"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, fevereiro 06, 2010

Vacuidade


Mooji


Mooji: O "vazio" não é uma coisa trivial. É o estado o mais supremo. Mas na consciência há esta coceira, e eu uso este termo: a mente do pé do atleta. Existe um pensamento vindo na mente, há esta coceira, e sente-se a necessidade de dar uma coçadinha, você sabe! Como uma questão surgindo, algo mais a ser resolvido. Mas eu digo: permaneça somente como Isto (vazio), e essa coceira desaparecerá. Quando esta coceira está lá, existe a tentação de começar a coçá-la, mas isso apenas faz com que ela se torne mais machucada e horrível. Então apenas tome consciência disto por este momento, mas permaneça como você é, já que você não pode melhorar este vazio. Assim, muitos dos seres estão buscando ser este vazio, retornar a este vazio, você percebe, conscientemente. Quando você vai dormir, você deixa de lado todos seus cuidados e seus interesses sobre você e sua vida. E você ama Ser sem estas pré-ocupações. Quanto dinheiro nós gastamos com a cama,com o quarto, para ter o melhor sono e assim esquecer-se de tudo!? E quando o despertar surge há um frescor no ser, percebe, porque põe de lado todos estes interesses e pré-ocupações. Este vazio que você fala a respeito agora parece ter sido ocultado por seus interesses e onde você põe sua atenção, e enquanto você está se pré-ocupando com seus interesses e atividades do dia-a-dia na verdade você está sendo perturbado. Assim um pequeno bocado de meditação ou de auto-investigação retorna-o a esta afirmação em Seu ser, a este reconhecimento: tudo que há é apenas uma forma de vazio, além até do conceito de vazio.

E então, há como você pisar fora deste vazio agora?

Questionador: Não de minha própria vontade. Eu sei que eu posso. Eu nunca tentei escapar...

M: No vazio, o que é você? Você está no vazio como você está neste quarto, ou você é o vazio?

Veja, se você disser que você está em algo, então há como dois: há um sentido de Eu e um sentido que Eu estou em algo. É esta a direção que eu estou apontando, porque se você sente que está dentro de algo, logo o vazio transforma-se num tipo de experiência, e você permanece como o experienciador, e há uma forma de dualidade nisto. Assim se faz possível o sentido de sair do vazio, isso torna-se muito mais vivo e real, uma possibilidade. É por isso que eu lhe estou perguntando: no vazio, o que é você? Que forma você está vestindo no vazio? Você está nele, ou você é ele?

Q: Eu sou ele.

M: Então se você é ele, como você pode pisar fora?

Q: Algo vem e o cobre. Lixo.

M: Você percebe? se você estiver na terra, você poderá dizer: uma nuvem cobriu o sol. Mas o sol não conhece isso. Não conhece a sensação que Eu estou sendo coberto.

Q: Ok. Então o importante é quem está vendo.

M: Sim. Quando você diz: Eu estou coberto, é como se eu estivesse escondido de mim mesmo. Eu estou apenas fazendo com que você olhe, e isto é muito importante realmente. É simplesmente através desta sútil negligência que esta dor se infiltra, esta sensação de separação, esta sensação de divisão em seu Ser. Mas quando você a investiga realmente, isto é exposto como um tipo de fraude. Você é apenas você. Ontem nós falamos sobre isso, que a faca pode cortar muitas coisas mas não podem cortar-se porque é um consigo própria. E o olho pode ver muitas coisas, mas não pode ver-se porque é um consigo mesmo. E uma balança pode pesar muitas coisas mas não pode pesar-se porque é um. E você é você mesmo, você não pode perceber-se. Você pode somente perceber alguma idéia de você. Você é esta unidade, percebe? Não há nenhuma divisão em você. Somente por esta função da consciência é que parece como se você estivesse se transformado em algo qualitativo, algo que você pode avaliar. Mas o que quer que você possa ver não pode ser você.

Q: Inclusive o vazio?

M: O vazio é somente uma idéia neste momento. Uma palavra na consciência. Mas aponta para algo que na realidade você sente intuitivamente. De uma certa forma é como o vazio estivesse percebendo o vazio. Ou a consciência percebendo a consciência. Não há realmente uma forma que está sendo observada nisto. Não há nenhuma palavra realmente adequada para expressar isto. Neste momento você está na periferia da línguagem, e as palavras estão esgotando sua própria energia porque nenhuma palavra servirá. Apenas este reconhecimento Eu Sou, mas o que Eu Sou eu não posso dizer. Você não pode definir o que este SER é.

Algum distúrbio?

Q: Sim, eu estou me sentindo desconfortável...

M: Não sinta que você não deva se sentir assim. Às vezes você sente: "bom, eu estaria bem se apenas..." Hoje nós comentamos um exemplo, um amigo ligou: 'Alô, como você está?' -'eu estou muito bem, e você?' -'na verdade eu ainda estou no trabalho e foi um dia muito estressante e eu tenho ainda um par de horas a fazer, mas não importa porque em breve eu estarei em casa e tomarei um banho, e tudo estará bem...' Eu disse: -'não, não; não deixe que sua mente te engane por mais três horas! para que dizer “... e então?' Nós sempre estamos fazendo este tipo de coisa: 'quando as crianças crescerem, daí então eu começarei a viver novamente, terei minha vida de volta !' ou 'se somente eu pudesse arranjar este financiamento...' 'Quando...e então...' sempre esta promessa, você percebe? É um ladrão. Então eu disse: -'Não, agora mesmo Você é.' E imediatamente sua resposta foi: -'Obrigado.' Ele necessitou apenas disto para despertar outra vez. Foi o bastante, a argumentação parou, percebe? Ás vezes esta borbulha está fervendo mas se você não a alimenta, pode ignorá-la. É como se você estivesse cozinhando um ensopado,você desliga o fogo mas ele continua ainda borbulhando. Mas eventualmente tudo se acalma porque a fonte, o combustível, foi esgotado, você vê? Desta forma esta desconexão é somente a sua convicção: -'O que quer que esteja surgindo, Não, isto não sou eu'. Ainda sim: 'bla,bla,bla,bla!' Isto seguramente diminuirá, mas você não estará esperando.

Q: Eu necessito que você me lembre.

M: Não, você não o necessita. Você o aprecia. Você não necessita de coisa alguma. Você aprecia ser lembrado. Obrigado.

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