"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, dezembro 26, 2009

Estabelecendo contato com Deus




Antes de iniciar qualquer de nossas atividades, precisamos estabelecer contato com Deus. Aquele que ainda não aprendeu a fazê-lo, a princípio levará algum tempo. Talvez necessite ler durante alguns minutos, sentar-se e meditar alguns minutos mais, tornar a ler e meditar, refletir sobre alguma Verdade e meditar mais uma vez. Possivelmente levará uma hora para consegui-lo e sentir que o conseguiu.

Os que estão sempre muito ocupados com as atividades deste mundo poderão perguntar: “Como poderei dispor dessa hora? – Isso cada um terá que determinar por si. Cada um terá que decidir se vale a pena conseguir essa realização espiritual, levantando-se uma ou duas horas mais cedo, ou se é mais importante continuar dormindo.

Consciosa e honestamente, ninguém pode alegar não dispor de tempo. Todos dispõem de vinte e quatro horas por dia. Mesmo que cada um tenha obrigações diárias a cumprir por doze horas, poderá, indubitavelmente, decidir se nas doze horas restantes assistirá a programas de televisão, ouvirá rádio, irá a um cinema, dormirá ou passará pelo menos duas dessas horas tentando sentir-se em união com Deus. A cada um cabe determinar até que ponto realmente anseia ter essa experiência.

Ter contato com Deus não é apenas afirmar mental ou verbalmente que o temos; é mais do que isso: é sentirmo-nos intima e efetivamente livres de temores e preocupações de natureza mundana. Depois desse contato, recebemos maior luz espiritual e opera-se uma mudança gradativa em nosso corpo, em nossa situação financeira e em outras circunstâncias de nossa vida. Quando atingimos esse estado de efetiva realização, sabemos que estamos sendo divinamente conduzidos, divinamente protegidos, divinamente instruídos, e vivemos sempre na presença de Deus, seja qual for a situação em que aparentemente nos encontremos.

Há um detalhe cujo conhecimento é sobretudo importante para chegarmos mais rapidamente a esse estado de realização. É o seguinte: quanto mais tempo persistirmos na crença de que Deus cura, de que Deus nos enriquece, ou nos abastece de alguma coisa, tanto mais tempo seremos deixados de lado, fora dos domínios da manifestação de Sua presença. Teremos que chegar a um ponto em que nos apercebemos de que Deus não é um poder, mas uma Presença. Poder-se-á considerá-Lo como um poder somente no sentido de princípio criador e sustentador de Sua criação. Mas Deus não é um poder no sentido que lhe atribuiria quem dissesse: “Oh, se eu pudesse entrar em contato com Deus, Ele curaria a todos, abasteceria e protegeria todos os meus conhecidos!”. Em tal sentido, Deus não é um poder.Deus é uma presença. Mas, por ser uma presença – e infinita -, não existe nenhuma outra presença. Todo pecado, toda doença, morte, e toda carência desaparecem ante a presença de Deus. Precisamos, pois, ter muito cuidado, quando estamos meditando, para que não acreditemos que o poder de Deus vá curar alguém, ou que vá prover suprimento, ou que vá proporcionar emprego a alguém. Ele não opera dessa maneira.

terça-feira, dezembro 22, 2009

Davi e Golias


Allen White


A história você já sabe: Davi mata Golias e é coroado Rei de Israel. Já sabe também o sentido destes fatos: Davi mata a idéia de dualidade pela percepção de que existe Uma Presença, Um Poder e Uma Evidência.

Saiba que detalhes aparentemente insignificantes, registrados na Bíblia, são usualmente muito importantes. O autor desta passagem é cuidadoso em mencionar que “Davi escolheu na torrente cinco pedras bem lisas, colocou-as no surrão de pastor que trazia consigo, tomou a funda na mão e saiu contra o filisteu.” (I Samuel 17:40). E lemos em seguida: “Davi pôs a mão no surrão, tirou uma pedra e a arrojou com uma funda e depois de o ferir o matou.” Estas sentenças trazem a mais valiosa lição para uma vida triunfante.

As cinco pedras representam os chamados sentidos físicos. A água simboliza a pureza do Espírito, e a pedra, que realizou a grandiosa façanha, representa o sentido da alma. O sentido da alma é o conjunto infinito de sentidos espirituais atuando como unidade. Juntando tudo, a lição pode ser resumida numa única sentença:

QUANDO OS CINCO SENTIDOS FÍSICOS SÃO PERCEBIDOS COMO SENDO SENTIDOS ESPIRITUAIS, E FUNÇÕES DE PERCEPÇÃO ESPIRITUAL (PERCEBENDO UMA PRESENÇA E UM PODER), TUDO É PARAÍSO.

Você, leitor, não é um ser físico. Você não é um ser humano, e você não é um ser material. Além disso, você não é um ser espiritual. VOCÊ É ESPÍRITO SENDO. Ciente disso, deve também perceber que não possui sentidos físicos captando um mundo material. Os cinco sentidos físicos são realmente cinco funções de percepção. São cinco dentre um número infinito de formas com que Deus Se Auto-percebe ou Se Auto-sente. A despeito das aparências, estes sentidos estão prestando informações sobre um Reino Espiritual do Absoluto, de invariável perfeição.

Em certo ponto da história, Davi percebe plenamente que DEUS É TUDO. Isto está simbolizado pela coleta de cinco pedras lisas na torrente. Precisavam ser lisas, para mostrar que não havia nenhum traço de rigidez ou densidade de materialidade em sua percepção. Neste ponto, Davi estava em iluminação, onde tudo possível de se perceber e experienciar era Espírito e formado do Espírito.

Entenda esta lição. Se você está lidando com um problema que lhe parece intransponível, sua única necessidade é a de ir até o fim em sua realização de que DEUS É TUDO. Esta é a solução.

Seus sentidos físicos devem atuar como um sentido espiritual. Para ver a evidência disto, uma conscientização da natureza espiritual dos sentidos deve ser experienciada. Isto exige que você realmente vá ao fim do caminho em sua percepção da Totalidade de Deus. Você não terá de “trabalhar” os sentidos individuais na tentativa de espiritualizá-los. Porém, não deverá deixar nenhuma “pedra” fora da percepção correta, ao dizer que “DEUS É TUDO”. Automaticamente, você começará a perceber este mundo de modo bem diferente. E saberá o que Jesus quis dizer, ao afirmar que “o reino dos céus está próximo”.

Muitas pessoas freqüentemente se satisfazem apenas em dizer que “Deus é Tudo”, enquanto continuam na aceitação de que há sentidos físicos captando um mundo físico. Eis por que esperam pela evidência da Verdade. Ao dizer que “DEUS É TUDO”, você deverá entender estar confirmando que DEUS É A ÚNICA EVIDÊNCIA. Não mais negando a evidência ficando à espera ou na expectativa do surgimento de outra evidência qualquer. Deus, sendo Tudo, de onde viria a evidência falsa? Indo ao fim do caminho, você perceberá: NÃO EXISTE NENHUM MUNDO FÍSICO, E NÃO HÁ SENTIDOS FÍSICOS PARA REGISTRAR UM MUNDO FÍSICO. DEUS É TUDO. DEUS É O ÚNICO PERCEBEDOR, E É AQUELE QUE É PERCEBIDO. DEUS ESTÁ ETERNAMENTE SE PERCEBENDO COMO A ÚNICA PRESENÇA E O ÚNICO PODER. NO PONTO EM QUE ESTOU, DEUS ESTÁ NO ETERNO ATO DE AUTO-PERCEPÇÃO.

Você dirá estas palavras por serem verdadeiras, e são verdadeiras agora. Ao declarar estes fatos, não haverá nenhuma expectativa de que eles “se tornem” verdadeiros. E também não haverá vestígio algum de dúvida quanto ao fato de eles já estarem sendo verdadeiros . Nesta percepção, você não vacilará em permanecer no Absoluto, além da oposição às aparências. Por quê? Por saber que o seu conhecimento é verdadeiro.

Lembra-se dos tempos de metafísica, em que fazíamos afirmações e aguardávamos que elas se tornassem verdadeiras? Uma das favoritas era: “Deus é meu suprimento abundante, constante e instantâneo”. Todos nós, que a afirmávamos com vigor suficiente para mover dez montanhas, comumente pensávamos a seguir: “Mas, quando? de onde será que virá o dinheiro?” O motivo destas afirmações raramente darem certo é que eram feitas com dúvida, com uma expectativa indeterminada. Se esperar que uma Verdade Se torne verdadeira, estará simultaneamente negando agora a Sua veracidade. Não será o caso, se fizer declarações da Verdade sabendo que elas já são verdadeiras. Compreender isto fará eliminar esforços e lutas em suas preces e contemplações. Não haverá ansiedade por tentar se tornar mais iluminado. Nesta percepção, irá perceber que você é a ILUMINAÇÃO EM SI, “sentindo” sua própria Luz.

Leitor, em cada contemplação que fizer, parta da Verdade de que você é a Percepção de Deus percebendo a Si mesmo. O progresso lento decorre da falsa idéia de que existe Deus e alguém que não seja Deus, e que este alguém possa se tornar Deus, caso diga frases certas, sentado em longos períodos de silêncio, etc. Esta premissa é inverídica. Não obstante, ainda insistimos em começar as contemplações como se fôssemos alcançar Deus, ou atingir algum lugar. Mesmo sendo bastante sinceros neste proceder, ainda assim a recompensa será mínima.

Quando disser que DEUS É TUDO, esteja certo de notar que sua percepção é Deus sendo Cônscio, e que sua Consciência é Deus sendo consciente. Não poderia ser de outra forma. Estaria Deus consciente de um Golias? Não, e nunca poderia estar. Estaria Deus consciente de algum problema? Não, nem poderia estar. Estaria Deus consciente de algo, ou de alguém, que fosse outro, além de sua própria perfeição? Não, e nem tampouco você está.

Seus sentidos são o Espírito de Deus percebendo Sua própria Presença, Sua própria Substância e Suas próprias formas. Seus sentidos são o Deus Perfeito “sentindo” Sua própria Perfeição, Amor e Alegria. Tudo isso é verdadeiro, e facilmente experienciado, quando você conscientiza a natureza espiritual de seus sentidos.

domingo, dezembro 20, 2009

FAZE-TE NO MAR ALTO!

DÁRCIO DEZOLT

“FAZE-TE NO MAR ALTO,
E LANÇAI AS VOSSAS REDES PARA PESCAR.”
Lucas: 5; 4




Simão havia trabalhado toda a noite, sem apanhar peixe algum! O motivo do fracasso? Trabalhara em “mar baixo”. Hoje, mais do que nunca, as pessoas precisam aprender a operar em “mar alto”. Qual é o sentido espiritual desta passagem? Que não devemos tentar “pescar” diretamente na matéria, mas no Espírito! Na matéria, os “peixes” estão sempre nadando e fugindo de nossas redes! No Espírito, todos eles estão em unidade conosco; assim, com a mesma facilidade com que nossa mão direita toca a esquerda e vice-versa, por formarem um corpo uno, todas as coisas de que necessitamos já estão em unidade conosco, desde que as reconheçamos em nossa Consciência e as “pesquemos em mar alto”.

Nossa Consciência é a Substância de todas as Formas prontas e já presentes! As “coisas necessárias” nos surgem visivelmente quando, em silêncio contemplativo, nós as RECONHECEMOS como “partes ntegrantes de nós mesmos”, mas não como seres humanos, e sim como Deus manifesto como seres individuais.

Pare de buscar as coisas em “mar baixo”; reconheça sua UNIDADE ESPIRITUAL COM DEUS! Perceba interiormente esta UNIDADE!

Joel S. Goldsmith, num de seus livros, afirma que uma das frases mais importantes de O Caminho Infinito é a seguinte:


“MINHA UNIÃO CONSCIENTE COM DEUS UNIFICA-ME COM TODOS OS SERES E IDÉIAS ESPIRITUAIS."


Ele tem razão! Esta frase nos direciona ao “mar alto”; se nele navegarmos, perceberemos nossa herança infinita e, no reconhecimento pleno da mesma, estaremos fazendo de nossa mente um espelho capaz de refleti-la visivelmente também “neste mundo”.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

O suprimento via Cristo


Lillian DeWaters


O primeiro passo é sabermos com clareza onde focalizar nossa atenção, ao buscarmos por suprimento. Em algum lugar? No mundo? Em pessoas? Em um Deus exterior? Nada disso fazia Jesus, e ele conseguia tudo de que necessitava na hora! Não deveríamos estudar sua vida para descobrir o segredo de sua convicção e sucesso? Jamais ele se voltava para alguém na expectativa de receber algo; dependia total e completamente DELE PRÓPRIO! Como e porquê?

Jesus era autossuficiente, por saber ser o Caminho e a Luz para si mesmo. Só dependia de Sua Mente onisciente; como Verdade, trazia em Si todo o Poder! ELE SE FAZIA DEUS! Seríamos diferentes dele? NÃO! “Sigam-me”, ordenou ele! Assim, o primeiro passo é aceitarmos esta nossa posição real, deixando que esta mesma Mente crística atenda às nossas necessidades.

Como ser humano, ou mortal, você não pode dizer que tem a Mente divina; deve, antes, assumir sua posição como sendo a Mente de Cristo, certa e absoluta. Tendo fé plena neste PODER INTERIOR, reconheça que a coisa necessária, um trabalho, por exemplo, surgirá FACILMENTE, RAPIDAMENTE E DE FORMA BEM-SUCEDIDA!

Afaste a atenção de pessoas, coisas, épocas e aparências. Dependa UNICAMENTE de você próprio, vendo-se como sendo o Caminho pelo qual a necessidade será suprida. Se, antes, sua fé estava num Deus exterior, confie, a partir de agora, com confiança total, no DEUS QUE ESTÁ DENTRO DE VOCÊ! Assim, logo estará face a face com a solução almejada.”

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Não buscar outro senão Deus


JOEL S. GOLDSMITH


Deus é a “minha saúde”. Se isso for verdade, não devemos andar em busca de um Deus que seja um grande poder para eliminar doenças. Quando nos identificamos conscientemente com Deus, então Sua Presença, realizada em nós, já é a nossa saúde. Essa Presença não restabelece a saúde, não contribui para a saúde: Ela é saúde. Deus é saúde, e além dEle não há outra saúde. É sempre inútil tentar obter saúde. Mas, ao entrarmos em contato com Deus, constatamos que Ele é a nossa saúde.

Apesar de todos os ensinamentos em contrário, Deus não dá suprimento, não envia suprimento, não traz suprimento a ninguém. Deus é suprimento. Quando sentimos a presença de Deus, estamos em posse de todo o suprimento que existe, porque não há outro além dessa Presença. A presença de Deus, que é o verdadeiro suprimento, é tudo o que devemos querer ou desejar, porque quando a sentimos, constatamos que todas as coisas estão nela inclusas. Não há Deus e suprimento: Deus é suprimento e, e quando temos Deus, temos suprimento ilimitado.

Jamais devemos crer que Deus conseguirá uma casa bonita e confortável para morarmos. Deus é nossa moradia. Não devemos desejar uma casa ou que Deus a obtenha para nós. Tudo o que devemos desejar é o próprio Deus. Constataremos que quando temos Deus, teremos onde morar, uma casa bonita, uma habitação prática e muito bem situada.

Se estamos tentando achar uma casa separada de Deus, ou tentando achar uma por meio de Deus, poderemos nos surpreender com a demora que se dará para consegui-la. Entretanto, quando abandonamos o desejo de um lar, ou de uma casa, e alimentamos unicamente o desejo de conhecer a Deus corretamente, nosso lar ou casa aparecerá automaticamente, porque Deus é a nossa moradia. Só existe um lugar onde deveríamos viver, que é em Deus. Devemos viver, nos mover e ter o nosso ser em Deus, deixando de desejar residir em lugares, casas, cidades ou povoações, mas enfocando nossa atenção numa única coisa:

Deus é minha habitação. Minha única necessidade é Deus – não um lugar onde morar, mas Deus. Quando tenho Deus, não só tenho onde morar, como também tenho tudo o que é necessário para montar uma casa e mantê-la.

Assim é com relação à proteção ou segurança. Pedir tais coisas a Deus é perder tempo. Deus é o nosso alto refúgio, é a nossa fortaleza. Se orarmos pela nossa identificação consciente com Deus, ou seja, com a sua onipresença, constataremos que mesmo quando andamos pelas ruas, sem qualquer proteção física, nossa proteção espiritual não permitirá que nenhum mal deste mundo se aproxime de nossa moradia. Como poderia isso acontecer, se nossa habitação é em Deus? Sofremos acidentes quando nossa moradia é em outro lugar. Mas, se vivermos conscientemente no esconderijo do Altíssimo, se fizermos de Deus a nossa moradia, se fizermos de Deus nosso alto refúgio e fortaleza, se fizermos de Deus o nosso suprimento e a nossa saúde, então não necessitaremos andar em busca de nenhum lugar para morar, nem de fortalezas, saúde ou suprimento, porque Deus é todas essas coisas.

Deus não pode enviar saúde, não pode prover suprimento, não pode garantir segurança ou proteção, não pode dar nem mesmo sabedoria. Deus é tudo isso. Desistamos, pois, de pedir essas coisas ou quaisquer outras a Deus, mas tratemos de conseguir entrar em contato consciente com Deus, somente com Deus, conscientizando Sua presença. Então poderemos constatar que Deus se revela na vida prática, a tal ponto que, se estivéssemos numa floresta, e sem nenhum meio de conseguir alimento, como esteve Elias, os corvos no-lo trariam, ou, ao acordarmos, encontraríamos pão sendo cozido sobre pedras, sob nossas vistas; ou, ainda, se nos encontrássemos num deserto e sem alimento, como se viu Moisés, cairia maná do céu para nós. Aliás, nenhum destes homens jamais se interessou por outra coisa que não fosse a sua própria identificação consciente com a presença de Deus.

A multiplicação dos pães e peixes não foi efetuada pelo Mestre. Ele nada mais fez senão voltar-se interiormente para o céu. Em outras palavras, compenetrou-se da presença e da graça de Deus, e então, automaticamente, os pães e peixes foram multiplicados. Nós não podemos multiplicar pães e peixes. O próprio Jesus não o fez. Ele apenas identificou-se conscientemente com Deus como Onipresença e Onipotência, e esse estado de autorrealização refletiu-se naquilo que compreendemos como sendo as coisas práticas da vida cotidiana. Do mesmo modo, nós também, se necessitarmos de emprego, seremos conduzidos de forma a encontrá-lo, se necessitarmos de uma casa, seremos levados a encontrar o que parecerá ser o nosso lar, se necessitarmos de amigos, parentes, ou de alguém para nos ajudar, tudo nos será proporcionado.

Não procures Deus por um lado e suprimento por outro, nem suprimento e Deus (não imagine/crie separação entre "Deus" e "suprimento" ou entre Deus e qualquer outra coisa - compreenda a unidade); sobretudo, nunca procures usar Deus como um meio para conseguires uma casa, companhia ou saúde, porque isto seria pretender fazer de Deus um servo. Ele nunca poderá ser isso. Jamais poderás servir-te de Deus, a Verdade; mas Deus, a Verdade, é que te pode usar. Deus, a Verdade, pode manifestar-se em ti e através de ti.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

"Não julgueis segundo as aparências"


Joel S. Goldsmith


"Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça." (João, 7:24).

O Mestre ensinou seus discípulos a evitar o julgamento de pessoas e coisas, quando disse: “Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus” (Marcos, 10:18). Se você não deve chamar Jesus de bom, então não chame de boa nenhuma pessoa ou coisa. Não chame a saúde de boa, nem a riqueza, nem a felicidade. Chame apenas Deus de bom. Nunca chame de bom qualquer efeito, porque o bom está na causa.

É também falso olhar para alguma coisa e chamá-la má. Ela não é boa nem má. Não tem poder positivo nem poder negativo, porque todo poder está em Deus. No momento em que você puder tirar poder positivo e poder negativo de um efeito, você obedeceu ao ensinamento de Jesus em dois pontos. Você não está chamando de boa uma pessoa, mas está chamando bom a Deus. E não está temendo o mal de Pilatos, porque está reconhecendo Deus como o único poder. Assim, você afastou o bem e o mal do efeito e agora tem todo poder em Deus.

Não há meios de se fazer um julgamento justo pelas aparências. Não olhe para o que parece ser uma boa condição, julgando-a boa porque não é. Sua única bondade está em Deus. Não olhe para qualquer mal, chamando-o de mal, porque isso é julgar apenas pelas aparências. Você não tem conhecimento do que jaz atrás das aparências, de modo que é uma questão de exercitar-se a si mesmo, ser capaz de olhar para as aparências humanas tanto do bem como do mal e dizer: “Nem eu o julgo. Nem declaro que você é bom ou mau. Direi que você deve ser espiritual, porque Deus criou tudo que existe e Deus é Espírito”. Este último ponto é muito importante, porque a cura, em o Caminho Infinito, é praticada nessa base.

Se quisermos julgar com justiça, eis a verdade: Deus é a vida e a vida é eterna. Eis a verdade. Mas se hoje eu fosse dizer a você que está bem ou mal de saúde, que tem integridade ou não, eu estaria julgando pelas aparências. Eu não conheço a realidade sobre você; conheço apenas a aparência que você está apresentando. Recusando o julgamento, nem condenando nem o julgando, percebo que nada conheço sobre você, exceto que você é Deus que aparece como um ser individual. Eu não sei se você é bom ou mau, se está doente ou com saúde, mas que você é Deus aparecendo, e nisso insisto. Tudo que Deus é, você é. Tudo que Deus possui, você possui. Deus constitui seu ser. Eu não posso ver isso com meus olhos. Com meus olhos, posso apenas julgar pelas aparências.

Fazer um julgamento justo dá a você domínio sobre seus conceitos. O julgamento justo é a compreensão de que Deus é a realidade do ser individual. Sabendo disso, você não se tornou um indivíduo. Você mudou seu conceito do indivíduo; você se absteve de julgamento. Agora você sabe quem é o indivíduo: o Cristo, o filho de Deus. Isso é ter domínio sobre seu conceito.

No momento em que qualifico e digo que você é bom, mau, rico, pobre, saudável, doente, jovem ou velho, estou no reino do julgamento, dos conceitos e das aparências e assim não farei progressos. Deus deu autoridade ao homem no primeiro capítulo do Gênese. Ele foi feito à sua imagem e semelhança. Nunca foi dada autoridade a um ser humano, mas o homem feito à imagem e semelhança de Deus é o homem que você é, quando deixa de aceitar as aparências. Você é a imagem e semelhança de Deus apenas quando deixa de ter conceitos, quando deixa de ter opiniões ou crenças sobre este universo, em lugar de ouvir a comunicação espiritual. Então, sua mente fica inteiramente livre de quaisquer opiniões ou julgamentos e você é o filho de Deus. Tudo o que o Pai tem flui através de você.

Quanto mais você estiver vendo uma pessoa ou uma condição, como tendo poder, e estiver julgando o bem e o mal, mais mergulhado estará no sonho. No momento em que puder afastar seu julgamento e perceber: “você não é bom nem mau; você não está morto nem vivo; você não é rico nem pobre: você é Espírito”, você estará despertando, saindo do sonho, para a consciência mística da identidade. Quando essa compreensão chega, o sonho já não mais existe. Isso é algo que deve ser feito individualmente e também coletivamente.

sábado, dezembro 12, 2009

Perdoar melhora o destino

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Masaharu Taniguchi


Se compreendermos que as pessoas boas ou más que aparecem em nossas vidas são atraídas pelo tipo de onda mental que irradiamos, entenderemos que não existem injustiçados. As leis mentais garantem a “atração dos semelhantes”, ou seja, conhecemos somente aqueles que possuem o mesmo padrão de subconsciente que o nosso. Portanto, julgarmos as pessoas significa julgarmos nosso próprio subconsciente: a mente que pensa em ser ladrão, que teme ladrão, que o tem sempre em foco, atrai ladrão; a mente que pensa em oferecer amor, benefícios, ajuda, atrai benfeitor.

Se temermos ladrões e assaltos, estaremos emanando esse tipo de onda mental do ladrão, pois a lei da mente não escolhe bem ou mal: ela atrai aquilo que nós próprios irradiamos.

O conhecimento deste mecanismo de ação da mente faz com que conheçamos também o motivo pelo qual o perdão é tão recomendado na maioria dos ensinamentos. O perdão melhora o nosso destino: elimina de nosso subconsciente os sentimentos negativos de mágoas e ressentimentos, evitando que ali permaneçam ocultos atraindo “coisas semelhantes” em nosso destino.

Há pessoas que se dizem incapazes de perdoar. Julgam que estarão ganhando alguma coisa com esse “amor-próprio”, mas é justamente o contrário. Por conservarem no subconsciente aquela negatividade tão fortemente arraigada, passam a vida toda colhendo frutos da mesma espécie. Se souberem que o “mal” feito pelos “outros” foi, na verdade, atraído por elas próprias, facilmente deixarão de culpá-los e se dedicarão a trabalhar efetivamente para purificar o subconsciente e torná-lo mais amoroso e positivo.

Perdoar significa desanuviar nosso subconsciente. O perdão pode ser praticado em secreto, pois atua para nós e dentro de nós. Muitos puderam comprovar a cura de doenças crônicas simplesmente após sentirem internamente o alívio produzido pela sincera prática incondicional do perdão.


MENTALIZAÇÃO PARA PERDOAR


"Neste instante, eu perdôo plenamente a todos os meus parentes e pessoas com quem tive desentendimentos no passado. Perdôo a mim mesmo por ter guardado sentimentos negativos a respeito deles. Que sejam livres! Que sejam felizes! Sempre que surgir algum deles em minha mente, afirmarei decididamente: JÁ O DEIXEI LIVRE; SEJA FELIZ! Meu subconsciente está purificado e cheio de amor. Atraio somente coisas boas." (*Obs: mentalizar várias vezes, diariamente, até sentir o alívio interno que comprove o final deste tratamento mental)

Pontos a serem observados:

1. Melhoramos nosso destino através da saturação de nosso subconsciente com idéias positivas e eliminação das negativas.

2. Para eliminarmos o negativismo do subconsciente, podemos fazer uso do perdão. Com ele, muito negativismo oculto vem à tona e é eliminado.

3. Perdoar não significa “passar por cima do mal que nos fizeram”. Significa eliminar do subconsciente a semente negativa ali retida, por causa do nosso desconhecimento das leis mentais.

4. O perdão é entendido quando aprendemos que nossas ondas mentais traçam o nosso destino e que jamais sofremos injustiças causadas pelos outros.

5. Atraímos o bem ou o mal segundo o nosso padrão mental. A prática sincera e consciente do perdão eleva este padrão e faz com que o nosso destino se torne cada vez melhor.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Simplesmente Isto


Mooji



Questionador: Alguns professores dizem que não há nada que você possa fazer para se tornar iluminado ou despertar. Que não há escolha nem ninguém para escolher. Isso é verdade?

Mooji: Ao ouvir isso, qual foi a sua reação?

Q: Na verdade foi mista. Por um lado uma sensação profundamente libertadora, simples e natural, seguido de um sentimento de real frustração e raiva. Honestamente eu me senti bastante irritado e oprimido com a idéia de não ter o livre-arbítrio. Foi muito estranho.

M: E qual dessas duas reações ficaram mais fortes com você?

Q: Bem, como disse antes,inicialmente o sentimento de liberdade foi forte,belo e expansivo mas durou pouco, enquanto que a frustração, dúvida e confusão tém sido mais prolongados.

M: E estes sentimentos o trouxeram de novo ao Satsang, certo?

Q: Pode-se dizer que sim. Na verdade eu não sinto que tomei nenhuma decisão para vir aqui. Eu sinto que fui atraído por alguma força. Quando estou aqui contigo, tudo vai bem; suas palavras e sua presença me fazem sentir seguros nesta verdade. O problema começa quando estou lá fora no mundo. Daí eu duvido de mim mesmo. Me sinto fraco, sem foco e me falta essa convicção que estou sentindo agora. Eu necessito de ajuda.

M: Obrigado. 'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz 'Não há' ningúem a ser ajudado, nenhum 'eu', nenhum 'você'. Ninguém existe, somente aquilo que É, que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! É o ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade, o Um, apenas existe manifestando-se através e como a própria consciência. Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal, o Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do 'professor', que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, fazendo-o resultar na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : 'Nós somos chamados por nosso próprio Ser', e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Satguru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.

Q: Há uma alegria outra vez em ser lembrado disto, talvez isso seja a atração do Satsang. Mas eu devo dizer que ainda estou um pouco confundido sobre...

M: Não! Pare aí mesmo. Na verdade, 'você', o que você realmente é, não pode estar confuso. Confusão é um estado mental. Não seria mais preciso dizer que você sente ou nota a confusão surgindo em você? E que ambos os sentimentos de confusão e conforto são percebidos por você, incluindo seus efeitos no corpo, assim como os pensamentos e julgamentos subsequentes, que acompanham tais sentimentos? E que estes são estados que vem e vão na presença de algum 'pano de fundo ' de inteligência impessoal ou testemunha natural ?

Q: Sim. Parece haver mais distância nesta forma de olhar. Sinto-me mais desapegado e espaçoso de alguma forma.

M: Vamos voltar à sua pergunta original ?

Q: Sim, mas eu gostaria que você falasse mais sobre esse ponto.

M: Ok. Ok, nós voltaremos se necessário. Na sentença: 'Não há nada que você ou ninguém possa fazer para ganhar a 'iluminação' ou o 'despertar'. Quem ou o quê é que ouve isto? E quem ou o quê é o 'você' na declaração ?

Q: Eu mesmo! O que Eu sou.

M: E o que é isso? (pausa...) Agora você está vestindo olhos pensativos. Não pense! Observe!

Q: Minha mente... Minha individualidade. Meu sentido de ser, eu suponho. Meu intelecto?

M: Não deve haver algo por detrás que vê a mente, a individualidade, o intelecto? De onde estas mesmas frases estão surgindo, e o que se mantém inafetado, intocado pelo funcionamento da mente, intelecto. Não estão estes fenômenos sendo observados? Você pode confirmar?

Q: Sim (assentindo lentamente), eu posso confirmá-lo como tal.

M: Deixando de lado qualquer fenômeno notável que esteja surgindo, volte a sua atenção para a própria observação. O que exatamente é isso que observa? É uma pessoa, uma coisa? Tem uma forma, característica ou qualidade? É pessoal?

Q: Não. Ningúem está lá. Nada.

M: Você está lá?

Q: Sim. Não. Eu devo estar. Eu estou nele.

M: O que vê ou sabe isso ?

Q: Eu não sei. Eu apenas sei; mas não sei como eu sei. Eu não sou nada aqui exatamente. Eu quero dizer sem forma. Lá vem aquele sentimento denovo. Isto foi o que eu senti, o que experienciei a última vez.

M: Não se aferre a este sentimento agora, deixe-o ser. Não vá ao passado, permaneça por detrás. Não se identifique, não toque. Apenas observe, mas mantenha-se neutro, de forma que se e quando este sentimento de alegria desvanecer-se, restará apenas este observar. Você não pode 'ter' ou se 'tornar' isso. Nenhuma posse, nenhuma realização, apenas pensamentos e sensações surgindo espontaneamente na consciência e sendo percebidos. Você percebe ?

Q: Mas eu não quero que isso vá. Para que afast­á-lo? Eu quero permanecer neste estado sempre. Não é esse o ponto ?

M: Isto é precisamente o que você deve fazer. Se isso não estava aqui antes, não é permanente, e pertence ao que é mutável. Passará. Deixe-o ir e vir, isto é natural e isso é a própria liberdade. Reconheça que o 'Eu não quero que isso vá embora' é também um sentimento-pensamento surgindo, sendo observado por algo que está além das idas e vindas. Seja Um com isso. Não persiga nada, permaneça como consciência neutra apenas. Isso é tudo. O que pode a consciência querer? O que falta? O que há para se manter ou perder?

Q: Minha mente deu branco. Me desculpa, poderia repetir ?

M: O que está testemunhando o 'branco'?

Q: (pausa...) Eu estou. Aqui outra vez!

M: E denovo, quem ou o quê é você aqui?

Q: Apenas isso. Não há palavras que possam dar a entender ou descrever isso. Nada, Vazio.

M: Há alguma tristeza?

Q: Não.

M: Feliz?

Q: Não.

M: Livre?

Q: Não. Eu nem usaria a palavra 'livre' (pausa). Sem palavras...

M: Aha! Muito bom! Parabéns! Aquilo é isto! Isto é tudo, você terminou, Excelente! O exercício terminou. Agora pise fora disto e retorne ao seu estado prévio para que nós possamos continuar com as suas perguntas importantes.

Q: Mmmm... Isto é impossivel ! Já não faz mais sentido nenhum. Pisar fora e ir aonde?

M: Aqui!

Q: Não há nem sequer aqui!

M: Realmente? E o Agora?

Q: Não, nem Agora (longa pausa...). Eu agora vejo claramente que estes são apenas conceitos. Não há dúvida a respeito disso, O Indescritível está por detrás.

M: Isto apenas é liberdade, além de qualquer conceito de liberdade. O natural e supremo estado do Ser verdadeiro de cada um. (O questionador parece ter deslizado num estado meditativo, a sua face é imóvel mas tranquila... Mooji sorri...)

M: Eu queria falar a respeito do que acontece quando esta experiência de 'iluminação' se desvanece, mas agora é impossível discutir isso com ele enquanto ele estiver em samadhi. (Gargalhadas..)

Outro questionador: Eu também já experienciei este estado em que ele parece estar agora, um tipo de experiência da não-experiência, que durou mais ou menos três ou quatro semanas. Eu me senti totalmente vazio, limpo, presente, uno com tudo que É. Tudo apenas acontecendo por si só, era realmente indescritível e belo, mas depois de um tempo minha mente voltou. No meu caso, eu penso que voltou ainda mais forte que antes. Na verdade eu entrei num tipo de depressão pesada e me senti perdido por um tempo. Eu tive medo de repetir aquela experiência.

M: Que experiência?

Q: A experiência louca. ( Gargalhada...)

M: O verdadeiro Ser é o imutável pano de fundo suportando o mundo transitório dos fenômenos. É somente Consciência impessoal; imutável e bem-aventurosa. No estado experiencial, brilha como o puro sentido da consciência subjetiva 'Eu sou'. Este 'Eu sou' é impessoal e sinônimo de consciência – o campo da percepção. É a expressão direta da pura subjetividade. Sri Nisargadatta Maharaj, o grande sábio, descreve como sendo uma porta que se move de um lado para a manifestação e do outro ao infinito. Isto expressa-o belamente. Todos eventos ocorrem como movimentos na consciência, e são percebidos dentro e através desta consciente presença 'Eu sou'; esta é a 'testemunha', o ou princípio que testemunha, que nós somos, enquanto o corpo está aqui.

Q: Então nós somos o corpo, estamos no corpo, ou somos algo separado? Porque... (O questionador começou a se lembrar de algumas experiências e observações...)

M: Deixe isto tudo de lado por agora; apenas esteja aberto, permitindo tudo o que tem sido dito simplesmente ser ouvido na consciência sem se apegar à nenhum pensamento em particular ou idéia do tipo: "o que fazer com isso que está sendo ouvido". Permita que o 'escutar' apenas 'aconteça', assim como seria. Você está aí, por detrás da mente que escuta. Preste atenção ao pensamento 'Eu' -- ele não é o verdadeiro 'Eu sou'. Ele vem quando o 'Eu sou' impessoal se identifica com o corpo, que é meramente o instrumento através do qual Ele está se expressando, com o auxílio da força vital – o poder animador. Essa associação faz surgir o ego, ou a individualidade: o sentido de 'eu'. Então você percebe que o sentido de individualidade não pode existir sem a sustentação da consciência impessoal, mas que ele é a própria expressão transitória desta consciência criativa. Somente agora Ela opera como consciência condicionada, acreditando ser o corpo-mente. Surge agora o conhecimento do 'Outro' e um impulso básico de proteger-Se; preferências e desgostos surgem, juntamente com julgamentos, medos, desejos, apegos e o jogo inteiro dos opostos inter-relacionados. Nós como seres individuais somos fascinados e viciados por experienciar, o que em si é natural e não há nada de errado nisso, quando visto como o jogo ou a expressão da consciência manifesta que somos. Mas quando visto da perspectiva da identidade individual, com sua agenda privada – Problemão! ( gargalhada .. )

Agora escute: não há nada em particular para se 'fazer' aqui, nem ninguém para fazer ou desfazer também. Apenas uma mudança na compreensão deve acontecer e tudo se ajusta de maneira correta. Tudo é Um. Vamos pegar o exemplo da antena telescópica do carro: há uma unidade, e isto representa o Absoluto. Estenda ou puxe uma vez – o 'Eu sou' impessoal aparece; ainda sim é uma unidade. Puxe de novo e o pensamento do 'Eu individual' brota, e simultâneamente a manifestação do mundo personalizado vem à tona. Como as bonecas russas, uma dentro da outra, sucessivamente, no entanto um Inteiro! Uma unidade expressando-Se como manifesta e imanifesta, dois aspectos da Realidade única. Tal é o jogo no teatro da consciência. Você é a testemunha final, Feliz, inafetado e inteiro. Você é Aquele! Não é nada pessoal, isto não é um elogio que estou te fazendo.

Q: Por favor, você poderia repetir o ponto sobre o 'teatro da consciência'?

M: Não! Eu não posso repetir. Por agora esteja atento, aberto e presente - mas neutro aqui, sem permitir que sua atenção vagueie ou pouse em nenhuma coisa particular. Esta é a posição que estou te convidando a tomar. Confie em sua audição intuitiva. É a sua mente que, aparecendo como um buscador vigilante, se esforça por exatidão e então fica presa com o sentimento de ter perdido algo vital. Neste momento é uma sutil forma de resistência ou de evitar. Meu conselho é: se você perder (não compreender) algo, simplesmente deixe-o ir. Tudo está bem por agora. O verdadeiro você está aqui e por detrás de tudo, observando sem esforço. O sentido de 'perder' ou 'encontrar' surge, é sentido - mas descartado como 'não real': nem isto nem aquilo, 'neti-neti', como os jnanis dizem. Você, como consciência, não é nenhum sentimento em particular. Pensamentos e sentimentos vem e vão como ondas brincando na superfície do oceano. Deixe tudo vir e ir por si só, isto é natural para as ondas. Oceano, água, ondas – tudo o mesmo. Permaneça como a testemunha apenas. Para a consciência, nada é perdido ou achado, ou é bom ou mal. É o imaculado substrato no qual a sombra mente/mundo de nomes e formas dançam sua aparente existência.

Q: Mas, Mooji, seguramente a vigilância é importante ter a certeza de que compreendemos corretamente, para evitar mal-entendidos; especialmente porque tudo isso é novo para mim, e também muitas escrituras e professores apontam para a vigilância com uma qualidade ou virtude necessária para o crescimento espiritual.

M: Isto é verdade se realmente existe 'alguém' que fará uso desta compreensão. Mas se você realmente investigar, este 'alguém', a 'pessoa', o indivíduo, não será encontrado! Tudo é apenas consciência – o 'você', o 'eu', o falar, o escutar, satsang, todos aqui, tudo - tudo consciência; esta é a maravilhosa descoberta! A Consciência conversando com a consciência sobre consciência através da consciência. Quão simples! No entanto quão inexplicável quando buscado através da mente-ego. Olhe, eu te mostro onde você está agora mesmo, então permaneça com Isso, nada mais. Mas a sua mente pousou em algum ponto que lhe interessa. Enquanto você estiver engajado em prender-se a isso, você perde todo o resto – isto é chamado o jogo de 'maya' (A ilusão cósmica). É como ler um livro sobre frutas exóticas e reggae enquanto passeia pelo mercado de Brixton! ( risadas...). Um mestre Zen chamado Bankei certa vez disse: 'É como um homem que perde sua espada caída do navio no mar, e marca o ponto no caminho das águas onde caiu.' (Gargalhadas...)

Q: Justamente agora que você disse isso, tudo parou. Eu não posso pensar. Não há pensamentos. (Levando sua mão a sua boca) Isso é maravilhoso !

M: O que está vendo tudo isso ?

Q: Nada... Eu.

M: 'Eu' - nada, testemunhando a mente parada. Quando a mente está parada, ainda pode ser chamada mente? ( Pausa...)

M: E agora ?

Q: Silêncio e paz.

M: Para quem?

Q: Aqui... Para mim.

M: Pra você? Você tem certeza? O que, onde e como está 'você' exatamente nisso?

Q: Não eu; apenas silêncio e profunda paz e um sentimento real de gratidão. Está certo?

M: Você me diz.

Q: Sim. Gratidão por escutar e ver isso tão claramente. Obrigado.

M: Seja Bem-Vindo. Ser agradecendo o Ser. Muito Bom!

segunda-feira, dezembro 07, 2009

O sentido "Eu sou"

Nisargadatta Maharaj


Pergunta: É um fato da experiência diária que, ao despertarmos, o mundo repentinamente aparece. De onde ele vem?

Maharaj: Antes que algo possa chegar a ser, deve existir alguém (ou seja: você) a quem ele chega. Todo aparecimento e desaparecimento pressupõem uma mudança em relação a um fundo imutável.

P: Antes de despertar, eu estava inconsciente.

M: Em que sentido? No sentido de haver esquecido ou no de não ter experimentado? Você não experimenta mesmo estando inconsciente? Você pode existir sem conhecer? Um lapso na memória é uma prova de inexistência? E você pode falar com validade sobre sua própria inexistência como uma experiência real? Nem sequer pode dizer que sua mente não existia. Não despertou ao ser chamado? E, ao despertar, não foi o sentido de “eu sou” que chegou primeiro? Alguma semente de consciência deve ter existido inclusive durante o sonho ou o desmaio. Ao despertar, a experiência é assim: “Eu sou o corpo no mundo”. Pode parecer que surja na seqüência, mas, de fato, tudo é simultâneo, uma única idéia de ter um corpo no mundo. Pode existir o sentido de “eu sou” sem ser alguém ou outro?

P: Eu sempre sou alguém com recordações e hábitos. Não conheço outro “eu sou”.

M: Talvez algo o impeça de conhecer? Quando você não sabe o que os demais sabem, o que faz?

P: Busco a fonte de seu conhecimento sob sua instrução.

M: Não é importante para você saber se é um mero corpo ou outra coisa? Ou talvez nada em absoluto? Não vê que todos os seus problemas são os problemas de seu corpo – alimento, vestuário, casa, família, amigos, nome, fama, segurança, sobrevivência. Tudo isto perderá seu significado no momento em que você compreender que talvez não seja um mero corpo.

P: Que beneficio há em saber que não sou o corpo?

M: Mesmo dizer que você não é o corpo não é totalmente verdadeiro. Em um certo modo você é todos os corpos, corações e mentes, e muito mais. Aprofunde-se no sentido de “eu sou” e você encontrará. Como você encontra algo que você perdeu ou esqueceu? Você o mantém na mente até que lembre dele. O sentido de ser, de “eu sou”, é o primeiro que surge. Pergunte-se de onde ele vem ou simplesmente observe-o calmamente. Quando a mente permanece no “eu sou” sem mover-se, você entra em um estado que não pode ser verbalizado, mas pode ser experimentado. Tudo o que necessita fazer é tentar e tentar novamente. Depois de tudo, o sentido de “eu sou” sempre está com você, apenas você acrescentou a ele todo tipo de coisas: o corpo, sentimentos, pensamentos, idéias, posses, etc. Todas estas auto-identificações são errôneas. Devido a elas você acredita ser o que não é.

P: Então, que sou eu?

M: É suficiente saber o que você não é. Não necessita saber o que é. Enquanto o conhecimento significar descrição em termos do já conhecido, oriundo da percepção, ou conceptual, não poderá haver conhecimento de si mesmo, pois tudo o que se é não pode ser descrito, exceto como negação total. Tudo que você pode dizer é: “Eu não sou isto, eu não sou aquilo”; você não pode dizer significativamente “isto é o que sou”. Simplesmente não tem sentido. O que pode assinalar como “isto” ou “aquilo” não pode ser você. Também não pode ser “outra coisa”. Não é algo que possa ser percebido ou imaginado. E, por sua vez, sem você, não pode haver percepção nem imaginação. Observe o sentir do coração, o pensar da mente, o atuar do corpo – o próprio ato de perceber mostra que você não é o que percebe. Pode haver percepção ou experiência sem você? Uma experiência tem que “pertencer” a alguém. Alguém deve vir e a proclamar como própria. Sem um experimentador, a experiência não é real. O experimentador é o que dá realidade à experiência. Uma experiência que você não possa ter, que valor tem para você?

P: O sentido de ser o experimentador, o sentido de “eu sou”, não é também uma experiência?

M: Obviamente, tudo o que se experimenta é uma experiência. E, em cada experiência, surge seu experimentador. A memória cria a ilusão de continuidade. Na realidade, cada experiência tem seu próprio experimentador, e o sentido de identidade se deve ao fator comum na raiz de todas as relações entre experimentador e experiência. A identidade e a continuidade não são a mesma coisa. Exatamente como cada flor tem sua cor própria, mas todas as cores são causadas pela mesma luz, do mesmo modo aparecem muitos experimentadores na Consciência não dividida e indivisível, cada um separado na memória, mas idênticos em essência. Esta essência é a raiz, a base, a “possibilidade” atemporal e ilimitada de toda experiência.

P: Como posso chegar a ela?

M: Você não necessita chegar a ela, já que você É ela. Se você lhe der uma oportunidade, virá a você. Abandone seu apego ao irreal e o real aparecerá por si mesmo, suave e tranqüilamente. Deixe de imaginar-se sendo ou fazendo isto ou aquilo, e a compreensão de que você é a fonte e o coração de tudo despontará em você. Com isto surgirá um grande amor que não será escolha ou predileção, nem apego, mas um poder que fará com que todas as coisas sejam dignas de amor.


*Mais textos de Sri Nisargadatta Maharaj no site: www.editoraadvaita.blogspot.com

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Você não pode


Gangaji


Gangaji: Obrigada por estarem aqui, por compartilharem desta oportunidade especial de nos reunirmos por um período de tempo intensivo. Ao entrar aqui, recebi uma carta que gostaria de ler para vocês, porque ela expressa uma questão que a maioria de nós traz a estes encontros. Ela também expõe o problema que acompanha esta pergunta.

(Gangaji lê a carta.) Querida Gangaji, qual é a melhor maneira de aprofundar esta descoberta?

Essa pergunta é pertinente, qualquer que seja a descoberta; não importa se a pessoa considera a sua descoberta de si mesmo completa ou incompleta, ou se pensa que tocou apenas um aspecto dela. Esta não é a questão, não é verdade?

(Gangaji lê.) Como posso aprofundar esta descoberta? Como posso falar desta descoberta e como falar a partir dela?

Alguém aqui nunca fez perguntas como estas? Vou lhes dar a resposta agora mesmo. A resposta para ambas perguntas é a mesma: você não pode.

(Gangaji lê.) Qual é a melhor maneira de aprofundar esta descoberta?

Você não pode. Você não pode aprofundá-la.

(Gangaji lê.) Como posso falar desta descoberta e como falar a partir dela?

Você não pode. Estou falando sério. Se desistir de tentar, se desistir de esperar que de alguma maneira poderá aprofundar esta descoberta, ou falar dela ou exprimir-se a partir dela, talvez você possa abrir a sua mente a ISSO que não tem medidas, ISSO de que não se pode falar e que jamais foi expresso em palavras. Talvez você possa parar de tentar torná-la melhor, mais profunda ou maior. Talvez possa parar de tentar ser um veículo, para que ela se torne mais clara através de você. Talvez você possa parar. Neste instante: pare. E se permanecer consciente neste instante em que você pára, você será capaz de dizer a verdade acerca de quem está tentando torná-la maior. Quem está tentando expressar esta descoberta, tentando vivê-la de uma maneira melhor.

Sugiro que não tome notas. Isso cria uma separação. A crença subjacente é de que "Mesmo que eu não consiga entender agora, se tomar notas, vou conseguir alcançar depois." Mas a verdade é que você já foi alcançado. Esta é a verdade pura e simples. Por isso não posso dizer que sou uma mestra. Eu não posso lhe ensinar ISSO. Mas posso dizer e confirmar que ISSO já o possui, seja quem - ou o quê - você pensa que é, por mais magnífica ou insignificante que seja a sua auto-imagem. Se você estiver disposto a parar de tentar alcançar, consertar, conservar ou manter afastado o que quer que seja, por um momento apenas, você verá. Neste momento, você verá a si mesmo: sem forma, sem medidas, sem pensamentos e sem palavras. Neste momento, você também poderá ver que todo pensamento, seja ele de afirmação ou negação; toda forma, seja ela inteira, danificada ou ferida; toda emoção, seja ela positiva ou negativa, está plena e permeada d'ISSO. Ela é uma expressão d'ISSO. E você descobrirá que o que é percebido como invisível é concretamente real e o que percebido como visível é realmente imaterial.

Li no New York Times que os físicos descobriram recentemente que noventa e oito por cento do universo é invisível. Não é maravilhoso? Isso não expõe a arrogância humana em sua verdadeira natureza? Aqui está a possibilidade de relaxar, em vez de buscar uma prova tangível de que quem você pensa que é não está separado de Deus ou da Verdade. E se você estiver disposto a parar de buscar, será que também estará disposto a assumir o risco de que possa estar realmente separado de Deus, da Verdade, do Espírito, do despertar? Até assumir este risco, você jamais saberá com certeza. Continuará buscando, por causa do medo que você tem de estar separado. Mas, ao parar, que é o convite de meu mestre para você, você assume o risco de ver. "Se eu parar com as minhas estratégias, se parar com o meu ritual e minhas prostrações; se parar com o meu rosário, com minha mandala; se parar meus pensamentos, se parar de contar a minha história, o que restará?" Portanto, o que eu digo não importa, exceto para encorajá-lo, para confirmar a sua descoberta e desafiar você a considerar a real possibilidade de saber quem você é, em todas as histórias, todos os pensamentos, todos os acontecimentos, todas as emoções, todo mundo. Posso ler este trecho de novo? Talvez alguém não tenha ouvido da primeira vez, ou pensou que ouviu.

(Gangaji lê). Qual é a melhor maneira de aprofundar esta descoberta?

Você não pode aprofundá-la. Pare de tentar; espere e veja.

(Gangaji lê.) Como posso falar desta descoberta e como falar a partir dela?

Você não pode fazer isso. Não pode falar d'ISSO. Não pode falar a partir d'ISSO. Pare de tentar e deixe a vida revelar o aprofundamento. Deixe a vida humilhar você, a cada tentativa de falar sobre ISSO e viver ISSO. Esta humilhação, que se passa a vida tentando evitar, é muito valiosa.