"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, agosto 06, 2014

Comentando o capítulo 10 - 1/2

- Gustavo -


O comentário ao capítulo 10 está sendo dividido em duas partes. Serão comentados dois pontos essenciais. Apesar de ser menor do que os demais capítulos do livro, seu conteúdo é muito profundo. Merece, portanto, atenção especial por parte do estudante do Caminho Infinito. Neste comentário vamos abordar o primeiro ponto essencial.

Logo no início deste capítulo, Goldsmith diz que: “A chave daquilo que denominamos ‘demonstração’, ou seja, uma vida feliz e bem sucedida, uma existência alegre e plena, é a consciência, é a obtenção da consciência do bem de uma forma ou de outra.”. Adquirir a consciência do bem é indispensável para que possamos demonstrar visivelmente as verdades espirituais que já existem no Universo Espiritual. O indivíduo deve ter sua consciência/mente alinhada com a Verdade de que “Deus é o puro Bem, o Bem Infinito”. A Totalidade que Deus é não abrange a dualidade “bem e mal”, mas apenas o Bem (que é Deus). Não há mal em Deus. O mal não está de modo algum relacionado com o Ser que Deus é. A mente que acredita em ideias tais como “Deus compreende tanto o bem como o mal” ou “Deus é só bem, mas o mal também é parte de sua criação”, está desalinhada com a Verdade pregada nestes ensinamentos. A mente/consciência que crer nessas ideias terá dificuldades em demonstrar visivelmente as verdades espirituais (bem, sabedoria, harmonia, felicidade, suprimento, etc.), pois, ao acreditar que o mal existe como força real, estará conferindo a ele permissão para se apresentar como se fosse realidade. Joel Goldsmith está advertindo sobre a necessidade de o estudante obter a consciência do bem. Deus e o Bem são um. O Bem não é apenas uma “qualidade” ou “atributo” de Deus, mas é o próprio ser que Deus é. Ambos constituem a mesma substância. Somente o Bem é realidade – o mal é irrealidade.

Uma das questões mais importantes nos ensinamentos do Caminho Infinito diz respeito à "natureza de Deus" e à "natureza do erro" (ilusão). Saber discernir claramente a natureza de ambos é fundamental, pois é o que torna possível realizar a cura pelo Espírito. Alcançar a consciência de Deus como sendo o puro "Bem" é um ponto essencial deste ensinamento. O indivíduo não poderá trazer à visibilidade o bem, a harmonia e as demais bem-aventuranças proporcionadas pela cura espiritual enquanto retiver em sua mente/consciência conceitos misturados sobre a natureza de Deus e a natureza do erro. A compreensão do que vem a ser a "natureza de Deus" e a "natureza do erro" propicia ao indivíduo facilidade de eliminar da mente toda e qualquer espécie de ideias relacionando o mal com Deus.

O Caminho Infinito diz que Deus é o Todo, e que Deus é o puro bem. Deus é o bem e não é o mal. Mas, se Deus é o todo, Ele não deveria conter em Si também o mal? Os ensinamentos metafísicos dizem que, embora Deus seja o Todo, o mal não é parte integrante do Todo, porque Deus não criou o mal. O mal teve sua criação a partir de uma mente universal (mente mortal, crença universal, ilusão) que concebeu um pensamento de separação de Deus. O Universo da criação de Deus foi criado e existe "antes" do surgimento de tal pensamento universal de separação. Dessa forma, o bem (realidade) tem sua origem em Deus, ao passo que o mal (irrealidade) somente surge quando há um pensamento de separação/afastamento de Deus. Bem e mal não são forças opostas competindo pela ocupação de um mesmo espaço. A relação que há entre o bem e o mal é como a relação que existe entre a luz e a escuridão. A luz e a escuridão não brigam entre si. A escuridão não tem o poder de combater a luz. A natureza da luz é tal que, quando a luz se manifesta, a escuridão desaparece. Quando a realidade está presente, a irrealidade está ausente. Isso também está dito na Bíblia da seguinte forma: "O Amor lança fora o medo". A princípio, o Amor, por ser o Todo (e por ser amor!), deveria incluir em si o medo, mas Ele não o inclui, e sim "o lança fora". Mas vamos entender que "lançar fora" não tem o sentido "excluir". Se o Amor lança fora o medo é porque este é como a escuridão. Quando o Amor está presente, o medo está ausente. Certamente, o Amor não lançaria fora o medo, caso este existisse realmente.

Assim, em razão da diferença de natureza do "bem" e do "mal", ambos não devem ser confundidos ou misturados. A mente que acredita na dualidade de que "Deus criou o bem e o mal" mistura a realidade com a irrealidade e, confundindo ambas, e aceita implicitamente a existência do mal como força real, e isto confere ao mal permissão para se projetar neste mundo. O mundo em si não é real, nem irreal. Este mundo tem a natureza de ser como uma "tela", um "quadro" ou "folha de papel" em branco. Nele é possível haver mistura de "luzes e sombras", "bem e mal", "certo e errado", etc.. O universo aparente tem a característica de conceber em si o real e o irreal. Ele manifesta imagens que expressam a Realidade, mas também manifesta imagens expressando o que absolutamente não existe. Para que o mal não seja projetado na "tela" do mundo, ele precisa ser conscientemente rejeitado. Por isso, é muito importante que o praticista de cura espiritual possua um claro entendimento acerca da natureza da Verdade e da ilusão.

Outra questão importante para entender é: por que os ensinamentos afirmam que "Deus é Bem" e ao mesmo tempo dizem que "Deus está acima do bem e do mal"? Respondendo: ao afirmarem que o mal não é capaz de se opor ao bem, eles estão falando de algo que ocorre em um âmbito de elevada magnitude, a partir de um plano mais abrangente e essencial, uma dimensão pertencente a "fora" deste universo. Eles estão revelando a natureza da Essência. No âmbito da magnitude de que estão falando, existe unicamente Deus, que é puro Amor. Mas uma mente ilusória (aparentemente) está concebendo um pensamento universal de separação de Deus. O bem que se projeta no universo aparente tem sua origem em Deus, e Deus é Realidade. Ao passo que o mal que ali é projetado tem sua origem no pensamento universal de separação de Deus, e tal "pensamento" é absoluta irrealidade. Por sua vez, todas as projeções (luz e escuridão, bem e mal, vida e morte, etc.) que surgem no universo das aparências são irrealidades. Em tal âmbito irreal, o bem existe em oposição ao mal, a vida existe em oposição à morte, a luz existe como força oposta à treva. Se a mente aceitar indistintamente todos os "conceitos" (bem e mal, saúde e doença, vida e morte, etc.) como provenientes de uma única fonte (Deus), ela estará misturando coisas de natureza distinta e confundindo a si mesma, e a cura espiritual será impossível.

Note bem que: tudo o que existe no universo das aparências são "conceitos". Nada do que existe aqui é real, incluindo o bem que se manifesta como projeção da realidade divina. No universo das aparências, o bem e o mal se apresentam como se fossem forças relativas (ou seja, a existência de um depende da existência do outro) e opostas (que se combatem entre si), mas ambos são irrealidades. "Bem" e "mal" são projeções, e ambos são irrealidades. "Vida" e "morte" que ocorrem no universo das aparências são ambos irrealidades. "Saúde" e "doença" que se manifestam no corpo físico (e também o corpo físico) são todos irrealidades. Onde está a Realidade? Fora do universo conceitual! Friso novamente que o universo conceitual não deve ser visto pelo praticista espiritual como "universo", pois Universo ele não é - é apenas um conceito. Universo, só existe um! Realidade, só existe uma! Essa é a base para alcançar a compreensão do princípio do "único poder", pregado por Joel Goldsmith. O Bem que existe em Deus é absoluto (real), e não existe "força do mal" atuando em contraposição a ele. Quando esse Bem Infinito é conscientizado, no universo das aparências surgem imagens condizentes com Ele - mas tudo o que existe no cenário projetado é irreal. O bem que existe no mundo fenomênico é apenas um conceito miúdo, um "reflexo" (algo como uma "fotografia" ou "retrato"), representando o Bem infinitamente maior que Deus é. Deus é o Bem infinito que está acima do bem e do mal.

Feitas essas considerações, passaremos ao outro ponto essencial explicitado no capítulo 10.

Continua...

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