"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, abril 20, 2014

Ainda sobre a Iluminação

- Núcleo -

Caros amigos, 

Em relação aos textos sobre o  tema "iluminação" e "natureza de maya", recentemente publicados e comentados, aqui no Templo dos Iluminados e no site nucleu.com, senti que seria esclarecedor para muitos estabelecer uma clara relação entre eles, porque se completam. Assim, compartilho o que segue:


“Iluminação” é estar consciente de que Deus é o único Ser Real e da real identidade!

Assim, o “iluminado” está consciente de Quem Deus É e de Quem (tudo e todos os seres) Somos...

Aquele que está consciente de que não há outro Ser Real senão o próprio Ser, quem pode e sabe ser senão o próprio Ser?

Um ator não deixa de ser “ator” quando está representando. É “atuando” que ele se expressa e que se realiza!

Deus é o ator divino e, por ser divino, atua tanto representando o papel de “personagens”, quanto o papel de “cenário” e dos “objetos do cenário”!

Assim, o “Ator divino”, quando está atuando, está presente em toda a Sua “encenação divina”.

Está consciente tanto quando a “vê” como “encenação”, como quando a “vê” como real.

Quando a “vê” como “encenação”, está atuando como um personagem desperto, iluminado.

Quando a “vê” como real, está atuando como um personagem indesperto, não iluminado.

Em ambos os casos trata-se do próprio Ser Real consciente de que é “o ator” representando!

Portanto o Ser Real é a real identidade de todos os personagens e também de todo o cenário!

Na linguagem védica essa “representação divina” é chamada de “Maya”.

Maya surge do Ser. E é o próprio Ser Quem está presente em toda ela, como personagens e também como cenário!


O que se segue é um texto comentado que expõe a linguagem védica, por Sathya Sai Baba. Os comentários estão entre colchetes: [...]

Escreve Sai Baba:

Escute Arjuna [personagem]! Entre Mim [o Ser Real; o Ator] e este Universo move-se maya [a representação divina], denominada ilusão. Deveras, é difícil, uma árdua tarefa o homem [o personagem] alcançar ver além de maya, porque maya também é Minha. É da mesma substância. Você não a pode supor separada de Mim. É criação Minha e está sob o Meu controle. 

[Notem que Krishna é Quem está falando com Arjuna e que ele é consciente de que é tanto o aspecto criador do Universo Real, Brahma, quanto é consciente de que Ele é Quem cria a “representação”, “maya”.

Um adendo, em termos da simbologia védica, há um Deus universal chamado de Brahman. Brahman revela ter três aspectos: O aspecto criador de Brahman é chamado de Brahma; o aspecto preservador de Brahman é chamado de Vishnu; e o aspecto transformador é Shiva.

Krishna manifesta, ora um, ora outro, desses aspectos, sendo por esse motivo considerado por uns como um “avatar” de Shiva e por outros um “avatar” de Vishnu. Literalmente, a palavra “avatar” significa “descida”; a “descida de Deus”, do céu, para Se manifestar no Universo!

Portanto, Krishna é a própria divindade manifesta! Ele é o Ser Real, consciente de Quem É!

Por ser Quem É, Krishna conhece sua real identidade e a real identidade de todos os seres, e conhece também a natureza tanto do Universo Real quanto da representação divina – maya. É o que Krishna está revelando a Arjuna neste diálogo divino. Daí a importância do texto!]

Continuando, Krishna diz:  

“Numa fração de segundo revira o mais poderoso dos homens [personagens] de pernas pro ar! Somente aqueles que são plenamente ligados a Mim [o Ser Real] podem vencer maya [vencer maya não significa se debater contra maya com a finalidade de vencê-la, mas sim, significa vê-la com uma visão que a transcende, que percebe sua natureza de representação divina, ou seja, aquilo que parece ser real, mas que em realidade não é!]. Arjuna, não veja em maya, o mínimo que seja, algo repulsivo que tenha descido de qualquer parte. Ela é um atributo da mente [Que revelação divina! Notem que é a visão da “mente do personagem” que vê maya como sendo algo real], fazendo esta ignorar a Verdade e o Eterno Paramatma [A Verdade é que só Deus é Real. Há um Universo, criado por Deus, que é Real. Mas maya é apenas uma representação divina]. Maya conduz ao erro de acreditar [acreditar é perceber com a “mente do personagem”, é “ver” mentalmente a representação e tomá-la como real...] que o corpo é o Ser. Não é algo que era e depois desaparecerá; nem é alguma coisa que não era, vem a ser, e ainda é. Maya nunca foi; não é; e nunca será. [Maya é uma representação]

É um nome para um fenômeno inexistente. Mas esta coisa não existente vem de dentro da própria visão! [Outra revelação divina digna de nota! Krishna está revelando que é a visão da mente do personagem que vê o que não é real e a projeta como se fosse real, tornando-a real para a própria visão da mente do personagem...]. É igual à miragem no deserto, um lençol d’água que nunca houve nem há. Quem conhece a Verdade não vê miragem. Somente os desavisados quanto ao deserto são por ela atraídos. Correm para ela e sofrem aflição, exaustão e desespero. Como a sombra crescendo dentro do quarto, a esconder o próprio quarto; como a catarata a crescer no olho suprime a visão, maya apega-se àquele que a ajuda a crescer.”

Prossegue Krishna:

“Arjuna, você pode perguntar se maya, que penetra e prejudica o próprio lugar que lhe dá origem, não Me tem maculado, pois em Mim tomou nascimento. Tal dúvida é natural. Mas é sem base. Maya é a causa de todo esse universo [universo do personagem; representação], mas não é a causa de Deus [e nem é a causa do Universo Real, que é gerado por Brahman].

Sou Eu a autoridade que a dirige [Krishna é a base que “sustenta” a representação. Isto significa que não seria possível haver representação sem o Ator, sem os personagens e sem o próprio cenário]. Este universo [irreal, este universo dos personagens], que é produto de maya, move-se e se comporta de acordo com a Minha Vontade. Assim, a pessoa que estiver ligada a Mim e se conduza de acordo com a Minha Vontade não pode ser prejudicada por maya [“estar ligado em Krishna" é ser unido à visão que Krishna proporciona; é estar percebendo a onipresença da divindade na representação, e ao mesmo tempo estar consciente de que se trata de uma representação e não da Realidade]; maya [por ser da mesma substância de Krishna e não poder se supor separada de Krishna] reconhece autoridade nela também. O único método para vencer maya é adquirir jnana (sabedoria) do Universal [o conhecimento do Ser Real], e redescobrir sua própria natureza Universal. Você [com a visão de um personagem do Ser] atribui limite à existência daquilo que é eterno [o Ser Real], pois isto [a visão mental] é o que produz [o que faz surgir] maya. Fome e sede são características da existência [dos personagens]. Alegria e tristeza, impulso e imaginação, nascimento e morte são todos características do corpo [do personagem que se percebe num universo dual...]. Não são características do Universal, do Atma [do Ser Real].

Acreditar [perceber com a mente do personagem] que o Universal [que o Ser Real], que é você mesmo, está limitado e sujeito a todas essas características não-átmicas – isto é maya. Mas lembre-se [bela ênfase de Krishna a Arjuna e a todos os divinos personagens]: maya não ousa aproximar-se de quem tenha Me tomado por refúgio. Para aqueles que fixam a atenção em maya [para os que se fixam na percepção da mente que “vê” maya], ela opera como um obstáculo de vastidão oceânica. Mas aos que fixam sua atenção em Deus [para os que se fixam na percepção da Consciência que “vê” a Realidade], ela se apresentará como Krishna! [E completa Krishna dizendo que...] A barreira de maya pode ser superada, seja por desenvolver a atitude de unidade com Deus Infinito [seja por se ver em unidade com Deus], seja pela atitude de completa submissão ao Senhor [seja por seguir as orientações divinas, como as contidas nesta esplêndida e muito elucidativa revelação divina de Krishna a Arjuna!].

(Do livro: Bhagavad Gita – "O Fluir da Canção do Senhor" – Sathya Sai Baba) [Comentários conforme a linguagem usada no Núcleo]

E para completar, usando a linguagem bíblica, Disse Jesus:

"Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado."

"Permanecei em mim [Ser Real] e Eu permanecerei em vós. O ramo [o personagem] não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira [no Ser Real]. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira [o Ser Real]; vós, os ramos [personagens]. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."

E quanto a tudo o que disse, Jesus revelou:

Já não vos chamo servos [personagens inconscientes], porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos [personagens conscientes], pois [sendo Eu o Ser real que aparece na representação como um personagem consciente] vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai [o Eu Verdadeiro, a Consciência do Ser, a nossa real identidade!]. (João 15:15)

Namastê!

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