males deste mundo, até que compreenda a natureza desses erros. Aquele público no cinema poderia, da mesma forma, ser sugestionado inconscientemente “Tens um resfriado”, ou “Estás com câncer”, ou “Estás com medo” – eles seriam afetados por esses males. Sabemos que tal coisa acontece; por vezes nos sentimos tomados de temores e angústias, sem saber como nem por quê. Se tivéssemos lido as manchetes dos jornais ou escutado o rádio, provavelmente teríamos sabido da ocorrência de uma catástrofe. A nossa angústia era o reflexo de uma hipnose coletiva. A fonte não éramos nós, mas sim a massa, era aquele estado universal que se transferiu de pessoas a pessoas, de lugar a lugar, de situação a situação – até nos empolgar e fazer-nos vítima do ambiente geral.

Esta nossa idéia diferencia-se totalmente da doutrina que subjaz geralmente às tradicionais curas espirituais, tanto à moderna organização da ciência mental, como também à psicologia e psiquiatria, que partem, todas elas, da tese de que no consciente do homem se aninhou algum erro; se fosse possível erradicar esse erro pessoal, seguir-se-ia a cura – de câncer, tuberculose, artrite, ou outro mal, seja ele qual for – porque todos esses males são atribuídos a uma disposição negativa do próprio doente. Muitos curadores perscrutam a mente humana a fim de “desmascararem o erro” e mostrar ao paciente que suas dificuldade provêm dos seus ciúmes, da sua sensualidade, da sua ganância, da sua malícia ou do seu ódio. Parece que muitos problemas, de fato, nascem dessas disposições negativas. Mas, no plano da vida humana, enquanto alguém vive neste mundo, todo homem participa necessariamente da consciência do mundo, aceitando ingênua e inconscientemente, o modo de pensar e agir dessa consciência geral.

Provavelmente, já te disseram que não terias estas ou aquelas dificuldades se tivesses sido um pouco mais atencioso para com fulano ou sicrano, se tivesses sido mais liberal ou mais agradecido para com os teus parentes; que, se quiseres ser curado, importa que sejas conciliador, amigável, bondoso, paciente ou generoso para com os outros. Isto é psicologia, é ciência mental, segundo as quais a enfermidade corporal ou mental é atribuída geralmente a uma causa psíquica.

Além disto, costumam os curadores mentais focalizar o paciente. Por vezes o nome do doente e a espécie da doença são mencionados. “Maria Isabel de Tal, tu és filha de Deus; tu estás de perfeita saúde; tu és espiritual, tu o sabes, Maria Isabel de Tal; tu és isto, tu és aquilo”. É este o modo como se processa a cura de um doente, embora a verdade seja esta que, Maria Isabel, essa creatura humana, não é nada de tudo isto. Tudo quanto este praticante mental sabe de Deus e à sua imagem e semelhança é projetado para dentro de Maria Isabel, como se ela fosse tudo isto. Martelando para dentro dela estas coisas, e afirmando-lhe que ela já é espiritual e perfeita, espera o curador da ciência mental realizar nela a sua mentalização.

Continua...

quinta-feira, abril 16, 2009

Evidência (Allen White)


Allen White

Você aceitou que Deus é Tudo de modo absoluto? Sente elevar-se jubilosamente, ao contemplar a Deus como Presença e Poder únicos? Preenche seus dias e noites com constante reconhecimento de Deus como o Uno e como Tudo? E, por fim, apesar de tanta consagração à Verdade, está frustrado imaginando onde a evidência da totalidade de Deus se encontra? Nesse caso, você está incorporado à multidão de sinceros “estudantes” que, no mundo todo, estão iludidos pela aparente ausência da evidência da Verdade.

“O reino de Deus está próximo”, disse Cristo, para explicar que a evidência da Verdade já é fato manifestado. Deixou o alerta: “Arrependei-vos”, isto é, mudem suas mentes que creem na aparência da ausência de Deus. Parafraseando os dizeres de Jesus, se sua vida e atividades se mostram imperfeitas, em algum aspecto, em termos de aparência, deixe de acreditar nisso. O reino dos céus está visivelmente evidenciado, exatamente onde falta e limitação aparentam existir. Por que teria Jesus dirigido tais palavras àqueles corações e mentes aparentemente conturbados? Por saber que Deus é Tudo, e que somente Deus pode ser e estar evidenciado.

Leitor, você tem analisado por completo o sentido da frase DEUS É TUDO? Certamente você quer dizer que Deus é a única Presença, o único Poder e a única identidade. E você quer dizer que Deus é a única Substância, Forma e Atividade. Porém, você tem assumido que Deus, por ser Tudo, é necessariamente a única manifestação? A única evidência? Responda com franqueza. Você não pode reconhecer sinceramente que Deus é a única Manifestação e Evidência, ficando na expectativa ou espera de que a evidência apareça! ALÉM DISSO, É IMPOSSÍVEL RECONHECER SINCERAMENTE QUE DEUS É A ÚNICA EVIDÊNCIA SEM EXPERIENCIAR ESTA EVIDÊNCIA.

A espera e expectativa quanto à evidência da Totalidade de Deus são as responsáveis pelo suposto ocultamento da experiência da Verdade evidenciada. Aguardar, desejar, esperar que a Verdade Se evidencie, é negar claramente o Fato de que Deus é Tudo. Quão sutil é isto!

Muitos “estudantes” sinceros, ignorantemente, estão investindo a atenção na negação do fato de que Deus seja Tudo. Sempre que o fato é contemplado com o desejo e expectativa de que seja evidenciado, ele está, na verdade, sendo negado. Contemplar o fato da Totalidade de Deus e esperar, ao mesmo tempo, a cura, a mudança ou a melhoria de alguma aparência, é prática contraproducente. Simplificando, a maioria parece não experienciar a evidência da Verdade justamente por estar, com seus desejos e expectativas quanto à evidência, negando sua presença atual como FATO JÁ ESTABELECIDO.

Deus, sendo Tudo, que mais poderia estar evidenciado? Deus, sendo Perfeição em Si, que imperfeição poderia estar evidenciada? Corpos imperfeitos poderiam estar evidenciados? Mentes imperfeitas poderiam estar evidenciadas? Atividade imperfeita poderia estar evidenciada? Identidades imperfeitas poderiam estar evidenciadas? Além disso, suprimento imperfeito poderia estar evidenciado? Não, porque Deus —Perfeição— é Tudo. Contemple as revelações deste parágrafo. Você compreende o motivo pelo qual a imperfeição, sob qualquer forma, não pode estar evidenciada? Ninguém pode negar que a imperfeição é capaz de parecer estar evidenciada; porém, que é uma aparência diante da Verdade? O que era a terra achatada, antigamente aceita, diante da terra redonda agora comprovada? A despeito da aparência, a evidência imperfeita chegou a ser o Fato? Ela realmente existiu? O que lhe cabe, e também a mim, é ficarmos simplesmente com o Fato: DEUS É TUDO.

Somente uma aparência das coisas é que pode provocá-lo a negar o fato de ser Deus a única Evidência. Era somente a aparência de “terra achatada” que parecia limitar o homem. A terra achatada nunca existiu! De modo similar, uma identidade humana jamais existiu. Uma mente humana jamais existiu. Limitação jamais existiu. Doença (substância ou atividade imperfeita) nunca existiu. Guerras (dualidade) nunca existiram. Nada disso chegou jamais a ser evidenciado visivelmente. Deus é a única Evidência, e esta Evidência está Se evidenciando em toda a sua glória e beleza exatamente aqui e agora como sua Vida, Mente, Identidade, Mundo e Corpo. O alerta de Jesus é válido até hoje: “Não julgueis pelas aparências”, caso contrário, a terra redonda será confundida com a achatada, você confundirá o Homem-Crístico com uma pessoa branca ou negra, confundirá o Templo de Deus com um corpo enfermo.

Caro leitor, considere o seguinte: a identidade humana é uma aparência, mas não a evidência. Sua natureza é imperfeição e limitação. Tudo que ela parece ver, fazer e ser, condiz com sua natureza: a imperfeição. Portanto, uma identidade humana nunca pôde nem poderá ver a Evidência que É. “Nenhum homem poderá ver a Deus”. Você está tentando ver o reino dos céus (a Evidência visível da Totalidade de Deus) como um mortal, um humano? Isto é impossível! Pelo reconhecimento do Fato de que Deus é Tudo, você se despiu por completo da noção de sua identidade humana? Ou continua se classificando em termos de sexo, raça, nacionalidade, genealogia etc.? Ficção pode somente ver ficção.

A Evidência é que Você é a Presença vibrante e viva que é Deus-o-Tudo-Já! Nada mais resta para você ser. A Evidência não é macho nem fêmea, negra nem branca, americana nem africana. Você é o Tudo. Não, não como um humano, mas como Deus. Como Deus, você vê Deus, conhece Deus, é Deus e experiencia Deus.

Talvez exatamente agora você esteja “tentando” ver a Evidência de um corpo perfeito onde um corpo adoentado pareça existir. Deus é Tudo, e tudo possível de estar evidenciado. Onde está o corpo enfermo? Talvez você esteja “tentando” acalmar “tempestades” de um relacionamento turbulento. Deus, sendo Tudo, onde pode estar a turbulência evidenciada? Ou, talvez, esteja “tentando” orar para se ver livre de dívidas. Deus, sendo Substância infinita, onde pode estar presente uma carência? FIQUE COM OS FATOS!

Nenhuma mudança se faz necessária em sua vida, em absoluto. Sua Vida é a Evidência do Deus-puro, sagrado e perfeito em todo aspecto. Fique simplesmente com o Fato. Deus é a única Evidência evidenciada. Nada precisa ser removido de sua Vida. Se a prece pudesse remover alguma coisa de sua Vida, Deus seria autodestrutivo. Deus é a única Vida. Fique simplesmente com o Fato.

O objetivo deste artigo não é melhorar sua vida, nem ajudá-lo de alguma maneira. É revelar o Fato imutável de que não há nenhuma evidência, senão Deus, sendo presente como a única presença visível possível. Tudo mais não é: DEUS É TUDO!

segunda-feira, abril 13, 2009

A MÍSTICA DE “O CAMINHO INFINITO”


Lorraine Sinkler

A essência de O Caminho Infinito, seu coração e sua alma, estão em sua mística. Neste caminho não temos que lutar nem mentalizar para obter o que já temos, ou para ser o que já somos. Nossa única necessidade é a de arranjarmos períodos suficientes de silêncio, de quietude interna, de tal forma que a Consciência que constitui a realidade de nosso ser, possa aflorar em expressão através de nosso consciente contato com Ela.

A consciência humana envolve sempre um conceito de separatividade, de dualismo, de muitas mentes, muitas pessoas, muitos poderes. Quão diferente é tudo isso da Consciência mística, que é a consciência do Um, aquele Um-Eu-Sou! Esta é a Verdade sobre cada pessoa, e este conhecimento nos torna Um com todos os demais seres.

Transcendendo o visível rumo ao invisível, ficamos no mundo mas vendo através dele. Sabemos que existe unicamente o Um, a despeito das aparências; sabemos que unicamente este Um está em operação. Somente Deus é, e Deus está sempre sendo, sempre aparecendo como Consciência espiritual individual, totalmente pleno e Auto-completo. A consciência humana está sempre padecendo de um conceito de separatividade, e portanto, o foco está sempre em “se buscar algo”. Ela acredita ser dependente de alguma pessoa ou grupo, mesmo de um praticista ou mestre espiritual “exterior”. Isso não é verdade! A plenitude da vida, tudo de que necessitamos, já existe incorporado à nossa Consciência, e não precisamos lutar para obtê-lo. Todas as pessoas que devem fazer parte de nossa experiência já estão em nossa Consciência, onipresentes agora.

“Eu vim para que todos tenham vida, e que tenham vida com abundância”. Este “Eu”, o Espírito de Deus, está dentro de nós, de modo que podemos ser uma luz para aqueles que ainda não tem este conhecimento de que, também dentro deles, esta mesma Luz já está brilhando em sua plenitude. Estamos agora nos voltando deste buscar e lutar por conseguir, para podermos somente ser; ser esta Consciência divina que já somos. Estamos agora despertando para a Consciência mística de que “Eu tenho alimento que o mundo desconhece”, a comida eterna que nos alimenta e sustenta.

Perguntemo-nos: "O que eu possuo como aquela Consciência mística? Na quietude ("Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus", Salmos 46:10 ), escutamos a resposta: “Eu tenho amor, e eu posso irradiar amor ao mundo, em quantidades ilimitadas”. A Consciência que eu sou, tem o pão da vida para compartilhar, a percepção de que “nem só de pão vive o homem, mas da palavra espiritual da Unicidade.”A Consciência mística sabe que eu desconheço qualquer senso material, por ter conhecimento da integralidade do universo espiritual.

O Meu Reino é o centro da paz eterna, uma paz todo-abrangente, um amor todo-envolvente, em que ódio algum jamais pode penetrar. Não vejo nem bem nem mal, por habitar neste Reino interior. Não necessito de nada, não tenho desejo algum, porque tudo já me está disponível: como Deus, em Deus e através de Deus. Tudo já está cumprido. Nesta paz não há discórdia, não existe desarmonia. O Meu Reino é um estado de preenchimento divino, em que tudo o necessário à plenitude da vida se mostra disponível no exato momento em que for requerido.

Eu volvo a atenção “deste mundo” àquele Reino interior. Nada tenho a ver com problemas, pecados, doenças, carências, ódios e batalhas deste mundo, exceto não fazer julgamento algum, exceto orar, exceto perdoar e confortar, e deixar que jorre livremente, a este “vale de lágrimas”, o infinito amor e misericórdia de Deus que está dentro de mim. Assim fazendo, eu me aproprio de meu divino direito, que é a bênção que o Pai faz jorrar sobre mim. Ele vê a Si mesmo como o meu ser, e diz: “Este é meu filho amado em quem me comprazo”. E eu, de minha parte, reconheço: “Eu e meu Pai somos um”, e “é do agrado do Pai dar-me o Reino”, agora, sempre e eternamente. Se não alcançarmos esta percepção, facilmente cairemos na armadilha de acreditar que o mundo conhecido através dos cinco sentidos é o único mundo real. Mas pelo contrário, ele é um mundo irreal, por estar sempre em mutação e flutuação, enquanto o Mundo da Realidade é um estado de ser eternamente completo, sempre Se desdobrando e Se revelando à nossa percepção.

Nós temos uma tarefa a cumprir neste mundo, a tarefa de dissolver a consciência humana e ascender à dimensão superior da vida. Todos os problemas ficam resolvidos, não por serem enfrentados, mas sim, por nos deslocarmos dos problemas para viver no referencial da Consciência espiritual, que desconhece problemas. Todos os problemas se baseiam na consciência humana; contudo, todo assim-chamado poder deste mundo pôde ser desmascarado como sendo não-poder, por aqueles que se elevaram acima da consciência humana. Esta é a nossa missão final: dissolver a consciência humana, primeiro para nós mesmos, e depois, para o mundo.

Se aprendermos a ir para dentro de nós mesmos, sem lutas, sem desejos, tudo que nos for necessário se revelará e aparecerá externamente. Quão reconfortante é o pensamento: “Nada pode ser acrescentado e nada pode ser tirado da Consciência infinita que Eu Sou, pois, eu já sou realizado e Autocompleto em Deus”.

Repousemos, agora, na percepção de nossa própria Consciência infinita já completa. Esta Consciência desconhece desapontamentos, sem se importar com o que possa estar acontecendo externamente. Nós habitamos na Verdade de que “Eu já sou completo”. Dediquemo-nos a esta conscientização, por nos interiorizarmos, momento a momento, àquela conscientização para podermos vivenciá-la e praticá-la no mundo.

Conscientize sua Filiação divina, sua herança divina como um filho de Deus, ame supremamente esta divina Consciência; comungue com Ela, habite nEla; e então, deixe Sua luz brilhar através de você com toda a Sua plenitude e com toda a Sua glória.


“Minha glória não será dada a outro”. (Isaías 42:8)


Deus concede Sua glória somente a Si mesmo, aparecendo como nossa própria Consciência divina. No Silêncio e na Quietude, Deus Se glorifica como cada um de nós, para que possamos ser instrumentos de Sua paz, Seu amor e Sua vida. Se Deus tem feito a doação de Si mesmo como o ser que cada um de nós é, isto é para que possamos elevar a consciência de toda a humanidade. Assim, abramos os portões do templo de nosso ser, para que o Rei da Glória interna possa irradiar todo o Seu esplendor.


sexta-feira, abril 10, 2009

A cura metafísica

[goldsmith.jpg]
JOEL S. GOLDSMITH

As curas sempre ocorrem na medida de nossa compreensão da verdade sobre Deus, sobre o homem, a idéia e o corpo. A cura nada tem a ver com alguém “externo” chamado de paciente. Quando alguém pede uma ajuda ou cura espiritual, termina aí o papel que desempenhava, até que nos alerte de sua chamada “cura”. Nós não nos preocupamos com o assim chamado “paciente”, com sua solicitação, com a causa da doença ou com sua natureza, nem com seus pecados ou medos. Estamos apenas interessados na verdade do ser — a verdade de Deus, do homem, da idéia e do corpo. A atividade desta verdade em nossa consciência é o Cristo, o Salvador, ou a influência curadora.

O fracasso na cura resulta de grande falta de compreensão da verdade sobre Deus, o homem, a idéia e o corpo, e estas noções erradas têm sua origem principalmente nas crenças religiosas ortodoxas, ainda arraigadas em nosso pensamento. Só poucos se apercebem de quanto foram cegos pela ortodoxia supersticiosa.

Só há uma resposta à pergunta crucial “Que é Deus?”, e a resposta é: “EU SOU”. Deus é a mente e a vida do indivíduo. Qualquer defesa mental ou reserva íntima do indivíduo resultará certamente em fracasso. Existe apenas um EU universal, quer seja dito por Jesus Cristo ou por um João qualquer.

Quando Jesus disse “Aquele que vê a mim, vê Aquele que me enviou”, revelou uma verdade ou princípio universal. E isto é insofismável. Ou entendemos esta verdade ou não a entendemos — e se você não a entendeu, não precisa nem procurar outras razões para o fracasso na cura. A revelação de Jesus Cristo é clara. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Se você não puder aceitar isso como um princípio e, por isso, como a verdade sobre você mesmo e sobre os demais indivíduos, não terá o alicerce sobre o qual se apoiar. A verdade é que Deus é a mente e a vida do indivíduo. Deus é o único EU.

A seguir surge a questão, “Que é o homem?”, e a resposta é que o homem é idéia, corpo, manifestação. Meu corpo é idéia, ou manifestação. E assim também meu negócio, meu lar e minhas posses, existem como idéia, como manifestação ou expressão. Por essa, e não por outra razão, meu corpo é a exata imagem e semelhança de minha consciência e reflete, ou exprime, as qualidades, o caráter e a natureza de minha própria consciência de ser.

Chegados pois a este ponto, entendemos que Eu sou Deus, que Deus é a mente e a vida do indivíduo, que o corpo existe como idéia de Deus. Deus, ou o EU SOU, é universal, infinito, onipotente e onipresente; por isso, a idéia de corpo é igualmente indestrutível, imperecível e eterna. Nunca nasceu e nunca morrerá. Nunca serei privado da percepção consciente de meu corpo e, por isso, nunca estarei sem meu corpo.

Quando olhamos para o mundo com nossos olhos, não vemos nosso corpo, não vemos esta idéia divina e infinita chamada corpo: o que vemos é um conceito, mais ou menos universal, desta idéia. Quando vemos um corpo saudável, uma bela flor ou árvore, estamos vendo um conceito bom da idéia de corpo, árvore ou flor. Quando vemos um corpo envelhecido e adoentado, uma flor murcha ou uma árvore seca, estamos vendo um conceito errôneo da idéia divina. Quando melhoramos nosso conceito de idéia, de corpo ou manifestação, chamamos esta concepção melhorada de cura. Na realidade, nada aconteceu ao tal paciente, ou ao seu corpo — a mudança ocorreu apenas na consciência do indivíduo, e se tornou visível como crença melhorada, ou cura. Por esta razão, apenas o curador deve aceitar sozinho a responsabilidade da cura e nunca tentar repassar a culpa do fracasso para a pessoa que lhe pediu ajuda. Pois todo indivíduo é EU SOU, Vida, Verdade e Amor, e seu corpo existe como idéia eterna, espiritual e harmoniosa, sujeita apenas às leis do Princípio, da Alma, do Espírito, e é nosso privilégio, dever e responsabilidade conhecer esta verdade, e a verdade libertará todos aqueles que se voltam para nós.

Como consciência individual, espiritual e infinita, eu corporifico meu universo, corporifico ou incluo a idéia de corpo, de casa, de atividade, de rendimento, saúde, riqueza e amizade, e estas estão sujeitas apenas às leis espirituais e à vida. O corpo não age sozinho: ele é governado harmoniosamente pelo poder espiritual. Quando o corpo parecer discordante, inativo, superativo, instável ou aflito por dores, sempre há a idéia subjacente a isso de que ele possa agir sozinho, que tenha o poder, por si, de se mover ou não, de sofrer, de doer, de adoecer ou de morrer. E isto não é verdade. Ele não dispõe de atividade ou inteligência próprias. Toda ação é espiritual, portanto, ação boa e onipotente. Quando reconhecemos esta verdade, o corpo responde ao conhecimento ou compreensão da verdade. Nenhuma mudança ocorre no corpo, pois o erro nunca esteve nele. O que muda completamente é o conceito de verdade que é, que foi e que sempre será. Lembremos aqui de que não há nenhum “paciente externo”, nenhum corpo fora daqui a ser curado, melhorado ou corrigido. Trata-se sempre de uma falsa idéia ou crença no pensamento do indivíduo que deve ser corrigida.

Quando começamos a compreender que o corpo não age sozinho, que ele apenas responde aos estímulos da mente, podemos desconsiderar as chamadas condições físicas desarmônicas e nos fixar apenas na verdade de que a Vida sempre se expressa harmoniosamente, perfeitamente e eternamente como a divina idéia de corpo.

A compreensão de que EU SOU consciência espiritual, individual e infinita, que corporifica toda idéia correta e a governa com harmonia, nos trará saúde, harmonia, lar, emprego, reconhecimento, paz, alegria e domínio. Compreender que isto é verdade para todos os indivíduos, desfaz a ilusão de ódio, inimizade e hostilidade. E isto também faz de você um praticante, um curador ou um mestre, mesmo que não faça desse trabalho uma profissão.

Passemos agora a encarar nossas superstições ortodoxas, para delas nos livrarmos. Jesus foi enviado ao mundo para livrá-lo do pecado, da doença ou da escravidão? Não, Deus, o Princípio infinito, a Vida, a Verdade e o Amor não conhece o erro, o mal, o pecado nem o pecador. Jesus viu tão claramente esta verdade que tal visão fez d’Ele o Salvador, o curador, o mestre; e o mesmo poderá ocorrer conosco. A ação da Verdade na consciência individual é o único Cristo. O Cristo nunca é uma pessoa. A ação da Verdade na consciência individual constitui o único Cristo, sempre presente, aquele que era “antes de Abraão”. Esta atividade da Verdade dentro de você é o seu Cristo. A ação da Verdade na consciência de Buda revelou a natureza do pecado, da doença e da morte como sendo ilusões ou miragem. Esta mesma ação de verdade na consciência de Jesus Cristo revelou a nulidade da matéria; desdobrou-se como consciência curadora, diante da qual desapareciam o pecado e a doença, e a própria morte era vencida. Todo conceito errôneo, quer do corpo, do negócio, da saúde ou da igreja, deve desaparecer na medida em que a idéia correta sobre isso se instala na consciência individual e coletiva.

E que dizer da imaculada concepção, ou nascimento espiritual? A imaculada concepção ou nascimento espiritual é o alvorecer da ação da Verdade na consciência individual, ou a Cristo-Idéia. Apareceu em Jesus como a revelação de que “Eu sou o caminho, a verdade e a vida… eu sou a ressurreição e a vida… Aquele que me vê, vê Aquele que me enviou”. A ação da Verdade na minha consciência, o Cristo de meu ser, está revelando que eu sou consciência espiritual individual, infinita, que corporifica meu universo, incluindo meu corpo, minha saúde, prosperidade, meu lar, minhas amizades, a eternidade e a imortalidade.

Deixemos que a ação da Verdade em nossa consciência seja o primeiro e único objetivo, e nosso Cristo se nos revelará, em seu modo individualizado.

Não existe o mal. Por isso, paremos de resistir a uma discórdia específica, ou a uma desarmonia da existência humana que se nos depara agora. Tal aparente discórdia desaparecerá assim que formos capazes de abandonar a resistência contra ela. E nossa capacidade de fazer isso está na proporção de nossa percepção da natureza espiritual do Universo. E uma vez que isso é verdade, é evidente que nem o céu nem a terra podem conter o erro de qualquer natureza; assim, o pensamento humano não iluminado vê o erro bem ali onde Deus brilha, a discórdia ali onde há harmonia, o ódio onde transborda amor e o medo onde de fato está a confiança.

O trabalho em que nos envolvemos é a conscientização de que somos consciência espiritual, infinita e individual, que incorpora dentro de nós mesmos todo o bem. Este é o cântico que cantamos, o sermão que pregamos, a lição que ensinamos e, até que nos venha a realização, será nosso tema, nosso leitmotiv. É o fio prateado da verdade que une todas as mensagens.

Nada pode vir de fora de nós; nada pode nos ser acrescentado. Já somos o vertedouro da consciência de onde jorra o Infinito. Aquilo que recebe o nome de humano em nós deve ser aquietado, para se tornar uma clara transparência através da qual nosso infinito Ser individual possa aparecer, se expressar ou revelar.

Quando olhamos as cataratas do Niágara, podemos até imaginar que, com tanta água a correr continuamente, venha a secar; mas, se olharmos para além do quadro próximo, veremos o Lago Erie e perceberemos que se trata de fato não de cataratas de Niágara, mas que este é o nome dado ao Lago Erie no lugar onde se derrama no precipício formando a cascata. A inesgotabilidade da cascata de Niágara é garantida pelo fato de que sua origem, aquilo que constitui o Niágara, é na realidade o Lago Erie.

E assim é conosco. Nós somos o ponto onde Deus se torna visível. Nós somos Deus-sendo o Verbo feito carne. Nossa fonte, aquilo que nos constitui, é Deus — o Ser divino e infinito. Nós somos Deus-sendo, Deus-aparecendo, Deus-se manifestando.

Conta a história que Marconi, quando ainda bem jovem, estava seguro que seria aquele que daria ao mundo a comunicação sem fio, e não os muitos cientistas mais velhos que o vinham tentando havia anos. Após cumprir sua promessa, foi-lhe perguntado porque tinha tanta certeza de que seria bem-sucedido. Ele respondeu que os demais cientistas estavam buscando primeiramente um meio de vencer a resistência do ar às mensagens enviadas através dele, enquanto ele já havia descoberto que não havia resistência alguma.

O mundo combate uma força do mal, porém nós descobrimos que não há tal força. Enquanto a matéria medica busca vencer ou curar as doenças e a teologia luta para superar o pecado, nós aprendemos que não há realidade na doença e no pecado, e as nossas assim chamadas curas se efetuam por causa desta compreensão.

Sabemos que existem estas aparências humanas chamadas pecado e doença, mas também sabemos que por causa da natureza espiritual infinita do nosso ser, pecado e doença não são realidades; não são o poder do mal; elas não têm um princípio de sustentação; por isso, elas existem apenas como irrealidades aceitas por reais, ilusões aceitas como fatos, a interpretação errônea daquilo que de fato é.

Nós nos amarramos com a crença de que haja um poder fora de nós mesmos — o poder do bem e do mal. Todo o poder foi dado a nós. E este poder é sempre bom, por causa da Fonte infinita de onde emana. O reconhecimento deste grande fato nos traz uma paz e uma alegria indizíveis, mas sentidas por todos aqueles que entram na esfera de nosso pensamento. Isto nos torna amados. Traz o reconhecimento e a recompensa. Garante-nos um lugar no coração dos homens e se torna a base de infindável boa vontade.

Sempre que se defrontar com um problema, independentemente de sua natureza, busque a solução dentro de sua própria consciência. Em vez de correr de um lado para outro, de buscar uma resposta com esta ou aquela pessoa, em vez de buscar a solução fora de si mesmo, volte-se para dentro. Na quietude e no silêncio de sua própria mente, deixe que a resposta para o problema brote por si mesma. Se fracassar uma, duas ou três vezes, tendo se voltado para a paz de seu reino interior, em perceber a resposta como um todo, tente de novo. Nunca será tarde demais, nem a solução aparecerá tarde demais. Quando aprendemos a nos tornar dependentes deste meio para lidar com nossos problemas e nossas experiências, nos tornamos cada vez mais hábeis em reconhecer rapidamente a revelação da harmonia por parte de nossa mente.

Por tempo demais buscamos nossa saúde, nossa paz e prosperidade fora de nós mesmos. Voltemo-nos agora para dentro e aprendamos que aqui, no reino de nossa consciência, nunca há fracasso ou desapontamento; nem tampouco nos depararemos com delongas ou traições, sempre que encontrarmos a calma de nossa própria Alma e a presença do Princípio que guia, que protege e governa, e ampara cada passo de nossa jornada.

Não nos surpreendamos, pois, quando se nos revelar a grande verdade de que nossa consciência é todo-poderosa e é o único poder que atua nos nossos negócios, que controla e mantém nossa saúde, que nos dá a percepção e a orientação necessárias ao nosso sucesso em todos os caminhos da vida. Isso o espanta? Não é de admirar! Até agora acreditávamos que houvesse, algures, um Poder deífico, uma Presença suprema que, se pudesse ser encontrada, nos ajudaria, e até curaria nossos corpos de seus males.

Torna-se agora claro para nós que a Deus-consciência é a própria consciência do indivíduo; é a onipotência e onipresença que nunca nos deixará e nunca nos abandonará, mais próxima que nosso próprio alento. Não precisamos dirigir-lhe preces, fazer-lhe pedidos ou buscar de algum modo o seu favor: basta-nos este reconhecimento, que leva à completa percepção desta verdade. A partir de agora, podemos relaxar e sentir a segurança desta presença constante e o poder desta consciência iluminada. Agora podemos dizer: “Não temerei aquilo que um homem possa me fazer”. Não mais recearemos condições ou circunstâncias aparentemente externas ou fora do nosso controle. Sabemos agora que tudo o que possa se tornar conhecido em nossa vida, ocorre de fato dentro de nossa consciência e, por isso, sujeito a sua direção e controle.

Tampouco esqueceremos a profundidade do sentimento que acompanha esta revelação dentro de nós, assim como o sentido de confiança e coragem que imediatamente lhe vem a seguir. A vida já não é uma seqüência de eventos problemáticos, mas uma jubilosa sucessão de fatos agradáveis. O fracasso é visto como o resultado da crença universal em um poder externo a nós mesmos; enquanto o sucesso seria a conseqüência natural de nossa percepção do infinito poder interior.

O alívio do medo, das preocupações, da dúvida, deixa-nos livres para atuarmos normalmente, de modo saudável e confiante. O corpo reage imediatamente ao estímulo vindo do interior. Uma nova vitalidade, resistência e harmonia física se seguem tão naturalmente como o repouso segue ao sono. Bem pouco sabemos da vastidão de nossa riqueza interior até conhecermos o reino de nossa própria consciência, o reino da Alma.

Quando, em silêncio, nos adentramos ao templo de nosso ser para obter resposta a alguma pergunta importante ou a solução de um problema vital, será melhor não formularmos nenhuma idéia por nós mesmos, não traçarmos nenhum projeto nem permitir que nossa vontade sobre o assunto gere nossos pensamentos. No lugar disso, aquietemos o mais possível nossa mente “tagarela” e adotemos uma atitude de escuta. Não será nossa mente pessoal ou mente consciente que nos dará uma resposta, nem a mente educada e formada pelo nosso meio ambiente e nossa vivência, e sim a Mente de Deus, a nossa Realidade, a Consciência criativa. E esta é melhor ouvida quando os sentidos e a mente intelectual estão calados.

Esta divina Consciência não só nos mostra a solução de todo e qualquer problema e a direção correta a seguir em qualquer situação mas, sendo infinita, é a consciência de todo indivíduo e faz convergir todas as pessoas e circunstâncias para o bem de todos.

Obviamente não podemos esperar que esta consciência universal atue em nosso favor e provoque perdas ou destruição para outros. O que é conseguido dentro e através do reino de nossa mente é sempre construtivo, quer individual, como coletivamente. Por isso nunca pode ser um meio de prejuízo, perda ou injúria para os outros. E nós nem dirigimos nosso pensamento para os outros, ou projetamo-lo para fora de nós em qualquer direção. O que nossa mente estiver desdobrando para nós, estará, ao mesmo tempo, operando como consciência de todos os envolvidos na ocasião. Nós nunca precisamos nos preocupar em “encontrar” alguma outra mente ou influenciar alguma pessoa. Lembremos de que a atividade da Consciência da qual somos uma manifestação exerce sua influência sobre todos aqueles que podem estar afetados ou envolvidos na situação ou no problema.

Não há problemas sem solução na Consciência, e esta mesma Consciência, que é nossa consciência individual, é o único poder necessário para estabelecer e manter a harmonia de tudo o que nos diz respeito. É o nosso voltar para dentro que traz à luz as respostas que já existem. Nossa atitude de escuta nos torna receptivos à presença e ao poder dentro de nós. Nossos períodos de silente contemplação revelam a força infinita e a energia construtiva, a direção inteligente que sempre habita em nós. Descobrimos, pois, em nosso reino mental, nossa Lâmpada de Aladim. Em vez de esfregá-la e exprimir um desejo, nos voltamos para nosso interior em silêncio e ouvimos — e tudo o que for necessário para o sucesso e a harmonia da vida, flui em abundância; nós aprendemos a viver com alegria, saúde e sucesso —, não em função de qualquer pessoa ou circunstância externa, mas por causa da influência e da graça internas de nosso ser.

Já não há necessidade de tentar dominar nossos sócios ou membros de nossa família. A lei interior mantém nossos direitos e privilégios. Todo desejo bom de nosso coração é agora satisfeito sem conflitos, sem medos ou dúvida. Quanto mais aprendermos a relaxar e observar ligeiramente nossos desejos, mais rapidamente e facilmente serão satisfeitos. Não nos é solicitado que andemos sofrendo pela vida ou que lutemos sem descanso por algum bem desejado — embora tenhamos falhado em perceber a presença de uma lei interior capaz de determinar e manter nosso bem-estar material.

De início, pode nos parecer estranho perceber que leis interiores governem eventos materiais — e pode parecer difícil, de início, alcançar o estado de consciência em que tais leis do nosso ser profundo se tornam expressões tangíveis. Nós o alcançamos, contudo, na medida de nossa habilidade para relaxar mentalmente, para atingir uma paz e uma calma interiores, e a partir disso contemplar silenciosamente as revelações que nos vêm do nosso íntimo. A quietude e a confiança logo nos trazem à presença da realidade e das verdadeiras leis que nos governam.

Para que não surja em seu coração a pergunta de como uma lei atuante em sua consciência, sem esforço volitivo ou direção, possa afetar pessoas e circunstâncias externas, peço-lhe que observe o resultado do reconhecimento das leis interiores e que verifique isto pela observação.

Ainda teremos clara a percepção do fato de que abarcamos nosso mundo dentro de nós mesmos; que tudo o que existe, pessoas, lugares e coisas, vive apenas dentro de nossa própria consciência. Nunca poderíamos ter consciência de algo fora do reino de nossa própria mente. E tudo o que está dentro do nosso reino mental é alegre e harmoniosamente regido e mantido pelas leis interiores. Nós não dirigimos ou forçamos estas leis: elas operam eternamente dentro de nós e governam o mundo exterior.

A paz interior se torna harmonia exterior. Assim que nosso pensamento assumir a natureza da liberdade interior, perderá o sentimento de medo, de dúvida e de desencorajamento. Quando a percepção de nosso domínio se fixa no pensamento, tornam-se evidentes uma certeza maior, uma grande confiança e firmeza. Tornamo-nos um novo ser, e o mundo reflete para nós este novo e mais alto conceito que temos dele. Aos poucos, desenvolve-se dentro de nós uma nova compreensão de nossos companheiros de jornada e de seus problemas, e brota de nós mais amor, mais tolerância, mais cooperação, mais ajuda e compaixão. Notamos que o mundo responde a este novo conceito que temos dele, e então todo o Universo vem a nós e deposita seus tesouros em nossas mãos.

Muitos tratados e convênios alentadores têm sido firmados entre homens e nações, e quase todos falharam, pois que nenhum documento pode ser mais valioso que o caráter de quem o assina. Quando estivermos envoltos pelo fogo de nosso ser interior, não precisaremos mais de contratos e acordos escritos, pois fará parte de nossa natureza básica o ser honesto, justo, inteligente e gentil — e estas qualidades são encontradas em todos que vêm compartilhar nossa experiência no lar, no escritório, nas lojas e em todos os caminhos da vida. O bem manifesto em nossa consciência volta a nós numa “medida sacudida, cheia e transbordante”.

Nesse novo estado de consciência, somos menos aborrecidos com as ações dos outros, menos impacientes com suas insuficiências, menos incomodados com seus erros. Do mesmo modo, em vez de sermos impedidos e limitados por condições externas, nós não as defrontamos, mas passamos por elas com quase nenhuma preocupação. Percebemos que algo dentro de nós rege nosso universo; uma Presença interior mantém a harmonia exterior. A paz e a quietude de nossa Alma são a lei da harmonia e do sucesso do nosso dia-a-dia.

Tudo o que nos ocorreu antes disso será uma nulidade, se não percebermos que, acima de todo conhecimento da verdade, devemos estar à sombra do Cristo.

Quando o Cristo penetra na consciência do indivíduo, o sentido pessoal de “eu” perde vigor. O Cristo se torna nosso ser verdadeiro. Não temos desejos, vontades ou poderes por nós mesmos. O Cristo estende sua sombra sobre nossa individualidade. Por vezes, ainda percebemos em nossa bagagem este sentido de finitude que tenta se reafirmar e mesmo dominar uma situação. “Pois o bem que quero, não faço; e o mal que não quero, este eu faço”, disse Paulo.

Deixemos, pois, claro que o “eu” pessoal não pode curar, ensinar ou dirigir com harmonia. Ele deve ser mantido sob controle para que o Cristo possa ter o completo domínio sobre nossa consciência.

O trabalho que é feito com a “letra da verdade”, com declarações e os chamados tratamentos, é insignificante se comparado com aquele conseguido quando rendemos nossa vontade e nosso agir ao Cristo.

O Cristo se torna mais claro à nossa consciência naqueles momentos em que nos deparamos com problemas para os quais não temos resposta, e não temos poder para superá-los; percebemos aí que “eu, por mim mesmo, nada posso fazer”. Nesses momentos de auto-anulação, o Cristo docemente estende sua sombra sobre nós, permeia nossa consciência e traz a “paz, sê quieto”, ó mente atribulada.

No Cristo encontramos o repouso, a paz, o conforto e a cura. O poder natural do sentido espiritual nos invade, e a discórdia e a desarmonia se esvaem, como a escuridão desaparece com a chegada da luz. De fato, isto só é comparável com o alvorecer; o influxo gradual de Luz divina clareia e dá cor à cena em nossa mente, e desfaz uma a uma as ilusões dos sentidos, os recantos mais escuros do pensamento humano.

A faina do dia-a-dia quer nos subtrair este grande Espírito, até que tenhamos o cuidado de nos recolher com freqüência ao santuário do nosso ser interior, e ali deixar que o Cristo seja nosso hóspede de honra.

Nunca permita que conceitos vãos ou crença em poder pessoal o afaste desta experiência sagrada. Esteja pronto. Fique receptivo. Aquiete-se.


quarta-feira, abril 08, 2009

Só a compaixão é terapêutica (OSHO)

Amado Osho, você disse: "Só a compaixão é terapêutica". Você poderia comentar sobre a palavra "compaixão", compaixão por si mesmo e compaixão pelos outros?




OSHO:

"Sim, somente a compaixão é terapêutica, porque tudo o que é doença no homem é causado pela falta de amor. Tudo o que está errado com o homem, está de alguma forma associado ao amor. Ele não tem sido capaz de amar ou ele não tem sido capaz de receber amor. Ele não tem sido capaz de compartilhar o seu ser. Essa é a miséria. Isso cria toda sorte de complexos internamente. Aquelas feridas internas podem vir à superfície de várias maneiras: elas podem se tornar doenças do físico e doenças mentais, mas no fundo o que o homem sofre é de falta de amor. Assim como o alimento é necessário para o corpo, o amor é necessário para a alma. O corpo não consegue sobreviver sem alimento e a alma não consegue sobreviver sem o amor. Na verdade, sem o amor a alma nunca nasce e nem há essa questão de sua sobrevivência. Você simplesmente pensa que tem uma alma. Você acredita que você tem uma alma devido ao seu medo da morte. Mas você não a conheceu a não ser que você tenha amado. Somente no amor a pessoa vem a sentir que ela é mais do que o corpo, mais do que a mente.

É por isso que eu digo que a compaixão é terapêutica. O que é compaixão? Compaixão é a forma mais pura de amor. No sexo, o contato é basicamente físico, na compaixão o contato é basicamente espiritual. No amor, compaixão e sexo estão misturados. O amor está no meio do caminho entre sexo e compaixão. Você também pode chamar a compaixão de prece. Você também pode chamar a compaixão de meditação. A forma mais elevada de energia é a compaixão. A palavra 'compaixão' é bela. Metade dela é 'paixão'. De alguma forma a paixão se tornou tão refinada que ela não é mais como uma paixão. Ela se tornou compaixão.

No sexo, você usa o outro, você reduz o outro a um meio, você reduz o outro a uma coisa. É por isso que numa relação sexual você se sente culpado. Essa culpa nada tem a ver com ensinamentos religiosos, essa culpa é mais profunda que os ensinamentos religiosos. Numa relação sexual, enquanto tal, você se sente culpado. Você se sente culpado porque você está reduzindo um ser humano a uma coisa, a uma mercadoria para ser usada e jogada fora. É por isso que no sexo você também tem uma sensação de escravidão, você também está sendo reduzido a uma coisa. E quando você é uma coisa, a sua liberdade desaparece, porque a sua liberdade somente existe quando você é uma pessoa. Quanto mais você for uma pessoa, mais livre será; quanto mais você for uma coisa, menos livre será. Os móveis de seu quarto não são livres. Se você deixar o quarto fechado e voltar muitos anos depois, os móveis estarão nos mesmos lugares, com a mesma disposição, eles não se arrumarão numa nova disposição. Eles não têm liberdade. Mas se você deixar um homem num quarto, você não irá encontrá-lo do mesmo jeito, nem mesmo no dia seguinte, nem mesmo no momento seguinte. (...)

Para uma coisa, o futuro está fechado. Uma pedra permanecerá uma pedra. Ela não tem qualquer potencial para o crescimento. Ela não pode mudar, ela não pode evoluir. O homem nunca permanece o mesmo. Ele pode retornar, ele pode ir adiante, ele pode ir para o inferno ou para o céu, mas nunca permanece o mesmo. Ele segue se movendo, deste ou daquele jeito.

Quando você tem uma relação sexual com alguém, você reduz aquela pessoa a uma coisa. E ao reduzi-la, você também se reduz a uma coisa, porque isso é um acordo mútuo do tipo: 'Eu lhe permito reduzir-me a uma coisa e você me permite reduzi-lo a uma coisa. Eu lhe permito usar-me e você me permite usá-lo. Nós usamos um ao outro. Nós ambos nos tornamos coisas'.

É por isso... Observe dois amantes: enquanto eles ainda não se acomodaram, o romance ainda está vivo, a lua de mel não termina e você vê as duas pessoas vibrando com a vida, prontas para explodir-se, prontas para explodir-se no desconhecido. E depois, observe um casal de marido e mulher, e você verá duas coisas mortas, dois cemitérios, lado a lado, ajudando um ao outro a se manter morto, forçando um ao outro a se manter morto. Esse é o conflito constante no casamento. Ninguém quer ser reduzido a uma coisa.

O sexo é a forma mais baixa daquela energia 'X'. Se você é religioso chame isso de 'Deus"; se você é um cientista, chame isso de 'X'. Essa energia, X, pode se tornar amor. Quando ela se torna amor, então você começa a respeitar a outra pessoa. Sim, algumas vezes você usa a outra pessoa, mas você se sente agradecido por isso. Você nunca diz muito obrigado a uma coisa. Quando você está amando uma mulher e você faz amor com ela, você lhe diz: muito obrigado. Quando você faz amor com sua esposa, alguma vez você lhe disse muito obrigado? Não, você não dá valor algum. A sua esposa já lhe disse alguma vez obrigado? Talvez, muitos anos atrás, você consegue se lembrar de um tempo quando vocês ainda estavam indecisos, quando estavam experimentando, fazendo a corte, seduzindo um ao outro, talvez. Mas uma vez que vocês se acomodaram, ela disse alguma vez muito obrigado a você por alguma coisa? Você tem estado fazendo tantas coisas por ela, ela tem estado fazendo tantas coisas por você, vocês ambos têm vivido um para o outro... mas a gratidão desapareceu.

No amor existe gratidão, existe uma profunda gratidão. Você sabe que a outra pessoa não é uma coisa. Você sabe que o outro tem uma grandeza, uma personalidade, uma alma, uma individualidade. No amor você dá liberdade total ao outro. Na verdade você dá e você recebe, é uma relação de dar e receber, mas com respeito. No sexo há uma relação de dar e receber, mas sem respeito. Na compaixão, você simplesmente dá. Não há qualquer idéia, em lugar algum em sua mente, de receber algo em troca. Você simplesmente compartilha. Não que nada retorne. Mil desdobramentos retornam, mas espontaneamente, simplesmente como uma conseqüência natural. Não há qualquer espera por isto.

No amor, se você dá alguma coisa, no fundo você fica esperando aquilo que deve vir em troca. Se aquilo não vem, você percebe uma reclamação interna. Você pode não dizer, mas de mil e uma maneiras você pode insinuar que você não está satisfeito, que você está se sentindo traído. O amor parece ser uma barganha sutil. Na compaixão, você simplesmente dá. No amor, você está agradecido porque o outro deu alguma coisa a você. Na compaixão você está agradecido porque o outro recebeu alguma coisa de você, porque o outro não rejeitou você. Você veio com energia para dar, você veio com muitas flores para compartilhar e o outro lhe permitiu, o outro estava receptivo. Você está agradecido porque o outro estava receptivo.

A compaixão é a mais elevada forma de amor. Muita coisa vem em troca, mil desdobramentos eu digo, mas esse não é o ponto - você não fica esperando por isto. Se não vier, não há qualquer reclamação. Se vier, você simplesmente fica surpreso. Se vier, isso será inacreditável. Se não vier, não há qualquer problema, você nunca dá o seu coração a alguém por qualquer barganha. Você simplesmente distribui porque você tem. Você tem tanto que se você não distribuir, você se sentirá sobrecarregado. É exatamente como uma nuvem carregada que tem que chover. E da próxima vez quando uma nuvem estiver chovendo observe atentamente e você sempre ouvirá; quando a nuvem estiver chovendo e a terra tiver absorvido, você sempre ouvirá a nuvem dizendo à terra 'muito obrigado'. A terra ajuda a nuvem a se descarregar.

Quando uma flor desabrocha, ela tem que compartilhar a sua fragrância ao vento. Isso é natural. Não é uma barganha, não é um negócio. Isso é simplesmente natural. A flor está repleta de fragrância. O que fazer? Se a flor mantiver a fragrância para si mesma, ela irá se sentir muito, muito tensa, em angústia profunda. A maior angústia na vida é quando você não pode expressar, quando você não pode comunicar, quando você não pode compartilhar. O homem mais pobre é aquele que nada tem a compartilhar, ou aquele que tem algo a compartilhar mas que perdeu a capacidade, a arte, a maneira de como compartilhar, aí o homem é pobre.

O homem sexual é muito pobre. Em comparação, o homem amoroso é mais rico. O homem de compaixão é o homem mais rico, ele está no topo do mundo. Ele não tem qualquer confinamento, qualquer limitação. Ele simplesmente dá e segue o seu caminho. Ele nem mesmo espera você lhe dizer um muito obrigado. Com tremendo amor ele compartilha a sua energia.

É isso que eu chamo terapêutico. (......)

Para ser compassivo é preciso que se tenha, em primeiro lugar, compaixão por si mesmo. Se você não amar a si mesmo, você nunca será capaz de amar um outro alguém. Se você não for amável consigo mesmo, você não conseguirá ser amável com ninguém mais. Os seus chamados santos, que são muito duros consigo mesmos, estão simplesmente fingindo que são amáveis com os outros. Isso não é possível. Psicologicamente isso é impossível. Se você não puder ser amável consigo mesmo, como você poderá ser amável com os outros? Qualquer coisa que você for consigo mesmo, você será com os outros. Deixe que isso seja um ditado básico. Se você se detesta, você irá detestar os outros. E foi-lhe ensinado detestar a si mesmo. Ninguém jamais disse a você 'ame a si mesmo'. Essa própria idéia parece absurda: amar a si mesmo? A própria idéia não faz sentido: amar a si mesmo? Nós sempre pensamos que, para amar, nós precisamos de uma outra pessoa. Mas se você não aprender consigo mesmo, você não será capaz de praticar com os outros.

Foi-lhe dito constantemente, você foi condicionado, que você não tem qualquer valor. De todas as direções lhe foi mostrado, lhe foi dito que você é sem valor, que você não é o que deveria ser, que você não é aceito como você é. Existem muitos 'deves' pendurados sobre a sua cabeça e todos esses 'deves' são quase impossíveis de serem satisfeitos. E quando você não consegue satisfazê-los, quando você tem um pequeno tropeço, você se sente condenado. Uma profunda raiva surge em você em relação a si mesmo. Como você pode amar os outros? Tão cheio de ódio, onde você irá encontrar amor? Assim, você simplesmente finge, você simplesmente demonstra que está amoroso. No fundo você não está amoroso com ninguém, você não pode estar. Esses fingimentos são bons por uns poucos dias, depois o colorido desaparece, então a realidade se revela por si mesma.

Todo caso amoroso está em cima de pedras. Mais cedo ou mais tarde, todo caso amoroso se torna muito envenenado. E como ele se torna tão envenenado? Ambos fingem que estão amando, ambos seguem dizendo que amam. O pai diz que ama a criança, a criança diz que ama o pai, a mãe diz que ama a filha e a filha segue dizendo a mesma coisa. Irmãos dizem que amam um ao outro. Todo o mundo conversa a respeito de amor, canta canções de amor, e você poderia encontrar outro local tão destituído de amor? Nem uma pitada de amor existe, e montanhas de falatórios, um Himalaia de poesias a respeito do amor.

Parece que todas essas poesias são apenas compensações. Porque nós não conseguimos amar, nós temos que acreditar de alguma maneira, através da poesia, da canção, que nós amamos. Aquilo que nos falta na vida, nós colocamos na poesia. O que nós vamos perdendo na vida, nós colocamos no filme, na novela. O amor está absolutamente ausente porque o primeiro passo ainda não foi dado.

O primeiro passo é: aceite-se como você é. Abandone todos os 'deves". Não carregue qualquer 'deve' em seu coração. Não é para você ser algo diferente do que é. Não é de se esperar que você faça algo que não pertença a você. Você existe para ser exatamente você mesmo, totalmente você mesmo. Relaxe e seja simplesmente você mesmo. Seja respeitoso para com sua individualidade e tenha a coragem de assinar a sua própria assinatura. Não siga copiando as assinaturas de outros.

Não é de se esperar que você se torne um Jesus ou um Buda ou um Ramakrishna. O que se espera é que você se torne simplesmente você mesmo. Foi bom que Ramakrishna nunca tentou se tornar alguma outra pessoa, assim ele se tornou Ramakrishna. Foi bom que Jesus nunca tentou tornar-se Abraão ou Moisés, assim ele se tornou Jesus. E é bom que Buda nunca tenha tentado tornar-se Patanjali ou Krishna. Foi por isso que ele se tornou Buda.

Quando você não está tentando se tornar um outro alguém, então você simplesmente relaxa e uma graça surge. Então você está cheio de grandeza, esplendor e harmonia, porque aí não existe qualquer conflito. Nenhum lugar para ir, nada pelo qual brigar, nada para forçar nem para obrigar-se violentamente. Você se torna inocente. Em tal inocência, você sentirá compaixão e amor por si mesmo. Você se sentirá tão feliz consigo mesmo que ainda que Deus venha bater em sua porta e diga: 'Você gostaria de se tornar uma outra pessoa?, você dirá: 'Você ficou louco? Eu sou perfeito! Obrigado, e nunca mais tente fazer isso, eu sou perfeito como sou.' (......)

As rosas desabrocham tão lindamente porque elas não estão tentando se tornar lótus. E a flor de lótus desabrocha tão lindamente porque ela nunca ouviu as lendas a respeito das outras flores. Tudo na natureza segue tão belamente em harmonia porque ninguém está tentando competir com algum outro, ninguém está tentando se tornar algum outro. Tudo é do jeito que é. Simplesmente veja o ponto! Seja apenas você mesmo e lembre-se de que você não pode ser alguma outra coisa, faça o que você fizer. Todo esforço é fútil. Você tem que ser simplesmente você mesmo.

Existem dois caminhos: um é: rejeitando, você pode permanecer o mesmo; condenando, você pode permanecer o mesmo. Ou, aceitando, entregando-se, curtindo, deliciando-se, você pode permanecer o mesmo. A sua atitude pode ser diferente, mas você vai continuar do jeito que você é, a pessoa que você é. Uma vez que você aceite, a compaixão surge. E então, você começa a aceitar os outros. (......)

Mova-se lentamente, alerta, observando, estando amoroso. Se você for sexual, eu não digo para abandonar o sexo; eu digo faça-o mais alerta, faça-o como uma prece, faça-o mais profundo, assim ele pode tornar-se amor. Se você está amando, então faça isso com mais gratidão, traga uma gratidão, uma alegria, uma celebração e uma prece mais profunda ao amor, traga meditação para ele, assim ele pode se tornar compaixão. A não ser que a compaixão tenha acontecido para você, não pense que você viveu corretamente, ou que você viveu de alguma maneira. Compaixão é o florescimento. E quando a compaixão acontece para uma pessoa, milhões são curadas. Qualquer um que chegue ao seu redor será curado. A compaixão é terapêutica."



OSHO - A Sudden Clash of Thunder - discourse nº 8
tradução: Sw.Bodhi Champak