"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

terça-feira, agosto 31, 2010

Contemple a própria perfeição como filho de Deus!


MASAHARU TANIGUCHI


Da mesma forma como Deus vê no homem o “Seu Filho”, o homem deve ver a si mesmo como um “Filho de Deus perfeito” e respeitar a sua própria perfeição. Assim como Deus vê o “Seu Filho” como “Espírito”, devemos ver a nós mesmos como “Espírito”. Devemos contemplar-nos como “Filho de Deus”, já rico como Deus, já dotado de infinitas boas ideias como Deus, já possuidor de profundo amor tal qual Deus, que age sempre com bondade com relação ao próximo. O Aspecto Real do homem já é perfeito, mas essa perfeição manifesta-se no mundo fenomênico na proporção em que é contemplada.

Todos os fenômenos são imagens manifestadas. Tudo que existe fenomenicamente tem uma origem, que é anterior à manifestação. Essa origem é a “causa”, e o que foi manifestado é o “efeito”. Sendo efeito, não existe por sua própria força, mas sim em consequência de uma causa; e basta mudar a causa, para que o efeito mude naturalmente. Portanto, se estiver manifestado em fenômeno um aspecto maléfico, devemos descobrir a sua causa mental e corrigi-la. Assim, a manifestação fenomênica também se tornará correta.

Quando você se sentir cansado ou abatido fisicamente, chame imediatamente por Deus, que é a Grande Vida, a fonte originária de sua Vida. Sem pensar em corpo debilitado ou cansado, mude rapidamente a direção de sua mente, volvendo-a para Deus.

Não volver nossa mente para Deus, apesar de Ele estar constantemente fazendo fluir Sua Vida para nós, é o mesmo que, apesar de estar sendo transmitido um bom programa, não sintonizar o nosso televisor no canal que está transmitindo esse programa.


Comentário:

O texto que foi postado, de Masaharu Taniguchi, é muito importante e deve ser totalmente entendido para ser posto em prática! Se olharmos as imagens refletidas neste mundo, nós as veremos ora boas e ora más. Se forem rotuladas de “más”, e se prendermos a mente a elas por causa disso, mais imagens “más” se projetarão, pois, tais imagens não têm vida própria, sendo meramente projeções ou efeitos. A causa está no “molde mental”. Existem máquinas caseiras de fabricação de macarrão que trazem diversos moldes a serem utilizados, dependendo do tipo de massa a ser criada. Se o molde que estiver na máquina produzir um tipo de macarrão bem fino e quisermos mudá-lo para outro tipo de maior grossura, bastará alterarmos o molde! Tão logo ele seja mudado, a mesma massa que antes saía na forma de macarrão fino passará a sair naturalmente em formato mais largo. Não teríamos esse resultado sem alterarmos o molde. O mesmo acontece com a suposta vida humana; por não ter existência real e por ser meramente um reflexo temporal, ela pode ser moldada a cada instante em função de nosso molde mental estar bem mais ou bem menos sintônico com a perfeição da Existência espiritual. Quanto mais você estiver de olhos nas aparências, mais estará sujeito a cair no trote da ilusão, pois será tentado a fazer o julgamento por estas aparências, e, se elas se mostrarem más, com você espiritualmente desatento, acabará por endossar tais miragens e por se deixar iludir por elas. Por outro lado, quanto mais você descartar os “efeitos”, este ILUSÓRIO mundo das aparências, por se colocar como observador da oniação perfeita, geradora única e real da Realidade, mais este “molde perfeito” estará se projetando em sua vida.

Observe o “molde” e não os efeitos! Se sua mente estiver presa ao “molde da perfeição absoluta”, nada mais do mundo visível o iludirá! E, caso isso esteja acontecendo, de você estar preso a alguma imagem indesejável, bastará soltá-la radicalmente para se voltar ao molde do desejável, ou seja, a perfeição. Lembre-se: você jamais mudará o tipo de macarrão sem trocar o molde que atua na massa!

Releia o artigo acima e observe a sua profundidade! Em seguida, pratique os princípios expostos!
(Dárcio Dezolt).

sábado, agosto 28, 2010

Relaxe e deixe o Cristo se expressar

Joel S. Goldsmith


O Cristo é a atividade da Verdade na consciência individual. É mais uma receptividade à Verdade do que a sua verbalização. Na medida em que conseguimos a quietude interior, tornamo-nos sempre mais receptivos à Verdade que se nos revela, dentro de nós mesmos. A atividade desta Verdade na nossa consciência é o Cristo, a própria presença de Deus. A Verdade recebida e mantida continuamente em nossa consciência é a lei da harmonia em todas as nossas vicissitudes. Ela governa, dirige, orienta e suporta todas as nossas atividades da vida cotidiana. Quando nos aparecer a ideia de doença ou carência, esta Verdade onipresente será o nosso curador e nosso recurso; será mesmo nossa saúde e nosso suprimento.

Para muitos, a palavra Cristo continua sendo um termo mais ou menos misterioso, uma entidade desconhecida, algo raramente ou nunca vivenciado diretamente. Se, porém, quisermos nos beneficiar com a revelação da Presença divina ou Poder dentro de nós, feita por Cristo Jesus e outros, teremos de modificar este estado de coisas. Devemos chegar à experiência do Cristo como uma revelação permanente e contínua. Temos de viver com a percepção consciente e contínua da verdade interior ativa; mantendo sempre uma atividade receptiva – ouvidos atentos – e não demorará para que tenhamos a experiência do despertar interior. Esta é a atividade da Verdade dentro da consciência, ou o Cristo que alcançamos.

A falha em curar, ou em despertar e conhecer a verdade, ocorre frequentemente por causa da descrença de que nós somos a expressão de Deus, ou da Vida, ou da Inteligência ou das qualidades divinas. Isso nunca é verdade. Deus, ou a Consciência, expressa eternamente a Si mesmo e as Suas qualidades. A Consciência, a Vida, o Espírito, nunca pode falhar. Nossa tarefa é aprender a relaxar e deixar que nossa Alma se manifeste. O egoísmo é a tentativa de ser ou de fazer algo pelo esforço pessoal físico ou mental. O não nos preocupar é nos privar do pensamento consciente e deixar que as ideias divinas preencham nossa consciência. Uma vez que somos Consciência espiritual individual, podemos sempre confiar que a Consciência realize a Si mesma e à Sua missão.

Cada vez mais devemos nos tornar expectadores ou testemunhas. Temos de ser observadores da Vida e Sua harmonia. A cada manhã temos de acordar ansiosos para ver um novo dia que revele e desdobre, a cada hora, novas alegrias e vitórias. Diversas vezes por dia temos de perceber conscientemente que estamos testemunhando a revelação da Vida eterna, o desdobramento da Consciência e de Suas infinitas manifestações, da atividade do Espírito e de Suas grandiosas formas. Em cada situação do nosso dia-a-dia, aprendamos a ficar por trás de nós mesmos e ver Deus ao trabalho, testemunhar a ação do Amor nas nossas vicissitudes e esperar que Deus Se revele em tudo que nos rodeia. Somos expectadores e testemunhas desta divina atividade da Vida, que realiza e manifesta a Si mesma.

Conscientize diariamente: "Carrego comigo a atmosfera de meu ser, e ela abençoa, não somente a mim, mas a todos que estiverem em minha faixa de consciência. Eles devem ser abençoados até por tocarem minhas vestes, pois, caminho permeado da atmosfera de Deus. Deus é minha Mente, minha Alma e a Substância de meu corpo; é a Lei de meu corpo. Nada há, no que se refira a mim, que seja algo além de Deus; e, se por alguém eu for visto como algo inferior, é de meu conhecimento estar ele vendo um mero conceito, fruto de sua própria visão. Aqui onde eu estou, existe unicamente Deus; e, de minha parte, é tudo quanto eu vejo em qualquer um."

quinta-feira, agosto 26, 2010

O modo de nos restabelecermos no reino de Deus

Joel S. Goldsmith


Espiritualmente, somos igualmente herdeiros de Deus, filhos de Deus – herdeiros, co-herdeiros. Humanamente, Deus nem mesmo nos conhece. Não somos sequer conhecidos por Deus humanamente. Se Deus conhecesse seres humanos, todos seriam perfeitos. Se Deus conhecesse seres humanos, todos haveriam de ser saudáveis, prósperos e sábios. Se Deus conhecesse seres humanos, jamais um deles morreria. Deus não conhece seres humanos – não conhece humano algum, porque os humanos seguiram o caminho da carne. Para sermos conhecidos de Deus nós devemos ser filhos de Deus, herdeiros de Deus; e, para sermos filhos de Deus ou herdeiros de Deus, precisamos fazer algo. Como vínhamos aceitando esta criação dualista, esta crença no bem e no mal, esta egoidade apartada de Deus, esta imagem de nós mesmos, e que não constitui o ser que somos – aceitando, entretanto, tudo isso até agora, teremos de fazer alguma coisa. E a missão toda de Cristo Jesus – sua missão integral – foi nos mostrar o que nos caberá fazer para nos tornarmos filhos de Deus novamente – sermos restabelecidos no reino de Deus.

Jesus ensinou-nos aquilo que devemos e aquilo que não devemos fazer. Apontou-nos que não devemos agir segundo a lei do “olho por olho, dente por dente”. Não devemos retribuir o mal com o mal. Muita coisa nos disse sobre o que não devemos fazer; porém, ele principalmente nos apontou aquilo que devemos fazer: “Ama o próximo como a ti mesmo”. Sim, logicamente, todo aquele sob a cobertura do céu conhece esta declaração: “Ama o próximo como a ti mesmo”. Isto se tornou um clichê mundial. Mas, diga isto francamente às pessoas, de homem para homem ou de mulher para mulher, e elas lhe dirão: “Sim, entretanto isto não é nada prático! Era correto para Jesus, mas não para nós.” Elas não poderiam estar mais distante da verdade. Não puseram isto em prática, e não puderam testemunhar a sua praticidade. E isto não apenas é muito prático, mas, para ser franco, constitui a maneira única de nos restabelecermos no reino de Deus.

O amor não anseia por retorno ou recompensa: assim, se algo que porventura estiver fazendo contiver qualquer desejo de recompensa, reconhecimento, gratidão, aquilo se torna um trato, nunca amor.

Quando duas pessoas, que dizem se amar, assumem a atitude do tipo: “Você fará isto, enquanto eu farei aquilo”, saibamos que isso não é amor. Será um acordo. Amor é o que uma pessoa sente e executa sem o mínimo sinal de expectativa ou desejo de recompensa.

A melhor maneira de se explicar, está em pensar naquilo que fazemos por nossos filhos. Certamente não teríamos a intenção de fazer algo por eles na esperança de receber gratidão. Não, faríamos por aquilo ser nossa função como pais.

Se você conseguir expandir a mesma atitude com relação a todos, poderá eliminar de seus relacionamentos humanos todo tipo de discórdia. Os conflitos não surgem exatamente porque você aguarda algum retorno por algo que tenha feito? Ficando nessa expectativa, estará violando a lei espiritual.

Tudo o que lhe deve chegar na vida, deve provir de Deus, não de homens -- tudo. Deve ser, para você, privilégio e alegria fazer todo o trabalho que lhe for dado com o máximo de sua capacidade, não por recompensa, reconhecimento, gratidão, mas porque ele deve ser feito, e a única forma de você se realizar será fazendo-o dando o máximo de si.

Sua recompensa, sua compensação e a harmonia de sua vida devem vir de Deus, não de homens. Assim, se alguém retiver gratidão, reconhecimento ou recompensa, estará prejudicando a si mesmo, e não a você. A gratidão é um dos maiores atributos do amor, e uma pessoa que não estiver repleta de gratidão estará vazia de amor, que, na verdade, significa estar vazia de Deus. Uma pessoa que não é agradecida, que não colabora, que não compartilha nada, nunca está prejudicando a outra pessoa. Estará prejudicando somente a si própria.

No meu entender, tudo que fazemos deve ser feito pela realização de Deus como nosso próprio ser. Um funcionário que se dirigir ao local de trabalho, esquecido de patrão, esquecido do valor do salário, executando tudo com o máximo de sua habilidade, logo estará sendo considerado indispensável, e terá sua recompensa. Se ela não lhe chegar naquele emprego, virá em algum outro, porque se o empregador atual não for capacitado a notar este seu talento e bom desempenho, algum outro surgirá para fazê-lo, e acabará por contratá-lo. O ponto principal é que ninguém deverá jamais trabalhar meramente na expectativa de ser recompensado, pois sua recompensa poderá vir de outra direção.

O mesmo é válido nos lares: ninguém deverá fazer as coisas somente por reconhecimento ou gratidão, mas por aquilo ser o que lhe cabe fazer, e que deverá ser feito ao máximo de sua capacidade, na certeza de que a recompensa e reconhecimento virão de Deus, não de homens. Relacionamentos harmoniosos poderão ser mantidos somente nessa base. Se você investir em cada relacionamento o que lhe é devido, a harmonia é obrigada a acompanhar.

O Sermão da Montanha deve se tornar, para nós, um conjunto de princípios de vida. Deve ser considerado o padrão de nossa existência, se é que trabalhamos para sair da mortalidade rumo à imortalidade, para deixarmos ser alguém da terra, um homem natural, para, uma vez mais, sermos o Cristo. Há certas coisas que precisam ser feitas. Não devemos estar apreensivos quanto à nossa vida. Esta recomendação elimina todo tipo de oração por você mesmo, não? “Não esteja apreensivo quanto à sua vida”. Tente pôr isso em prática, e constatará quão louco poderá ficar, graças a Jesus e graças a mim. A Jesus, por ter ele dito isso primeiramente, e, a mim, por tê-lo lembrado disso. Observe como é difícil parar de orar por você mesmo, pela sua vida, pelo que irá comer ou beber, ou pelo que irá vestir. E, também, pelo transporte que irá ter, pelo lar que irá possuir, ou pela companhia que irá ter. Pense em varrer todas estas coisas de sua mente, a fim de poder ser filho de Deus, a fim de poder buscar a dimensão divina, o reino de Deus – o Meu reino que não é deste mundo. Você não conseguirá aplicar o Meu reino, a Minha graça, o Meu poder ou a Minha paz em cima “deste mundo”.

Tenho pedido aos nossos alunos, e continuarei a pedir, que eles dediquem um período de suas meditações diárias somente a Deus. Não por eles próprios, nem suas famílias, não por seus negócios, nem por seus pacientes ou alunos, e nem mesmo pela paz na Terra, mas tão-somente por Deus. Em outras palavras, que reservem um período de meditação em que irão a Deus com mãos limpas.

"Pai, não busco nada. Não estou pedindo nada para ninguém. Não vim aqui para obter algo nem realizar algo. Estou aqui com o mesmo espírito com que iria ver minha mãe onde ela estivesse disponível. Apenas para visitar. Apenas para comungar. Apenas para amar. O amor entre minha mãe e eu é de tal natureza que adoraria me sentar perto dela, andar com ela, me sentar a seus pés, ou ficar em seu colo. Adoraria estar na companhia dela, sem me importar se por dias, semanas, meses, ou se ocasionalmente, apenas pudesse contar com 2 ou 3 minutos de seu tempo. Nada desejaria dela. Nada estaria buscando. Apenas a alegria de estar em sua companhia, sentindo a alegria que flui naturalmente da mãe pra um filho, pra uma criança. Por isso estou aqui hoje. Você é o Pai e a Mãe de meu ser. Você é a Fonte de minha vida. Você é minha Alma, o meu Espírito. Você é Aquele que me faz pulsar. E eu venho neste momento apenas pela alegria da comunhão. Não tenho favores a pedir. Nem desejos. Passemos este momento juntos, em comunhão. De tal forma que, onde Você estiver, eu esteja. E que eu me lembre de que onde eu estiver, Você estará, por sermos um. Apenas pela jubilosa percepção de que estou em Você e Você em mim. Sim, e se possível, sentir a certeza de Sua Mão na minha, ou um toque de Seu dedo em meu ombro. A Sua Presença me basta, é Tudo! A Sua Presença!"

terça-feira, agosto 24, 2010

A natureza do erro

Joel S. Goldsmith


Quando buscamos a Verdade com fervor, o caminho se abre. Tempo e dinheiro aparecem para garantir nosso estudo. O mesmo Espírito que nos aumenta o suprimento também nos liberta de todo tipo de erro.

Não faça da crença uma realidade, pensando sobre ela ou condenando-se, ou aos demais: não lute como se ela fosse real. Lembre-se: é pura ilusão, mito ou crença. Não crença sua, mas o pensamento coletivo. Não lute contra ela, não a enfrente; sente-se tranqüilamente e volte-se ao Amor divino. Perceba que este espírito do Amor Divino está atendendo agora a cada necessidade humana. Sempre que dispuser de alguns minutos, volte-se ao Cristo, o Ideal divino, e sinta a Sua proximidade. Não pense em erro, pecado, doença ou qualquer outra desarmonia: preencha seu pensamento com a presença de Deus, e isto dissolverá o erro.

Se, às vezes, o problema parece se agravar, é porque você o está considerando como algo a ser dominado e destruído! Um erro não é uma coisa ou condição, mas uma simples crença; assim, é claro que se o encarar como sendo alguma coisa, estará tornando real aquilo que é puro nada.

Recorde sempre que você é Espírito, Vida eterna. Você não necessita de cura. “O homem é a expressão do Ser de Deus”, escreve Mary Baker Eddy, sendo integral e harmonioso. Por outro lado, o erro alega ser o homem; alega usá-lo como canal de sua expressão; apesar disso, ele não é pessoa, nem lugar, nem coisa. O erro não é identidade nem entidade. É desprovido de vítima, canal, saída, alvo, lei, causa ou efeito. Eis um bom motivo para que deixe de temer evidências falsas de doença ou discórdia: a certeza de que “Deus criou o homem à Sua própria imagem”, e, portanto, o homem é espiritual.

O que vem recebendo o nome de matéria, corpo físico, condição física, não tem existência alguma, exceto como argumento mental ou aparência falsa. Não há órgãos ou funções físicas no Espírito. Deus Se manifesta como Mente; o que surge como materialidade é mero conceito equivocado daquilo que é espiritual e eternamente bom.

O erro alega estar se apresentando como pessoa, ou como condição física, mas jamais é algo além de mera sugestão mental, aparecendo ao sentido humano como matéria ou condição material. Sendo apenas sugestão, ele está sujeito ao conhecimento da Verdade. A condição não é modificada, mas o conceito é mudado ou corrigido, dando lugar Àquilo que sempre esteve existindo: a perfeição.

“Cristo, ou Idéia espiritual, apareceu à consciência humana como o homem Jesus”, escreve Mary B. Eddy. Assim, hoje o Cristo aparece ao pensamento humano como você e eu, sendo sempre o Cristo indestrutível, imperecível, o divino Filho, o Ser perfeito.

O erro da crença humana, individual ou coletiva, que alega existir alguma doença, não tem o poder da Verdade. Ele é, portanto, sem causa, e é incapaz de produzir algum efeito como pecado, doença, falta ou limitação.

Por trás de toda manifestação de doença ou discórdia, está o errôneo conceito mental que proclama operar na mente humana como lei, como poder ou autoridade de lei. É de máxima importância percebermos que estes estados mentais errôneos não têm origem na Mente ou Inteligência divinas. Não têm base alguma: são desprovidos de causa e, desse modo, são sem efeito.

Fiquemos alerta quanto à natureza do erro. Senão, seremos iludidos por ele, acabaremos por nos ver aceitando como real o que é ilusão, miragem, sugestão. Lembre-se: o erro nunca é uma condição, pessoa, lugar ou coisa: ele é sempre uma ilusão.

domingo, agosto 22, 2010

A origem impessoal do mal

Joel S. Goldsmith


Um dos pontos mais importantes desta mensagem é a revelação da origem e natureza do mal, e de como devemos tratá-lo. Todas as religiões ensinam que Deus é onipresente e onipotente; porém, todos os males continuam presentes sobre a face da terra. O mero conhecer intelectual da totalidade de Deus é pouco. Que mais será preciso? Esta Verdade precisa ser conscientizada. Para isso, utilizamos alguns princípios.

A origem e natureza impessoal do mal é um dos princípios mais importantes. Seja qual for o mal, ele é impessoal. Isto quer dizer que jamais ele é criado pela mente errônea de alguma pessoa. Procurar pela causa do problema dentro de si, ou dentro de alguém que nos solicite ajuda, é o mesmo que perpetuá-lo ou impedir que ele seja resolvido. O mal, ou erro, que está se expressando em você, seja como doença ou como algum traço negativo de caráter, não tem absolutamente nada a ver com você.

A origem do mal está em algo que, por ora, chamaremos de “mente carnal”. Se este termo não lhe diz nada, substitua-o por palavras como satanás, aparência, pretensão ou ilusão. O nome não importa: importa saber que o mal, de qualquer nome ou natureza, provém de uma origem universal impessoal. Se você não for capaz de separar por completo o mal de um indivíduo, a ponto de ver um homem roubando uma carteira e conscientizar: “Obrigado, Deus, sei que ele não é ladrão. Há, por trás disso, a ação da mente carnal”, se não puder fazer isto, suas possibilidades como curador serão remotíssimas. E se, frente a alguma doença, você for tentado a crer ser algum estado mental negativo a sua causa, ou alguma outra condição ou circunstância, há pouca esperança de que consiga ser bem-sucedido como curador.

Nenhuma qualidade humana é causadora de doença. Você deve impersonalizar instantaneamente todo problema que lhe vier, conscientizando que ele tem sua origem numa fonte impessoal. Esteja certo de que ele não se encontra em você, nem em seu aluno nem em que lhe tenha solicitado auxílio. Deus constitui a identidade do ser individual. Seu nome é EU, e este EU também é Deus. O “Eu” não é dotado de nenhuma qualidade ou propensão de caráter maligno.

Quando este “princípio de impersonalização” tiver sido aplicado, teremos vencido a metade da batalha. O passo seguinte será reconhecermos que a “mente carnal” é nada. A “mente carnal” é uma crença em dois poderes.

Deus nunca criou dois poderes; Deus nunca criou uma crença em dois poderes. Assim, esta crença não tem poder divino. Não é causa e não possui lei que a possa manter. Para nos livrarmos dela, precisamos conhecer a Verdade, e a Verdade é que Deus é o único Criador: o que Deus não criou não foi jamais criado! Como a crença em dois poderes não foi feita por Deus, não é por Ele mantida, e inexiste qualquer lei para perpetuá-la.

O primeiro passo, então, é impersonalizar o mal, isolá-lo da pessoa, sem jamais dizer um “ele” ou “ela”, reconhecendo que o mal está na “mente carnal” universal. Em seguida, declarar que esta “mente carnal” não é algo contra Deus, mas uma crença sem Deus, sem lei, presença ou poder que a sustente. Com isto, cerca de oitenta por cento dos casos serão resolvidos. Não há, de fato, a remoção dos problemas: a visão clara da perfeição eterna revela aquilo que sempre tem existido, exatamente onde a suposta discórdia parecia estar presente.

A dificuldade poderá estar nos outros vinte por cento dos casos, a que se referiu Jesus: “Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum”. Para resolver alguns deles, o curador terá de elevar-se muito alto em consciência. De minha experiência, posso dizer que nenhum curador resolveu cem por cento dos casos. Mas, grande número poderá ser solucionado, e poderemos chegar a noventa e cinco por cento de sucesso. Para o restante, teremos de nos elevar ainda mais, para alcançarmos a consciência capaz de permitir-nos dar uma solução.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Além da imaginação


Marcelo Ferrari


A maior curiosidade de Leela era atravessar aquele buraco no céu. Ela passava seus dias imaginando o que teria do outro lado. Imaginava coisas malucas, desenhando-as em sua tela mental, depois apagava tudo, pois mesmo malucas, eram comuns demais, e do outro lado mesmo deveria haver coisas inimagináveis. Mas como seriam estas coisas inimagináveis? Isto lhe arrepiava a pele e aguçava mais a imaginação. Leela voltava a imaginar coisas inimagináveis. Mas novamente eram muito parecidas com as coisas do seu próprio mundo. Os passarinhos do outro lado eram linguas de fogo. Os gigantes eram pessoas ampliadas e pintadas de verde. Que cor seria uma cor inimaginável? Leela se pergunta. E assim seguia...

Uma vez por ano, descia uma espaçonave pelo buraco e vinha até sua cidade. Era dia de levar algumas pessoas pro outro lado do buraco. Num dia desses...

— Leve-me em sua espaçonave — disse Leela ao capitão da nave.
— Você está preparada? — perguntou o capitão.
— Sim, sim! Estou sim! — ela respondeu.
— Tem certeza!? — disse o capitão — Pra ir comigo e passar por aquele buraco, você precisa estar preparada pra deixar tudo aqui. Tudo que tem, tudo que conhece, tudo que gosta e também o que desgosta. Isto significa deixar seus pais, seus amigos, seus brinquedos, suas raivas, suas alegrias, suas idéias, suas imaginações sobre o que há do outro lado. Ir comigo pro outro lado é igual morrer. Você terá que deixar tudo aqui, até suas esperanças. Não posso te levar com expectativas de voltar. Se você disser que sim, que está preparada pra deixar tudo pra trás, eu levo você agora mesmo.

Leela havia imaginado aquele momento centenas de vezes, com replay. Era a realização de um sonho. Só que o preço estava muito alto. Ela amava seus pais, seus amigos, seu gato, seus passeios pelos bosques. Ela amava até a professora chata da escola e o sapato quase apertado que sua mãe insistia em faze-la usar. E se fosse ruim do lado de lá? E se o inimaginável não fosse nada do que ela imaginava?

— Não estou preparada ainda — Leela respondeu ao capitão da nave.

A nave partiu. Mas como sempre, voltava ano após ano. O capitão olhava ao redor, mas nunca mais voltou a ver Leela por perto. Ela estava se preparando. Tinha decidido que só voltaria a falar com o capitão no dia que estivesse pronta pra partir. Porém, os dias passavam, e Leela, ao invés de se sentir mais pronta pra abrir mão de tudo, sentia cada vez mais peso ao pensar que nunca mais veria, pegaria, lamberia e sentiria as coisas daquele mundo. Então, quando Leela completou 21 anos, ela tomou um decisão radical. Apesar de todo o pesar, apesar de não estar preparada, apesar de tudo, ela embarcaria na próxima nave.

— Leela, você por aqui hoje! — disse o capitão da nave.
— Sim, vim embarcar pro outro lado.
— Lembra do que te disse? Está preparada?
— Sim, lembro do que você falou e não estou preparada, mas vou mesmo assim.

O capitão sorriu, abriu um buraco no chão do mundo de Leela, e pediu que ela deixasse tudo que tinha ali.

— Nada deste mundo pode ser levado pro outro lado — disse o capitão da nave.

Leela foi deixando tudo ali, até ficar nua.

— Eu disse tudo, Leela, falta uma coisa ainda! — disse o capitão.
— Falta o quê? Deixei tudo pra trás, meus pais, amigos, gato, sorvete preferido, sonhos, expectativas. Estou completamente nua.
— Falta deixar você, Leela! — disse o capitão — Nada deste mundo pode ser levado pro outro lado. Você precisa deixar a Leela aqui também.

Leela levou um susto. Mas sua decisão estava tomada, ela iria pro outro lado mesmo que tivesse que deixar a si mesma. E foi isto que ela fez, despiu-se de si mesma e entrou na nave. O capitão fechou a porta e a viajem começou.

Conforme a nave se aproximava do buraco no céu, Leela podia se lembrar das milhões de expectativas que tinha sobre aquele momento, mas como havia deixado todas as expectativas no mundo dela, assistia a aproximação em paz. Quando a nave finalmente atravessou o buraco, Leela levou um susto. Parecia até que a nave estava voltando de ré. O mundo inimaginável era idêntico ao seu mundo, sem tirar nem por. A nave foi se aproximando do chão e a cidade do mundo inimaginável era idêntica a cidade de onde ela havia saído. Tão idêntica, que tinha até uma outra Leela esperando na fila, pra embarcar pro outro lado do buraco. O capitão pediu pra que a outra Leela se despisse de tudo, assim como pediu a ela, e assim que a outra Leela embarcou na nave, o capitão permitiu que Leela descesse no mundo novo.

— Este aqui é o mundo da felicidade, Leela. — disse o capitão — Duvido que você, mesmo com sua imaginação fértil, tenha sido capaz de imaginar algo tão diferente assim do seu outro mundo.
— Nunca! — respondeu Leela sorrindo e em profunda paz — Nunca seria capaz de imaginar a felicidade que estou vendo neste mundo.
— Pode desembarcar e aproveita-lo.

Leela desceu da nave, pegou a roupa da outra Leela, e voltou pra casa. Nunca mais se pré-ocupou com o inimaginável, o novo mundo ocupou todo seu tempo.



______________________________________________
*Marcelo Ferrari é escritor, filósofo e poeta.
Para saber mais sobre ele, e sobre seu trabalho, clique aqui.

terça-feira, agosto 17, 2010

Tempo: um conceito psicológico



Eckhart Tolle


Abandonando o tempo psicológico

Aprenda a usar o tempo nos aspectos práticos da sua vida – podemos chamar de “tempo do relógio” –, mas retorne imediatamente para perceber o momento presente, tão logo esses assuntos práticos tenham sido resolvidos. Assim, não haverá acúmulo do “tempo psicológico”, que é a identificação com o passado e a projeção compulsiva e contínua no futuro.

O tempo do relógio não diz respeito apenas a marcar um compromisso ou programar uma viagem. Inclui aprender com o passado, para não repetir os mesmos erros indefinidamente. Estabelecer objetivos e trabalhar para alcançá-los. Predizer o futuro através de padrões e leis, que podem ser físicas, matemáticas, etc. Aprender com o passado e adotar as ações apropriadas com base em nossos prognósticos.

Mas, mesmo aqui, no âmbito da vida prática, onde não podemos agir sem uma referência ao passado ou ao futuro, o momento presente permanece como um fator essencial, porque qualquer ação do passado é relevante e se aplica ao agora. E planejar ou trabalhar para atingir um determinado objetivo é feito agora.

O principal foco de atenção das pessoas i1uminadas é sempre o Agora, embora elas tenham uma noção relativa do tempo. Em outras palavras, continuam a usar o tempo do relógio, mas estão livres do tempo psicológico.

Esteja alerta quando praticar isso, para que você, sem querer, não transforme o tempo do relógio em tempo psicológico. Por exemplo, se você cometeu um erro no passado e só agora aprendeu com ele, está utilizando o tempo do relógio. Por outro lado, se você considerar isso mentalmente e daí resultar uma autocrítica, um sentimento de remorso ou de culpa, então você está transformando o erro em “meu”. Ele passou a ser uma parte do seu sentido de eu interior e se transformou em tempo psicológico, que está sempre relacionado a um falso sentido de identidade. A dificuldade em perdoar envolve, necessariamente, uma pesada carga de tempo psicológico.

Se estabelecemos um objetivo e trabalhamos para alcançá-lo, estamos empregando o tempo do relógio. Sabemos bem aonde queremos chegar, mas respeitamos e damos atenção total ao passo que estamos tomando neste momento. Se insistimos demais nesse objetivo, talvez porque estejamos em busca de felicidade, satisfação ou de um sentido mais completo do eu interior, deixamos de respeitar o Agora. E ele é reduzido a um mero degrau para o futuro, sem nenhum valor intrínseco. O tempo do relógio se transforma então em tempo psicológico. Nossa jornada deixa de ser uma aventura e passa a ser encarada como uma necessidade obsessiva de chegar, de possuir, de “conseguir”. Aí, não somos mais capazes de ver nem de sentir as flores pelo caminho, nem de perceber a beleza e o milagre da vida que se revela em tudo ao redor, como acontece quando estamos presentes no Agora.

Consigo ver a importância suprema do Agora, mas não posso concordar quando você diz que o tempo é uma completa ilusão.

Quando afirmo que “o tempo é uma ilusão”, não tenho intenção de fazer nenhuma afirmação filosófica. Estou apenas chamando a atenção para um fato simples, a1go tão óbvio que você pode achar difícil de entender e até mesmo considerar sem sentido. Mas perceber isso será como cortar com uma espada todas as camadas de “problemas” criadas pela mente. Repito que o momento presente é tudo o que temos. Nunca há um tempo em que a nossa vida não é “este momento”. Não é verdade?


A insanidade do tempo psicológico

Não teremos qualquer dúvida de que o tempo psicológico é uma doença mental se olharmos para as suas manifestações coletivas. Elas ocorrem, por exemplo, na forma de ideologias como o comunismo, o nacional-socialismo ou qualquer nacionalismo, ou de sistemas rígidos de crenças religiosas, que atuam na suposição implícita de que o bem maior repousa no futuro e que, portanto, o fim justifica os meios. O fim é uma idéia, um ponto na mente projetado no futuro, quando a salvação, sob a forma de felicidade, satisfação, igualdade, libertação, etc., será alcançada. Muitas vezes, os meios para atingir o fim são a escravidão, a tortura e o assassinato de pessoas no presente.

Por exemplo, estima-se que cerca de cinqüenta milhões de pessoas foram assassinadas para promover a causa do comunismo e levar a um “mundo melhor” na Rússia, na China e em outros países ! Esse é um exemplo terrível de como uma crença em um paraíso no futuro cria um inferno no presente. Resta alguma dúvida de que o tempo psicológico é uma doença mental séria e perigosa?

De que forma esse padrão mental opera em sua vida? Você está sempre tentando chegar a algum lugar além daquele onde você está? A maior parte do que você faz é apenas um meio para alcançar um determinado fim? A satisfação está sempre em outro lugar ou restrita a breves prazeres como sexo, comida, bebida e drogas, ou relacionada a uma emoção ou excitação? Você está sempre pensando em vir a ser, adquirir, alcançar ou, em vez disso, está à caça de novas emoções e prazeres? Você acha que, quanto mais bens adquirir, uma pessoa se sentirá melhor ou psicologicamente completa? Está à espera de um homem ou de uma mulher que dê um sentido à sua vida?

No estado normal de consciência, o poder e o infinito potencial criativo do Agora estão completamente encobertos pelo tempo psicológico. Nossa vida perde a vibração, o frescor, o sentido de encantamento. Os velhos padrões de pensamento, emoção, comportamento, reação e desejo são encenados repetidas vezes, como um roteiro dentro da nossa mente que nos dá uma identidade, mas distorce ou encobre a realidade do Agora. A mente, então, desenvolve uma obsessão pelo futuro, buscando fugir de um presente insatisfatório.


A negatividade e o sofrimento têm raízes no tempo

Mas acreditar que o futuro será melhor do que o presente nem sempre é uma ilusão. O presente pode ser terrível e as coisas podem melhorar no futuro, e muitas vezes melhoram.

O futuro, geralmente, é uma réplica do passado. É possível haver mudanças superficiais, mas as transformações reais são raras e dependem da possibilidade de estarmos presentes para dissolver o passado, acessando o poder do Agora. O que percebemos como futuro é uma parte intrínseca do nosso estado de consciência do momento. Se a nossa mente carrega um grande fardo do passado, vamos sentir isso. O passado se perpetua pela fa1ta de presença. O que dá forma ao futuro é a qualidade da nossa percepção do momento presente, e o futuro, é claro, só pode ser vivenciado como presente.

Podemos ganhar 10 milhões de reais, mas esse tipo de mudança é apenas superficial. Vamos simplesmente continuar a representar os mesmos padrões condicionados, em ambientes mais luxuosos. Os seres humanos aprenderam a dividir o átomo. Em vez de matar dez ou vinte pessoas com um porrete de madeira, uma pessoa agora pode matar um milhão delas com um simples apertar de um botão. Será que isso é uma mudança real?

Se é a qualidade da nossa percepção neste momento que determina o futuro, então o que é que determina a qualidade da nossa consciência? O nosso grau de presença. Portanto, o único lugar onde pode ocorrer uma mudança verdadeira e onde o passado pode se dissolver é no Agora.

Toda a negatividade é causada pelo acúmulo de tempo psicológico e pela negação do presente. O desconforto, a ansiedade, a tensão, o estresse, a preocupação, todas essas formas de medo são causadas por excesso de futuro e pouca presença. A culpa, o arrependimento, o ressentimento, a injustiça, a tristeza, a amargura, todas as formas de incapacidade de perdão são causadas por excesso do passado e pouca presença.

Muitos acham difícil acreditar na possibilidade de existir um estado de consciência absolutamente livre de toda a negatividade. E até o momento, esse é o estado de liberdade para o qual apontam todos os ensinamentos espirituais. É a promessa da salvação, não em um futuro ilusório, mas bem aqui e agora.

Talvez seja difícil reconhecer que o tempo é a causa do nosso sofrimento ou de nossos problemas. Acreditamos que eles são causados por situações específicas em nossas vidas, e, de um ponto de vista convencional, isso é uma verdade. Mas enquanto não lidarmos com a disfunção básica da mente – o apego ao passado e ao futuro e a negação do presente –, os problemas apenas mudam de figura. Se todos os nossos problemas, ou causas identificadas de sofrimento ou infelicidade, fossem milagrosamente solucionados no dia de hoje, sem que nos tornássemos mais presentes e mais conscientes, logo nos veríamos com um outro conjunto de problemas ou causas de sofrimento semelhantes, como uma sombra que nos seguisse aonde quer que fôssemos. Em última análise, o único problema é a própria mente limitada pelo tempo.

Não posso acreditar que algum dia venha a alcançar 'um ponto onde eu esteja completamente livre de problemas.

Você tem razão. Você nunca poderá alcançar esse ponto porque você está nesse ponto agora. Não há salvação dentro do tempo. Você não pode se libertar no futuro. A presença é a chave para a liberdade. Portanto, você só pode ser livre agora.


sábado, agosto 14, 2010

Libertando-se da mente

Eckhart Tolle


Libertando-se da sua mente

O que você quer dizer exatamente por “observar o pensador”?

Quando alguém vai ao médico e diz: “Ouço uma voz dentro da minha cabeça”, provavelmente será encaminhado a um psiquiatra. De uma forma ou de outra, praticamente todas as pessoas ouvem uma voz, ou algumas vozes, o tempo todo dentro da cabeça. São os processos involuntários do pensar – que acreditamos que não podemos interromper –, manifestando-se como monólogos ou diálogos contínuos.

Você já deve ter cruzado na rua com pessoas “doidas” falando sem parar ou resmungando consigo mesmas. Isso não tem nada de diferente do que acontece com você e com outras pessoas “normais”, exceto que vocês não falam alto. A voz comenta, especula, julga, compara, desculpa, gosta, desgosta, etc. A voz não precisa ser relevante para a situação do momento, pois ela pode estar revivendo o passado recente ou remoto, ou ensaiando, ou imaginando possíveis situações futuras. Neste último caso, ela imagina sempre as coisas indo mal e com resultados desfavoráveis. É o que se chama de preocupação. Às vezes, essa trilha sonora e acompanhada de imagens ou “filmes mentais”.

Mesmo que tenha alguma relação com o momento, a voz será interpretada em termos do passado. Isso acontece porque a voz pertence à mente condicionada, que é o resultado de toda a nossa história passada, bem como dos valores culturais coletivos que herdamos. Assim, vemos e julgamos o presente com os olhos do passado e construímos uma imagem totalmente distorcida. Não é raro que a voz se torne o pior inimigo de nós mesmos. Muitas pessoas vivem com um torturador em suas cabeças, que as ataca e pune sem parar, drenando sua energia vital. Essa é a causa de muita angústia e infelicidade, assim como de doenças.

A boa notícia é que podemos nos libertar de nossas mentes. Essa é a única libertação verdadeira. Dê o primeiro passo nesse exato momento. Comece a prestar atenção ao que a voz diz, principalmente a padrões repetitivos de pensamento, aquelas velhas trilhas sonoras que você escuta dentro da sua cabeça há anos. É isso que quero dizer com “observar o pensador”. É um outro modo de dizer o seguinte: ouça a voz dentro da sua cabeça, esteja lá presente, como uma testemunha.

Seja imparcial ao ouvir a voz, não julgue nada. Não julgue ou condene o que você ouve, porque fazer isso significaria que a mesma voz acabou de voltar pela porta dos fundos. Você logo perceberá: lá está a voz e aqui estou eu, ouvindo-a e observando-a. Sentir a própria presença não é um pensamento, é algo que surge de um ponto além da mente.

Assim, ouvir um pensamento significa que você está consciente não só do pensamento, mas também de você mesmo, como uma testemunha daquele pensamento. Isso acontece porque uma nova dimensão da consciência acabou de surgir. Quando você ouve o pensamento, sente uma presença consciente, que é o seu eu interior mais profundo, por trás ou por baixo do pensamento. O pensamento, então, perde o poder que exerce sobre você e se afasta rapidamente, porque a mente não está mais recebendo a energia gerada pela sua identificação com ela. Esse é o começo do fim do pensamento involuntário e compulsivo.

Quando um pensamento se afasta, percebemos uma interrupção no fluxo mental, um espaço de “mente vazia”. No início, esses espaços são curtos, talvez apenas alguns segundos, mas, aos poucos, se tornam mais longos. Quando esses espaços acontecem, sentimos uma certa serenidade e paz interior. Esse e o começo do estado natural de nos sentirmos em unidade com o Ser, que normalmente é encoberto pela mente. Com a prática, a sensação de paz e serenidade vai se intensificar. Na verdade, essa intensidade não tem fim. Você também vai sentir brotar lá de dentro uma sutil emanação de alegria, que é a alegria do Ser.

Não se trata de um estado de transe. Nada disso. Se o preço da paz fosse a perda da consciência e o preço da serenidade, uma falta de vitalidade e de vivacidade, então não valeria a pena. É exatamente o oposto. Nesse estado de conexão interior, ficamos muito mais alertas. Estamos presentes por inteiro.

Ao penetrarmos mais profundamente nessa área de “mente vazia”, como ela às vezes é chamada no Oriente, começamos a perceber o estado de pura consciência. Nesse estado, sentimos a nossa própria presença com tal intensidade e alegria que os pensamentos, as emoções, nosso corpo, o mundo exterior – tudo se torna insignificante comparado a ele. No entanto, não é um estado egoísta, e sim generoso. Ele nos transporta para um ponto além do que antes julgávamos ser o nosso “eu interior”. Essa presença é essencialmente você e, ao mesmo tempo, muito maior do que você.

Em vez de “observar o pensador”, podemos também criar um espaço no fluxo da mente, direcionando o foco da nossa atenção para o Agora. Torne-se consciente do momento. Isso é profundamente gratificante de se fazer. Agindo assim, desviamos a consciência para longe da atividade da mente e criamos um espaço de mente vazia, em que ficamos extremamente alertas e conscientes, mas sem pensar. Essa é a essência da meditação.

Na vida diária é possível pôr isso em prática dando total atenção a qualquer atividade rotineira, normalmente considerada como apenas um meio para atingir um objetivo, de modo a transformá-la em um fim em si mesma. Por exemplo, todas as vezes que você subir ou descer as escadas em casa ou no trabalho, preste muita atenção a cada passo, a cada movimento, até mesmo à sua respiração. Esteja totalmente presente. Ou, quando lavar as mãos, preste atenção a todas as sensações provocadas por essa atividade, como o som e o contato da água, o movimento das suas mãos, o cheiro do sabonete, e assim por diante. Ou então, quando entrar em seu carro, pare por alguns segundos depois que fechar a porta e observe o fluxo da sua respiração. Tome consciência de um silencioso, mas poderoso, sentido de presença. Para medir, sem errar, o seu sucesso nessa prática, verifique o grau de paz dentro de você.

Portanto, o passo mais importante na caminhada em direção à iluminação é aprendermos a nos dissociar de nossas mentes.

Todas as vezes que criamos um espaço no fluxo do pensamento, a luz da nossa consciência fica mais forte.

Um dia você pode se surpreender sorrindo para a voz dentro da cabeça, como sorriria para as travessuras de uma criança. Isso significa que você não está mais levando tão a sério o que vai pela mente, Pois o seu eu interior não depende dela.

Iluminação: elevando-se acima do pensamento

O pensamento não é indispensável para sobrevivermos neste mundo?

Nossa mente é um instrumento, uma ferramenta. Está ali para ser usada em uma tarefa específica e depois ser deixada de lado. Sendo assim, eu poderia afirmar que 80% a 90% dos pensamentos não só são repetitivos e inúteis, mas, por conta de uma natureza freqüentemente negativa, são também nocivos. Observe sua mente e verificará como isso é verdade. Essa atitude causa uma perda significativa de energia vital.

Esse tipo de pensamento compulsivo é, na verdade, um vício. O que caracteriza um vício? Simplesmente não termos mais a opção de parar. O vício parece mais forte do que nós. Proporciona ainda uma falsa sensação de prazer, um prazer que, quase sempre, se transforma em sofrimento.


Por que temos de ser viciados em pensar?

Porque estamos identificados com esse processo, já que a percepção do eu interior tem origem no conteúdo e na atividade de nossas mentes. Acreditamos que deixaríamos de existir se parássemos de pensar. No processo de crescimento, construímos uma imagem mental de nós mesmos, baseada em nosso condicionamento pessoal e cultural. Podemos chamar isso “o fantasma pessoal do ego”. Consiste em uma atividade mental e só pode ser mantido através do pensar constante. A palavra ego tem sentidos diferentes para pessoas diferentes, mas aqui significa um falso eu interior, criado por uma identificação inconsciente com a mente.

Para o ego, o momento presente dificilmente existe. Só o passado e o futuro são considerados importantes. Essa total inversão da verdade explica por que, para o ego, a mente não tem função. O ego está sempre preocupado em manter vivo o passado, porque pensa que sem ele não seríamos ninguém. E se projeta no futuro para assegurar a continuação de sua sobrevivência e buscar algum tipo de escape ou satisfação lá adiante. Ele diz assim: “Um dia, quando isso ou aquilo acontecer, vou ficar bem, feliz, em paz”. Mesmo quando o ego parece estar preocupado com o presente, não é o presente que ele vê, porque constrói uma imagem completamente distorcida, a partir do passado. Ou então reduz o presente a um meio para obter o fim desejado, um fim que sempre consiste em um futuro projetado pela mente. Observe sua mente e verá que é assim que ela funciona.

O momento presente tem a chave para a libertação. Mas você não conseguirá percebê-lo enquanto você for a sua mente.


Não quero perder a minha capacidade de analisar e criticar. Não me importo em aprender a pensar de forma mais clara, com um sentido mais direcionado, mas não quero perder esse dom, que considero o bem mais precioso que temos. Sem ele, seríamos apenas mais uma espécie animal.

O predomínio da mente é apenas um estágio na evolução da consciência. Precisamos, urgentemente, passar ao próximo estágio, senão seremos destruídos pela mente, que se transformou em um monstro. Falarei sobre isso em detalhes, mais adiante. Pensamento e consciência não são sinônimos. O pensamento é um pequeno aspecto da consciência. O pensamento não consegue existir sem a consciência, mas a consciência não necessita do pensamento.

A iluminação significa chegar a um nível acima do pensamento, e não em ficar abaixo dele, ao nível de um animal ou de uma planta. No estado iluminado, continuamos a usar nossas mentes quando necessário, mas de um modo mais focalizado e eficiente. Assim, utilizando nossas mentes com objetivos práticos, não ouvimos mais o diálogo interno involuntário e sentimos uma enorme serenidade interior. Quando usamos de fato nossas mentes e, em especial, quando necessitamos de uma solução criativa, há uma oscilação, de segundos, entre o pensamento e a serenidade, entre a mente e a mente vazia. O estado de mente vazia é a consciência sem o pensamento. Só assim é possível pensar criativamente, porque somente desse modo o pensamento tem alguma força real. O pensamento sozinho, quando não mais conectado com a área da consciência, que é muito mais ampla, rapidamente se torna árido, doentio e destrutivo.

A mente é, em essência, uma máquina de sobrevivência. Ela executa muitas coisas boas quando, por exemplo, ataca e se defende de outras mentes, coleta, armazena e analisa uma informação, mas não é nada criativa. Todo artista verdadeiro, quer tenha ou não consciência disso, cria a partir de um lugar de mente vazia, que se origina de uma serenidade interior. A mente então dá forma ao impulso criativo, ou insight. Até mesmo os grandes cientistas têm relatado que as suas descobertas mais originais aconteceram em um momento de serenidade mental. Uma pesquisa nacional realizada com alguns dos matemáticos mais preeminentes que já atuaram nos Estados Unidos, incluindo Einstein, para estudar seus métodos de trabalho, mostrou que o pensamento “é apenas uma parte secundária da fase breve e decisiva do ato criativo em si”. Logo, eu poderia dizer que a maioria dos cientistas não é criativa, não porque não sabe pensar, mas sim porque não sabe como parar de pensar!

Não foi a mente, nem o pensamento, que criou o milagre da vida ou nossos corpos. É claro que existe uma inteligência, de uma dimensão muito maior do que a da mente, trabalhando para manter tudo isso funcionando. Como uma simples célula humana, que mede 1/1.000 de 25,4 mm, pode conter instruções dentro do DNA que encheriam 1.000 livros de 600 páginas cada um? Quanto mais aprendemos sobre o funcionamento do corpo, mais percebemos como é vasta a inteligência que age dentro dele e como sabemos pouco a esse respeito. Quando a mente se relaciona como corpo, transforma-se na mais maravilhosa das ferramentas. Serve, então, a alguma é coisa maior do que ela mesma.

Emoção: a reação do corpo à mente

E quanto às emoções? Elas me dominam muito mais do que a minha mente.

A mente, no sentido em que emprego o termo, não é apenas pensamento. Ela inclui nossas emoções, assim como todos os padrões de reações mentais e emocionais inconscientes. A emoção nasce no lugar onde a mente e o corpo se encontram. É a reação do corpo à nossa mente ou, podemos dizer, um reflexo da mente no corpo. Por exemplo, um pensamento agressivo ou hostil vai acumulando, aos poucos, uma energia no corpo – a raiva. O corpo está se preparando para lutar. Já a idéia de que nos encontramos sob uma ameaça física ou psicológica faz com que o corpo se contraia,'o que é a manifestação física daquilo que chamamos medo. As pesquisas têm demonstrado que as emoções fortes causam até mesmo mudanças na bioquímica do corpo. Essas mudanças bioquímicas representam o aspecto físico ou material da emoção. Em geral, não temos consciência de todos os nossos padrões de pensamento. Só é possível trazê-los à consciência quando observamos nossas emoções.

Quanto mais identificados estivermos com nosso pensamento, com as coisas que nos agradam ou não, com nossos julgamentos e interpretações, ou seja, quanto menos presentes estivermos como consciência observadora, mais forte será a carga de energia emocional, tenhamos ou não consciência disso. Se você não consegue sentir as suas emoções, se as mantém à distância; terminará por senti-Ias em um nível puramente físico, como um sintoma ou um problema físico. Muito se tem escrito a respeito disso nos últimos anos, portanto não precisamos nos aprofundar no assunto.

É possível que um forte padrão emocional inconsciente venha a se manifestar como um acontecimento externo, algo que parece acontecer só com você. Por exemplo, tenho observado que as pessoas que guardam muita raiva dentro de si mesma – mesmo sem ter consciência e sem falar sobre o assunto – são mais propensas a ser atacadas verbalmente, ou até mesmo fisicamente, por outras pessoas cheias de raiva. Com freqüência, sem qualquer motivo aparente. A razão é que elas desprendem uma raiva tão forte que acaba sendo captada de forma subconsciente por outras pessoas, e isso aciona a raiva latente que essas trazem dentro de si.

Se você tem dificuldade de sentir suas emoções, comece concentrando a atenção na área de energia interior do seu corpo. Sinta o seu corpo lá no fundo. Essa prática colocará você em contato com as suas emoções. Aprofundarei o assunto mais adiante.


Você diz que a emoção é o reflexo da mente no corpo. Mas, às vezes, ocorre um conflito entre os dois quando a mente diz “não” e a emoção diz “sim”, ou vice-versa.

Se quisermos conhecer mesmo a nossa mente, o corpo sempre nos dará um reflexo confiável. Portanto, observe a sua emoção, ou melhor, sinta-a em seu corpo.Se houver um aparente conflito entre os dois, a verdade estará na emoção e não no pensamento. Não a verdade definitiva sobre quem você é, mas a verdade relativa ao estado da sua mente naquele momento.

É bastante comum ocorrerem conflitos entre os pensamentos superficiais e os processos mentais inconscientes. Mesmo que você ainda não seja capaz de trazer a sua atividade mental inconsciente para um estado de consciência sob a forma de pensamento, ela estará sempre refletida no seu corpo como uma emoção, e isso você pode passar a perceber. Observar uma emoção por esse ângulo é basicamente o mesmo que ouvir ou observar um pensamento, como descrevi anteriormente. A única diferença é que o pensamento está na sua cabeça, enquanto a emoção, por conter um forte componente físico, se manifesta em primeiro 1ugar no corpo. Você pode permitir que a emoção esteja ali, sem deixar que ela assuma o controle. Você não é mais a emoção. Você é o observador, a presença que observa. Ao praticar isso, tudo o que está inconsciente será trazido à luz da sua consciência.

Então, observar nossas emoções é tão importante quanto observar nossos pensamentos?

Sim. Habitue-se a perguntar o que está acontecendo com você nesse exato momento. Essa questão lhe indicará a direção certa. Mas não analise, apenas observe. Concentre sua atenção dentro de você. Sinta a energia da emoção. Se não há emoção presente, concentre sua atenção mais fundo no campo da energia interna do seu corpo. Essa é a porta de entrada para o Ser.

Uma emoção, em geral, representa um padrão de pensamento amplificado e energizado. Por conta da carga energética quase sempre excessiva que ela contém, não é fácil, a princípio, termos condições para observá-la. A emoção quer assumir o controle, e quase sempre consegue, a menos que você esteja presente e alerta. Se você for empurrado para uma identificação inconsciente com a emoção, ela se tornará, temporariamente, “você”. É comum se estabelecer um círculo vicioso entre o pensamento e a emoção porque um alimenta o outro. O padrão do pensamento cria um reflexo amplificado de si mesmo na forma de uma emoção, fazendo com que a freqüência vibratória desta permaneça alimentando o padrão de pensamento original. Ao lidar mentalmente com a situação, acontecimento ou pessoa que é identificada como causadora da emoção, o pensamento fornece energia para a emoção, a qual, por sua vez, energiza o padrão de pensamento, e assim por diante.

Basicamente, todas as emoções são modificações de uma emoção primitiva não diferenciada, cuja origem é a perda da percepção de quem somos por trás do nome e da forma. É difícil encontrar um nome que descreva essa emoção primitiva. A palavra “medo” é muito próxima, mas, além do sentido de ameaça permanente, ela pode ser entendida como um profundo sentimento de abandono e incompletude. Por isso, talvez seja melhor usar uma palavra que não se confunda tanto com aquela emoção básica e chamar isso simplesmente e “sofrimento”. Uma das principais tarefas da mente, uma das razões da sua atividade incessante, é a de combater ou eliminar o sofrimento emocional, embora ela invariavelmente só consiga encobri-lo por um tempo. De fato, quanto mais a mente tenta se livrar do sofrimento, mais ele aumenta. A mente nunca pode achar a solução, nem pode permitir que encontremos a solução, porque é, ela mesma, uma parte intrínseca do “problema”. Imagine um chefe de polícia tentando achar um incendiário, quando o incendiário é o próprio chefe de polícia. Não nos livraremos desse sofrimento enquanto não extrairmos o sentido de eu interior da identificação com a mente, ou seja, do ego. A mente é, então, derrubada da sua posição de poder, e o Ser se revela em si mesmo, como a verdadeira natureza da pessoa.

Já sei o que você vai perguntar agora.

Eu ia perguntar: O que acontece com as emoções positivas, como o amor e a alegria?

Elas são inseparáveis do estado natural de conexão interior com o Ser. Sempre que houver um espaço no fluxo dos pensamentos, podem ocorrer lampejos de amor e alegria, ou breves instantes de uma paz profunda. Para a maioria das pessoas, tais espaços raramente acontecem, e mesmo assim por acaso, nas ocasiões em que a mente fica “sem palavras”, instigada por uma beleza estonteante, uma exaustão física extrema, ou mesmo um grande perigo. De repente se instala uma serenidade interior. E dentro dessa serenidade existe uma alegria sutil, mas intensa, existe amor, existe paz.

Normalmente, tais momentos têm vida curta, pois a mente logo reassume essa atividade barulhenta a que chamamos pensar. O amor, a alegria e a paz não conseguem florescer, a menos que tenhamos nos livrado do domínio da mente. Mas eu não os chamaria de emoções. Eles estão por baixo das emoções, em um nível mais profundo. Portanto, precisamos nos tornar plenamente conscientes de nossas emoções e sermos capazes de senti-las, antes de sermos capazes de sentir aquilo que está além delas. A palavra emoção significa, literalmente, “desordem”. A palavra vem do latim emovere,que significa “movimentar”.

Amor, alegria e paz são estados profundos do Ser, ou melhor, três aspectos do estado de ligação com o Ser. Assim, não possuem opositores pela simples razão de que surgem por trás da mente. As emoções, por outro lado, sendo uma parte da mente dualística, estão sujeitas à lei dos opostos. Isso quer dizer, simplesmente, que não se pode ter o bom sem que haja o mau. Portanto, numa condição não iluminada de identificação com a mente, aquilo que algumas vezes é erroneamente chamado de alegria é o lado geralmente breve do prazer, dentro da alternância contínua do ciclo sofrimento/prazer. O prazer sempre se origina de alguma coisa externa a nós, ao passo que a alegria nasce do nosso interior. A mesma coisa que proporciona prazer hoje provocará sofrimento amanhã, ou nos abandonará, e essa ausência causará sofrimento. Do mesmo modo, o que se costuma chamar de amor pode ser prazeroso e excitante por um tempo, mas é um apego adicional, uma condição de necessidade extrema, que pode vir a se transformar no oposto, em um piscar de olhos. Muitas relações “amorosas”, passada a euforia inicial, oscilam entre o “amor” e o ódio, a atração e a agressão.

O amor verdadeiro não permite que você sofra. Como poderia? Não se transforma em ódio de repente, assim como a verdadeira alegria não se transforma em sofrimento. Antes de atingirmos a iluminação, antes mesmo de nos libertarmos de nossas mentes, podemos ter lampejos de alegria autêntica, de um amor verdadeiro ou de uma profunda paz interior, tranqüila, mas intensamente viva. Esses são aspectos da nossa verdadeira natureza, em geral obscurecida pela mente. Mesmo dentro de uma relação “normal” de dependência, é possível haver momentos onde podemos sentir a presença de algo genuíno, incorruptível. Mas serão somente lampejos, a serem logo encobertos pela interferência da mente. Você poderá ficar com a impressão de que teve alguma coisa muita valiosa, mas a perdeu, ou a sua mente pode lhe convencer de que tudo não passou de uma ilusão. A verdade é que não foi uma ilusão e você também não perdeu nada. Esse algo valioso é parte de seu estado natural – pode estar encoberto, mas nunca ser destruído pela mente. Mesmo quando o céu está totalmente coberto, o sol não desapareceu. Ainda está lá, por trás das nuvens.


Buda diz que a dor ou o sofrimento surge através de desejos ou anseios, e que para se libertar da dor necessitamos romper as amarras do desejo.

Todos os anseios nascem da busca da mente por salvação ou satisfação nas coisas externas e no futuro, como substitutos da alegria do Ser. Se somos nossas mentes, somos aqueles anseios, aquelas necessidades, desejos, apegos e aversões. Fora deles não existe o eu, exceto como uma mera possibilidade, um potencial não preenchido, uma semente que ainda não germinou. Nessa condição, até mesmo o desejo de nos tornarmos livres ou iluminados não passa de mais um desejo a ser realizado ou concluído no futuro. Portanto, não busque se libertar do desejo ou “adquirir” a iluminação. Torne-se presente. Esteja lá, como um observador da mente. Em lugar de citar Buda, seja Buda, seja “O Iluminado”, que é o que a palavra buda significa.

Os seres humanos têm vivido enredados pelo sofrimento por séculos, desde que decaíram do estado de graça, penetraram no domínio de tempo e da mente, e perderam a percepção do Ser. Nesse momento, começaram a se perceber como fragmentos sem sentido em um universo estranho, sem conexão com a Fonte e com o seu semelhante.

Enquanto estivermos identificados com as nossas mentes, o que significa dizer, enquanto estivermos inconscientes espiritualmente, o sofrimento, será inevitável. Refiro-me aqui, ao sofrimento emocional, que é também a causa principal do sofrimento físico e da doença. O ressentimento, o ódio, a autopiedade, a culpa, a raiva, a depressão, o ciúme e até mesmo uma leve irritação são formas de sofrimento. E qualquer prazer ou forte emoção contém em si a semente do sofrimento. É o inseparável oposto, que se manifestará com o tempo.

Quem já tomou bebidas alcoólicas ou drogas para ficar “alto” sabe que o alto se transforma em baixo, que o prazer se transforma em alguma forma de sofrimento. A maioria das pessoas também sabe, por experiência própria, como uma relação íntima pode se transformar, de modo fácil e rápido, de fonte de prazer em fonte de sofrimento. Vistas de uma perspectiva mais ampla, tanto a polaridade negativa quanto a positiva são lados de uma mesma moeda, são partes de um sofrimento que está oculto, inseparável do estado de consciência identificado com a mente.

Existem dois níveis de sofrimento: o que você cria agora e o que tem origem no passado que ainda vive em sua mente e no seu corpo. Deixar de criar sofrimento no presente e dissolver o sofrimento do passado – é sobre isso que desejo falar com você agora.


quinta-feira, agosto 12, 2010

Consciência: o caminho para escapar do sofrimento

Eckhart Tolle


CONSCIÊNCIA: O CAMINHO PARA ESCAPAR DO SOFRIMENTO

Não crie mais sofrimento no presente

Ninguém tem uma vida livre de sofrimento e mágoa. Não é uma questão de aprender a viver com isso, em vez de tentar evitar?

A maior parte do sofrimento humano é desnecessária. Ele se forma sozinho, enquanto a mente superficial governa a nossa vida.

O sofrimento que sentimos neste exato momento é sempre alguma forma de não-aceitação, uma forma de resistência inconsciente ao que é. No nível do pensamento, a resistência é uma forma de julgamento. No nível emocional, ela é uma forma de negatividade. O sofrimento varia de intensidade de acordo com o posso grau de resistência ao momento atual, e isso, por sua vez, depende da intensidade com que nos identificamos com as nossas mentes. A mente procura sempre negar e escapar do Agora. Em outras palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da dor, do sofrimento e da mente.

Por que a mente tem o hábito de negar ou resistir ao Agora? Porque ela não consegue funcionar e permanecer no controle sem que esteja associada ao tempo, tanto passado quanto futuro, e assim ela vê o atemporal Agora como algo ameaçador. Na verdade, o tempo e a mente são inseparáveis.

Imagine a Terra sem a vida humana, habitada apenas por plantas e animais. Será que ainda haveria passado e futuro? Será que as perguntas “que horas são?” ou “que dia é hoje?” teriam algum sentido para um carvalho ou uma águia? Acho que eles ficariam intrigados e responderiam: “Claro que é agora. A hora é agora. O que mais existe?”

Não há dúvidas de que precisamos da mente e do tempo, mas, no momento, em que eles assumem o controle das nossas vidas, surgem os problemas, o sofrimento e a mágoa.

Para ter certeza de que permanece no controle, a mente trabalha o tempo todo para esconder o momento presente com o passado e o futuro. Assim, a vitalidade e o infinito potencial criativo do Ser, que é inseparável do Agora, ficam encobertos pelo tempo e a nossa verdadeira natureza é obscurecida pela mente. Todos nós sofremos ao ignorar ou negar cada momento precioso ou reduzi-lo a um meio para alcançar algo no futuro, algo que só existe em nossas mentes, nunca na realidade. O tempo acumulado na mente humana encerra uma grande quantidade de sofrimento cuja origem está no passado.

Se não quer gerar mais sofrimento para você e para os outros, não crie mais tempo, ou, pelo menos, não mais do que o necessário para lidar com os aspectos práticos da sua vida. Como deixar de “criar” tempo? Tendo uma profunda consciência de que o momento presente é tudo o que você tem. Faça do Agora o foco principal da sua vida. Se antes você se fixava no tempo e fazia rápidas visitas ao Agora, inverta essa lógica, fixando-se no Agora e fazendo visitas rápidas ao passado e ao futuro quando precisar lidar com os aspectos práticos da sua vida. Diga sempre “sim” ao momento atual. O que poderia ser mais insensato do que criar uma resistência interior a alguma coisa que já é? O que poderia ser mais insensato do que se opor à própria vida, que é agora e sempre agora? Renda-se ao que é. Diga “sim” para a vida e veja como, de repente, a vida começa a trabalhar mais a seu favor em vez de contra você.


Às vezes, o momento atual é inaceitável, desagradável ou terrível.

As coisas são como são. Observe como a mente julga continuamente o comportamento, atribuindo nomes às coisas. Entenda como esse processo cria sofrimento e infelicidade. Ao observarmos o mecanismo da mente, escapamos dos padrões de resistência e podemos então permitir que o momento atual exista. Isso dará a você uma prova do estado de liberdade interior, o estado da verdadeira paz interior. Veja então o que acontece e parta para a ação, caso necessário ou possível.

Aceite, depois aja. O que quer que o momento atual contenha, aceite-o como uma escolha sua. Trabalhe sempre com ele, não contra. Torne-o um amigo e aliado, não seu inimigo. Isso transformará toda a sua vida, como por milagre.


Dissolvendo o sofrimento do passado

Enquanto não somos capazes de acessar o poder do Agora, vamos acumulando resíduos de sofrimento emocional. Esses resíduos se misturam ao sofrimento do passado e se alojam em nossa mente e em nosso corpo. Isso inclui o sofrimento vivido em nossa infância, causado pela falta de compreensão do mundo em que nascemos.

Todo esse sofrimento cria um campo de energia negativa que ocupa a mente e o corpo. Se olharmos para ele como uma entidade invisível com características próprias, estaremos chegando bem perto da verdade. É o sofrimento emocional do corpo. Apresenta-se sob duas modalidades: inativo e ativo. O sofrimento pode ficar inativo 90% do tempo, ou 100% ativado em alguém profundamente infeliz. Algumas pessoas atravessam a vida quase que inteiramente tomadas pelo sofrimento, enquanto outras passam por ele em algumas situações que envolvem relações familiares e amorosas, lesões físicas ou emocionais, perdas do passado, abandono, etc. Qualquer coisa pode ativá-lo, especialmente se encontrar ressonância em um padrão de sofrimento do passado. Quando o sofrimento está pronto para despertar do estágio inativo, até mesmo uma observação inocente feita por um amigo ou um pensamento é capaz de ativá-lo.

Alguns sofrimentos são irritantes, mas inofensivos, como é o caso de uma criança que não pára de chorar. Outros são monstros destrutivos e mórbidos, verdadeiros demônios. Alguns são fisicamente violentos; outros, emocionalmente violentos. Eles podem atacar tanto as pessoas à nossa volta quanto a nós mesmos, seus “hospedeiros”. Os pensamentos e sentimentos relativos à nossa vida tornam-se, então, profundamente negativos e autodestrutivos. Doenças e acidentes freqüentemente acontecem desse modo. Alguns sofrimentos podem até levar uma pessoa ao suicídio.

Às vezes levamos um choque ao descobrir uma faceta detestável em alguém que pensávamos conhecer bem. Entretanto, é mais importante observar essa situação em nós mesmos do que nos outros. Preste atenção a qualquer sinal de infelicidade em você, qualquer que seja a forma, pois talvez seja o despertar do sofrimento. Ele pode se manifestar como uma irritação, um sinal de impaciência, um ar sombrio, um desejo de ferir, sentimentos de raiva, ira, depressão ou uma necessidade de criar algum tipo de problema em seus relacionamentos. Agarre o sinal no momento em que ele despertar de seu estado inativo.

O sofrimento deseja sobreviver, mas, para isso, precisa conseguir que nos identifiquemos inconscientemente com ele. Portanto, quando o sofrimento toma conta de nós, cria uma situação em nossas vidas que reflete a própria freqüência de energia da qual ele se alimenta. Sofrimento só se alimenta de sofrimento. Não se consegue alimentar de alegria. Acha-a indigesta.

Quando o sofrimento nos domina, faz com que desejemos ter mais sofrimento. Passamos a ser vítimas ou perpetradores. Queremos infligir sofrimento, ou senti-lo, ou ambos. Na verdade, não há muita diferença entre os dois. É claro que não temos consciência disso e afirmamos que não queremos sofrer. Mas, preste bem atenção e verá que o seu pensamento e o seu comportamento estão programados para continuar com o sofrimento, tanto para você quanto para os outros. Se você estivesse consciente disso, o padrão iria se desfazer, porque desejar mais sofrimento é uma insanidade, e ninguém é insano conscientemente.

O sofrimento, a sombra escura projetada pelo ego, tem medo da luz da nossa consciência. Teme ser descoberto. Sobrevive graças à nossa identificação inconsciente com ele, assim como do medo inconsciente de enfrentarmos o sofrimento que vive dentro de nós. Mas se não o enfrentarmos, se não direcionarmos a luz da nossa consciência sobre o sofrimento, seremos forçados a revivê-lo. O sofrimento pode nos parecer um monstro perigoso, mas eu lhe garanto que se trata de um fantasma frági1. Ele não pode prevalecer sobre o poder da nossa presença.

Alguns ensinamentos espirituais dizem que todo sofrimento é, em última análise, uma i1usão, e isso é verdade. A questão é se isso é uma verdade para você. Acreditar simplesmente não transforma nada em verdade. Você quer sofrer para o resto da vida e permanecer dizendo que é uma ilusão? Será que essa atitude livra você do sofrimento? O que nos interessa aqui é o que podemos fazer para vivenciar essa verdade, ou seja, torná-la real em nossas vidas.

Portanto, o sofrimento não quer que nós o observemos diretamente e vejamos o que ele realmente é. No momento em que o observamos, sentimos seu campo energético dentro de nós e desfazemos nossa identificação com ele, surge uma nova dimensão da consciência. Chamo a isso presença. Passamos a ser testemunhas ou observadores do sofrimento. Isso significa que ele não pode mais nos usar, fingindo ser nosso eu interior. Então, não temos mais como realimentá-lo. Aqui está nossa mais profunda força interior, Acabamos de acessar o poder do Agora.


O que acontece ao sofrimento quando nos tornamos conscientes o bastante para romper a nossa identificação com ele?

A inconsciência cria o sofrimento. A consciência transforma o sofrimento nela mesma. São Paulo expressa esse princípio universal de uma forma linda ao dizer: “Tudo é revelado ao ser exposto à luz e o que for exposto à própria luz se torna luz”. Assim como não se pode lutar contra a escuridão, não se pode lutar contra o sofrimento. Tentar fazer isso poderia gerar um conflito interior e um sofrimento adicional. Observar o sofrimento já é o bastante. Observá-lo implica aceitá-lo como parte do que existe naquele momento.

O sofrimento consiste na energia vital aprisionada que se desprendeu do campo energético total e se fez temporariamente autônoma, através de um processo artificial de identificação com a mente. Ela se volta para dentro de si mesma e se torna algo contrário à vida, como um animal tentando comer o próprio rabo. Por que você acha que a nossa civilização se tornou tão autodestrutiva? Acontece que as forças destrutivas da vida, ainda são energia vital.

Mesmo quando começamos a deixar de nos identificar e nos tornamos observadores, o sofrimento ainda continua a agir por um tempo e vai tentar fazer com que voltemos a nos identificar com ele. Embora não esteja mais recebendo a energia originada da nossa identificação com ele, o sofrimento ainda tem sua força, como uma roda-gigante que continua a girar, mesmo quando deixa de receber o impulso. Nesse estágio, o sofrimento pode até ocasionar dores em diversas partes do corpo, mas elas não vão durar. Esteja presente, fique consciente. Vigie o seu espaço interior. Você vai precisar estar presente e alerta para ser capaz de observar o sofrimento de um modo direto e sentir a energia que emana dele. Agindo assim, o sofrimento não terá força para controlar o seu pensamento. No momento em que o seu pensamento se alinha com o campo energético do sofrimento, você está se identificando com ele e, de novo, alimentando-o com os seus pensamentos.

Por exemplo, se a raiva é a vibração de energia que predomina no sofrimento e você alimenta esse sentimento, insistindo em pensar no que alguém fez para prejudicá-lo ou no que você vai fazer em relação a essa pessoa, é porque você já não está mais consciente, e o sofrimento se tornou “você”. Onde existe raiva, existe sempre um sofrimento oculto. Quando você começa a entrar em um padrão mental negativo e a pensar como a sua vida é horrorosa, isso quer dizer que o pensamento se alinhou com o sofrimento e que você passou a estar inconsciente e vulnerável a um ataque do sofrimento. Utilizo a palavra “inconsciência” no presente contexto para significar uma identificação com um padrão mental ou emocional. Isso implica uma ausência completa do observador.

Manter-se em um estado de alerta consciente destrói a ligação entre o sofrimento e o mecanismo do pensamento, e aciona o processo de transformação. E como se o sofrimento se tornasse o combustível para a chamada da consciência, resultando em um brilho de mais intensidade. Esse é o significado esotérico da antiga arte da a1quimia: a transformação do metal não-precioso em ouro, do sofrimento em consciência. A separação interior cicatriza, e você se torna inteiro outra vez. Cabe a você, então, não criar um sofrimento adicional.

Resumindo o processo: concentre a atenção no sentimento dentro de você. Reconheça que é o sofrimento. Aceite que ele esteja ali. Não pense a respeito. Não permita que o sentimento se transforme em pensamento. Não julgue nem analise. Não se identifique com o sentimento. Esteja presente e observe o que está acontecendo dentro de você. Perceba não só o sofrimento emocional, mas também a presença “de alguém que observa”, o observador silencioso. Esse é o poder do Agora, o poder da sua própria presença consciente. Veja, então, o que acontece.

Em inúmeras mulheres, o sofrimento manifesta-se, em particular, no período anterior ao fluxo menstrual. Mais adiante comentarei as razões pelas quais isso acontece. No momento, o importante é que você seja capaz de estar alerta e presente quando o sofrimento aparecer e de observar o sentimento em vez de se deixar dominar por ele. Essas atitudes proporcionam uma oportunidade para a mais poderosa das práticas espirituais e tornam possível uma rápida transformação de todo o passado.


A identificação do ego com o sofrimento

O processo que acabei de descrever é extremamente poderoso, embora simples. Poderia ser ensinado a uma criança, e tenho a esperança de que um dia será uma das primeiras coisas a serem aprendidas na escola. Uma vez entendido o princípio básico do que significa estar presente observando o que acontece dentro de nós – e “entendemos” isso quando passamos pela experiência –, teremos à nossa disposição a mais poderosa ferramenta de transformação.

Não nego que podemos encontrar uma forte resistência interna tentando nos impedir de pôr um fim à identificação com o sofrimento. Isso acontecerá particularmente se tivermos vivido intimamente identificados com o sofrimento emocional durante a maior parte da Vida e se tivermos investido nele uma grande parte ou mesmo todo o nosso sentido de eu interior. Isso significa que construímos um eu interior infeliz por conta do nosso sofrimento e acreditamos que somos essa ficção fabricada pela mente. Nesse caso, nosso medo inconsciente de perder a identidade vai criar uma forte resistência a qualquer forma de não-identificação. Em outras palavras, você preferiria viver com o sofrimento – ser o sofrimento – a saltar para o desconhecido, correndo o risco de perder o seu infeliz, mas familiar eu interior.

Se esse é o seu caso, observe a resistência dentro de você. Observe o seu apego ao sofrimento. Esteja muito alerta. Observe como é estranho ter prazer em ser infeliz. Observe a compulsão de falar ou pensar a esse respeito. A resistência deixará de existir se você torná-la consciente. Poderá então dar atenção ao sofrimento, estar presente como testemunha e iniciar a transformação.

Só você pode fazer isso. Ninguém pode fazer por você. Mas, caso tenha bastante sorte para encontrar alguém intensamente consciente, se puder estar com essa pessoa e juntar-se a ela no estado de presença, isso poderá ser de grande utilidade, acelerando o processo. Se isso acontecer, a sua própria luz logo brilhará mais forte. Quando colocamos um pedaço de lenha que tenha começado a queimar há pouco tempo perto de outro que está queimando vigorosamente e, depois, separamos os dois novamente, o primeiro tronco passará a queimar com uma intensidade muito maior. Afinal de contas, é o mesmo fogo. Ser um fogo dessa natureza é uma das funções de um mestre espiritual. Alguns terapeutas estão aptos a preencher essa função; desde que tenham alcançado um ponto além do nível de consciência e sejam capazes de criar e sustentar um estado de presença intensa e consciente enquanto estiverem trabalhando com você.

A origem do medo

Você mencionou o medo como uma parte do nosso sofrimento emocional latente. Por que há tanto medo na vida das pessoas? Uma certa dose de medo não é saudável? Se eu não tivesse medo do fogo, poderia colocar minha mão dentro dele e me queimar.

A razão pela qual não colocamos a mão no fogo não é o medo, e sim a certeza de que vamos nos queimar. Não é preciso ter medo para evitar um perigo desnecessário, basta um mínimo de inteligência e bom senso. Nessas questões práticas, é muito útil aplicarmos as lições do passado. Mas se alguém nos ameaça com fogo ou com violência física, talvez experimentemos uma sensação como o medo. É uma reação instintiva ao perigo, sem relação com a doença psicológica do medo que estamos tratando aqui. A doença psicológica do medo não está presa a qualquer perigo imediato concreto e verdadeiro. Manifesta-se de várias formas, tais como agitação, preocupação, ansiedade, nervosismo, tensão, pavor, fobia, etc. Esse tipo de medo psicológico é sempre de alguma coisa que poderá acontecer, não de alguma coisa que está acontecendo neste momento. Você está aqui e agora, ao passo que a sua mente está no futuro. Essa situação cria um espaço de angústia. E caso estejam identificados com as nossas mentes e tivermos perdido o contato com o poder e a simplicidade do Agora, essa angústia será a nossa companhia constante. Podemos sempre lidar com uma situação no momento em que ela se apresenta, mas não podemos lidar com algo que é apenas uma projeção mental. Não podemos lidar com o futuro.

Além do mais, enquanto estivermos identificados com a mente, o ego rege as nossas vidas, como mencionei anteriormente. Por conta da sua natureza ilusória e apesar dos elaborados mecanismos de defesa, o ego é muito vulnerável e inseguro e vê a si mesmo em constante ameaça. Esse é o caso aqui, mesmo que o ego seja muito confiante, em sua forma externa. Agora, lembre-se que uma emoção é a reação do corpo à mente. Que mensagem o corpo está recebendo permanentemente do ego, o falso eu interior construído pela mente? Perigo, estou sob ameaça. E qual é a emoção gerada por essa mensagem permanente? Medo, é claro.

O medo parece ter várias causas – tememos perder, falhar, nos machucar –, mas em última análise todos os medos se resumem a um só: o medo que o ego tem da morte e da destruição. Para o ego, a morte está bem ali na esquina. No estado de identificação com a mente, o medo da morte afeta cada aspecto da nossa vida. Por exemplo, mesmo uma coisa aparentemente trivial ou “normal”, como a necessidade de estar certo em um argumento e demonstrar à outra pessoa que ela está errada, defendendo a posição mental com a qual nos identificamos, acontece por causa do medo da morte. Se estivermos identificados com uma atitude mental e descobrirmos que estamos errados, nosso sentido de eu interior baseado na mente corre um sério risco de destruição. Portanto, assim como o ego, você não pode errar. Errar é morrer. Muitas guerras foram disputadas por causa disso e inúmeros relacionamentos foram destruídos.

Uma vez que não estejamos mais identificados com a mente, não faz a menor diferença para o nosso eu interior estarmos certos ou errados. Assim, a necessidade compulsiva e profundamente inconsciente de ter sempre razão – o que é uma forma de violência – vai desaparecer. Você poderá declarar de modo calmo e firme como se sente ou o que pensa a respeito de algum assunto, mas sem agressividade ou qualquer sentido de defesa. O sentido do eu interior passa a se originar de um lugar profundo e verdadeiro dentro de você, não mais de sua mente. Tenha cuidado com qualquer tipo de defesa dentro de você. Está se defendendo de quê? De identidade ilusória, de uma imagem em sua mente, de uma identidade fictícia? Ao trazer esse padrão à consciência, ao testemunhá-lo, você deixa de se identificar com ele. Sob a luz da consciência, o padrão de inconsciência irá se dissolver rapidamente. Esse é o fim de todos os argumentos e jogos de poder, tão prejudiciais aos relacionamentos. O poder sobre os outros é fraqueza disfarçada de força. O verdadeiro poder é interior e está à sua disposição agora.

O medo será uma companhia constante para qualquer pessoa que esteja identificada com a mente e, portanto, desconectada do seu verdadeiro poder, o eu profundo enraizado no Ser. O número de pessoas que conseguiram alcançar o ponto além da mente ainda é extremamente pequeno, o que nos leva a presumir que, virtualmente, todas as pessoas que você encontra ou conhece vivem em um estado permanente de medo. Só o que varia é a intensidade. Ele flutua entre a ansiedade e o pavor numa ponta da escala e um desconfortável, vago e distante sentido de ameaça na outra. Muitas pessoas só tomam consciência disso quando o medo assume uma de suas formas mais agudas.


A busca do ego pela plenitude

Um outro aspecto do sofrimento emocional é uma profunda sensação de falta, de incompletude, de não se sentir inteiro. Em algumas pessoas isso é consciente, em outras, não. Quando está consciente, a pessoa tem uma sensação inquietante de que não é respeitada ou boa o bastante. Na forma inconsciente, essa sensação se manifesta indiretamente como um anseio, uma necessidade ou uma carência intensa. Em ambos os casos, as pessoas podem acabar buscando compulsivamente uma forma de gratificar o ego e preencher o buraco que sentem por dentro. Assim, empenham-se em possuir propriedades, dinheiro, sucesso, poder, reconhecimento ou um relacionamento especial, para se sentirem melhor e mais completas. Porém, mesmo quando conseguem todas essas coisas, percebem que o buraco ainda está ali e não tem fundo. As pessoas vêem, então, que estão realmente em apuros, porque não podem mais se enganar. Na verdade, elas continuam tentando agir como antes, mas isso se torna cada vez mais difícil.

Enquanto o ego dirige a nossa vida, não conseguimos nos sentir à vontade, em paz ou completos, exceto por breves períodos, quando acabamos de ter um desejo satisfeito. O ego precisa de a1irnento e proteção o tempo todo. Tem necessidade de se identificar com coisas externas, como propriedades, status social, trabalho, educação, aparência física, habilidades especiais, relacionamentos, história pessoal e familiar, ideais políticos e crenças religiosas. Só que nada disso é você.

Levou um susto? Ou sentiu um enorme alívio? Mais cedo ou mais tarde, você vai ter que abrir mão de todas essas coisas. Pode ser difícil de acreditar, e eu não estou aqui pedindo a você que acredite que a sua identidade não está em nenhuma dessas coisas. Você vai conhecer por si mesmo a verdade, lá no fim, quando sentir a morte se aproximar. Morte significa um despojar-se de tudo o que não é você. O segredo da vida é “morrer antes que você morra” – e descobrir que não existe morte.


domingo, agosto 08, 2010

Hoje é tempo de ser feliz

Pe. Fábio de Melo


HOJE É TEMPO DE SER FELIZ!

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes.

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós, será plantação que poderá ser vista de longe...

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!

Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra.

Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.

Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...

Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões.

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.

Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar?


quarta-feira, agosto 04, 2010

Simplifique sua vida

Pe. Fábio de Melo


Simplifique sua vida!

Tudo o que é belo tende a ser simples. Afirmação generalizante? Não sei. O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade. Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins. Vida que se ocupa de ser só o que é.

Não há conflito nas bromélias, não há angústia nas rosas, nem ansiedades nos jasmins. Cumprem o destino de florirem ao seu tempo e de se despedirem do viço quando é chegada a hora. São simples.

Não querem outra coisa, senão a necessidade de cada instante. Não há desperdício de forças, não há dispersão de energias. Tudo concorre para a realização do instante. Acolhem a chuva que chega e dela extraem o essencial. Recebem o sol e o vento, e morrem ao seu tempo.

Simplicidade é um conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade. A semente é simples porque não se perde na tentativa de ser outra coisa. É o que é. Não desperdiça seu tempo querendo ser flor antes da hora. Cumpre o ritual de existir, compreendendo-se em cada etapa.

Já dizia o poeta: "Simplicidade é querer uma coisa só". Eu concordo com ele. O muito querer nos deixa complexos demais. Queremos muito ao mesmo tempo, e então nos perdemos no emaranhado dos desejos. Há o risco de que não fiquemos com nada, de que percamos tudo.

Aquele que muito quer corre o risco de nada ter, porque o empenho e o cuidado é que faz a realidade permanecer. O simples anda leve. Carrega menos bagagem quando viaja, e por isso reserva suas energias para apreciar a paisagem. O que viaja pesado corre o risco de gastar suas energias no transporte das malas. Fica preso, não pode andar pelo aeroporto, fica privado de atravessar a rua e se transforma num constante vigilante do que trouxe.

A simplicidade é uma forma de leveza. Nas relações humanas ela faz a diferença. O que cultiva a simplicidade tem a facilidade de tornar leve o ambiente em que vive. Não cria confusão por pouca coisa; não coloca sua atenção no que é acidental, mas prende os olhos naquilo que verdadeiramente vale à pena.

Pessoas simples são aquelas que se encantam com as coisas menores. Sabem sorrir diante de presentes simbólicos e sem muito valor material. A simplicidade lhe capacita para perceber que nem tudo precisa ter utilidade. E por isso é fácil presentear o simples.

Dar presentes aos complicados é um desafio. Não sabemos o que eles gostam, porque só na simplicidade é possível conhecer alguém. Só depois que as máscaras caem pelo chão e que os papéis são abandonados a gente tem a possibilidade de descobrir o outro na sua verdade.

Eu gostaria de me livrar de meus pesos. Queria ser mais leve, mais simples. Querer uma coisa só de cada vez. Abandonar os inúmeros projetos futuros que me cegam para a necessidade do momento. Projetos futuros valem à pena, desde que sejam simples, concretos e aplicáveis. Não gostaria que a morte me surpreendesse sem que eu tivesse alcançado a simplicidade. Até para morrer os simples têm mais facilidade. Sentem que chegou a hora, se entregam ao último suspiro e se vão.

Tenho uma intuição de que quando eu simplificar a minha vida, a felicidade chegará em minha casa, quando eu menos esperar.


terça-feira, agosto 03, 2010

Espiritualidade x religião




No episódio envolvendo os jogadores do Santos numa visita ao Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de crianças com paralisia cerebral para entregar ovos de Páscoa, uma parte dos atletas, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa, se recusou a entrar na entidade e preferiu ficar dentro do ônibus do clube, sob a alegação que são evangélicos e não sabiam que se tratava de uma casa espírita.

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé.

A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo, ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixam de existir enquanto "outros" e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas.

E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina – ou pelo menos deveria ensinar –, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia cerebral.

*Autor: Ed. René Kivitz - cristão, pastor evangélico.