"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, maio 30, 2016

O Verbo feito carne


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Há pouquíssimas citações ou passagens de sabedoria espiritual nas escrituras que não têm um duplo sentido, o literal e o intuitivo, espiritual ou místico. Muitas palavras e afirmações na Bíblia parecem contraditórias, embora eu duvide que haja uma contradição verdadeira na Bíblia inteira. Pode parecer que haja contradições, se as informações são interpretadas a partir do conceito que uma pessoa tem da palavra ou mesmo a partir da definição que o dicionário registra, mas eu não encontrei nenhuma.

Provavelmente, a palavra mais controvertida da Escritura é a palavra “carne”, porque, na bíblia, ela é empregada de dois modos completamente diferentes. O primeiro modo é “Espírito”, que é a substância original, é uma forma. É a idéia. E quando ela vem à nossa consciência, é o Verbo feito carne. Quando ele se torna visível, é a carne que definha, a carne com a qual podemos ter prazer hoje. Mas não vamos nos prender à forma amanhã. Vamos mudar nosso conceito de ser, de corpo ou provisão todo dia. Isaías disse: “Toda carne é erva” (Isaías 40:6). Jesus disse: “A carne para nada aproveita” (João 6:63). No primeiro capítulo de João, diz-se: “E o Verbo se fez carne” (João 1:14).

“O Verbo se fez carne” pode ser considerado como uma das principais premissas do ensinamento do Mestre, tal como é uma premissa maior no ensinamento do Caminho Infinito. A palavra de Deus dentro de nós torna-se visível ou tangível como expressão: O Verbo torna-se o filho de Deus. Nesse sentido, a carne deve ser considerada como significando forma espiritual, atividade e realidade. “O Verbo se fez carne e habita em nós”: Deus se tornou visível como o homem. Deus-Pai tornou-se visível como o filho, mas ninguém jamais verá esse homem com seus olhos. Esse homem só pode ser visto no ápice da consciência espiritual.


A PALAVRA INVISÍVEL TORNA-SE TANGÍVEL

Os médiuns espirituais apresentam a cura no momento em que notam o homem espiritual: o Verbo feito carne. Até esse momento de percepção, a meditação ou o tratamento estão apenas nos conduzindo para onde o Verbo torna-se carne como homem espiritual.

Uma pessoa pode empenhar-se em meditações saudáveis desde a manhã até à noite, mas se a meditação não culmina num momento de distensão – liberdade, alegria e paz – não adianta esperar a cura ou a restauração da harmonia daquela meditação, porque não são os pensamentos de uma pessoa que realizam a cura. Eles apenas conduzem a um estado de consciência acima da percepção humana da vida, em que, num momento de plena consciência, é como se alguma coisa reluzisse diante dos olhos e dissesse: “Havendo eu sido cego, agora vejo” (João 9:25). E, naturalmente, ele pode não ter visto ou ouvido alguma coisa e, no entanto, sabem, concebe e pressente.

Quando uma pessoa afirma a verdade na sua consciência, pondera-a e finalmente pára de ponderar e apenas senta-se quietamente com a atenção em expectativa de que algo se revela a partir do seu interior, aquele momento de iluminação vem – um clarão, uma liberação, uma sensação de paz – e é como se a pessoa fosse libertada de seu próprio corpo. Há uma sensação de leveza, um sentimento de alegria, um sentimento de realização. É naquele momento que ele se torna ciente da Realidade, o Deus invisível torna-se tangível, mesmo que ele não possa vê-Lo ou ouvi-Lo.

Depois disso a febre pode baixar, o tumor pode ser removido, o suprimento pode ser mostrado, um trabalho pode ser oferecido ou um novo lar pode ser encontrado. Todos são os resultados na experiência humana, do Verbo invisível que se torna tangível como um sentimento invisível. Primeiro vem o Verbo invisível, Deus, o Próprio Infinito Invisível, que sabemos que está aqui e agora preenchendo todo o espaço dentro e fora de nós. Então, segue-se a percepção consciente daquele Verbo que se evidencia em captar um instantâneo do Divino e finalmente aqui fora, naquilo que chamamos de cura ou mudança na aparência. Mas nenhuma aparência pode mudar a menos que algo tenha ocorrido na consciência.

Não cuide das aparências. Não busque as aparências para qualquer mudança. “Ainda em minha carne verei a Deus” (Jó 19:26). Bem aqui e agora na terra, podemos ver a Deus. Eu não quero dizer que vemos com os olhos físicos, mas podemos discernir ou ficar conscientes d’Ele. Isso é o que significa ver a Deus ou senti-Lo: ser tocado por Deus ou tocar na orla do manto.

Cada praticante espiritual recebe iluminação direta, se não de outra forma, pelo menos na cura da qual ele foi instrumento. Do contrário, a cura não poderia ter sido realizada. Não há ninguém na terra hoje que realize quaisquer obras maiores do que o Mestre, Jesus Cristo. Ele disse: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma” (João 5:30). Tenho certeza de que não podemos fazer mais do que ele podia. O Pai dentro de nós faz a obra, mas só naquele momento de contato, de iluminação. Daí pra frente, depois que se conseguiu a iluminação, aquele fluxo continua sem esforço consciente. Mas deve ser renovado dia a dia. Todo dia é necessário penetrar no silêncio, em certas ocasiões, doze vezes, para sentir novamente o Impulso divino.

Depois que se está neste caminho há vários anos, não é necessário voltar e estabelecer aquele contato em cada meditação ou tratamento dado. Chega o tempo em que “vivemos e nos movemos e existimos em Deus” (Atos 17:28), e raramente estamos fora daquele estado de consciência. É só sob tensão de alguma grande emoção ou de alguma grande tragédia, dura experiência ou impacto, que a pessoa que vive deste modo há muitos anos pode estar temporariamente fora do reino de Deus. Isso pode acontecer e acontece mesmo para aqueles bem adiantados no caminho, mas eles têm pouca dificuldade de refazer seus contatos. Nos primeiros anos de nosso trabalho, contudo, isso não é assim. Fazemos contato e então parecemos perdê-lo por alguns dias na oportunidade e encontrá-lo novamente somente com esforço e luta.


A CARNE QUE ENFRAQUECE

A palavra “carne” é usada com um sentido realmente diferente da afirmação: “Toda a carne é erva”. Carne, nesse sentido, significa o que nós observamos através dos sentidos, o que vemos, ouvimos, saboreamos, tocamos ou cheiramos. Se estivermos num estado de consciência, no qual nossa manifestação é de pessoas, coisas ou circunstâncias, não poderemos entrar no reino de Deus, no domínio do Espírito.

A posse de um bilhão de dólares não tornará possível a uma pessoa herdar o reino de Deus, nem a crença de que a carne tem poder para nos dar prazer ou dor. Enquanto nossa fé e confiança estiverem nos bens materiais, nunca conheceremos a realidade das coisas; só conheceremos as formas aqui fora. Quando, porém, com estudo e meditação, nossos interesses começarem a transcender as pessoas, as coisas e as circunstâncias, estamos sendo levados para um reino mais elevado da consciência e nele, finalmente, O vemos tal como Ele é e ficamos satisfeitos com essa semelhança.

Isso também ocorre quando começamos a compreender por que é possível amar aos nossos semelhantes. Uma vez que ficamos cientes um do outro através desta visão mística interior, somos amigos. Na verdade, quando vemos a nós mesmos aqui fora, somos mortais, materiais e finitos. Nós somos a carne que definha como a erva, mas, quando nos observamos uns aos outros com visão espiritual, em nossa verdadeira identidade, somos os filhos de Deus. Quando despertamos deste sonho de materialidade, observamos as pessoas como elas são e ficamos satisfeitos com essa semelhança.

Quando você se apresenta a um mestre espiritual com um problema físico, monetário ou de relacionamento familiar, você é da terra. Seu mestre, vendo-o assim, nunca o ajudará a resolver seus problemas. Mas a capacidade de estar quieto, até que esse pequeno instantâneo venha de dentro, capacita o médium espiritual a vê-lo como você é, o que revela o Verbo feito carne, o que revela o filho de Deus.

Primeiro vem o Verbo, Deus, e Ele se faz carne. Ele se torna um estado de consciência, mas sem forma. Não é uma ideia e também não é uma coisa. Mas, então, com isso vem o pensamento a palavra falada, a palavra escrita, o dólar palpável, um peixe ou um pão. Esse tipo de carne - palavras, escritos e dólares - deve definhar como a erva. Mas a carne entendida como a consciência jamais morrerá. Primeiro é a compreensão de Deus como Substância. Depois, o Verbo, a Substância, torna-se carne. Ela se torna um estado de consciência. E o estado de consciência se manifesta como forma.


NÃO SE ORGULHE COM A APARÊNCIA

Assim que tiver consciência do Espírito, você poderá fazer qualquer coisa que precise fazer, porque você não a estará fazendo; será o espírito da Verdade da qual você se tornou ciente. Ele tomará forma. Mas, quando isso ocorre, não se orgulhe dessa aparência. Tenha muito cuidado para não se sentir satisfeito com abundância de suprimento, saúde física ou felicidade diária. Não fique satisfeito com qualquer coisa no reino da carne, dos bens materiais ou da forma. Não quero dizer que você não deva apreciar as coisas. Quero dizer que você não deve ficar satisfeito com elas.

Quando você se sentir satisfeito com suprimento, nunca se alegre com isso, como se fosse a manifestação. O que foi manifestado foi o Espírito, não o suprimento. Alegre-se com o Espírito invisível que está gerando esse suprimento. Quando uma pessoa lhe diz: “estou me sentindo melhor”, observe para que você não se sinta muito feliz com isso porque, se você estiver observando as aparências, lembre-se de que elas podem mudar amanhã. Olhe o que está por trás do indivíduo e sinta-se agradecido de que a percepção consciente do Espírito realizou-se, porque essa é a razão pela qual a pessoa agora está bem, empregada, alegre ou coisa que o valha.

Observe para que você não se orgulhe da carne, na forma da manifestação, mas se orgulha com o outro sentido da carne: o Verbo feito carne. Essa carne é a carne invisível. Repetidas vezes os metafísicos perdem suas completas manifestações de harmonia porque no momento em que seu salário dobra, pensam que realizaram uma manifestação. Eles realizaram, mas a manifestação não foi o salário dobrado; a manifestação foi a presença do Espírito que apareceu como salário dobrado.

Os hebreus que estiveram com o Mestre, pensavam ter realizado uma manifestação quando os pães e os peixes foram multiplicados. Não realizaram uma manifestação absolutamente. No dia seguinte eles estavam com fome novamente. Mas o Mestre realizara uma manifestação da consciência da presença de Deus e, assim, podia multiplicar pães e peixes a todo e qualquer dia da semana. Podia sair e descobrir ouro na boca dos peixes. Ele não estava tentando multiplicar pães e peixes; tudo o que estava fazendo era elevar seus olhos na compreensão de que o Espírito de Deus era sua manifestação. Permanecer em plena consciência da Presença foi sua manifestação e quando ele realizou essa manifestação, o cadáver tinha que se levantar, os pães e os peixes tinham que ser multiplicados e o ouro tinha que estar na boca dos peixes, porque Deus é a substancia de toda a forma.

Não se orgulhe em curar. Nunca afirme uma cura a não ser para ilustrar o princípio ou a ideia espiritual que a realizou. É relativamente sem importância se você tem saúde ou riqueza hoje. O que é importante é se você obtém a convicção espiritual que lhe dará saúde e riquezas eternas. Não se orgulhe de qualquer tipo de manifestação, mas jacte-se e alegre-se de que viu a face de Deus, de que testemunhou a presença do Espírito, que por sua vez se tornou evidente como a cura ou o suprimento.


USANDO UM NOVO CONCEITO DE CORPO

“Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu (...) Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados: não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (II Coríntios 5: 1, 2, 4).

Nossa tarefa não é livrarmo-nos negando ou ignorando, do corpo. Nossa tarefa é sermos revestidos com outra consciência do corpo, esse corpo que é “não feito pelas mãos, eterno, nos céus”. Este corpo verdadeiro é aquele corpo. É eterno nos céus, imortal. Mas não podemos ver este corpo. Nós todos recebemos conceitos diferentes de todo corpo que vemos, se estamos apenas julgando pelas aparências, baseados em nossas experiências.

Este corpo, que é invisível, que é eterno e imortal estará conosco para todo o sempre. Este corpo, como eu o vejo, mudará de dia para dia, porque, quanto mais elevado meu conceito de Deus ou do Espírito, tanto melhor em aparência e em sentimentos meu corpo fica. O conceito muda, mas o próprio corpo é imortal; portanto, não nos livramos do corpo mesmo na morte. Nós nos livramos de nossos conceitos de corpo. Mais cedo ou mais tarde, portanto, desenvolveremos a consciência de que nosso conceito de corpo mudará enquanto estivermos na terra.


O CONHECIMENTO DAS PESSOAS PELA ESPIRITUALIDADE

“Assim que daqui por diante a ninguém conheceremos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora já não o conhecemos mais deste modo” (II Coríntios: 5:16).

Antes você me conhecia na carne como um homem. Daqui em diante, você não vai mais me conhecer daquele modo, mas vai me conhecer como um mestre espiritual e não juiz da carne. Antes eu conhecia vocês como seres humanos e alunos, mas daqui por diante não devo conhecê-los jamais deste modo, porém apenas como o Cristo, como Espírito, como fruto de Deus. Antes você conhecia seus amigos e seus parentes, seus pacientes e seus alunos como seres humanos; alguns bons e outros maus. Daqui em diante, você não deve conhecê-los nem como bons nem como maus, mas como seres espirituais. É um erro tentar avaliar uma pessoa como rica, e também avaliá-la como pobre. Você não deve avaliar qualquer pessoa segundo a carne, quer seja boa ou má. Daqui em diante, você deve avaliar uma pessoa apenas como o Cristo.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17). No momento em que você deixar de considerar-se a si mesmo e aos outros como condenados a ser bons ou maus, doentes ou sãos e avaliá-los apenas segundo o Espírito, as coisas velhas passarão. Velhos hábitos, velhas formas da carne, velhos apetites carnais, cobiça, luxúria, ambição, desejo de saúde, riqueza e fama – todas essas coisas passarão e se renovarão.

É nesse ponto que a mensagem do Caminho Infinito se mantém firme. Não devemos considerar uma pessoa como carne ou como ser humano. Não devemos glorificá-la como homem, bom ou mau, mas é melhor agora conhecê-lo não segundo a carne, mas segundo o Espírito. Portanto, se alguém estiver em Cristo, se alguém estiver consciente de sua qualidade messiânica, todas as coisas velhas desaparecerão. Mesmo os velhos conceitos sairão de sua vida. Ele pode ficar triste ao ver alguns deles desaparecerem porque gostava deles, mas eles não permanecerão porque deixarão de fazer parte de sua experiência.

Uma vez que estejamos fundados no Cristo, toda a nossa família, todas as nossas relações pessoais e toda a nossa esfera de ação mudam. Podemos até nos mudar para um outro estado ou sair do país de uma vez, porque todas as coisas se renovaram neste estado elevado de consciência, no qual “nós vivemos, nos movemos e existimos”. Achamos que não há limitações; não estamos confinados a um apartamento ou a uma casa; não estamos ligados a uma família. Nós as temos, mas chegamos e partimos e nos sentimos livres.

Quando a consciência muda e quando a substância do Espírito é revelada na consciência, não necessariamente revelada na sua totalidade, mas mesmo quando revelada em parte, o Templo Sagrado, o corpo verdadeiro, surge em nossa consciência. Outros (que estão de fora e não compreendem a consciência espiritual) ainda podem vê-lo como esta forma, mas saberemos que não é isso. Este corpo é o templo do Deus vivo. Se nós subirmos numa balança, ela pode ainda mostrar um certo número de quilos; mas não teremos sensação alguma de peso, do estado sólido, do corpo.


DESEJAR SOMENTE A DEUS

Hoje, com todos os conflitos, guerras e tumultos, parece que o mundo está inclinado a destruir-se. Nessa desordem, as pessoas, por si mesmas, não têm força, inteligência ou amor. "Porque o homem não prevalecerá pela força" (I Samuel 2:9). Esta destruição ou crucificação, que ocorre e toda parte do mundo, é na realidade a crucificação da crença em poder pessoal, vontade pessoal e sentido de uma identidade isolada e separada da Unidade. É tudo isso que está sendo crucificado. Qualquer um que se agarre à crença de que tem uma vida pessoal pra salvar ou perder, fortuna pessoal para proteger ou uma vontade ou autoridade pessoal pode ser crucificado, porque essas crenças devem ser extirpadas para que a glória de Deus encha a terra e para que o homem se mostre na plenitude da condição de Cristo.

"O que posso desejar além de Ti? Se eu tivesse toda a terra e Ti, eu não teria mais do que se eu só tivesse a Ti. Mas se eu tivesse toda a terra e não tivesse a Ti, então eu teria nada além de um vazio ainda à espera de ser preenchido. Compreendo claramente a inutilidade da cobiça, do desejo e da esperança, porque no silêncio eu sei que Tu estás comigo. Tu és a luz do meu ser."

Nunca posso sentir a presença de Deus até que eu esteja em silêncio. Mas depois de ter alcançado a tranqüilidade e o silêncio, posso pô-la em prática no mundo por algumas horas, quando novamente eu devo recolher-me para renovação da confiança. Não é que Deus não seja onipresente, mas no tumulto e atividade da mente humana, eu estou apto a desenvolver um sentimento de separação, um sentimento de estar à parte. Assim volto para este silêncio por um momento, para renovar a confiança e sentir aquela Presença divina.


sexta-feira, maio 27, 2016

Deixe que o Espírito dê testemunho!

- Joel S. Goldsmith - 


Ao entrar em contato com o Espírito de Deus em seu íntimo, você estará manifestando o Poder e a Presença em sua experiência. A obra de "O Caminho Infinito" consiste em fazer com que se atinja uma percepção consciente desta Presença. Quando você conscientiza que Deus está “mais próximo...que o fôlego”, cessam suas buscas por Ele no céu ou nas montanhas sagradas, e você passa a ficar repousado. Neste repouso, estará sendo aberto o caminho para que o Espírito Se anuncie e realize a Sua atividade.

O ministério do Mestre não tinha este objetivo? A cura do doente, a ressurreição do morto, a alimentação do faminto, o perdão ao pecador, e a superação de quaisquer discórdias e desarmonias da vida? O ministério do Cristo não tem por objetivo primário que vençamos o que o Mestre chamou de “este mundo”, apareça ele na forma de pecado, tentação, falso desejo, carência ou limitação?

A maioria das pessoas encontra facilidade para reconhecer a existência de um Cristo interno; mas, para prová-Lo, manifestá-Lo ou evidenciá-Lo, sente dificuldade. Para conseguir este intento, uma condição será necessária: sempre que elas lerem ou ouvirem algo a respeito dessa Presença interior do Cristo, terão de sentir, no próprio íntimo, algo que lhes diga “sim”. Foi exatamente esta percepção e convicção da Presença que possibilitou ao Mestre a realização de suas miraculosas façanhas, conforme podemos ler hoje nas Escrituras.

As pessoas envolvidas com a cura espiritual sabem que as curas somente ocorrem quando, ao fim do tratamento ou prece, surge uma sensação de libertação interior, um sentimento do tipo: “Está feito!”, ou, “Deus assumiu o comando”. A prece ou tratamento que se restringe ao uso de palavras e pensamentos, por mais sinceros e sublimes que possam ser, não será eficaz: estará faltando ali a resposta divina à questão. Apenas a prece ou tratamento que transcender as palavras e os pensamentos, atingindo um contato real com o Espírito, irá mostrar os seus frutos.

Não desejo afirmar que preces ou tratamentos devam ser realizados sem palavras e pensamentos. Imagine! Pois são exatamente as ferramentas de que dispomos para nos erguermos acima delas próprias! Seja qual for o tipo de prece ou tratamento empregado, sua finalidade única é a de nos conduzir a uma condição de consciência em que as palavras e pensamentos cessem por si, dando ao Espírito todo o comando.

Se a prece apenas de palavras e pensamentos fosse poder, não teríamos, no mundo atual, coisas como “busca pelo caminho espiritual”, ou “busca de um meio de se trazer à terra o poder espiritual”, uma vez que sabemos existir, em todas as religiões, denominações e seitas, uma quantidade de preces e tratamentos capaz de inundar o mundo de bem-aventuranças. No entanto, após permitir que seu tratamento incorpore toda a verdade possível de lhe vir à lembrança, se ao seu término fizer uma pausa, à espera de que o Espírito esteja sobre você, terá então encontrado o verdadeiro sentido da prece, e descoberto a origem e o segredo da cura espiritual.


“FICAI NA CIDADE”

Na versão revista da Bíblia, uma extraordinária passagem acompanha o versículo final do Evangelho de Lucas. "Estando para deixar seus discípulos, o Mestre lhes disse: “Ficai na cidade!”. Não saiam a proselitar; não saiam a pregar; não saiam! “Ficai na cidade”."

Este ensinamento nos diz para permanecermos em prece até recebermos o poder que emana do Alto. O Mestre fez a citação de Isaías: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu”. Mesmo sendo conhecedor das Escrituras, ou de toda a verdade contida num livro, jamais acredite que isso possa ser unção divina. Você estará ungido por Deus somente quando puder sentir-Lhe a Presença.

A não ser que haja algum tipo de certeza interna, de que existe aquele Algo além de você simplesmente, a sua prece não será eficaz. Quando descer sobre você uma íntima sensação de paz, de libertação do problema, uma certeza de que Eu nunca o abandonarei, que Eu estou com você, sua prece específica estará terminada. E então, todas as coisas que pedir serão realizadas. Além disso, por virtude daquele Espírito, você terá conhecimento suficiente para jamais pedir por bem material ou coisas materiais.

Precisamos orar para a obtenção de quê? De nada! Estamos acreditando que Deus nos está retendo o quê em Suas mãos? Nada! Ora, nesse caso, para quê cerramos os olhos em oração? Para quê? Senão para recebermos a graça de Deus e para que Seu Espírito seja sobre nós para sermos curados física, mental, moral e financeiramente, sob todo ponto de vista? Não teríamos nenhum outro motivo, além desse, para orarmos.

Tão logo fecharmos os olhos em prece, Deus já sabe que isso tem por finalidade fazer-nos um instrumento pelo qual a Sua graça nos atinja a consciência. E, estando em quietude, permitamos que a Sua Voz nos chegue à consciência, ora como se fosse um trovão, ora como uma voz suave e pacífica, pois a Consciência onisciente sabe que estamos em prece para recebermos a divina Graça.

Eis-me aqui, no silêncio, à espera de Tua paz, do Teu reino, da Tua graça...

Permaneça habitando nessa quietude, silêncio e paz, e aguarde a “descida do Espírito”; sinta intimamente a libertação do problema, do medo e da ansiedade. E assim, a seu devido tempo, a graça de Deus estará assumindo uma forma de cura, de soerguimento, de suprimento, ou de um relacionamento humano mais feliz – algo bastante tangível.

A prece é a habilidade de entrar no silêncio sem nenhum problema, apenas pela alegria de estar em comunhão com Deus, pela experiência de conhecê-Lo corretamente. A prece é uma atitude de auto-submissão e uma elevação de consciência que ultrapassa todo querer, desejar ou buscar, e que se torna uma comunhão com a Fonte da Vida. Quando ocorre esta comunhão, com a vinda de uma resposta interior, a bênção do Senhor é recebida.

Milagre não é simplesmente a dissolução de alguma dor, o desaparecimento de uma doença. Ou uma mera troca da infelicidade pela felicidade; trata-se de algo muito além de tudo isso. O mundo fica vencido. A origem do mal é eliminada. A prática constante da meditação, que resulta nessa comunhão interna, gradualmente culminará com a dissolução dos problemas, não apenas de um, mas de um após o outro, às vezes de dois em dois, até que haja o desaparecimento total dos problemas que constituem o mundo.


“RUMANDO O MACHADO À RAIZ”

Um problema só pode existir no âmbito da chamada mente humana universal, e se expressa através do indivíduo. Se, de sua parte, houver uma recusa no sentido de permitir que o problema flua por você, ele será um problema morto. Os problemas nada mais são que a crença universal em dois poderes. Quando você reconhece esse fato, aceitando a Deus como Onipotência, o problema é destruído no local único de sua existência: na mente humana universal.

Na antigüidade, deu-se à origem do mal o nome de “diabo”. O diabo não é nem nunca foi uma pessoa. O diabo, ou o mal, é algo de natureza impessoal. É possível que ele apareça como pecado, delinqüência juvenil, falso desejo, doença incurável, pobreza, ou morte. Entretanto, seja qual for o nome ou natureza, aquilo que se põe à sua frente é um mal único. Empregamos para ele a designação “mente carnal”, dada por Paulo, ou algum outro termo, como “aparência”, por exemplo. A discórdia não é uma entidade ou identidade física; ela é uma “aparência”, um produto da mente carnal: a crença em dois poderes.

Em vez de se preocupar com a natureza específica de algum problema, instantaneamente conscientize: “Ah, eis aqui o meu velho amigo Satanás, mente carnal, aparência.” Partindo disso, reconheça que, pelo fato de ser Poder somente aquilo que é de Deus, esta aparência ou sugestão não possui nenhum poder, lei, continuidade, enfim, nada que a possa apoiar.

Quando você puder aceitar a Deus como Onipotência, simplesmente dará suas costas à ilusão, em todas as suas fases, e seguirá adiante. Porém, a maioria não é capaz de agir assim. Pelo contrário, argumenta com o erro, enfrenta-o, e até faz oração levando em consideração a sua existência. Mas, uma vez reconhecido que Deus é Onipotência, não sobrará nada para você considerar em suas preces. Elas serão, a partir daí, constituídas de uma comunhão com Deus, de uma alegria no Espírito. Serão preces de reconhecimento, de encontro com Deus, sem aquela atitude de pedir-Lhe algo, ou de tentar usar Deus como um poder.

Quando compreender a Deus como Onipotência, estará habilitado a se livrar do mal sob todas as formas, mediante as seguintes palavras: “Nenhum poder terás sobre mim, a não ser que tu venhas de Deus. Ao lado de Deus não há nenhum outro poder; e o Poder divino é presente tanto no céu como exatamente aqui onde eu estou.”

Ao se deparar com algo de aparência maligna, para abordá-lo sob o ângulo espiritual, parta do princípio de que o mal não é poder. Além disso, compreenda também que sua intenção não será a de tentar transformar mal humano em bem humano. Não quererá substituir uma condição humana por outra também humana. Certifique-se disto! Ao defrontar-se com a doença, não tentará mudá-la para saúde. Ao defrontar-se com a morte, não tentará transformá-la em vida. Ao defrontar-se com alguma perda, não tentará mudá-la para ganho.

Bem, se nada daquilo deverá ser feito, que fará você? Será preciso que conscientize que tanto a perda humana quanto o ganho humano não têm qualquer importância. Se você desfrutasse da melhor saúde do mundo num minuto, nada impediria que, no minuto seguinte, você pudesse cair morto. Quando encarar uma aparência do mal, jamais tente mudá-la para o bem. Conscientize o não-poder e a natureza ilusória de ambos: do mal humano e do bem humano; assim, sua prece poderá ser: “Deixai-me testemunhar a verdade espiritual, a harmonia espiritual, e o bem espiritual”. Isto significa se elevar acima do par de opostos.

Você não poderá retornar ao Jardim do Éden enquanto não se elevar acima do bem e do mal. Enquanto ficar insistindo em simplesmente trocar o mal pelo bem, ou transformar o mal em bem, você não estará no paraíso, pois, apesar da obtenção de certa parcela de bem, novamente ele poderá voltar à sua condição de mal anterior. Não sabemos de pessoas que se esforçaram, conseguiram acumular fortunas, e que posteriormente acabaram na miséria? Ou de algum atleta, ou mesmo um inovador de métodos de boa saúde, que conseguiu formar um físico perfeito, após intenso esforço, mas que no fim voltou a apresentar uma deplorável condição física? Não vimos pessoas que lutaram em busca da própria integridade moral, mas que se deixaram posteriormente ser levadas pela corrupção, se autodestruindo física, mental, moral ou financeiramente, apesar de toda retidão por elas apregoada?

O mal não pode ser vencido pela força ou pelo poder. Não existe essa coisa chamada “vitória sobre o mal”, a não ser quando nos preparamos para “a vinda daquele a quem pertence o juízo”. Assim que aprendermos a encarar a doença sem lutar ou tentar dominá-la, permanecendo sentados ao seu lado, em silêncio, à espera de que o Espírito em nosso interior dê Seu testemunho, teremos estabelecido a saúde de natureza permanente, que não precisa ser obtida repetidas e repetidas vezes. Do mesmo modo, quando os falsos desejos são dominados pela força de vontade, lutando contra eles, em muitos casos o resultado conseguido não é duradouro; porém, quando são suplantados espiritualmente, o efeito se evidencia como uma permanente bênção.

Ao nível da humanidade, assumir a atitude de “não resistais ao maligno” não passa de se conceder ao adversário uma vantagem sobre nós. No caminho espiritual, contudo, isto não é verdadeiro. Ao nos depararmos com problemas de saúde, morais, financeiros, ou com alguma outra forma de mal –injustiça, desigualdade--, se conseguirmos resistir à vontade de querer transformar esse mal em bem, complementando com o desejo de sermos testemunhas da Presença e Poder espirituais, por certo constataremos a manifestação da harmonia.


O BEM NOS CHEGA EM TERMOS DE NOSSOS CONDICIONAMENTOS

A harmonia espiritual vem como infinita perfeição, mas o grau em que alguém irá desfrutá-la é proporcional ao seu condicionamento mental. Todas as pessoas recebem algum tipo de condicionamento, trazido pelos ascendentes, pela nacionalidade, religião, mais ainda pela educação, e finalmente pelas suas experiências pessoais na vida. Portanto, quando alguém se volta ao Espírito, é muito provável que a graça de Deus lhe chegue através de algum modelo condicionado pelo seu estado de consciência.

Deus nada sabe de doença; Deus nada sabe de um coração que devesse bater a um ritmo determinado. Esteja certo de que, tivesse Deus conhecimento de tais coisas, o coração bateria corretamente o tempo todo. Nada existe que esteja fora do poder de Deus. Mas se você estiver condicionado à idéia de quão rápida ou lentamente o coração deva bater, quando Deus ditar a harmonia do corpo, para você o natural será interpretá-la segundo aquele padrão de ritmo cardíaco, ou algum determinado grau de temperatura.

Há pessoas que não conseguem dormir, ou que não dormem o suficiente, e que, ao se voltarem para o Espírito, dão-se conta de que posteriormente passaram a dormir durante oito ou nove horas seguidas. Suponho que elas atribuam este período de horas de sono à vontade de Deus. Porém, compreenda claramente este ponto: no que se refere a Deus, a necessidade de sono não existe! Deus jamais cochila ou dorme, e o mesmo é verdadeiro para a Sua “imagem e semelhança”. Portanto, se após voltar-se a Deus, você constatar que a insônia deu lugar às oito ou nove horas de sono, este resultado se deve ao seu condicionamento mental de considerar aquilo como dose normal. O mundo conhece um grande número de pessoas, autoras de grandes realizações, que costumavam dormir bem menos. Se a vontade de Deus fosse a de que elas dormissem durante oito horas, certamente elas teriam que proceder daquela forma. No entanto, sabendo da possibilidade que tinham de trabalhar com um período reduzido de sono, elas assim fizeram, condicionando a si mesmas neste sentido.

Quando o bem se manifesta, é curioso notar que uma pessoa o recebe na forma de um luxuoso carro, outra o recebe como um moderno iate, e uma terceira o recebe na forma de um valioso diamante, ou uma bela mansão. Porém, se Deus concede a Sua graça a todas aquelas pessoas, não seria natural que todas igualmente recebessem as belas mansões? Não, pois cada uma condiciona o bem recebido em função de algo que traz latente em sua consciência. O impossível não existe, pois a nossa natureza verdadeira é a mente não-condicionada, Espírito ou Alma isenta de condicionamentos. Na realidade, todas as pessoas são consciência não-condicionada, mas o condicionamento que posteriormente recebem seria para elas um estado de limitação. Quando chegam ao caminho espiritual, elas precisam se desfazer desse condicionamento. Não é tarefa fácil! Diante de cada problema, terão de se retirar interiormente para conscientizar: “Deus é. Deus é onipresente exatamente aqui onde eu estou; Deus é infinito, e é bondade infinita”.

Cada vez que estiver frente a uma doença, lembre-se conscientemente de que a doença não faz parte da vontade de Deus; logo, não possui qualquer poder. Somente o que é ordenado por Deus é poder; o que constitui poder é somente aquilo a que Deus outorga poder. Será preciso que você realize um autotratamento para se libertar daquilo que seus pais, sua igreja e suas escolas lhe vieram ensinando, até que possa chegar à convicção absoluta de que Deus é o todo, e que o poder de Deus é exclusivamente de bem.

Todas as alterações fisiológicas que ocorrem com o passar dos anos deveriam se mostrar sem quaisquer dores, discórdias e desarmonias. A idade em nada se relaciona com o corpo ou com o calendário. Ela tem a ver com o fato de você acreditar ou não na existência de um processo regenerativo capaz de restaurá-lo muito mais rapidamente do que o tempo o possa desgastar. De que forma poderia envelhecer uma pessoa que convictamente reconhece que “Eu nunca o abandonarei, mesmo que você atinja cento e vinte anos de idade. Eu sou a saúde estampada em seu semblante”?

Você não poderá ficar sem nenhum alimento material, mas se acreditar que estará sendo sustentado apenas pelo alimento, estará permitindo que as rugas se formem, o que logo ficará evidenciado. Você poderá se manter com muito menos alimento, ficando ainda melhor nutrido, se parte de sua alimentação for espiritual.

Na realização consciente da Presença encontra-se a sua plena salvação. No momento em que houver uma convicção numa bênção ou Graça interior, a Presença irá à sua frente “tornando os caminhos tortos retos.” A Presença caminha junto e atrás de você. A Presença perdoa os seus pecados, cura suas enfermidades, e livra-o de suas carências e limitações. Contudo, cabe-lhe recordar sempre que somente palavras, ou a mera repetição das mesmas, não fará com que se realize tudo aquilo. Deverá ocorrer um real alcance da Presença, quando então você estará dotado do Alto.


terça-feira, maio 24, 2016

A identidade espiritual do homem



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A INVISIBILIDADE DA IDENTIDADE ESPIRITUAL

Esta vida que estou experimentando não é a minha vida, mas a vida de Deus: infinita, eterna, imortal. Este corpo, que é meu veículo de expressão, é o corpo de Deus. Se fosse meu, seria isolado e separado de Deus; e como eu o preservaria? Mas este não é meu corpo, é o corpo de Deus em uma de suas infinitas formas e expressões. O controle está em seu ombro para manter e sustentar este corpo e sua individualidade até a eternidade. Ele nos prometeu que nunca abandonará Seu universo: Ele nunca me deixará ou me abandonará. Isso não quer dizer que Ele não deixará minha alma apenas. Quer dizer que ele não abandonará meu corpo também. Deus não abandona minha alma ou meu corpo, porque eles são um só. A alma é a essência e o corpo é a forma.

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte”, você andaria nele comigo e eu me encontraria com a mesma individualidade e o mesmo corpo. À medida que minha compreensão disso aumenta, todavia, minha sensação física de corpo tomará uma aparência sempre melhor, não porque o corpo mude, mas porque meu conceito de corpo muda. Meu corpo é sempre o mesmo: infinito, imortal, útil, vigoroso, essencial e eternamente jovem. Meu conceito dele pode variar. Eu posso aceitar um conceito de envelhecimento e mostrá-lo, porque tudo o que eu aceito em minha consciência está visível na aparência. Mas, se eu aceito em minha consciência a verdade de que este corpo é o templo de Deus, formado, mantido e sustentado por Deus, então tenho um conceito de imortalidade mais perto da verdade do ser. Assim, meu corpo manterá sua aparência amadurecida, sua força amadurecida e sua harmonia amadurecida. Meu corpo é eterno, apenas meu conceito dele muda.

Cada ano nosso conceito de corpo melhora à medida que permanecemos na identidade de toda vida e, à medida que nosso conceito melhora, nossa aparência também. Deus é o princípio de tudo o que existe; portanto, tudo o que existe é eterno. Apesar de passarmos pela experiência de que o mundo clama a morte, ainda estaremos intactos, perfeitos, integrais, completos e espirituais, manifestando-nos como forma, porque não pode haver Eu oscilando aqui fora no espaço. O Eu é sempre criado.

Quando você olha para uma árvore, você acredita realmente que está vendo uma árvore. Assim, quando as folhas caem ou os ramos morre, você pode pensar que a vida não é eterna porque as flores, os frutos, os ramos estão mortos e você os viu secos e sem vida. Mas você nunca viu uma árvore. De fato, em toda a sua vida, você realmente nunca viu uma árvore. Você viu o efeito ou a forma de uma árvore, mas a própria árvore é tão invisível quanto eu ou você o somos.

Se eu quiser vê-lo, apenas na verdadeira elevação de meus momentos iluminados que posso entrar em contato com a realidade do "Você" que você é, o que você entende quando diz “Eu”. Se você fechasse os olhos já e dissesse “Eu, Maria”, “Eu, Jorge”, ou qualquer outro nome que fosse, você saberia imediatamente que eu não poderia vê-lo, porque essa Maria ou esse Jorge não estão em lugar nenhum visível. O corpo não é você: a cabeça, o pescoço ou os braços são seus; todo o corpo, da cabeça aos pés, é seu, mas ele nunca é você.

Quem o conhece? Quem me conhece? Quem já o viu ou já me viu? Cada um de vocês tem um conceito sobre mim e há tantos conceitos diferentes, quanto há pessoas que acolhem esses conceitos. Eu não reconheceria nenhum deles como sendo Joel, porque eu me conheço por dentro e você não. Você simplesmente formou uma opinião a meu respeito, uma ideia às vezes boa, às vezes má, mas nunca correta, porque tudo o que sou, eu sou. Essa é minha verdadeira individualidade, que não exibo a ninguém. Eu não permito que ninguém saiba como eu sou em meus piores momentos, mas os bons eu oculto também. Meu ser está oculto no meu interior, completamente isolado, seguro, com Deus. Assim, eu divulgo apenas certas qualidades, sobre as quais você forma um conceito ou uma opinião.

Eu também formo conceitos ou opiniões sobre você. Às vezes, afirmo erroneamente que não penso que esse ou aquele aluno nunca chegará a qualquer lugar espiritualmente e, então, ele me confunde como sendo um dos melhores. Além disso, os Judas, os Pedros e os hesitantes Tomés mostram-nos o quanto nossos conceitos podem estar errados, quando os vestimos com todas as glórias da pura espiritualidade e então eles deixam de corresponder a essa convicção e confiança.

Muitos de vocês têm sido ensinados, em Metafísica, que toda pessoa é uma ideia espiritual, o filho de Deus e que aqueles gatos, cães e flores são idéias espirituais. Isso não é verdade e nunca foi. Uma ideia espiritual é perfeita e eterna nos céus. Uma ideia espiritual nunca muda, nunca falha, nunca tem um sentido de separação de Deus, nunca envelhece e nunca morre. Ela nunca pode ser vista com os olhos. Nunca! Assim como você não pode me ver, porque esse “eu” é uma ideia espiritual, do mesmo modo você não pode ver um gato, um cão, uma flor ou uma árvore. Você só pode ver a forma. A ideia espiritual é a própria entidade, que é a identidade espiritual, mas o que você viu é o seu conceito daquela identidade espiritual.

Você não pode ver a minha mão. Você nem mesmo sabe o que é uma mão. Olhe para a sua mão e então procure compreender que você não a está vendo. Você está vendo sua ideia dela aparecendo como forma. A própria mão é uma ideia espiritual permanente e nunca muda, nunca envelhece e nunca morre. É um instrumento para seu uso, preparado para você no princípio e ficará com você eternamente.

O propósito dos ensinamentos de O Caminho Infinito é conduzi-lo àquele estado de consciência em que, quando você vê uma pessoa, uma coisa ou uma condição contraditória, você não tenta mudá-la. Não tente manipular nada externamente. Perceba que você não está examinando algo, mas um conceito que em si e por si mesmo não tem poder, presença ou realidade. A realidade que você está testemunhando é eterna nos céus, perfeita. Quando você olhar para um corpo harmonioso, um corpo jovem ou fisicamente perfeito, lembre-se de que você não está vendo uma ideia espiritual. Você está olhando o seu conceito de uma ideia espiritual. Quando compreender isso, começará a se livrar de qualquer mal e o restabelecimento virá rapidamente.


UNIDADE, UM RELACIONAMENTO ETERNO

Diariamente somos tentados a acreditar em uma separação de Deus. Uma pessoa pode ter um pecado grande ou pequeno na sua vida e estar certa de que é o bastante para afastá-la de Deus. Uma outra sente que cometeu um erro de um certo tipo, algum ato de ação ou omissão, que vai afastá-la. Uma outra pessoa ainda torna-se vítima de uma grave enfermidade e pensa que isto é um sinal de afastamento de Deus. Outra pessoa também atravessa um período de carência ou limitação e aceita isso como evidência de que está isolada e separada de Deus e, nessa aceitação, reside a continuidade de sua dificuldade. A identidade com o Pai é um relacionamento eterno. Tudo que você pode manter é a sensação de afastamento de Deus. A sensação de afastamento de Deus pode ser superada pelo conhecimento da verdade.

“Eu nunca estou afastado de Deus. Todos os pecados que eu já cometi ou que possa cometer nunca me afastarão do amor de Deus. Nem toda a necessidade ou limitação me convencerão de que eu me separei do Pai ou de que estamos à parte um do outro. E nem todas as enfermidades, até mesmo a morte, me farão acreditar que Deus se afastou de mim. Apesar do fato de que neste momento eu estou mantendo uma sensação de afastamento de Deus, Deus existe e habito em sua existência”. 

Rompa essa sensação de afastamento não tentando fazer uma demonstração no espaço ou no tempo, mas recolhendo-se para aquele santuário interior, tornando-se muito calmo e começando novamente com tudo que você aprendeu, para se reassegurar da natureza permanente de seu ser e verdadeira identidade.

“Antes que Abraão existisse eu sou”. Eu viverei até a eternidade. Eu nunca serei abandonado ou esquecido. Eu nunca estarei sem a vida e o amor de Deus, o Espírito e a alma de Deus. Se, por qualquer razão, eu tenha manchado ou estou manchando o templo de Deus, há muito sabão e muita água. Eu limparei isso com a compreensão de que a verdadeira natureza de meu ser é Deus”.

“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Romanos 7:19). Parte da natureza humana está expressa naquela afirmação de São Paulo, mas “esquecendo-me das coisas que atrás ficam” (Filipenses 3:13), procurando no futuro, avançando, agora, neste momento de consciência, começamos a nos elevar de novo. Se pudermos ser generosos o bastante para perdoar nosso semelhante “setenta vezes sete” (Mateus 18:22), certamente poderemos ser tão generosos com nós mesmos e perdoar-nos, sabendo que nas profundezas de nosso ser somos puros, bem como os nossos motivos. Nas profundezas de nosso ser, somos limpos e qualquer impureza que houver em nós representa apenas aquele conceito hipnótico do mundo dos homens que não superamos completamente e que mesmo o Mestre não superou até próximo do fim de seu grande ministério, quando disse: “Eu venci o mundo” (João 16:33).

Quando somos ressuscitados, isto é, quando “morremos diariamente” em tal grau, que nos apossamos da compreensão consciente de nosso verdadeiro ser, então nós também seremos capazes de dizer: “eu venci o mundo”. Vencemos o mundo quando já não odiamos, tememos, amamos, cremos ou confiamos em alguém ou alguma coisa no mundo e mesmo no amor, porque vemos o Espírito de Deus no centro de todo ser. Então, podemos olhar para toda pessoa na carne e reconhecer que não estamos vendo, porque ela é invisível.

É difícil para alguém ver Jesus em seu verdadeiro ser. Só Pedro o reconheceu como o Cristo. Assim, você também se mantém olhando para a pessoa e dizendo que “há José, João ou Elizabete”, até que um dia você examinará aquela aparência e dirá: “não, há o Cristo!”. Todo vidente ou mestre olha para a aparência humana e a rejeita: “Não, não, não você não é José, João ou Elizabete. Você é o Cristo. Você não vê que com meus olhos eu o vejo, com meus olhos interiores. Eu reconheço você; eu saúdo o Cristo de Deus”.

O conceito do mundo sobre você é visível, mas você mesmo está brilhando para fora, por detrás de seus olhos. Assim, você é o Cristo invisível ou o filho de Deus. E, agora, assim como você está dirigindo seu olhar para fora através de olhos adultos, lembre-se de que houve um tempo que você esteve olhando para fora através de olhos juvenis e um outro tempo em que você esteve olhando para fora através dos olhos de uma criança. Mas sempre foi você olhando para fora através daqueles olhos, você é invisível.

“Eu estou oculto com Cristo em Deus. Sou invisível ao mundo. É por isso que as armas do mundo não me podem atingir, pois eu não estou no mundo. Sou invisível”.

Quando você chega a esse ponto, sua consciência se enriquece espiritualmente com a graça de Deus, além de qualquer outra coisa que você realizou com seu pensamento e conhecimento corretos, com suas leituras e meditações bem orientadas. Em outras palavras, você se conduz a um certo grau de esclarecimento pelo conhecimento da verdade correta sobre Deus, sobre os homens e sobre o universo. Você enriquece sua consciência com qualquer mensagem espiritual que você lê, estuda, pondera e sobre a qual medita. Mas, além e acima disso, está o instrumento adicional, dado a você pela graça de Deus, que realiza a verdadeira espiritualização do seu ser. O que você faz é apenas uma preparação para aquilo que recebe.


sábado, maio 21, 2016

Pescadores de homens

- Joel S. Goldsmith -


Nas escrituras e literatura espiritual, muitas referências lhe indicam que você deverá modificar algo em seu modo de vida, ou fazer alguma coisa para receber a Graça de Deus. Lembre-se do que agora lhe digo: a responsabilidade não lhe pesa sobre os ombros ou sobre os ombros de alguém. Assim, peço-lhe que se abstenha de criticar ou julgar as pessoas e, especificamente, deixe de julgar, criticar, condenar ou menosprezar a si mesmo e sua própria compreensão, pois a responsabilidade pelo seu aprimoramento não recai sobre seus ombros: recai sobre os ombros do Cristo.

Relaxe mais na conscientização de que o Cristo é quem o está conduzindo, guiando e dirigindo. Nunca creia que os santos, sábios e profetas do mundo, por alguma grandiosa ação de vontade própria, chegaram àquela posição, pois não é verdade. Mesmo atualmente, constatamos a existência de suficiente número de amadas luzes espirituais, mestres, líderes e praticistas, para sabermos que jamais alguém abandonou o conceito pessoal de vida para se tornar esse mestre ou líder espiritual conhecido: saíram do mundo dos negócios ou dos afazeres caseiros pela Graça de Deus, que os tornou "pescadores de homens".

O Mestre andava pela encosta e, ao escolher seus discípulos, prometeu-lhes: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens". Você poderia pensar que eles fossem homens de elevada compreensão, pela obediência que demonstraram. Mas não, eles não possuíam poder algum para deixar de obedecer. Não possuíam maior poder para resistir ao chamado do Mestre do que o poder que temos, você ou eu, para fazer isto. Quando o Mestre disser: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens", você irá obedecê-Lo. Você já vinha fazendo isso, pelo sacrifício de tempo, dinheiro, esforço, e pelos seus estudos e meditações. Já pôde demonstrar ser incapaz de resistir à atividade do Cristo em sua consciência, mesmo que tivesse esse desejo ou vontade, o que certamente não é o caso. Mas, se fosse, e se lhe faltasse compreensão, sabedoria, coragem ou determinação, mesmo assim nenhuma diferença faria, pois há algo em você superior a qualquer ideia humana de rebelião ou de anseio por conforto material.

Realmente, o ser humano tem o desejo normal e natural de querer ficar no conforto, e são pouquíssimos os que despendem tempo, esforço e dinheiro para ampliar seus conhecimentos sobre Deus como você vem fazendo. Ah, não! O ser humano tem casamentos para comparecer, funerais, necessita de retirar jumentos caídos na vala. O ser humano dispõe de muitas coisas que ocupam seu tempo – teatro, reuniões, atividades esportivas –, e deixa de atender à atividade do Cristo. Mas, uma vez tocado e chamado pelo Dedo divino, esteja certo de uma coisa: ele irá atender a esse chamado.

Após serem escolhidos, teriam os discípulos alguma responsabilidade por suas carreiras? Não! O Mestre os enviou. Foram mandados sem bolsa e sem alforje; seguiram o caminho determinado, e sobreviveram. Noutra ocasião, seguiram com bolsa e alforje, e também sobreviveram. O Mestre levou alguns ao topo da montanha – ele os levou. Teriam ido por conta própria? Não! Ele os levou. Tiveram poder para resistir? Não! Também você e eu não temos esse poder. Isto constitui a vida pela Graça. Tudo que hoje transpira em sua vida, e tudo que irá transpirar a partir de agora até a eternidade, são e continuarão a ser uma atividade da Graça.

Ah, eu sei que alguns, e talvez até eu mesmo esteja aí incluído, tentarão resistir por certo tempo. Vez ou outra tentarão ficar de lado, retornando a algum senso, vontade ou ambição de cunho pessoal; mas, serão forçados a voltar, pois nenhuma condição para resistir ao Cristo lhes será concedida. Quando ocorre o chamado, somos incapazes de rejeitá-lo ou de refutá-lo. É verdade que poderemos negar o Mestre até mesmo "por três vezes"; poderemos ser acusados de traição, de estar dormindo no Jardim de Getsêmane. Que importa? Não nos deixemos ficar perturbados ou alarmados por causa disso. Que não haja autocondenação por estas nossas faltas! Percebamos que aquilo foi a parte da ilusão que não pudemos evitar; mas que, devido à Graça divina, o ultimato da salvação nos será ainda mais inevitável.

Foi bem mais inevitável que Pedro curasse aquele homem à porta do templo Formosa, do que ele negasse o Cristo. Sua negação do Cristo foi mero incidente, daqueles pequenos exemplos em que um ser humano cai à beira do caminho, para assegurar popularidade junto às massas, ou por temer algum castigo. Não sejamos tão severos nesses julgamentos. Talvez cada um de nós fizesse o mesmo! Talvez! Neste mundo, há pessoas que, por este ou aquele motivo, renunciam temporariamente à dedicação plena ao seu seguimento ao Cristo. Sejamos bondosos, justos e compassivos com elas. São apenas traços de humanidade ainda presentes, que pouco diferem da cena em que os discípulos caíram no sono, quando estavam no jardim. Não há nenhum dano real nisso tudo! Trata-se apenas de um lapso temporário.

O que era inevitável, portanto, era ocorrer o despertar dos discípulos para o Pentecostes, com a descida do Espírito Santo sobre eles, apesar de todas aquelas experiências. Passaram a ouvir em sua própria língua a linguagem do Espírito; e, a partir de então, foram cuidar "dos negócios do Pai". Ainda assim, ainda erraram em achar que poderiam distribuir seus recursos e viver satisfeitos por dividi-los entre os membros do grupo. Concluíram, porém, que todos deveriam viver segundo o próprio estado de consciência; que deveriam demonstrar sua maior ou menor entrada de recursos; que deveriam demonstrar seu grau de conforto e de harmonia na vida, não pela força ou poder, não pela divisão daquilo que está neste mundo, não às custas de outra pessoa, mas pelo próprio grau de conscientização do Cristo em si mesmos.

No mundo quadridimensional, você vive pela Graça – "não pela força ou pelo poder, mas pelo Meu Espírito". Cada um é responsável pela própria integridade; cada um é responsável pelo seu próprio desenvolvimento; porém, se for julgar pelo mundo das aparências, durante sua "jornada de 40 anos pelo deserto", é possível que encontre alguns escorregando, escorregando, escorregando, por longa distância no sentido contrário ao Caminho. Talvez chegue a ficar chocado com certas coisas que conhecerá daqueles que aparentemente tinham já avançado boa distância da jornada. Seja caridoso: lembre-se de que tudo não passa de pequena fraqueza humana, e esteja certo de que o Cristo a dissolverá, uma vez que a atividade do Cristo é a dissolução da humanidade de alguém, de suas fraquezas e de suas ilusões.

Paciência! Paciência! Você dispõe de uma eternidade para trabalhar em sua salvação. Paciência! Seja paciente com os demais, e também consigo próprio. Perdoe a si mesmo, e com a freqüência que chegar a cair, levante-se novamente. Não haverá escolha! Inevitavelmente, a Voz fará soar em seus ouvidos: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens."

Ficará então ciente de que é o "Eu" que o estará chamando. Saberá que não será sua vontade própria agindo, e isto o impossibilitará de ser bem-sucedido ou mal-sucedido. Lembre-se: você não poderá ter sucesso nem fracasso. Por quê? Porque Eu o chamei para fazer de você "pescador de homens". Assim, haverá de ser o Meu sucesso operando em você e através de você, e isso para que se cumpra o Meu objetivo. Dessa forma, você passará a ser simplesmente um instrumento.

Em momentos de insucesso temporário, faça-se recordar que também aquilo faz parte do plano. Talvez seja a parte dele que irá ensiná-lo que você, de você mesmo, não pode ter sucesso nem fracasso, pois o Eu, que o chamou, é o único sucesso.

"Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." Eu farei isto. Que é este Eu? Onde está este Eu? Este Eu do nosso ser não é Deus? Que seria mais poderoso? Eu ou um remédio material? Eu ou o dinheiro no Banco? "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." Siga este Eu, que está dentro de você, o Pai interior.

Siga este Cristo, este Princípio, este Espírito que se aloja no interior de seu próprio ser, e verifique que, por se abdicar das dependências materiais da vida, terá o desenvolver de uma vida espiritual mais elevada, apurada e jubilosa, manifestada como saúde melhorada e suprimento mais abundante.

Será capaz de abrir mão de todas as dependências materiais? Será capaz de abandonar a dependência à sua família, com relação ao amor, justiça e compaixão, esperando que tudo venha do Pai? Será capaz de transferir sua expectativa de justiça de um júri ou juiz para o Pai, no interior de seu próprio ser? Ou de transferir sua expectativa de gratidão, recompensa, reconhecimento ou apreciação por parte de patrão, funcionários, membros de sua família, unicamente para o Pai dentro de você? Será capaz de seguir somente o Espírito interior, e não o senso pessoal exterior?

Onde está você, agora, em consciência? Naquele que diz ao Mestre: "Não, aguarde um pouco mais. Devo pescar para sustentar minha família... siga em frente, enquanto aqui ficarei confiando em seres humanos para receber recompensa, reconhecimento, cooperação, gratidão."? Ou terá alcançado aquele ponto de consciência dos discípulos, que sem questionamentos deixaram suas redes?

O Mestre não pediu àquelas pessoas que seguissem um homem de nome Jesus. Pediu-lhes que seguissem o ensinamento de que o Eu interior é o Messias. E hoje, ninguém lhe está pedindo que siga um homem ou um livro, mas que sigam a Mim, o Eu, o Espírito, no âmago de seu próprio ser.

Deixem suas "redes", e sigam o Eu. Deixem seus meios e costumes materiais, e sigam o Eu, o Espírito dentro de vocês, o divino Cristo, depositando nEle maior confiança do que em algo ou alguém do reino exterior.

Ao menos alguns, dentre vocês, chegaram a ponto de desenvolvimento espiritual para serem chamados, hoje, a escolher a quem irão servir. Alguns não tinham ainda deixado suas "redes"; alguns não tinham ainda abandonado sua dependência ou confiança em meios materiais ou em seres humanos; alguns não tinham ainda aprendido a confiar inteiramente no Pai interior. Mas, agora, vocês estão sendo chamados para deixar as suas "redes".


quarta-feira, maio 18, 2016

Consciência x mente

- Joel S. Goldsmith -


Pergunta: Se Deus é mente, ou mesmo se Ele é consciência, Sua atividade não é mental?

RESPOSTA:  Não, a atividade mental é um raciocínio e uma atividade do pensamento. A consciência não é uma atividade mental; a consciência não raciocina ou pensa: ela apenas percebe.

Duas vezes dois, quatro. Deus, Consciência infinita, não utiliza um processo mental para chegar a essa resposta. Trata-se apenas de um estado óbvio. Nunca houve uma ocasião em que isso fosse diferente, nem tampouco houve uma época na criação quando duas vezes dois tornou-se quatro. Não existe um processo para tornar duas vezes dois, quatro; por conseguinte, não há necessidade de atividade mental para estabelecer esse fato. Duas vezes dois sempre existiu como quatro, e a única atividade mental envolvida nesse conceito é a atividade da percepção.

Quando declarei que não trabalhamos no plano mental, o que quis dizer foi que a única atividade da mente é a da percepção. Tornamo-nos conscientes de que somos espirituais, que somos um ser divino, que o pecado, a doença e a morte são ilusões -- nada mais que nada ou apenas uma sugestão mesmérica -- mas não passamos por nenhum processo mental para que seja assim.

Não nos entregamos a nenhuma espécie de processo mental com a idéia de tornar são um homem doente, ou tornar rico um homem pobre, ou de empregar um desempregado. Se houver algum processo, este é o da percepção, o processo de conscientização que já é divino, e esse não é um processo mental.

Do ponto de vista humano, não podemos olhar uma pessoa doente e afirmar mentalmente: "Você está bem". Isso é hipocrisia e ignorância e, obviamente, uma inverdade. Somente com o discernimento espiritual é que podemos olhar através da aparência humana e ver a realidade divina subjacente a ela. Por isso, não é através do processo mental que nos conscientizamos da perfeição, e nosso trabalho consiste em nos conscientizarmos da perfeição. Isso não pode ser feito pelo homem com a mente humana, porque nada que a mente humana conheça será perfeito. Só quando a mente humana não está trabalhando, quando, na verdadeira quietude de nosso ser mais íntimo, os sentidos de nossa Alma e da consciência espiritual são despertados, é que vemos o homem perfeito.

É por esse motivo que a cura espiritual não é um processo mental. Nada do seu ou do meu pensamento trará saúde a você ou a mim. Uma vez mais voltamos a Jesus: "E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado a sua estatura?" Quem por preocupação pode tornar "um cabelo branco em preto"? "Não estejais apreensivos por vossa vida..." Em outras palavras, um processo mental nada tem a ver com a verdade espiritual, e esse é realmente o ponto mais importante desta apresentação total de verdade. A atividade mental humana nada tem a ver com esta abordagem particular. Nenhuma quantidade de conhecimento da verdade o ajudará, nenhuma quantidade de declaração da verdade. Nenhum processo mental/humano entra nessa apresentação.

O Caminho Infinito diz respeito primeiro, e antes de mais nada, ao desenvolvimento do sentido da Alma. Quando estamos quietos, sentados com aquele "ouvido que escuta", quando estamos em meditação, dando o que chamamos um tratamento, a Essência íntima vem para a vida e nos mostra a perfeição espiritual interior, aquilo que de fora é interpretado como um ser humano saudável, são ou rico.

Exatamente aqui estão a carne e a substância do Caminho Infinito. Não nos entregamos a nenhum processo mental para a autocura, e é aí que nos afastamos de todo o campo metafísico. Trata-se de desenvolver nosso sentido espiritual de modo que, por fim, cheguemos à consciência de um Cristo Jesus que pôde olhar o aleijado e dizer: "Levanta-te e anda!".

O que você acha que capacitaria um homem a dizer isso? Você acredita que qualquer processo mental que alguém pudesse empregar levantaria, instantaneamente, um homem aleijado, de modo que ele pudesse andar? Não; somente o Fogo divino interior, somente o próprio Espírito de Deus poderia fazer isso.

Talvez fosse possível dar a uma pessoa um tratamento de um ano e, gradativamente, transformá-lo de um aleijado num homem saudável através da manipulação mental -- martelando-o, martelando-o mentalmente. Porém nenhum ser humano poderia fazer isso instantaneamente -- só a inspiração de Deus que existe nele.

Eis porque precisamos fazer do amor a influência dominante em nossa experiência. Todas as qualidades divinas do Cristo precisam tornar-se ativas em nós; todos os desejos pessoais -- todo o ódio, inveja, crítica e condenação -- precisam ser abandonados. Não pode haver complacência com essas qualidades humanas. Precisamos deixar de temê-las, porque então estamos perdendo a oportunidade de trazer à luz as qualidades divinas do Cristo. Por que deveríamos estar por aí cedendo a estas coisas humanas a expensas de nos enganarmos que temos a mente que estava em Cristo Jesus?

A mente que estava em Cristo Jesus não se empenha em qualquer processo de raciocínio ou de pensamento. Ao paralítico ela diz: "Levanta-te, e toma teu leito e anda", e poderia ter acrescentado "O que há para impedi-lo? Existe algum poder fora de Deus?". Esta mente de Cristo Jesus é percepção sem um processo.


A verdade é que não existe poder fora de Deus, mas poderíamos repetir isso mil vezes, e nada aconteceria. De fato, o mestre metafísico pode sentar-se e repetir estas verdades desde agora até o dia do juízo e não obter, como resultado, qualquer manifestação de espiritualidade em sua aura; um clérigo pode pregar sermões encantadores e, ainda assim, os membros de sua congregação continuarem sendo a mesma espécie de seres humanos, entra ano, sai ano, exatamente com as mesmas doenças, os mesmos crimes, as mesmas fraudes nos negócios, a mesma corrupção na política. Por que as congregações nessas igrejas e centros não progridem espiritualmente? Pela simples razão de que algumas vezes estão ouvindo somente uma apresentação intelectual da verdade e, apesar de muitas vezes esta vir de um ser humano muito bom, se a pessoa não desenvolve a consciência de Cristo, ou o sentido espiritual, ela não pode estimular as mentes e os corações de seus seguidores.

O que é mais importante é não criticar as falhas humanas, mas antes elevar as pessoas até o lugar onde não sejam mais humanas. Você não pode fazer isso por meio da razão humana. Você pode dizer a uma pessoa para não roubar; pode dizer para não mentir e não enganar; pode dizer-lhe qualquer coisa que queira, e muitos de vocês provavelmente já o fizeram, mas usualmente isso não teve e não tem qualquer efeito sobre a conduta dessa pessoa.

A melhora da conduta só é ocasionada se se alcançar o indivíduo através do Espírito. Você precisa conseguir tal grau de espiritualidade que um pecador, ao ser tocado pela sua consciência, perde todo o desejo de pecar. Quando isso acontece, você está atuando como um mestre espiritual. Então você não está ensinando novas verdades e novos processos mentais: você está projetando a verdade de tempos imemoriais que foi experimentada e considerada eficiente -- por Eliseu, Elias e Isaías, por Jesus e João.

A verdade é tão simples que toda ela pode ser resumida em menos de mil palavras, mas é apenas através do desenvolvimento de nossas qualidades espirituais que a espiritualidade pode ser levada às pessoas com quem nos encontramos.



segunda-feira, maio 16, 2016

Como viver a vida cristã

- Joel S. Goldsmith - 


Esta verdade não serve para tornar sadias as pessoas doentes nem ricas as pessoas pobres, mas para despertar as pessoas, mesmo as saudáveis e ricas, para uma confiança no poder espiritual, na segurança espiritual e na liberdade espiritual, que não dependem do sucesso da pesquisa médica, nem de qualquer ideologia política, nem do sistema econômico sob o qual estamos vivendo.

Esta é a espécie de liberdade que Jesus procurou dar aos hebreus, em contraposição à liberdade da servidão física, que Moisés havia proporcionado ao seu povo. Todos ainda permanecem sob a lei de Moisés, porém no sentido de que eles estão agarrados à segurança econômica e política, e na medida em que ainda não tenham encontrado a segurança espiritual que os manteria seguros, sem importar sob que forma de governo ou onde estejam vivendo.

Ser um cristão significa mais do que a filiação a uma organização cristã ou à cidadania de um país cristão. Significa viver o princípio de Cristo, que quer dizer literalmente orar por nossos inimigos, orar por aqueles que nos perseguem ou que maldosamente nos usam; isso implica fazer um esforço sincero para perdoar nossos devedores até setenta vezes sete e dar amor em troca de ódio. A vida de Cristo nos obriga a "embainhar a espada" e, por isso, a não usar a força humana mesmo em nossa própria defesa.

A vida cristã, no entanto, é individual e nunca se sobrepõe a qualquer outra. Não ditamos nosso desejo ao nosso vizinho; "damos a César o que é de César"; e se nosso país nos convocar em tempo de guerra para o serviço militar ou com o objetivo de comandar na guerra, cumprimos cada exigência que nos é feita, embora sem maldade, ódio ou medo, e sem a convicção de que a força é um poder real.

São cristãos todos os que aceitam a lei e a realidade do poder espiritual, quer pertençam ou não a uma igreja. Os verdadeiros cristãos não têm por que confiar nos meios e métodos humanos, já que têm a Presença interior para guiar, dirigir, governar, curar, manter e proteger. Eles têm "comida para comer, que vós não conheceis" (João 4:32), isto é, uma substância, força e poder não visíveis para o mundo -- uma confiança interior.

Mas o fato é que a maioria dos cristãos é mais hebraica do que cristã. Eles acreditam nos ensinamentos judaicos e, habitualmente, têm mais conhecimento e fé no que está no Velho Testamento do que no que está no Novo. Quando se diz a um cristão que não ouse dirigir uma ofensa contra seu vizinho, não importando qual tenha sido a agressão que sofreu, ele considera isso transcendental, em vez de considerá-lo um ensinamento real de Jesus Cristo.

Quando alguns cristãos são lembrados de orar por seus inimigos, eles não parecem saber que isso está na Bíblia e que os que aceitam o ensinamento de Cristo devem agir de acordo com essas leis. Os cristãos nem sempre são cristãos. Eles leem a história do Bom Samaritano e, no entanto, frequentemente recusam-se, por razões pessoais, a ajudar alguém -- talvez porque a pessoa seja alemã, japonesa, russa, negra, católica, judia, ou por a pessoa pertencer a alguma outra filosofia ou religião. Mas como quer que seja, eles não estão cumprindo o ensinamento do Mestre, Cristo Jesus. Seus ensinamentos desvelam e revelam o ser espiritual, a identidade espiritual e a existência espiritual.

O que você espera e o que você quer do seu Messias? Lembre-se de que o seu Messias é o Cristo do seu próprio ser. A questão é se você chegou ou não àquele ponto em que pode rejeitar a tentação de manifestar pessoas e coisas e voltar-se para o Cristo, para o Reino interior, conquistando sua liberdade espiritual. Ao passar para a vida espiritual, você está procurando esse Reino interior, esse Cristo que está dentro de você, essa Presença divina, uma liberdade espiritual que significa liberdade das leis materiais, da atividade material, das forças materiais, quer a força seja de infecção ou contágio, quer a força seja dos astros ou de qualquer coisa que alegue ter poder.

Há uma razão pela qual você está nesse caminho. Alguma coisa o atraiu para esse caminho, para esse ensinamento; alguma coisa o atraiu para o estudo deste texto. Você não foi atraído por seu conhecimento ou amizade comigo, nem por causa da grande reputação que eu tenho como escritor. Não, não foi por nenhuma dessas razões. Foi porque alguma coisa indefinível, uma comunhão invisível, uniu leitor e escritor no nível interior e espiritual.

É o que o Mestre, Cristo Jesus, mencionou quando disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz" (João 10:27). É o que o místico hindu quer dizer quando olha uma pessoa com este reconhecimento "Você é meu discípulo", e o discípulo replica "Eu o tenho procurado há anos!".

É isso o que ocorre! Alguma vez você pensou que o Cântico de Salomão e outras mensagens espirituais são escritas na linguagem do amor porque todo o relacionamento entre mestre e discípulo é um relacionamento de amor? Esse relacionamento sagrado não pode e não vem através da mente que raciocina. Quando você encontra o mestre ou o ensinamento que é realmente seu, você o reconhece imediatamente, talvez por causa da sua comunhão interior. De qualquer forma, trata-se de um reconhecimento -- quase como se você encontrasse uma pessoa pela primeira vez, a olhasse nos olhos e dissesse: "Creio que iremos ser amigos para sempre". É uma comunhão em um nível interior.

Em outras palavras, todos os dias da semana você encontrará essas pessoas, circunstâncias e lugares que são levados até você e sem os quais você não poderia prosseguir, nem eles sem você. Você se sentirá atraído para esses lugares onde poderá ser muito útil e exatamente no momento certo. Você está em sintonia com um sistema infinito de telefonia espiritual e é a Central que está enviando ou fazendo os contatos para você. Você não os faz; a Central os envia e os faz para você. Quando você está vivendo essa vida, sempre constata que esse Escritório Central, Deus, a sua Consciência interior, é a influência realmente dominante em sua vida. E já não há pensamento que vise a querer ou merecer alguma coisa. De fato, você não se preocupa com nada; você apenas segue as direções que lhe são dadas e entra em contato com as pessoas necessárias para o seu desenvolvimento.

Este é, verdadeiramente, o primeiro passo da vida espiritual. Você deu o primeiro passo ao ser levado a ler este texto. Daqui por diante, verá as pessoas que são levadas a você e que você é levado às outras pessoas. Você se verá sendo conduzido a lugares e lugares, levando você até as pessoas. E dirá: "Essa é justamente a coisa que eu gostaria de ter -- se tivesse pensado sobre isso". Mas é sempre alguma coisa maior do que você poderia ter pensado por si mesmo.

Nosso objetivo não é apenas obter um pouco de conhecimento para poder curar algumas dores ou alterar as datas de algumas lápides tumulares. O que queremos é aprender como viver a vida que Jesus veio nos mostrar. Ele não veio apenas para curar as pessoas doentes ou para ressuscitar os mortos. Isso foi somente a prova de que sua mensagem era verdadeira. A importância de sua mensagem foi que no reino espiritual somos "co-herdeiros com Cristo" em Deus, nós fazemos parte da casa de Deus, somos cidadãos conterrâneos dos santos.

Em outras palavras, trata-se de uma vida totalmente diferente da que vivemos no plano interior -- uma vida jubilosa. Na verdade, somos parte do mundo exterior, mas temos uma atividade interior. Não importa onde possamos estar, no meio de qualquer multidão, grande ou pequena, se nos encontrássemos haveríamos de trocar um pequeno sorriso. Temos alguns pequenos segredos; aprendemos algumas coisas sobre o mundo e sobre nós; e, por isso, não importa onde nos encontremos -- dois ou vinte de nós -- haverá apenas esse pequeno sorriso, querendo dizer: "Nós sabemos alguma coisa, não sabemos?"

Sim, realmente sabemos alguma coisa! Sabemos um pouco mais a respeito do Cristo; sabemos um pouco mais a respeito da vida interior; sabemos um pouco mais a respeito daquele Reino que não é deste mundo; e sabemos muito mais sobre como vencer o mundo. Sabemos que, vencendo o mundo, estamos vencendo as crenças que este mundo apresenta, crenças em infecção e contágio, discórdia, pobreza e em coisas que estão fora e à parte do nosso próprio ser.

Estamos aprendendo mais do que isso. Estamos aprendendo que o Cristo não era um homem. O Cristo é o sentido do amor divino que flui entre nós e, se o mundo O permitir, Ele deve fluir de homem para homem e de mulher para mulher, inundando a Terra. Então nunca haveria um homem desejando a propriedade do outro ou a sua esposa; nunca haveria um país desejando dominar o outro, ou a sua mão-de-obra, ou seus recursos naturais.

Os que fazem parte da morada de Deus jamais iniciam demandas pessoais uns contra os outros, ou solicitam sacrifícios pessoais. A única demanda que existe é espiritual:

"O Pai está em mim, e Eu estou no Pai, e você está em mim e Eu estou em você. Eu tenho uma força interior que nunca vacila. Eu tenho vida eterna -- Eu sou vida eterna. Eu sou a própria Presença de Deus e estou abençoando o mundo através de minha compreensão de que isto é verdadeiro, não somente quanto a mim, mas em relação a cada indivíduo no mundo; e se ele despertou ou não para esta verdade, esta é a verdade do seu ser."

Uma vez que você tenha atingido a condição de Cristo, terá alcançado a sua liberdade espiritual. Você então estará livre de toda queixa de mortalidade -- pecado, doença, carência e limitação.


sexta-feira, maio 13, 2016

Purificação de nosso estado de consciência

- Joel S. Goldsmith - 


A doença é sanada quando a consciência é purificada, e isso é verdade individual e universalmente. Quando permitimos que nossa consciência esteja em harmonia ou alinhada com o poder espiritual, a doença, o pecado, o medo e a necessidade são eliminados dela. Não podemos rogar a Deus para nos dar força espiritual a fim de afastar nosso problema enquanto a causa dele permanecer, e a causa é sempre a consciência/mente humana. Portanto, devemos elevar nossa consciência a Deus. "E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei até a Mim" (João 12:32), se nós elevarmos nossa consciência para a filiação divina e deixarmos a Luz espiritual tocar nossa consciência e libertar-nos do ódio, da animosidade, do temor, do ciúme, não encontraremos doença, necessidade e medo. Então, todo nosso trabalho será harmonizar nossa consciência com o divino, franqueando-nos para a realização da Onipresença, Onipotência e Onisciência, orando com o coração: "Tua vontade seja feita em mim, não a minha".

Então, devemos abandonar qualquer um dos conceitos que foram recebidos: conceitos intra-subjetivos, conceitos do mundo, conceitos de toda humanidade. Por exemplo, eu e você, como seres humanos temos recebido idéias de outras pessoas, de outras raças, de outras nações, todas falsas. Nós não sabíamos disso na ocasião, mas a maioria de nós o sabe agora. O preconceito foi desmedido antes da Primeira Guerra Mundial. Houve preconceitos de cor e preconceito religioso e de ideologias políticas que induziram as pessoas a lutar umas com as outras. Essas ideologias não eram necessariamente certas ou erradas, mas preconceito resultante dos motivos que atribuímos àqueles que os defendiam.

Devemos eliminar de nossa consciência o ódio, o medo e a desconfiança, através do conhecimento de que eles representam simplesmente nossos falsos conceitos uns dos outros. Quando nos dispusermos a renunciar a estes e reconhecer que na essência do ser de cada um de nós reside o mesmo "filho de Deus", nos afinaremos com os princípios espirituais e começarão a resultar as curas. Não temos de pedir a Deus para curar-nos. Houve milhões de pessoas que morreram, enquanto oravam pedindo a Deus curá-las. Tudo o que precisamos fazer é começar a amar o nosso semelhante como a nós mesmos e, desse modo, colocarmos nós mesmos em harmonia com as leis de Deus a fim de que elas possam começar a atuar.

As leis de Deus não podem atuar numa consciência cheia de falsos conceitos. Devemos nos harmonizar com o divino. Se olharmos para as pessoas e virmos todas as suas diferenças humanas, em breve gostaremos de algumas e não gostaremos de outras; vamos confiar em algumas e desconfiar de outras. Teremos tantas diferenças, que nossa própria cabeça ficará confusa.

Se, contudo, pudermos reconhecer que, apesar das aparências, a Divindade é a natureza do ser de cada pessoa e que Deus nos fez à Sua própria imagem e semelhança, estamos conhecendo a verdade sobre todas as pessoas. Se alguém está representando ou não aqui na terra, não é da nossa conta; e se estivermos cientes de qualquer pecado em outra pessoa, ao invés de participar do julgamento, deveríamos praticar, no íntimo, o princípio do Novo Testamento: "Não julgueis para que não sejais julgados" (Mateus 7:1).

Portanto, não julgaremos; tomaremos a atitude: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem"(Lucas 23:34). Assim, estaremos percebendo que toda pessoa é um ramo da mesma árvore, a Árvore da Vida. Nisso não há julgamento, não há crítica. Há perdão "setenta vezes sete", perdão e uma oração para que seus olhos estejam abertos. Isso é nossa própria harmonia com o Divino, tornando-nos receptivos à cura, à Graça e à proteção divinas, porque eliminamos nossos conceitos humanos das pessoas e as estamos vendo como imagem e semelhança de Deus, vendo-as espiritualmente como o verdadeiro Cristo de Deus. Nós não estamos usando nosso julgamento humano; estamos usando nossa intuição espiritual para reconhecer que Deus fez todos nós à Sua própria imagem e semelhança, considerou-nos e achou-nos bons.

Não há nada em nós de crítica, condenação, julgamento e, portanto, nossa consciência está aberta para receber a Graça de Deus. Se nós acreditamos que há duas forças, estamos levantando uma barreira em nossa própria consciência. Se, contudo, estamos compreendendo a Onipotência, a Onisciência e a Onipresença, estamos novamente em harmonia com o exercício do poder espiritual, com a sabedoria espiritual.

Na proporção em que nos identificamos com princípios revelados nos ensinamentos do Mestre, nossa consciência está imbuída de poder espiritual do Alto. Acreditamos em Jesus Cristo como sendo a alma mais iluminada que já passou pela terra, porque nunca ouvimos ou lemos sobre qualquer mau sentimento em sua natureza. Ele foi dotado lá das alturas com poder espiritual, porque tinha esse grau de consciência preparado para recebê-lo. Ele não alimentou dentro de si mesmo crítica, julgamento, antagonismo ou desejo de beneficiar-se com o poder temporal. Ele não tinha dentro de si qualquer desejo de ver alguém punido, não obstante o pecado. Em outras palavras, sua consciência era pura. Portanto, ela poderia ser a transparência para a presença e o poder de Deus.

O Mestre mandou-nos ser e agir à sua semelhança, mas não podemos ser dotados de poder espiritual enquanto nos apresentarmos a este mundo com uma disposição carnal. Apenas na medida em que podemos orar um para o outro, amigo ou inimigo; apenas na medida em que podemos compreender a Onipotência, a Onisciência e a Onipresença universalmente, é que nossos problemas serão desfeitos e nossa consciência se torna uma transparência para o poder espiritual que nos habilita a curar, regenerar, perdoar e satisfazer os outros.

Até que possamos nos transportar àquele lugar onde estamos dispostos não só a curar, mas a alimentar e vestir multidões, até que estejamos dispostos a ser usados para espalhar este suprimento de dólares ou coisa que o valha, não estaremos abrindo nossa consciência para o dom espiritual, porque o espiritualmente dotado não recebe: eles são os meios pelos quais é dada a graça divina. Enquanto estamos orando para receber, estamos obstruindo a força espiritual.

Quando estamos orando "Pai, estou desejoso de curar e alimentar multidões. Deixe apenas Sua graça fluir", nós a encontraremos fluindo. Que engano é a crença de que nós podemos orar para obter algo para nós mesmos, quando realmente podemos receber somente quando estamos orando a fim de dar, doar, compartilhar, multiplicar. O resultado dessa oração egoísta é que formamos um ego, um sentimento pessoal, e então procuramos a Deus para aumentá-lo. Deus não amplia a sua ou a minha fortuna pessoal, por mais que queiramos que Ele faça isso. Só quando começarmos a derramar até mesmo o pouco que temos, é que a nossa própria fortuna aumenta além de qualquer medida possível de nossas próprias necessidades.

Nessa idade, a força espiritual e a natureza de sua tarefa são descobertas. À medida que continuamos a aprender cada vez mais sobre a força espiritual, nos preparemos para ser instrumentos dignos de seu fluxo -- não tanto para seu bem ou o meu, mas para que o mundo inteiro possa estar envolvido pelo amor divino. Então você e eu partilharemos dele porque somos partes desse mundo.


quarta-feira, maio 11, 2016

Orar a Deus (Goldsmith)

- Joel S. Goldsmith -


A essência de nosso trabalho é que DEUS É! Todos falamos sobre Deus, pensamos em Deus, oramos a Deus; mas, ao percebermos que Deus não está existindo para receber nossas orações saberemos os motivos que tornam tão infrutíferos o nosso falar e grande parte do nosso pensar sobre Deus.

O primeiro ponto a ficar claro, quando percebemos que DEUS É, é que Deus não existe para estar recebendo nossas orações. Se simplesmente tivéssemos captado o que nos revelou Mary Baker Eddy, fundadora da Ciência Cristã, já teríamos percebido isso há muito tempo. Observemos suas palavras:

“Deus não é movido pelo bafejo louvaminheiro a fazer mais do que já fez, nem pode o infinito fazer menos do que conceder todo o bem, porquanto Ele é sabedoria e Amor imutáveis. Deus é Amor. Podemos pedir-Lhe que seja mais? Deus é Inteligência. Podemos passar à Mente infinita algo que ainda não compreenda? Pedir a Deus que seja Deus é vã repetição. Deus é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre; e Aquele que é imutavelmente justo, fará o que é justo sem que seja preciso lembrá-Lo de Seu ofício. Quem se colocaria diante de uma lousa para rogar ao princípio da matemática que lhe resolvesse o problema?”

O primeiro passo é aprendermos a não pedir ou orar a Deus, nem esperar algo dEle. O passo seguinte é aprendermos a nos voltar ao Reino dentro de nós, que é o Reino de Deus. Não por alguma coisa, mas em reconhecimento da harmonia e perfeição presentes em tudo que Deus governa. E Ele governa a Realidade inteira.

Aprendemos, também, que não existe mal em nenhuma pessoa, lugar ou coisa, mas que o mal está no CONCEITO universal de pessoa, lugar ou coisa. Saber que inexiste mal em toda circunstância ou condição nos liberta dos efeitos malignos que poderiam advir da crença no mal.

Se o sentido espiritual é o que dissolve cada chamado problema humano, também é verdadeiro que uma percepção consciente da verdade do ser resulta em harmonia que nunca nos deixa, e que experienciamos conscientemente. Portanto, devemos “conhecer a Verdade”, para que “a Verdade nos liberte” de tudo que aparente nos ocultar a nossa real identidade.

Se somente habitarmos na infinitude e natureza eterna do governo divino e do Universo, reconheceremos e experienciaremos a natureza imutável de toda a criação de Deus. A dependência a um poder supostamente externo a nós mesmos é sempre o erro.

Todo o nosso objetivo é a realização da presença e poder de Deus. “Eu, de mim mesmo, não posso fazer nada”, mas perdura o fato de que “o Pai interior faz a obra”. Como ter consciência do “Pai interior”? Aquietando os sentidos humanos e ouvindo a “pequenina voz suave”. “Eu ouvirei Tua Voz”, pois, a transmissão deve sempre provir da Mente.