"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

terça-feira, maio 22, 2012

O Caminho para sorver a Vida Infinita - Parte Final

 Masaharu Taniguchi


Quando houver uma doença que necessite ser curada, sente-se em silêncio e, de olhos fechados, recite o Canto Evocativo de Deus, entoe mentalmente o "Canto para Contemplar a Imagem Verdadeira", delineie na mente o "ser perfeito" que é a Imagem Verdadeira do homem. Visualize o todo da pessoa - todas as células, desde a cabeça até os pés - como uma existência real, espiritual, pura e límpida como cristal. Mentalize que é a existência pura e cristalina tal qual a essência do Espírito Universal que atingiu o grau máximo de purificação. Desta maneira, espiritualize o local doente, seja qual for a parte do corpo. Procedendo deste maneira, essa parte imperfeita começará a se restabelecer imediatamente. Mentalize que o corpo do homem, por ser Deus na sua Imagem Verdadeira, é perfeito, sem um mínimo de desarmonia. Visualize que na parte enferma há a Imagem Verdadeira espiritual, sublime e perfeita; fite essa Imagem Verdadeira com os olhos da mente e elimine a ideia de que existe a parte doente. O corpo carnal reflete a concepção de cada pessoa, de acordo com o seu grau de conhecimento da Imagem Verdadeira da Vida humana; por isso, quando é aplicado com maior intensidade esse método de espiritualização, seja em que parte do corpo for, manifesta-se a força suprema da Imagem Verdadeira. Quando isso acontece, assim como a treva desaparece na presença da luz, todos os estados imperfeitos e patológicos do corpo carnal se desfazem espontaneamente. Basta visualizar do mesmo modo, tanto para curar os outros como para eliminar a doença de si mesmo.

O corpo carnal não poderá elevar-se ao grau da Imagem Verdadeira através do jejum e de outras práticas ascéticas de auto-anulação. Mesmo que retiremos do corpo carnal todos os elementos materiais, não poderemos espiritualiza-lo. A espiritualização do corpo carnal só será conseguida espiritualizando a nossa mente e mantendo sempre a ideia de que somos existências espirituais. Quanto mais perfeitamente compreendermos que a Imagem Verdadeira da nossa existência é Espírito, mais poderemos espiritualizar o todo. Por isso, até que os nossos gostos se alterem naturalmente e nos livremos de todas as preferências materiais, não há necessidade de rejeitarmos nada que nos proporcione prazer físico nem que nos embeleze e enriqueça materialmente. Dentre tudo que há de bom no mundo exterior, nada precisa ser eliminado. Nenhuma ascese auto-anuladora é praticada na Seicho-No-Ie. Apenas acrescentamos mais e mais ao mundo interior as idéias benéficas. Através desse método, na Seicho-No-Ie aumentamos interiormente a força do Espírito, fazendo do "eu" a projeção cada vez mais perfeita da Imagem Verdadeira, e através dela conseguimos manipular ainda mais livremente o mundo fenomênico.

Seja qual for a parte do corpo carnal, se houver mudança na força mental que mantém a sua forma, a aparência física dessa parte se modificará. Se o nosso corpo carnal está apresentando estado doentio é porque a idéia relacionada com essa parte está doente; portanto, se impregnarmos essa parte com as idéias da Imagem Verdadeira e a despertarmos, nesse mesmo instante o corpo carnal começará a se modificar. Como a força da Imagem Verdadeira jaz no âmago da Vida do corpo carnal, quando essa força se revela imediatamente o corpo carnal começa a se recuperar com esse estímulo. Quando isso acontece, mesmo que não queiramos sarar, não há outro meio senão sarar, porque a força da Imagem Verdadeira é infinitamente mais poderosa do que a força da ilusão. É natural que o corpo carnal manifeste a saúde perfeita quando a mente conscientiza a Imagem Verdadeira perfeita. Se conscientizarmos a Imagem Verdadeira mais e mais profundamente, a energia do corpo carnal também aumentará mais e mais. A mudança que provém da manifestação da Imagem Verdadeira sempre se processa no sentido ainda melhor. Isto porque a nossa Imagem Verdadeira é Deus, e é infinitamente perfeita. Por isso, conhecermos mais e mais a Imagem Verdadeira, ainda que paulatinamente, significa que coisas ainda melhores se manifestarão no mundo exterior.

Pode ser que algumas pessoas pensem que "compreender a Verdade" é abandonar o mundo exterior, mas na verdade é o contrário: significa consumar o mundo exterior. Não há possibilidade de a manifestação no mundo exterior se tornar mais pobre ou inferior com a manifestação da Vida infinita, da Sabedoria infinita, da provisão infinita do nosso interior. Despertar para a Imagem Verdadeira não significa outra coisa senão manifestá-la ainda mais intensamente no mundo exterior. Se a manifestação no mundo exterior parece pobre é por que "o que não é Imagem Verdadeira" imprimiu uma imagem mental da falsa existência, embaçando o espelho da mente e impossibilitando refletir perfeitamente a Imagem Verdadeira interior. Se estamos sendo escravos da visão materialista da Vida, vítimas da doença, das adversidades, do sofrimento, é porque a Imagem Verdadeira interior não está se manifestando. Seja o que for que façamos, a Imagem Verdadeira interior não terá sua Vida, sua energia e sua qualidade infinitas diminuídas. Mas, se nossa mente se apegar à falsa existência, a superfície do espelho mental ficará encoberta pela nuvem da ilusão e ocultará por algum tempo a verdadeira Vida da Imagem Verdadeira interior. É o momento em que se tem a impressão de que toda a luz, toda a Verdade que a Imagem Verdadeira possuía até então foram perdidas. Mas, mesmo nesse momento, a perfeição da Imagem Verdadeira não foi de maneira alguma perdida. O que se afastou do trono sagrado da Imagem Verdadeira foi unicamente o pensamento do homem. Faça o pensamento retornar ao trono da Imagem Verdadeira! Assim você descobrirá o eu que continua sendo filho de Deus. Isto é, descobrirá toda a perfeição, as infinitas virtudes de que somos dotados em nossa imagem originária. No mundo da Imagem Verdadeira - ou seja, nas mãos do Deus-Pai - encontra-se bem seguro todo o tesouro infinito que herdamos d'Ele. É como a parábola do filho pródigo: mesmo que por algum tempo andemos perdidos pelo mundo da ilusão e percamos de vista a nossa Imagem Verdadeira - a nossa imagem originária -, isto não quer dizer que perdemos aquilo que é inesgotável, que outrora era nosso. Basta retornarmos à terra de origem da Imagem Verdadeira para reconquistar aquilo que é inesgotável, que já possuíamos. No mundo da Imagem Verdadeira nada se aniquila, nem diminui.

Quanto mais elevarmos a nossa consciência em direção à Imagem Verdadeira originária, mais os tecidos do nosso corpo físico se aproximarão dela, mais e mais ela se projetará sobre o corpo carnal, e onde ela se projetar existirá apenas a saúde perfeita. Onde a Imagem Verdadeira se manifesta em forma, não há meio de a doença existir. E, para conscientizarmos a Imagem Verdadeira original, o melhor método é praticar intensamente a Meditação Shinsokan, concentrando-se profundamente, e fazer com que o "eu" e a Imagem Verdadeira fiquem totalmente unidos. Assim, quando a nossa consciência atinge a capacidade de contemplar em todos os fenômenos a própria imagem da Imagem Verdadeira suprema e perfeita, a saúde e também todo o nosso ambiente se tornam perfeitos. Isto é, todas as coisas e fatos passam a ser reconhecidos, não segundo a imagem falsa e imperfeita, mas na forma de projeção da perfeita Imagem Verdadeira espiritual. E, quando atingimos o estágio em que seremos capazes de reconhecer a imagem perfeita de todas as coisas tal qual Deus as criou, poderemos dizer que conhecemos a Verdade. Tal consciência da Verdade nos tornará perfeitamente livres, evitará que registremos na mente a impressão falsa e imperfeita, contrária à imagem originária das coisas e fatos; a superfície do espelho da mente permanecerá sempre plana e límpida, e deixaremos para sempre de ser vítimas de desgraças e doenças.

Para conscientizarmos perfeitamente a Imagem Verdadeira, precisamos atingir o estágio sanmai (samadhi) da Meditação Shinsokan: "Eu sou a Imagem Verdadeira, a Imagem Verdadeira sou eu". Neste estágio sanmai da Meditação Shinsokan será conscientizado que o "eu" não está na mente, não está no corpo físico nem tampouco nos corpos astral ou espiritual; que, transcendendo a tudo isso, é um corpo real diamantino e indestrutível que existe num estado de extrema sutileza e de suprema sabedoria. Para atingir essa consciência devemos, assim que nos concentrarmos bem, mentalizar repetidamente a frase "A Imagem Verdadeira sou eu; eu sou a Imagem Verdadeira". Se continuarmos mentalizando assim, aos poucos nossa consciência se tornará convicta, e o "eu" inundará o Universo, respirará junto com o Universo; chegaremos a nos ver como uma grande existência que vive lado a lado com o Universo, e finalmente atingiremos a grande consciência de que "a Imagem Verdadeira sou eu; eu sou a Imagem Verdadeira". E assim desfaremos a ilusão de ver o "eu" como matéria, passaremos a reconhecer em nós mesmos a própria Imagem Verdadeira, descobriremos que estamos recebendo do mundo da Imagem Verdadeira a saúde, a capacidade, a inteligência e a provisão em quantidade infinita. Nesse momento, saberemos que a diferença existente entre nosso eu fenomênico e Deus é apenas a seguinte: nós somos a manifestação de Deus em forma individualizada, enquanto Deus é a imagem dopróprio ser infinito.

Quando assim passarmos a sentir dentro da Vida individualizada a Vida do Ser Infinito, não veremos a doença, não daremos ouvidos à doença, não pensaremos na doença, e a própria palavra 'doença' desaparecerá do nosso mundo. Ainda que o nosso corpo carnal sinta um pouco de desarmonia ou sofrimento, pelo fato de já sabermos que isso é inexistente chegaremos a um estágio em que não pensaremos sequer na doença e deixaremos de chamar tais estados de 'doença'. Em tais casos, pronunciando "Deus é o todo de tudo", o nome da doença deixará de ser pronunciada e desaparecerá do mundo da existência; porque Deus é tudo, a Sua perfeição se manifestará na forma e reconquistaremos a paz e a saúde. Assim que nos acostumarmos, só de mentalizar repetidamente "Deus é o todo de tudo" ou "Só Deus existe", conseguiremos entrar no estágio de sanmai/samadhi.

Repetindo: praticar a Meditação Shinsokan é concentrar a consciência somente na Imagem Verdadeira. Se nossa consciência se concentrar totalmente no mundo da Imagem Verdadeira, nossa mente será absorvida apenas pelo aspecto originário da Realidade, surgirá na consciência somente a perfeição da Imagem Verdadeira e deixaremos de captar tudo que não seja Imagem Verdadeira. É automático: no momento em que nossa mente se instala no mundo da Imagem Verdadeira, deixamos de reparar em qualquer estado imperfeito do mundo fenomênico. Por isso, nossa consciência não poderá sentir nenhuma doença, dor, sofrimento etc. e todo mal será expulso para fora da mente. Quando dessa maneira a nossa mente entra no mundo da Imagem Verdadeira, o corpo carnal também - embora pareça estranho assim dizer - entra juntamente no mundo da Imagem Verdadeira. Isto porque o corpo carnal é a sombra que acompanha a mente. Nós não podemos viver ao mesmo tempo em dois mundos totalmente opostos entre si; se entrarmos no mundo da Imagem Verdadeira, o corpo também entrará e as falsas aparências imperfeitas serão totalmente expulsas do âmbito da consciência, e assim atingiremos a consciência da saúde suprema.

A Meditação Shinsokan é uma oração, mas não para pedir o que não temos agora. É a oração através da qual confirmamos o que já nos está dado. Por isso, no caso de desejarmos a saúde através da Meditação Shinsokan, não devemos buscar simplesmente a saúde. Buscar constantemente a saúde acabará por fazer com que acreditemos em nossa própria falta de saúde. O homem é filho de Deus; portanto, o homem é sempre saudável e não há necessidade de buscar a saúde. Basta apenas acreditarmos que já possuímos neste momento a saúde; entrarmos na consciência da Imagem Verdadeira; compreendermos de todo o coração que a perfeição da Imagem Verdadeira é que é verdadeira, que Deus é o todo de tudo e que nós e Deus somos uma unidade indivisível, e assim afirmarmos no mais profundo da nossa alma o fato de que já recebemos tudo o que desejamos.
F I M

Do livro "A Verdade da Vida, vol. 08", pp. 117-125


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