"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, fevereiro 20, 2010

Pausa para meditar e orar

pausa


Após tudo o que foi dito à respeito de "Verdade Absoluta" e "verdade relativa" nas "Explanações sobre o Caminho Infinito" até agora, faço uma pausa entre as postagens para explicar rapidamente o que é e como se realiza e se processa a meditação (ou oração).

Meditamos corretamente quando nos compenetramos na Verdade Absoluta, colocando nela toda nossa atenção, toda a nossa mente. Meditar significa afinar cada vez mais o nosso ser com a Verdade Absoluta. Como fazer isso? Primeiramente compreendemos que não há nada que possamos fazer à respeito dela. Não podemos vê-la, compreendê-la ou conscientizá-la através de nossos esforços. Levamos essa idéia conosco para nossa meditação, antes de nos sentar para fazê-la. Levar essa idéia conosco para nossas meditações é fundamental. Deus é maior que o homem; a Verdade é maior que a mente. Deus está no Alto e, se Ele não vier/descer até onde estamos, então nada nos restará a não ser nossa impotência e desamparo. Nós, enquanto condição humana, não podemos nos elevar até Deus; mas se tivermos sufiente convicção, abertura e receptividade teremos preparado e criado em nosso ser todas as condições necessárias para receber o Espírito por se revelar.

Ao sentarmos para meditar não travaremos um diálogo interno com Deus, nem mesmo pediremos a Ele para que faça algo ou conceda alguma graça a nós. Não, nós não suplicaremos. Se suplicarmos, dificilmente conseguiremos acessar ou obter o que pretendemos porque a súplica é exatamente o contrário da oração. Quando, pela boca, o homem profere orações de súplica (ato externo), em seu coração ele declara ao Universo que não possui (ato interno). Por exemplo: se uma pessoa estiver fenomenicamente necessitando arrumar um emprego e orar a Deus dizendo "Deus, por favor me conceda um emprego", o que ela está declarando internamente ao Universo é "Eu não tenho emprego". Isso é palavra! Esse homem está proferindo/declarando a palavra de que "não possui emprego", e trazendo-a a tona. Essa declaração interna é que será levada mais em conta por ser mais verdadeira no coração do homem do que a externa. O Universo/Deus responde a toda palavra que pronunciamos. Se dissermos "eu não tenho emprego", o Universo dirá: "Sim, você não tem". E isso será criado. Portanto, nesse ensinamento, não pedimos nada a Deus. Pedir a Deus significa, também, declarar internamente que Deus ainda não fez, não criou, não realizou. Portanto, pedir a Deus para que realize algo significa não acreditar verdadeiramente em Deus.

Antes de sermos tentados a suplicar a Deus, lembremo-nos dos versículos bíblicos que nos asseguram que a oração já foi atendida antes mesmo de ter sido feita. "Antes que clamem, Eu responderei", "O Pai sabe de suas necessidades antes mesmo de a pedirdes", "Filho, todas as Minhas coisas são tuas". Esses princípios acalmam os nossos anseios e ajudam-nos a orar/meditar corretamente. A verdadeira oração é a de agradecimento. Ao agradecermos, estaremos invertendo o quadro, estaremos reconhecendo (com nosso ato interno) que Deus já nos concedeu tudo quanto necessitamos. Agradecer significa declarar internamente "eu já tenho!". E o Universo reage dizendo: "Sim, você já tem!". Por isso, quando orar, saiba que aquilo que você quer já existe e que Deus já fez e, portanto, agradeça.

Assim, nenhum diálogo deverá acontecer na meditação. Deus é tudo e tudo já está feito. Não tentaremos na meditação ver a Deus ou conhecer a Verdade. O objetivo é afinar nossa mente com a Verdade Absoluta, o que significa, portanto, que, se a "visão de Deus" ou o "conhecimento da Verdade" não for uma realidade para nós neste exato instante, então nada há que se possa fazer a respeito, o caso está perdido. Eis o princípio a ser tomado: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam". Se neste exato instante já não estivermos vivendo no Reino de Deus, então não adianta ao homem empreender esforços para entrar no Reino de Deus. A Verdade Absoluta é a compreensão cada vez mais profunda deste fato. Se o Reino de Deus não tiver sido concedido incondicionalmente ao homem pela Graça de Deus, então não há esperança alguma para o homem de que algum dia ele conseguirá encontrar o Reino de Deus ou conhecer a Verdade. Em se tratando da Verdade, ou a coisa É ou NÃO É. Não há meio termo.

Se prendermos a nossa atenção no mundo ou nas coisas do mundo material durante a meditação, não conseguiremos nos afinar com a Verdade Absoluta, estaremos andando no sentido contrário. Se dermos atenção ao mundo, estaremos negando a Verdade; na meditação a mente não pode ficar presa/apegada/limitada ao que o mundo nos mostra. Não se preocupe com o mundo. Nos momentos de meditação não importa se o mundo está ali ou não, o importante é não dirigirmos nossa atenção ele (a atenção é energia! por isso, quando prestamos atenção no mundo estamos afirmando a existência do mundo), em virtude do reconhecimento interno no qual permaneceremos durante todo o tempo.

A base da meditação será a quietude e o silêncio, lugar esse de onde Deus se revelará. Nada faremos. Apenas assumiremos um estado de expectativa e um estado de receptividade para Aquilo que esperamos em nossa expectação, como se estivéssemos esperando que alguém atenda o telefone do outro lado da linha. De dentro dessa quietude, desse silêncio, cumpre-se a palavra Bíblica "Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus" - a Verdade se revela. A meditação é mais um não-fazer do que um "fazer". A Verdade só pode ser revelada, pode apenas vir do Alto; ela não pode ser "feita" ou manipulada pelo homem porque tudo o que o homem cria ou faz é menor do que ele próprio, e a Verdade é algo maior que o homem. Por isso, na meditação o homem nada faz - ele sequer tenta meditar, do contrário essa meditação será uma criação sua, será algo menor do que ele mesmo: não será a verdadeira meditação. A Verdadeira meditação não pode ser feita, ela a simplesmente ACONTECE, ela vem do Alto. A postura a ser assumida na meditação é: "Fala, Senhor, que o teu servo ouve". A partir daí, ficamos quietos e permanecemos em silêncio, "esperando no Senhor", aguardando que Ele nos revele a Sua Palavra. A Palavra nos chega quando desse silêncio surge em nós uma forte convicção e uma sensação de alívio, de liberação, de graça, de bem aventurança, ou de certeza. Uma sensação de que "está feito", como se fosse Natal e encontrássemos ao pé da árvore todos os presentes que tivéssemos desejado, não sobrando nada em nós senão um profundo e sincero sentimento de gratidão. Tal sensação de graça automaticamente faz surgir um sorriso em nossos lábios, como se houvesse sido retirado de nossos ombros todos os fardos, todos os pesos e responsabilidades que estávamos carregando. É nesse momento que nos desvinculamos e deixamos de responder pelos nossos atos segundo a lei cármica de causa e efeito, esse é o ponto em que somos perdoados pelos nossos pecados. Quando chega essa sensação, a prece foi realizada.

Há uma passagem no livro II Crônicas 20 que diz: "Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus... Nesta batalha não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salvamento que o Senhor vos dará. Não temais nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor é convosco."

Não necessitamos lutar ou pelejar, qualquer que seja a batalha que estivermos travando. A Bíblia diz "a peleja não é vossa mas de Deus". A única coisa necessária é pararmos de tentar resolver o problema com a força e a inteligência do nosso 'eu' humano. "Ficai parados e vede o salvamento que o Senhor vos dará" ilustra o mesmo princípio espiritual que atua na frase "Aquieta-te e sabe: Eu Sou Deus". A história da Bíblia conta que o rei Josafá e seu país estavam sendo ameaçados de ataque por vários exércitos. Então, na iminência da batalha, pouco antes da luta começar, Jaziel, um dos membros do exército do rei, recebeu a divina mensagem acima através de um anjo, e o rei assim decidiu se manter confiante (como se ele tivsse escolha!). É nos momentos mais críticos, quando tudo parece perdido, que mais somos capazer de nos entregar e nos render a um poder divino. E a Bíblia conta que, quando o rei e seu povo chegaram ao campo de batalha, já não havia mais lá nenhum inimigo. Josafá ouviu que "a peleja era de Deus", confiou, aquietou-se e seus inimigos sumiram! Por que sumiram? O que significa isso? Significa que toda aquela situação/circunstância fenomênica de "inimigos prestes a atacar" (que a mente humana vê) não eram existências reais, mas apenas existiam como ilusão. A Bíblia está repleta de relatos mostrando e provando o triunfo do Espírito sobre a matéria. Este mundo, por mais que pareça existir de verdade, não existe! É uma existência falsa. Por mais que aparente ser o lugar das causas, não é senão um mundo das "consequências" dos "efeitos", de "projeções", de "sombras", de "aparências". Essas aparências em si mesmas não têm poder algum, a menos que o homem dê poder a elas, aceitando-as como realidade.

Quando a mente se prende ao mundo dos efeitos (mundo fenomênico), o efeito disso é que será projetado/criado exatamente aquilo que a mente reconheceu, aquilo ao qual a mente deu sua atenção. É por isso que os homens não conseguem ver ou perceber outra realidade senão a material - a situação que estão vivendo no presente não é senão CONSEQUÊNCIA de algum reconhecimento feito no passado. E, por prenderem a mente nessa circunstância ruim (que está projetada no presente, acreditando-a ser uma existência real) e acreditarem convictamente nela, como consequência disso será novamente repetida a projeção da mesma situação ruim. Assim, devido à ilusão, as situações ruins que vivem são recriadas e continuamente revonadas a cada instante. Parece não ter fim! Parece realmente que o mundo é uma existência fixa e imutável. Essa continuidade precisa ser rompida! A Bíblia diz que "o que se vê procede do que não se vê", ou seja o que é 'visível' nada mais é que uma projeção, uma consequência ou um efeito do 'invisível'. Daí porque, nas meditações, não levamos absolutamente o mundo fenomênico em consideração. Antes, reconhecemos a Verdade: "Tudo já está feito!". Mas essa Verdade contradiz tudo o que nos dizem os sentidos humanos; a Verdade Absoluta é invisível para a mente humana (que só reconhece e atua com o relativismo). A crença na matéria como existência real é o que encobre a Realidade Perfeita que está aqui e agora e mantém a humanidade na ilusão. Ao reconhecer a existência dessa Realidade Invisível tendo, ao mesmo tempo, a compreensão de que "a matéria não existe", as imagens ilusórias que ocupavam o nosso "aqui" e "agora" começam a sumir e uma outra imagem (que também é ilusória, pois tudo neste mundo é ilusório) passa a assumir o seu lugar.

Dessa forma, a meditação leva em consideração todos esses aspectos discutidos. O importante mesmo é lembrar que o homem de si mesmo não pode coisa alguma, e deixar que Deus realize todo o trabalho. Lembre-se: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam". Se a Verdade não for agora, ela não poderá ser nunca, porque o homem jamais conseguirá criá-la ou entrar nela. Se você já não for iluminado agora, então não poderá sê-lo nunca. Se você é, é porque Deus assim edificou, e sendo assim não há necessidade de tentar alcançar a iluminação. Não veja as aparências, veja o que você realmente é, sem dar crédito às aparências e logo elas cederão e a Verdade surgirá. Meditar é Ser a própria Verdade.

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