"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, julho 21, 2014

Comentando o capítulo 7

- Gustavo -

Os ensinamentos iluminados afirmam que a morte pode ser superada. Obviamente isso não quer dizer que o homem vá viver para sempre como um corpo físico. O corpo físico é uma existência dual (conceito) e está fadado a desaparecer pelo simples fato de ter um dia surgido. Os fenômenos "surgir" e "desaparecer" representam polaridades opostas do universo dualístico. Tudo o que surge, desaparece. A imortalidade não diz respeito ao corpo, e sim à existência espiritual do homem. Espiritualmente o ser humano existe sem jamais ter nascido ou morrido - ele é sempre, de eternidade a eternidade. Quando o homem perde o falso conceito do corpo e conscientiza a sua natureza verdadeira, que é Espírito, a imortalidade é obtida. Todavia, o falso sentido que fazemos do corpo somente pode ser descartado com a conscientização da verdade sobre ele, e isso requer treinamento de percepção (meditação). Sem prática constante da meditação, o indivíduo não chega a ir longe neste caminho.

Há uma espécie de "mente" criando e projetando o universo conceitual. Nos ensinamentos metafísicos, tal mente é chamada de "mente carnal", "mente mortal", "mente ilusória", "crença coletiva" ou "crença universal". Ninguém é responsável pelo aparecimento do universo ilusório, ele é produto de uma mente impessoal (que não é de ninguém) e ilusória que se vê separada de Deus. Essa mente não proveio de Deus (pois Deus não se vê separado de Si mesmo) e não possui vínculo com nada e ninguém - é como uma "onda de rádio" ou "nuvem" que paira no meio do simples "nada". Não está realmente aqui, mas se apresenta como se estivesse. E, justamente por surgir do "nada" é que tal mente pode ser compelida a retornar ao seu "nada" originário. Quando a mente ilusória retorna ao nada, a existência verdadeira criada por Deus (que sempre esteve aqui, encoberta pela falsa presença da mente impostora) se revela como existência-sempre-presente. Esse é o fundamento da cura praticada e ensinada por Joel Goldsmith.

A humanidade acredita que morte, doenças, misérias, discórdias, e toda espécie de sofrimentos são frutos de carmas negativos acumulados (pecados). Acredita, portanto, que o homem é o responsável pelas experiências boas ou ruins por que passa na vida. A pessoa que passa por infortúnios ou doenças está "compensando" uma dívida contraída no passado. A humanidade carrega em seu inconsciente coletivo a ideia de que um pecado ou culpa somente podem desaparecer se o indivíduo pagar um preço justo. E a moeda exigida para expiar a culpa e o pecado é a punição. "Eu pequei, agora tenho que sofrer de alguma forma para poder compensar e me livrar deste pecado" ou "Aquela pessoa cometeu este e aquele ato, agora deverá ser punida para compensar o mal que fez" - essa é a ideia que está incutida na mente coletiva da humanidade. Essa é a justiça humana. E, como parte integrante da humanidade, cada indivíduo carrega em alguma medida essa ideia na mente.

Goldsmith diz que o homem não é o responsável por seus pecados. Toda situação de doença, dor, miséria, discórdia,  escassez e sofrimento têm sua origem na "crença universal" que cria e projeta o universo ilusório, e não no ser humano em si. É a crença universal (que não possui relação alguma com qualquer ser em absoluto) que faz aparecer uma situação de doença, miséria ou sofrimento. Ao ensinar a cura espiritual, Goldsmith diz que o primeiro passo para nos livrarmos da ilusão/culpa/pecado é conscientizar que o problema em questão não está de maneira alguma associado a uma pessoa, coisa ou fato, e isolá-lo. Toda situação de pecado é fruto da mente universal (que não é de ninguém). Isso é chamado de "princípio da impersonalização". Após a impersonalização, passamos ao "princípio da nadificação". A situação deverá ser "nadificada", ou seja, o indivíduo deve conscientizar que tanto a crença universal (geradora da situação) quanto a situação em si têm a sua natureza/origem no nada. Com esses dois passos, a aparência de pecado desaparece. Por exemplo: suponhamos que alguém tivesse o seu carro roubado. Ao realizar a cura espiritual, o praticista deverá imediatamente livrar-se da tentação de pensar que "meu carro foi roubado por alguém", pois tal situação foi gerada pela mente carnal, e não pela vontade de uma pessoa. No mundo criado por Deus não existem pessoas cometendo atos tais como roubos, pois todos são filhos de Deus, todos os seres são inocentes. Não há ninguém que seja pecador ou culpado. Assim, o suposto "ladrão" deverá ser isolado da situação em si (roubo do carro), pois o "ladrão" é na verdade o Cristo, o Filho de Deus perfeito, e todo Filho de Deus age com a consciência de ser filho de Deus. Este é o passo da impersonalização. A seguir, o praticista deve conscientizar que, já que não existe ninguém cometendo roubos, a situação em questão somente pode ser uma imagem/quadro/cenário/filme projetado pela mente carnal, a qual é o nada. Se, por natureza, a mente carnal é o nada, o problema que advém dela também é "nada" - jamais aconteceu! Se, com esses dois passos, o indivíduo conseguir expulsar de sua consciência a crença universal que dizia que "o carro foi roubado", é bem provável o universo conceitual passe a apresentar uma sequência de imagens em que o carro perdido torne a aparecer.

Da mesma forma, as imagens de "nascimentos" e "mortes" que são mostradas no universo conceitual são frutos da crença universal, e não da Consciência ou Mente Divina. Por isso, Goldsmith recomenda que em nossas meditações diárias devemos conscientizar a imortalidade aqui e agora - a imortalidade deste corpo e deste universo - para que possamos descartar o falso sentido que, influenciados pela crença universal, fazemos do corpo e do universo.

Ademais, Goldsmith explica que nada dentro do universo conceitual possui vida, inteligência, força, vontade ou poder por si mesmo. Isso porque o universo conceitual não é universo, mas apenas um conceito do Universo. E tudo o que existe, existe no Universo. Assim, a vida, inteligência, força, vontade e poder estão no Universo (Deus) e não nas coisas do universo das aparências. É por isso que Goldsmith afirma que o corpo físico não possui inteligência, não pode se mover - ele é apenas como uma sombra refletindo o nosso estado de consciência. O corpo que se move é o corpo real que existe no Universo. E quem move o corpo é o homem real, o qual, novamente, existe no Universo. É somente no Espírito que tudo existe e acontece. "Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser" (Atos 17: 28). Devemos nos erguer nossa consciência acima da crença de que a vida está no corpo e que o corpo controla a vida. Este é o fundamento que, se plenamente conscientizado, nos faz vencer a morte, o último inimigo. Goldsmith afirma: "O passo inicial para vencermos a morte está na conscientização de que o corpo não possui qualquer inteligência pela qual possa viver ou morrer. O corpo não tem inteligência para apanhar um resfriado, e para conseguirmos um resfriado para ele precisamos permitir a atividade da mente carnal aceitando as crenças do pensamento humano; e teremos de agir do mesmo modo para contrair para o corpo doenças de qualquer natureza. A doença humana nunca é contraída pelo corpo ou através dele. O corpo não possui inteligência: ele não pode se mover; é inerte; e, como uma sombra, reflete nosso próprio estado de consciência. Toda doença, portanto, que pareça ser do corpo é contraída através da atividade da mente humana pela sua aceitação das crenças universais. O primeiro ponto então para que a morte seja vencida é superar a crença de que o corpo tem, por si, capacidade de viver ou morrer, e conscientizar que o corpo tem somente a capacidade de refletir ou expressar a atividade de nosso próprio estado de consciência.".

Note que os ensinamentos do Caminho Infinito dizem respeito a vivermos a vida material a partir de um nível ou estado superior de consciência. Ao caminharmos com o nosso corpo físico [conceito], devemos estar cientes de que não é o corpo físico que está caminhando, mas somente o corpo real pode caminhar. Este é um exemplo bem pequeno e simples, mas através do qual podemos começar a treinar os princípios da cura espiritual, para posteriormente transpô-los para outros aspectos maiores da vida. "O ponto importante é em que nível de consciência estamos vivendo. Estamos nós vivendo de forma tal que, seja qual for o local ou plano de existência, dominamos os obstáculos da mortalidade e da materialidade? O grau de nossa conscientização de que esta divina Consciência nos governa é o grau com que nós 'vencemos o mundo'; dentro de cada um de nós estou Eu, e Eu sou o poder que rege toda a nossa experiência."

Por isso, medite! Contemple:

"Este corpo não é um poder sobre mim. Eu sou a vida, a mente, a inteligência e o poder que governam este corpo. Não eu, um ser humano, mas Eu, a divina consciência do Ser, dirijo este corpo, este negócio, este lar, este ensinamento e este algo mais dentro da faixa da minha consciência."

Namastê!

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